Quando Hermione saiu do quarto, o castelo estava praticamente vazio... Quase todos os alunos haviam voltado para suas casas para aproveitar o feriado com os familiares. A garota percebeu como tudo estava quieto quando foi tomar café da manhã e só encontrou Harry e Ron sentados na mesa da Grifinória, Riddle e Eileen Prince na da Sonserina e um ou dois lufos e corvinais em suas respectivas mesas.

- Bom dia, Mione – disse o ruivo quando ela se aproximou, olhando-a com estranheza – Você ‘ta bem?

- Estou ótima, Ron – a bruxa mentiu.

- Você não parece bem – dessa vez foi o rapaz de óculos que chamou a sua atenção – O que você tem?

- Nada, eu só dormi mal...

Os dois decidiram não perguntar mais nada, não querendo arriscar deixar a amiga de mau humor, e mudaram de assunto. Hermione ficou aliviada ao ver que os garotos não iriam tentar arrancar a verdade dela... Realmente, ter que contar para Harry e Ron sobre como ela havia sido torturada por alguns sonserinos não era uma idéia muito boa.

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Quando estava no primeiro ano, Tom Riddle ficou chateado por ter que ficar sozinho no colégio durante o Natal, sem o resto dos sonserinos, mas foi só ele ver como o castelo ficava tranqüilo quando todos os outros alunos estavam fora que ele mudou de idéia... Agora, o feriado de fim de ano significava um tempinho que ele tinha para aproveitar o silêncio de Hogwarts.

O único inconveniente naquele ano era a sua companheira de quarto... O rapaz não tinha a menor vontade de ficar sendo amigável com ela, ele sempre se sentia estranho quando fazia isso.

Para o alívio do sonserino, a garota ainda não havia voltado para o dormitório... Parecia que Hermione também estava tentando se manter longe dele.

“Ela está fazendo o certo”, o garoto pensou, “Pelo menos não me incomoda...”

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Com o Natal se aproximando, os professores liberaram os poucos alunos que haviam ficado no colégio a irem até Hogsmead. Harry, Ron e Hermione não perderam tempo de ir até o vilarejo, tentando fugir do tédio que parecia rodear todo o castelo.

O passeio estava ótimo, sem toda a multidão costumeira de alunos eles podiam aproveitar mais as lojas. Os três perderam horas e horas indo de uma loja para a outra, descobrindo coisas que eles nunca haviam percebido antes e tentando achar alguma coisa para dar de presente uns para os outros no Natal.

- O que você quer de Natal, Mione?

- Você não precisa comprar nada, Ron – a garota falou, olhando para alguns gatinhos que estavam sendo expostos na vitrine de uma loja de animais.

- Odeio quando falam isso – o ruivo soltou um muxoxo – Só dificulta mais as coisas...

- Concordo com o Ron – Harry riu.

- Tudo bem, o que vocês querem ganhar? – a bruxa perguntou, imitando o tom de voz dos amigos.

- Qualquer coisa – os dois responderam.

- É, isso não é muito melhor que “Não precisa comprar nada”...

Os três decidiram se separar (o que, na verdade, significava que os dois rapazes se separariam da menina) para irem procurar presentes. Hermione viu os amigos se afastarem antes de começar a caminhar pelas ruas do vilarejo... Ela não tinha idéia do que comprar para os amigos.

- Bom dia, Granger.

- Bom dia, Riddle – nada havia mudado entre eles, o tom frio de sempre continuava na voz de ambos – Aproveitando o feriado?

- Sim, não tenho que aturar a bagunça dos outros – o rapaz sorriu de leve.

Tom não falou mais nada, apenas fez um pequeno aceno com a cabeça antes de se afastar. Hermione ficou olhando para ele com uma expressão confusa... Ela nunca iria entender as conversas sem sentido que Riddle puxava com ela do nada.

Dando de ombros, a bruxa voltou a andar, listando mentalmente as lojas que ela ainda não havia visitado.

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O Três Vassouras estava estranhamente vazio, com apenas alguns moradores do vilarejo e professores de Hogwarts bebendo ou comendo alguma coisa lá. Hermione havia conseguido passar despercebida por Slughorn, que estava ocupado demais falando sobre a última vez que havia ido para a Alemanha antes da guerra ter explodido.

- Sim, sim... Lindo país! É uma pena que esteja... Oh! Bom dia, Tom! – parecia que Riddle não tivera a mesma sorte que ela – Como vai? Deixem-me apresentar para os senhores o meu mais brilhante aluno...!

- Se ele ao menos soubesse o que o “aluno mais brilhante” dele vai se tornar – resmungou Ron, tomando um gole de cerveja amanteigada – Não me olhe assim, Mione! Eu sei que você pensa a mesma coisa.

A garota soltou um muxoxo e abriu a boca para responder...

- E também tem a companheira de monitoria dele a Srta.Gran... Ah! Srta.Granger! Eu não a havia visto aí! – o professor sorriu ainda mais, acenando para a menina – Venha aqui, querida... Eu estava contando para esses senhores como você e o Sr.Riddle são uns dos melhores alunos que eu já tive!

- Ahm... Professor, nós já estávamos voltando para o castelo – Hermione falou sem graça – Temos que terminar... Uma redação! Queremos deixar tudo pronto para aproveitarmos o resto do feriado.

- Viram com ela é uma boa aluna? Se preocupando com a tarefa de casa nas férias! – o Mestre das Poções riu alto.

Vendo a oportunidade, a grifinória murmurou um “Tchau” para o professor e se esquivou para fora do bar com os amigos, vendo o olhar de irritação de Riddle, que havia sido deixado a mercê da tagarelice de Slughorn.

- Ele não era tão grudento com você quando estávamos no sexto ano – disse Harry, dando uma última olhada para o diretor da Sonserina.

- É porque ele tinha você para encher o saco – a bruxa riu – Você era o diamante da coleção dele...

- Agora os diamantes são você e o Riddle – comentou Ron – Que estranho...

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Hermione sorriu ao entrar na sala comunal da Grifinória, sentindo-se em casa na sala vermelha e dourada que estava toda enfeitada para o Natal. Os dois amigos já estavam sentados no sofá, ainda de pijamas, abrindo os pacotes de presente de Natal... Pareciam duas crianças.

- Feliz Natal, Mione! – o ruivo riu e apontou para o pacote em seu colo – Valeu pelo presente!

A menina foi se sentar ao lado no lugar vago no meio dos dois e abraçou-os, fazendo com que eles quase perdessem o equilíbrio e caíssem do sofá.

- Mione...?

- Feliz Natal – ela falou, sentindo os olhos lacrimejarem – Vocês perceberam que estranho... Estamos comemorando o Natal em um ano em que nossos pais ainda nem eram nascidos.

- Eles estão bem, Mione – Harry murmurou – Não se preocupe... Aliás, abra!

A bruxa concordou com a cabeça, voltando a atenção para os presentes que o amigo estava apontando. O moreno havia lhe dado um conjunto de penas e tinteiros, enquanto o ruivo havia lhe presenteado com um cachecol azul com detalhes marrons, que lembrava muitos as peças de roupas tricotadas que a Sra.Weasley fazia, e uma caixa de Bolos de Caldeirão.

- Obrigado! – ela sorriu, abraçando os amigos novamente.

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Quando Hermione voltou para o dormitório dos monitores, depois da ceia de Natal que os professores haviam organizado, viu Tom Riddle sentado no sofá, olhando fixamente para a lareira enquanto acariciava a nova cobra de estimação.

- Feliz Natal, Riddle – ela falou, passando reto por ele e indo até o seu quarto.

Como sempre, a garota se fechou em seu quarto, tentando manter o sonserino o mais longe possível. A grifinória já estava indo se trocar para dormir quando viu um embrulho simples pousado em cima de sua cama. Hermione pegou o pacote e abriu-o com cuidado, mas quase o deixou cair quando viu o que era.

Na verdade, não era nada de mais... Apenas um livro negro com o título escrito em letras douradas, mas não havia sido o livrinho em si que havia chamado a atenção da menina.

A grifinória largou o exemplar de O Retrato de Dorian Gray em cima da cama e foi até a porta do quarto.

- Riddle? – ela perguntou, se aproximando do rapaz, que a olhava com curiosidade agora – Obrigado... Pelo presente.

- Não foi nada – o sonserino falou, voltando a olhar para a serpente enroscada em seu braço – Eu vi em uma lojinha de artigos trouxas em Hogsmead... Lembrei que você queria ler.

Ela sorriu, observando como Riddle parecia estar entretido apenas no animal que não parava de subir pelo seu braço. Depois de um tempinho, a garota percebeu como aquele silêncio entre eles estava ficando desconfortante...

- Ela tem um nome?

- Nagini.

- É... Bonito, mas me diga uma coisa... Ela não tenta atacar você? Quero dizer, é uma cobra!

- Vamos dizer que ela me entende – Tom respondeu e, para o espanto da garota, deu um pequeno sorriso verdadeiro para a cobra – Não vai me atacar... Não vai atacar ninguém a não ser que eu diga.

Hermione sorriu de leve e tocou no braço do garoto, que encarou a mão dela como se aquilo fosse um objeto estranho.

- Muito obrigado pelo presente, Riddle – ela se levantou do sofá, quebrando o contato com o sonserino – Feliz Natal de novo...

Antes de fechar a porta do quarto, a bruxa pôde ouvir um “Feliz Natal” sendo murmurado pelo garoto.