Echo. escrita por nekokill3r


Capítulo 35
Capítulo 35. - Final.


Notas iniciais do capítulo

Olá. Para ser sincera, eu iria alongar a fanfic até 40 capítulos, mas não fiz isso porque tenho que arrumar minha life D: Espero que entendam, que gostem e eu já vou começar a escrever o epílogo.



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Ontem, eu e Naruto acabamos conversando a madrugada inteira e não dormimos nada. Agora são 14:00 da tarde e estou bocejando a todo segundo, e não me permito encostar a cabeça em algum lugar pois sei que vai ali que ficarei até que alguém venha me buscar. E o que Naruto faz? Decide me levar para passear, quando na verdade ele também deveria estar caindo mas parece mais firme do que qualquer um. Ainda estou um pouco emburrada com a história de ele ter me chamado de “gordinha”, só que ele já pediu tantas desculpas e me abraçou logo em seguida que fica impossivel não dar um sorrisinho de volta. Eu queria muito estar na cama ou no sofá ou em qualquer lugar, menos em cima desse balanço, porque se encosto o rosto na corda dele, estou dormindo. Naruto não parece entender isso, pois fica gritando meu nome para que eu acorde e recomeça a falar sobre tudo o que podemos ter desde que estejamos juntos –– coisa que eu estou começando a decorar. Ele sempre fala dessas coisas quando estamos sozinhos. E eu continuo com sono.

–– O que você disse mesmo? –– pergunto assim que ele pergunta a minha opinião sobre alguma coisa que eu acabei não ouvindo.

–– Eu disse que podemos ter janelas de vidros no nosso castelo verde –– ele responde, e parece emburrado. Com razão. –– Poxa, Sakura, você nunca ouve quando eu falo com você.

–– Eu ouço sim, mas não muito quando estou caindo de sono –– digo, tentando não fechar os olhos. A minha voz está um horror, para completar. –– Se você me levar para dormir, juro que te ouço melhor mais tarde.

–– Quer ir nas minhas costas? –– ele pergunta o que é tão óbvio...

–– Por favor... –– digo por último antes de subir em cima dele, encostando a minha cabeça em seu ombro e segurando firme em seu pescoço para não cair no caminho.

Não sei quanto tempo dormi, só que acordei com Leo gritando meu nome e me balançando na cama. É sério isso? Será que uma pessoa não pode mais dormir em paz? Pergunto o que é, me sentando na cama e tentando não perder a paciência... Até o momento em que Leo diz que eu preciso sair com ele. Cara, tá frio, eu ainda estou caindo e ele me faz esse lindo favor? Pergunto novamente, mas dessa vez se Lavínia vai e pelo menos ela não vai –– ainda bem, porque ela conseguiu passar mais tempo com Naruto do que eu, então estou oficialmente de raiva com ela até que eu tenha pelo menos um dia inteiro livre para brincar com o filhotinho. E me levanto, suspirando e coloco a blusa de frio, o puxando para baixo assim que percebo que estava com vontade de deitar na cama.

Lá embaixo, não encontro Naruto e me esqueço de perguntar. Vamos para fora e ele diz para que eu esperasse, e faço isso tremendo. Ele aparece segundos depois dentro de uma camionete toda quebrada e laranja, mandando que eu entrasse logo. Deito a cabeça no vidro, na esperança de dar uma cochilo por alguns segundos, mas não dá porque Leo decide ligar o rádio no último volume e não quero discutir; vai que com isso ele desvia a atenção demais e batemos? Tenho pavor só de pensar. Se fosse só o rádio até que estava tudo bem, porém ele decidiu me contar como se apaixonou por Lavínia e como ela o achava estranho por causa do cabelo grande.

Agradeci de verdade quando descemos de novo, porque não estava agüentando mais ficar ouvindo as cem bandas favoritas de Lavínia e as milhões de camisetas que ela tem. Essa coisa de comprar camisetas de bandas é uma coisa muito estúpida na minha opinião, pois você não precisa de uma peça de roupa com o nome da banda ou qualquer outra coisa que goste para mostrar que é fã –– e é por isso que não tenho uma camiseta do Naruto. Leo me deixou encostada em uma parede da pequena casa que tinha ali e falou para que eu esperasse, como se eu fosse sair correndo... Ele voltou depois de um tempo, acho que cinco minutos e com um cara meio estranho. Confesso ter ficado com um pouco de medo na hora, porque não conheço nem metade das pessoas que moram mais para os lados, mas ele sorriu para mim e não foi um sorriso qualquer; tinha gentileza ali, e foi impossivel não sorrir de volta. Minha mãe realmente tem razão de continuar me dizendo que pessoas que moram em fazendas são mais gentis e educadas do que as da cidade.

–– Quando estragar de novo, pode me chamar –– Leo diz, também sorrindo. Eu não sei o que ele concertou ou não, mas está todo sujo de gracha. O homem colocou as mãos dentro do bolso e tirou algumas notas de dinheiro, porém Leo as fechou, sorriu mais uma vez para ele e balançou a cabeça negativamente. Não entendi e quase peguei para mim, só que continuei no mesmo lugar.

–– Por favor, aceite –– o homem pede, insistindo para abrir as mãos. –– O trator não ajudou muito, e foi um trabalho difícil para um menino como você.

–– Não, não... –– ele responde, e coloca a mão sobre o ombro dele. –– Não precisa pagar por isso, mas me prometa não matar aqueles passarinhos lindos que o senhor tem. –– O homem sorriu em resposta, colocando o dinheiro de volta no bolso e concordou com a cabeça. –– Até a próxima.

Tive que correr na direção de Leo, porque sabia que se não fizesse isso, ele me deixaria ali. Às vezes me pergunto o que há de errado com ele; perde a paciência mais rápido que os outros, fica olhando para a frente sem dizer nada nem piscar e sempre parece estar feliz e triste ao mesmo tempo. Ele é legal, de verdade, mas tem algumas coisas nele que simplesmente não consigo entender e muito menos Lavínia, que é outra impaciente. Assim que estamos voltando, pergunto:

–– Por que não aceitou o dinheiro? –– Ele olha para a frente meio confuso e pensa em uma resposta, sempre olhando para a estrada e de vez em quando para mim.

–– Porque eu odeio dinheiro –– ele responde simplesmente, me deixando ainda mais confusa do que ele.

–– E por que odeia dinheiro? –– pergunto, me ajeitando um pouco no banco.

–– Porque a grande maioria das pessoas acham que ele pode comprar e pagar tudo, o que claro, não é verdade –– ele responde, dando uma risadinha pelo nariz segundos depois.

–– E aqueles presentes que sempre dá para Lavínia? –– insisto, achando que o que tinha acabo de ouvir era mentira.

–– Eu que faço tudo –– ele responde, parando no meio da rua e olha para mim.

–– Mas e os seus livros? A internet que você usa? A televisão que você assiste qualquer coisa? O que é que precisa para que eles funcionem? –– insisto mais uma vez, sorrindo vencedora, porque eu simplesmente o peguei sem que soubesse. Só que para a minha surpresa, Leo começa a rir.

–– Sakura, eu não uso nada disso. E sim, eu sei que precisa de dinheiro para os meus livros, mas não sou eu quem o gasta, entende? Eu apenas aproveito o que foi comprado para mim –– Leo explica, me deixando quase de boca aberta, pois esses dias Lavínia estava usando uma pulseira linda e disse que tinha sido um presente dele. Por que ele nunca me disse isso antes? E por que também nunca perguntei? Ele poderia ter sido bastante útil, pô.

–– Você é hippie? –– pergunto com os olhos cerrados, e Leo ri ainda mais.

–– Não, eu não sou. Mas acho que não seria uma má ideia virar um –– ele diz, voltando a dirigir.

–– Ah, sim... Eu achei que era por causa do cabelo –– confesso, rindo junto com ele. Leo não parece gostar muito do que ouve, porque junta as sobrancelhas, mas continua do mesmo jeito.

–– Eu deixo ele assim só porque eu gosto mesmo –– ele diz, tranquilamente.

–– Não é difícil de cuidar? –– pergunto interessada, e percebo que parece que estou falando com uma garota...

–– É quando você é eu –– ele responde, apertando a buzina para um carro mais para a frente só por diversão.

–– Por que? –– pergunto, não me importando se o cara que recebeu a buzinada está nos xingando do lado de fora.

–– Porque eu odeio tomar banho. –– Leo sorri de lado, e então entendo o que ele quis me dizer com aquilo. Ah, eu não posso acreditar nisso...

–– Leo... Você tomou banho ontem? –– pergunto, desesperada e quase abrindo a porta para fugir. Ele apenas descorda com a cabeça. –– Que horror! Como que Lavínia ainda dorme com você?!

–– Ela também não gosta de tomar banho, por isso nos damos tão bem –– ele diz sorrindo e ainda não consigo acreditar que estou dentro de uma casa com dois “porquinhos”, literalmente.

Chegando na fazenda, Naruto está me esperando do lado de fora e sorrindo. Sorrio de volta, quase quebrando a porta para ir correndo em sua direção e o abraçar. Quero distância de Leo e Lavínia a partir de agora, ou pelo menos até que os dois tenham coragem de tomar banho. Eles não parecem se importar muito com isso, o que é uma surpresa para mim, que não consegue ficar sem pelo menos três banhos no mesmo dia. Deixo isso para lá, e saio com Naruto. Estou o ouvindo perfeitamente agora, embora não tenha dormido muito. Ele pega a minha mão e vamos para lugar nenhum, sentando no chão mesmo. Ficamos em silêncio, olhando para longe e encosto a cabeça em seu ombro, fazendo ele me olhar e rir. Não entendo o motivo, mas não a tiro dali.

–– Por que você não foi com a gente? –– pergunto.

–– Porque a minha perna ainda não está tão boa assim, e não posso arriscar andar de carro com o Leo. Percebeu o quanto ele corre e o quantos buracos existem por aí? –– ele diz, e começo a rir junto, pois é a pura verdade. –– Na próxima juro tentar ir.

–– Não precisa ficar arriscando a sua “máquina” por minha causa –– retruco, indignada com o que ele acabou de dizer e o lembrando do apelido que decidiu dar a aquela coisa que na maioria do tempo evito olhar. Ela não é feia, mas se você a encarar por muito tempo, ela fica desse jeito sim. Sinto muita vontade de estar no lugar dele, porque agora não pode mais fazer quase nada do que costumava fazer antes de tudo acontecer. E eu ainda me sinto culpada por ter o deixado sozinho.

–– Não sei se sabe, mas você me salvou –– ele diz passando a mão de leve no chão, tentando parecer destraído. Olhei para ele confusa, só que infelizmente Naruto não virou o rosto para me olhar também.

–– Como assim? –– pergunto, agora realmente interessada no assunto.

Ele respirou fundo e abaixou a cabeça logo em seguida, chorando. Eu não estava entendendo absolutamente nada, e tudo o que fiz foi segurar sua mão que ainda está suja de terra. Afastei seu cabelo, sussurrando coisas como “Você não quer me contar?” e “Está tudo bem”. Ele, de um segundo para o outro, voltou os olhos para mim e recomeçou a falar:

–– Quando me encontrou na clínica, era meu penúltimo dia, porque eu estava decidido a tentar suicídio pela segunda vez no dia seguinte. Eu ia pular na frente de um trem, o que significa que iria dar certo. Mas eu vi você e meio que passou alguma coisa na minha cabeça, como se eu devesse falar com você. E depois que fui para casa quando nos despedimos, Leo veio com um livro me mostrando uma frase que me fez começar a acreditar que o destino existe, ela era: “Não fique assim, filho. Um dia vai entrar uma garota na sua vida e você vai entender o por que de nunca ter dado certo com mais nenhuma” Eu ignorei aquilo, é claro, dizendo que era bobeira. –– Ele limpou o rosto com a outra mão, porque as lágrimas estavam caindo sem parar. –– E depois que falei com você naquela manhã, percebi o quanto precisava da minha ajuda. E imagine só? Eu não tentei me matar no outro dia por isso. Fiz o contrário, tentei parar de me cortar escondido, joguei todas as minhas lâminas fora, tudo para poder ter mais força para te ajudar. Quando sorriu para mim aquele dia na escola, foi simplesmente mágico! Meu coração parou, literalmente. Mas quando eu achei que estava me tornando seu amigo mais próximo, chegou Kiba. Eu sei que ele é meu antigo amigo, porém mesmo assim foi difícil ver vocês dois juntos pela escola e Hinata me perseguindo. Mais difícil ainda, te ver com Gaara, porque sei quantas coisas aquele pobre garoto sofreu até agora e que merece alguém que o ame 24 horas por dia... –– Ele se sentou mais perto de mim, olhando bem nos meus olhos. –– Não sei exatamente quando vim a me apaixonar por você, mas acho que foi por causa desse seu jeito tímido que tem medo de se aproximar das pessoas por achar que elas apenas vão te machucar, e você tem que entender que você é perfeita, criatura! Eu fico indignado, porque você não enxerga isso e até mesmo Gaara me disse que você é assim. –– Ele conseguiu soltar um risinho, que foi acompanhado pelo meu, que saiu sem querer. –– Mas, mudando de assunto, não era para estar assim a minha confissão. Creio que não deva estar gostando, pois eu não sou um profissional com as palavras como você, então se quiser se levantar e ir lá para dentro cuidar do Naru com a Lavínia, vou entender.

Fiquei sem saber o que responder por alguns segundos, porque pela primeira vez na vida não encontrava palavras suficientes para respondê-lo. Talvez se eu me levantasse e fosse lá para dentro fosse o melhor a se fazer do que ficar aqui olhando para a cara dele sem sequer piscar direito, o que está me matando de verdade. Eu tinha muitas coisas para dizer que rodavam na minha cabeça, mas que se recusavam a sair pela minha boca. Que momento horrível, e eu não consigo parar de chorar. Logo vão vir os soluços e começarei a tremer. Mas então decido respirar fundo, e o abraçar forte. Posso ouvir os baixinhos gemidos que ele solta quando não agüenta o choro por muito tempo, assim como sinto suas mãos me apertando forte como faz quando diz ter medo de me perder.

–– Amo você, viu? –– digo e Naruto confirma com a cabeça. Não o obrigo a também dizer algo, pois sei que na situação em que está é impossível. Ele é mesmo um garoto sensível. –– Mas vamos parar com isso? Imagina se nosso reino nos vê desse jeito? –– pergunto me desgrudando dele com muito cuidado para não parecer mal educada, entrando na tal brincadeira que eu até hoje de manhã achava uma completa bobagem.

–– É, eu acho que eles não iriam querer nos ver chorar –– ele diz, limpando o rosto e de repente olha para mim desesperado. –– Mas ainda somos apenas príncipe e princesa, como podemos ter um reino só nosso?

–– Podemos qualquer coisa, contando que estejamos juntos –– o lembro e ele sorri, menos preocupado com o tal reino que existe apenas em sua cabeça, pois simplesmente não consigo imaginar essa coisa. E não é porque sou “desse” jeito, e sim porque a imaginação dele vai bem mais além do que a minha. Porém, tem uma coisa que eu imagino bastante e melhor que ele, talvez: Naruto do meu lado, daqui talvez há uns cinco anos. Eu, ele e um menininho ou uma menininha; tanto faz, eu receberei qualquer um de braços abertos. E me pergunto se ele também imagina uma família junto comigo. Eu ficaria feliz se imaginasse.

Naruto me abraça novamente, mas dessa vez estamos em pé. É meio difícil abraçar ele assim, porque de vez ou outra a “máquina” decide dar uma dorzinha que faz ele ficar pulando. Estou quase me acostumando com esse ferro e confesso que não atrapalha nada quando Naruto dorme comigo –– provavelmente, não vai incomodar hoje a noite também.

Ele limpa a mão na blusa e segura meu rosto com uma, fazendo carinho no meu cabelo com a outra. Seguro em sua mão e mal pisco, pois não quero perder nenhum movimento dele de agora em diante. Percebo que ele não vai me beijar porque acha que está “sujo” quando na verdade Naru só espirrou um pouquinho de leite em seu rosto mais cedo. Então, ergo os pés, segurando em sua testa e o beijo. Não sei se o momento estava lindo demais ou algo assim, mas deixei cair algumas lágrimas; lágrimas, desta vez, de meu eterno agradecimento a ele em silêncio. Agradecimento por ter me mudado, agradecimento por ter me mostrado que o mundo é mais do que eu posso ver, agradecimento por ter me apresentado pessoas que nunca serei capaz de esquecer e agracimento, principalmente, por ter me escolhido. Eu posso passar o tempo que for perto dele e o ajudar, mas ainda assim não vou poder pagar essa dívida que tenho com ele por me fazer enxergar que ainda estou viva. Jamais. E pela primeira vez, assim como fiquei sem palavras, tenho o prazer em dizer: eu estou bem, eu estou ótima, eu estou feliz, eu estou com Naruto Uzumaki.

Ainda ficamos nos olhando por alguns segundos em silêncio, sorrindo algumas vezes. Eu juro que mais do que amar ele, amo ficar desse jeito. Ele não precisa de mil palavras para mim, porque eu sou capaz de ficar muito feliz apenas quando me olha assim. E de qualquer jeito, eu escolheria ele no fim; se eu tivesse de fugir de casa e sair para algum porto seguro, seria ele quem eu procuraria; se eu tivesse de escolher alguém, continuaria sendo ele. E vai ser ele, pro resto da minha vida. Não sou vidente e nem nada disso, mas posso garantir que ainda é ele que vejo quando penso no futuro. E também me vejo tentando fazer de tudo para dar certo. Hoje cheguei a conclusão de que eu realmente não sei viver sem ele. E que nem quero.

–– Não me olhe assim... –– digo dando um sorriso tímido, abaixando a cabeça. Naruto ergue o meu queixo devagar, me forçando a olhá-lo. Mas depois, não diz nada. –– Por que ficou calado assim, do nada? –– pergunto, cerrando os olhos e juntando as sobrancelhas em uma tentativa de fazê-lo rir, porém não dá certo e desisto.

–– Você me mudou de uma forma inacreditável, e me fez enxergar a vida de outra maneira. Uma maneira onde podemos mudar nosso próprio destino –– ele diz, e resisto a vontade de bater palmas pois o que disse saiu tão perfeitamente que merecia realmente algo como isso. –– E então, você continua não acreditando que foi o destino que nos uniu?

–– Eu não sei se existe, mas parece que ele foi bastante gentil comigo –– respondo, e Naruto ri. Oh, meu Deus. A risada dele. É tão perfeita... –– Acredito mesmo é que um garoto estranho e chato me encheu o saco e tirou a minha paciência durante séculos, depois se tornou meu melhor amigo e imagine só o que aconteceu depois? –– Naruto ergueu as sobrancelhas como se pedisse pela resposta. –– O engraçadinho roubou o meu coração!

–– Mas que moço sortudo este que roubou o coração desta bela donzela a minha frente –– ele diz, e me lembro na mesma hora de Leo e o apelido que lhe dei quando vim para cá. Preciso voltar a chamá-lo desse jeito. –– Porém, eu queria saber o que vamos fazer com Gaara.

É sério isso? Estamos em um momento perfeito e ele vem falar do Gaara logo agora? Tudo bem, eu sei que tenho muitas coisas para resolver com ele ainda, mas não pode ser depois, quando não estamos juntos? Tento não perder a paciência, então respiro fundo e apenas respondo:

–– Eu me resolvo com Gaara.

–– É, mas ele gosta muito mesmo de você, Sakura –– ele começa, e isso não é bom, não é nada bom, porque logo ele vai começar a falar sobre como Gaara precisa de mim ao lado dele e não quero ouvir essas coisas agora. –– Na verdade, ele te ama. E precisa de você.

–– Eu já disse que me resolvo com ele, não disse? –– digo um pouco impaciente. –– Olha só, não vamos falar dele logo agora, tá? Eu quero que você fale de nós dois! –– E o balanço, ainda brincando e rindo.

–– O que quer que eu fale de nós dois? –– ele pergunta e percebo que também não tenho ideia do que possa ser o assunto. Mas tem tantas coisas...

–– Hum... Se você tiver um filho comigo, como vai se chamar? –– pergunto animada.

–– Bem, se for menino, Minato. E se for menina, Kushina –– ele responde, sorrindo de olhos fechados logo em seguida.

–– De onde eu conheço esses nomes? –– pergunto mais para mim mesma do que para ele.

–– São os nomes dos meus pais. –– Olho para Naruto e percebo o quanto o tempo não ajuda em nada, porque mesmo depois de todos esses anos, ele ainda continua sentindo aquela falta imensa dos pais. Mas é claro que ele sente. Mal posso me imaginar sem os meus, que embora às vezes eu sinta vontade de ter outros, não trocaria por nada na vida. E mesmo que muitos não saibam, continuo com aquele desespero enorme quando me levanto e não vejo os dois em nenhum lugar da casa. Nessas horas, passam qualquer tipo de coisa pela nossa cabeça, menos que eles possam ter saído para ir a algum supermecado e já estão voltando.

–– Naruto, preciso da sua ajuda! Naru vomitou e Lavínia tá se recusando a limpar sozinha! –– Leo grita da porta e sinto vontade de matá-lo. Logo agora, Da Vinci?!

–– É, parece que vou ter que voltar... –– Naruto lamenta, apertando os lábios. Até eu estou lamentando por isso. Ele se desgruda de mim com cuidado e começa a caminhar, dizendo para mim ainda de costas: –– Não fique muito tempo por aqui, logo os cavalos vão ser soltos. E não queira me abraçar e nem me beijar quando eu estiver de volta.

Logo depois daquilo, corro em sua direção e o beijo, depois o abraço. Sempre que faço isso, é com força e na maioria das vezes tremendo. Tenho medo de perder ele assim como tenho de acidentes de carros.

–– Isso foi apenas um consolo, porque não vai ter nada quando voltar –– brinco, sorrindo vencedora. Ele ri e meio que me agarra, deixando meu corpo bem perto do dele e sem nenhum jeito de escapar.

–– Vou poder dormir com você hoje a noite? –– ele pergunta, com uma sobrancelha erguida.

–– Vai, depois de ter tomado um banho –– respondo, tentando não o olhar. Sou simplesmente péssima em fingir estar emburrada.

–– E vou poder tomar banho com você também? –– Ouço sua risada e é impossível não dar um sorrisinho.

–– Ainda vou pensar no caso –– respondo e não agüento, começando a rir. Ergo mais uma vez os pés e coloco meus braços em volta de seus pescoço, com nossos rostos a centímetros um do outro. –– Você precisa ir logo antes que Leo fique sem voz de tanto gritar...

–– É, eu preciso, só não consigo tirar meus olhos de você... –– ele diz e sinto o rosto queimar. Que droga. Mesmo depois de convivermos tanto tempo juntos, não consigo me acostumar com sua mania de me fazer sentir especial há cada segundo.

–– É melhor ir... –– digo, quase que em transê, olhando mais para sua boca do que seus olhos. –– Estarei te esperando lá no quarto.

–– Não fale isso desse jeito que penso besteiras –– ele diz rindo e o acompanho. –– Vai estar esperando mesmo? –– Confirmo com a cabeça com os olhos fechados, e de repente estou girando no ar enquanto seguro seu pescoço com mais força. Caimos no chão; eu por baixo e ele por cima. Leo continua gritando lá atrás e ameaça vir me matar por não deixar Naruto ir logo. Fechamos os olhos. Ele segura a minha cintura e encosta nossas testas, sussurrando bem baixinho: –– Você realmente me salvou.


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