Louise No Mundo Dos Sonhos escrita por Dama dos Mundos


Capítulo 3
Eu sou capaz!




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/426941/chapter/3

Aquele par de olhos vermelhos se arregalou ao ver o que estava a sua espera. Se enganara pensando que iriam facilitar para ela no começo. Seu adversário era proveniente do Reino dos Pesadelos, como alardeava aquele responsável por “narrar” os acontecimentos do duelo. A criatura, proveniente sabe-se lá de onde, que parecia mais um ratinho do que um ser humano, continuava as apresentações com sua voz fina e irritante.

–... o Lorde do Terror, senhor do Vale das Lágrimas... Siphirot! -e abriu espaço para que o apresentado entrasse na arena. Qualquer humano ao ver algo assim preferiria perder a visão. A parte inferior lembrava a de um dragão e a superior... era uma grande, enorme boca, com dentes afiados e dispostos em vários niveis, como se fosse um tubarão, só que muito pior. A criatura escamosa -umas dez vezes mais alta que nossa heroína- gingou até o meio da arena e rugiu com aquela boca imensa, fazendo o ar em volta da pequena se revolver. O ratinho continuou a narração, enquanto a multidão dava urros e vivas.

–E do lado esquerdo, a Garota dos cabelos de Ouro e Prata, a desafiante recém-chegada... Louise!

E ela se aproximou mais alguns passos, encarando aquela boca monstruosa que poderia facilmente engoli-la numa bocada só. Por um instante, pensou realmente em sair correndo e gritando...

Mas e dai? Ela iria dar de cara com seu amigo de três cabeças do lado de fora, e dessa vez com certeza iria virar o almoço. Além do que, havia sua petulância estúpida e infantil para com Vega. Não poderia falar aquilo e fugir com o rabo entre as pernas. Poder, poderia, mas seria muito humilhante.

Afinal, era apenas um monstro-boca gigante, não poderia ser tão ruim...

Não é?

A coisa fez uma sucessão de rugidos, o que parecia ser um cumprimento ou uma ameaça de morte, era bem dificil definir quando se tratava daquele tipo de situação, e o sinal para começar soou. O ratinho saiu dos arredores e gritou um “comecem!” desafinado, e então a jovem exasperada vira Siphirot vindo em sua direção. A ultima coisa que conseguiu ver foi um braço ou garra varando o ar em sua direção e acertando-a com força, fazendo-a rolar para o outro lado do campo. Ela sentiu como se tivesse sido partida em duas... aquilo fora uma péssima ideia...

Tentou se levantar, mas as pernas tremiam demais. Mantenha o foco, disse para si mesma. Respire fundo... ele é só alguns metros maior que você, tem dentes gigantes e garras ainda maiores. Vai ser moleza.

A questão era que Louise era uma criança reles e mortal, e não fazia a menor ideia de como bater de frente com aquele ser. Desmemoriada e entrando de gaiato no navio, as coisas ficariam cada vez piores. Estava na hora de começar a pensar. Ela viu a garra subir novamente, mirando-a, e desta vez conseguiu desviar para o lado. O fedor de carne decomposta inundou seus sentidos e ela achou que fosse cair morta por intoxicação. Um jeito meio patético de morrer. Conseguia ouvir ao longe o apresentador falando de maneira empolgada, já prejulgando que a Anã de jardim com olhos de coelho não ia sobreviver a um próximo ataque.

Ela sobreviveu... afinal, que sentido faria se nossa heroína morresse logo de começo? Mas isso não foi agradável. Desta vez a garra a prendeu no chão, mantendo-a assim, e isso parecia um prólogo para virar comida de monstro. Com o canto dos olhos conseguiu ver um rosno familiar e destroçado. Vega balançava a cabeça em negação. Dizendo obviamente “eu esperava mais”. Quando a campeã girou nos calcanhares, pronta para deixar a platéia, Louise teve vontade de chorar. Quem pensava que era, afinal? Não era ninguém... não se lembrava nem do que foi antes de chegar ali. Ia perecer e ser só lembrada como a menina que chegara ao Mundo dos Sonhos para ser devorada.

Não.

Ela não seria desse tipo.

Não ia terminar assim...

–Eu sou capaz...

O lorde demoniaco fez uma cacofonia de rugidos e resmungos em sua língua de monstro.

Ele não concorda... provavelmente ri de tal ato fajuto de coragem.

O chão trincou com a pressão extra que ele colocou, antes de puxá-la e levar seu corpo em direção a bocarra. E então ela fez o impossível.

Trepadeiras surgiram do chão, fechando-se ao redor de seu adversário, imobilizando-o e forçando-o a soltá-la... ela caiu com um baque, mas ao levantar a cabeça viu a criatura amordaçada. Ficou entre a surpresa e a exaltação. Ela havia conseguido. Tão boba, não pensara em tal coisa antes. As palavras de alguém chegaram a seus ouvidos: você tem imaginação.

“Sim, eu tenho... disso eu me lembro” ela pensou, e ergueu seu corpo. Siphirot começava a se recuperar do golpe surpresa e utilizava-se das garras para cortar as trepadeiras que o prendiam. Ela preferiu não esperar para ver o que faria depois. Imaginou algo descendo dos céus e o empalando na terra. E então um totem gigantesco e afiado atravessou a criatura com um som molhado e desagradável, esta parando de se mover. Se havia morrido ou ficado inconsciente, não tinha como Louise ter certeza... a questão era que o apresentador, ainda mais chocado que toda a platéia, incluindo a família real e os outros campeões, foi até ela e ergueu seu braço bem alto. -A vencedora... Louise dos Cabelos de Ouro e Prata.

Houve um silêncio vindo da platéia que assistia, atônita... e de modo lento, bem sutil no inicio, começou-se a ouvir um barulho de mãos batendo uma contra a outra. Ela conseguiu divisar, com certo esforço, aquela mesma figura familiar, puxando uma salva de palmas que logo se estendeu por todos os espectadores. Ela podia jurar que havia um sorriso naquele rosto mutilado...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Louise No Mundo Dos Sonhos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.