Echo. escrita por nekokill3r


Capítulo 2
{capítulo 2.}


Notas iniciais do capítulo

Estou postando pra ver se alguma alma caridosa vem comentar na minha estória :((
Arrumei uma capa e logo colocarei ela aqui.
Boa leitura e me desculpe os erros.



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Eu ainda não acredito que vou ter que voltar para aquela clínica, conversar com a “Tsunade”, mentir que estou bem, voltar para casa, me cortar, e então dormir de novo. Acho que foi mesmo uma má ideia eu ter aceitado essa coisa toda, e principalmente porquê o Naruto não tem me deixado em paz um segundo sequer. Ele já me mandou cerca de um milhão de mensagens perguntando se eu vou para a psicóloga, e eu respondi que sim, mesmo não querendo; fiz isso mais porquê ele estava atrapalhando eu a ouvir músicas.

E, sim, eu me arrependi de ter feito isso, porquê Naruto disse que quer sair comigo hoje. E, não, eu não quero sair para lugar nenhum. Um dos motivos disso, é o meu ombro. Ele piorou bastante desde ontem, porquê agora está doendo, e tenho que evitar até tocá-lo. Será que eu fiz alguma burrada? Bem, tanto faz isso, porquê eu só quero morrer logo, então isso deve me ajudar um pouco.

Hoje estou indo com o cabelo solto e um pouco molhado, e uma blusa de frio do meu irmão. Ele provavelmente brigaria comigo ao ver eu pegando ela... se ainda estivesse vivo. Sasori era o nome dele, e ele era a pessoa mais gentil e alegre do mundo. Ele era maior de idade e hoje estaria fazendo 20 anos se eu não tivesse acabado com a sua vida. Tudo aconteceu quando a minha banda favorita ia fazer um show na minha cidade, e eu fiquei muito louca para ir, mas meus pais não deixaram, porquê na época eu ainda tinha 13 anos, e uma garotinha com essa idade em um show, era até loucura.

–– Qual é, mãe, a Sakura sabe se virar sozinha! –– Foi o que ele disse, mas mesmo assim eles não mudaram de ideia.

De madrugada, Sasori entrou no meu quarto e disse que íamos para o show. Ele tinha um carro que não era muito velho, mas também não muito novo. Me arrumei naquele instante e partimos, rezando para que nossos pais não notassem a nossa ausência. Quando chegamos lá, eu fiquei encantada com tudo. Ele disse que eu poderia comer o que eu quisesse, e que ainda me compraria um presente na hora de ir embora... Aquela noite tinha sido a melhor da minha vida, e eu nunca poderia esquecê-la. Eu não costumava abraçar as pessoas ou dizer “eu te amo” a cada um segundo, mas naquele dia, abracei Sasori e o disse aquilo. Ele me abraçou ainda mais forte e riu quando percebeu que eu estava chorando de “emoção”, como colocou.

Só que tudo acabou quando iríamos embora. Sasori tinha comprado o meu presente, a camiseta daquela banda –– que tenho até hoje escondida. Estávamos indo embora cantando e pulando no banco, até que um outro carro entrou na rua do nada e bateu no nosso. Me lembro apenas de sentir ele segurar firme a minha mão até que me tirassem de lá. E realmente eu saí de lá, mas sem ele. A culpa é minha porquê se eu não tivesse insistido tanto em ir naquele show na frente de Sasori, ele ainda estaria vivo. E eu prefiria que fosse exatamente assim: ele vivo, e eu morta.

–– Porquê você foi inventar de falar aquilo na frente daquele idiota? –– pergunto para eu mesma, vestindo a blusa. Pode ser uma coisa estranha, mas me sinto um pouco “bem” quando estou vestida com ela. É como se Sasori ainda estivesse aqui, do meu lado. E eu gosto dessa sensação.

Desci, e encontrei o que eu não gostaria: a minha mãe chorando. E agora eu não sei o que fazer, porquê não consigo me mover e ir lá abraçá-la. Estou aqui, olhando ela se acabar em lágrimas pela escada. Eu realmente gostaria de ser uma filha mais “atenciosa” e todas essas coisas... Mas, veja bem, se eu não consigo nem me ajudar, imagine ajudar outra pessoa?

–– Ele realmente não gostaria de te ver chorando. –– digo, e ela me olha. A experssão no meu rosto não muda, embora por dentro eu também esteja chorando.

–– Ah, é mesmo... –– ela diz, secando as lágrimas e dando um sorriso que de longe pode se perceber que é falso. –– Vamos para a psicóloga?

–– Cadê o meu pai? –– pergunto, estranhando o fato de que ele não estava ali, na cozinha, tomando o seu típico café, me esperando para tentar me animar.

–– Ele foi até o cemitério. –– ela responde. –– E nós vamos lá também depois que você sair da psicóloga.

–– Porquê? –– pergunto, cerrando os olhos. –– Porquê eu tenho que ir lá? Pra sofrer mais ainda? Bem, se for assim, então eu prefiro ficar na clínica.

A minha mãe me olhou de um jeito estranho, como se soubesse que eu estou triste, mas não disse nada, apenas abriu a porta e eu a segui. Eu não gosto dessa coisa de cemitério mesmo, porquê tenho certeza de que vou chorar quando entrar lá. Já foi um enorme esforço ir no enterro de Sasori, então imagine ir vê-lo naquele... lugar. Com certeza, eu não vou.

Hoje preferi ouvir algumas músicas até o caminho da clínica, para não ter que olhar para a minha mãe –– sem esquecer de dizer que ela ainda está chorando. Mas agora estou me perguntando: será que meu pai já ficou assim? Quer dizer, todo mundo tem um momento de tristeza em vida, só que eu nunca em toda a minha vida vi o meu pai chorar. Acho que ele quer passar a imagem de ser uma pessoa “forte”. Entretando, eu soube que essas pessoas são as que mais sofrem por dentro.

–– Até mais tarde. –– Isso foi tudo o que minha mãe me diz quando saio do carro.

Quando a porta se abre, procuro por Naruto no mesmo segundo, mas parece que ele foi quem não veio. Eu não deveria estar tão decepcionada com isso, afinal, estou começando a ficar acostumada a criar expectativas e me fuder por completo depois. Hoje todos estão sentados nos bancos, e ninguém quer sorrir ou conversar uns com os outros.

–– BU! –– Naruto diz atrás de mim quando me levanto para pegar um copo de água. Juro que quase deixei tudo cair. Ele começa a rir, mas eu continuo com a cara fechada. –– Você está doente? É porquê parece pior do que ontem.

–– Algumas coisas aí. –– respondo apenas, e então começo a andar para o meu lugar. Mas que resposta idiota foi essa que eu acabei de dar? –– Achei que não tinha vindo.

–– Eu? Não vir pra cá? –– ele pergunta se jogando no banco e quase caindo no chão. –– Claro que eu nunca faltaria! Se você quer se tornar uma pessoa normal de novo, tem que vir todos os dias, não é?

–– É. Acho que sim. –– respondo. Hoje realmente não está sendo um dia bom. –– A sua namorada não liga que você fique conversando com outra garota?

Naruto por um tempo olhou para mim sem entender, então aponto para quem eu estava falando, uma garota que parecia ter a nossa idade, com o cabelo tão loiro que chega a ser um pouco branco. E esse cabelo me lembra da Ino, o que é uma coisa horrível...

–– Ela não é a minha namorada! –– ele responde me dando um tapa de leve justo no ombro que eu cortei ontem, e acho que entende que está machucado quando eu me viro para o lado. Sua voz se torna muito mais do que baixa quando ele me pergunta: –– Você se cortou aqui ontem, não é?

Fiquei um tempo pensando em que resposta dar. Eu poderia contar a verdade, se confiasse nele. Mas eu não confio. Não tanto. Naruto pode muito bem espalhar para todos esse meu “segredo”. Afasto um pouco de cabelo que tinha caído sobre o meu rosto para inventar alguma coisa de último segundo.

–– Não. Eu bati na porta do meu quarto. –– minto, e acho que não deu tão certo assim, porquê ele está me olhando com os olhos cerrados e a boca entre aberta.

–– Acha mesmo que eu vou acreditar em uma coisa dessas? –– E então se aproxima ainda mais para perguntar mais uma vez baixinho: –– Foi muito fundo?

O que é isso agora? Ele conversou comigo ontem apenas, e já acha que pode saber se foi ou não fundo onde eu me cortei? Não é assim que as coisas funcionam. Pelo menos, não para mim. Se ele quer saber sobre os meus cortes, vão demorar talvez anos para que eu conte os detalhes.

–– Acredite se quiser. Não estou te obrigando a fazer isso. –– digo, a voz mais séria dessa vez.

–– Sakura, eu não sei se percebeu, mas eu estou tentando te ajudar. –– ele diz, o que faz eu colocar a mão sobre a testa procurando paciência. –– E é sério.

–– O que é realmente sério? –– pergunto em resposta, meus olhos olhando para os dele pela primeira vez. –– É sempre assim; você chega, conquista minha confiança, diz que quer me ajudar, e então depois, vai embora.

–– Não. As coisas não são assim para mim. –– ele retruca. Espere, Naruto está começando a chorar ou é alguma coisa feita pela minha cabeça? –– Não é assim para mim, Sakura. Eu quero muito mesmo te ajudar, porquê embora você não fale, eu sei que me entende um pouquinho. E se você me entende, eu nunca posso deixar você sozinha.

Eu fico sem resposta. Naruto continua a me encarar enquanto lágrimas descem por seu rosto e caem sobre as suas mãos. Sabe o que foi mesmo uma má ideia? Ter nascido. Agora estou em duvida de entregar a minha confiança para ele, ou simplesmente fingir que não ouvi nada. Porquê isso está tão difícil para mim? E as coisas são sempre assim, sim. Não existe essa coisa de amizade para sempre, não existe nada que dure para sempre além da tristeza e ódio por ter nascido uma pessoa como eu sou agora, e não ter a sorte que ser feliz, como qualquer outro humano no mundo.

Foi Tsunade quem me salvou, chamando o meu nome. Me levantei e fui para a sua sala enquanto Naruto ainda chorava lá no banco, me observando de longe. E novamente eu senti vontade de pegar na mão dele e o fazer ficar comigo lá dentro.

–– E então, Sakura, como você está hoje? –– ela pergunta segundos depois que me sento.

–– Eu estou bem. –– minto mais do que nunca, e ela parece não acreditar.

–– Eu entendo que deve ser difícil vir a uma psicóloga e tudo o mais, mas você pode falar o que quiser aqui, Sakura. –– ela dizia, enquanto meu pensamento está em Naruto. –– Pode ter a certeza de que eu não vou contar para ninguém, de que tudo o que falar comigo, será um segredo nosso.

–– Eu quero ir embora. –– digo séria. –– Pode, por favor, me mandar embora?

–– Porquê você quer ir embora? –– Tsunade pergunta, um pouco mais interessada.

–– Porquê eu tenho que visitar o meu irmão. –– respondo. –– E ele não gosta de esperar.

–– Onde você vai encontrar o seu irmão? –– ela pergunta novamente, e eu não sei onde arrumo coragem o suficiente para dizer:

–– No cemitério.

Depois da minha resposta, Tsunade olhou fixadamente para mim; os olhos um pouco arregalados pelo o que eu tinha dito, a respiração rápida por provavelmente não ter ouvido nada parecido. E eu também fiquei lá olhando para ela.

–– O seu irmão faleceu? –– ela pergunta depois de, ao que me pareceu, descobrir que ainda tinha voz.

–– Sim. –– respondo apenas porquê não quero entrar em detalhes sobre isso. –– Agora, eu posso ir embora?

–– Eu queria muito fazer isso, mas infelizmente a coisa por aqui não é assim. –– Tsunade tem um olhar triste, e eu sei exatamente o que é isso; pena. –– Você tem que ficar 25 minutos comigo, e ainda não deram nem 10.

–– Mas a minha mãe disse que se eu quisesse ir embora, eu poderia fazer isso. –– retruco, começando a ficar sem paciência.

–– Eu não sei o que a sua mãe te disse, mas ela concordou com a regra de você ficar aqui 25 minutos inteiros. –– ela me explica, e sinto uma enorme raiva da minha mãe por isso.

Suspirei fundo, tentando não sair pela porta correndo. Tsunade não tinha mais coragem –– ou eu acho que não ––, para continuar a me perguntar as coisas. Ela simplesmente fica ali, na minha frente, me olhando. A ideia de sair correndo pela porta até que não é tão ruim assim... Se ao menos Naruto estivesse do meu lado, acho que eu saberia exatamente o que fazer.

Os 25 minutos não passaram rápidos. Foram os minutos mais horríveis da minha vida, embora eu tenha gostado do silêncio que ficou entre nós duas. Sim, eu gosto do silêncio, mas não tanto. E quer saber o que eu fiz nesse tempo, não é? Pois bem, essa é a resposta: nada além de ficar olhando o escritório de Tsunade. Na minha opinião, realmente não parecia ser uma coisa de uma psicóloga, era mais para uma biblioteca, porquê tinha muitos livros espalhados por todos os lugares possíveis. Eu gosto de ler nas vezes em que não estou me matando aos poucos.

–– Acabou por hoje. Até amanhã. –– ela diz, e como fez ontem, me acompanhou até a porta e disse aquela coisa idiota: –– Aguente firme.

Eu não sei qual o sentido em dizer isso para uma pessoa que está pensando em se matar 24 horas por dia. É quase como dizer que você tem que ficar firme, mas não tão firme, e ao mesmo tempo não pode pensar em se matar, e sim pensar em todas as coisas boas que a vida ainda está preparando para você. Sinceramente? Acho que a vida não preparou nada para mim.

A primeira coisa que eu fiz quando saí, foi procurar Naruto. E imagine só? Ele não tinha ido embora; estava lá, sentado na frente da porta, tentando –– de novo –– tirar os curativos. Não sei porquê suspirei aliviada por o ver, mas acho que ninguém percebeu isso. Quando me viu, pulou do banco, veio na minha direção, e apesar de seus olhos ainda estarem um pouco vermelhos, continuava sorrindo. Estranhei mesmo quando ele estendeu a mão para mim.

–– Você não vai consultar hoje? –– pergunto, e percebo o quanto isso soa ainda mais idiota. Essa coisa de “consultar”, é quase como se estivéssemos com alguma doença.

–– Não. Meu avô hoje disse que eu não precisava. –– ele responde, todo feliz da vida. –– Agora, nós vamos andar pela cidade, certo?

–– Errado. Eu vou ter que ir com a minha mãe visitar o meu irmão. –– informo, e toda aquela alegria que ele naturalmente tem, parece sumir de uma vez de seu rosto.

–– Bem, eu posso ir junto, não é? Gostaria muito de conhecer o seu irmão. –– ele diz, se animando de novo. Eu não posso dizer que meu irmão está morto para o Naruto, porquê, ele está tão feliz...

–– Ah, me desculpe, mas o meu irmão não gosta muito de fazer amizades... –– minto discaradamente. Preciso começar a pensar em novas desculpas, porquê já está ficando na cara sempre que eu minto, que é, obviamente, mentira. –– Talvez uma outra hora.

Ele parece pensar por um tempo olhando para o chão, então ergue seu olhar para mim e continua sorrindo até que consegue falar novamente.

–– Você quer conhecer o meu avô?

–– O que? Ah, não, me desculpe, mas eu realmente tenho que ir. –– respondo rápido o bastante para que ele não entenda nem metade do que eu falei. E então sou surpreendida com ele pegando a minha mão sem que eu deixe, e saindo comigo. –– Naruto, eu tenho que ir, de verdade, e a minha mãe está bem ali me esperando...

–– Não se preocupe, todo mundo tem que dar uma fugida alguma vez, não é? –– ele pergunta, e percebo que até que aquilo possa fazer algum sentido.

–– Não, Naruto. –– digo enquanto tento parar. Ele agora está olhando para mim. –– Podemos, sei lá, não ir para a sua casa? Não é que eu não queira ir, é que... eu acho que não vai dar certo.

–– Realmente quer que seja assim? –– ele pergunta, e depois de um tempo me perguntando se também queria desse jeito, afirmei com a cabeça. –– Por mim, está tudo bem. O importante mesmo é ficar do seu lado.

Aquilo me pegou em cheio. Eu fiquei parada sem saber o que responder, até Naruto pegar novamente a minha mão e começar a andar comigo, de novo. Acho que fiz a coisa certa em aceitar “fugir” com ele, porquê assim eu não vou precisar ir no cemitério. Imagino a cara que a minha mãe fez ao ver que eu não estava mais na clínica; deve ter ficado uma fera comigo, mas o que isso importa agora? Ás vezes parece que ela gosta de se livrar de mim, como fez me obrigando a ficar 25 minutos com a Tsunade.

Eu e ele andamos por muito tempo, até pararmos em um parque que me pareceu estar abandonado. Bem, hoje em dia as crianças não ligam mais para essas coisas de escorregadores, balanços e etc, como eu –– e talvez também Naruto ––, que antigamente, brigávamos para poder brincar em um desses. Me sento em um dos balanços e Naruto aparece atrás de mim para me empurrar. Não protesto ou falo para ele parar, porquê o que estou sentindo agora, é algo... bom.

–– Joga a cabeça para trás. –– ele diz, me empurrando cada vez mais alto.

–– O que? –– pergunto totalmente sem entender. –– Porquê eu faria isso?

–– Só joga a cabeça para trás e vai saber, Sakura. –– ele responde, puxando o banco até onde consegue, e o arremessando logo em seguida. –– Agora!

E assim eu faço. E então, entendo o que Naruto estava tentando me mostrar. Como é ótimo olhar para o céu, e ver todas as coisas passando em câmera lenta. É incrível essa sensação. Eu até seria capaz de sorrir, se não estivesse tão triste agora.

–– Sentiu? –– Naruto pergunta assim que eu paro o balanço com os meus pés no chão.

–– Era pra sentir alguma coisa? –– pergunto de volta fingindo não saber sobre o que ele está falando. Mas o mais curioso, é que eu estou com vontade de rir...

–– Sim, era. –– ele responde, indgnado por eu não ter dito o que ele queria escutar. –– Mas não sentiu nada mesmo? Nadinha?

–– Na verdade, eu senti sim... –– começo, tentando fazer uma cara séria antes de terminar: –– Eu senti um enorme medo de cair de lá de cima.

–– Ah, não era isso que você deveria sentir! –– ele exclama, ainda mais indignado. –– Agora é a minha vez. Pode me empurrar?

Como vou responder isso? Olho de relance para os meus braços e volto a olhar para ele. Naruto não é tão burro assim, e entende. Me sento na calçada enquanto ele balança com a própria força. Confesso que ele parecia aquelas criançinhas que iam em algum parque pela primeira vez, ou ganhavam algo incrível no Natal. E o mais incrível até agora, além da minha vontade de rir de alguns minutos atrás, é que ele fica ainda mais bonitinho. Ok, eu o acho “bonitinho”, então, não vamos começar a confundir as coisas.

Depois de um tempo, Naruto cansou de ficar empurrando tanto o balanço, e veio se sentar ao meu lado.

–– Como é ter um irmão? –– ele pergunta do nada.

–– Como assim? –– pergunto de volta, levantando uma sobrancelha.

–– Eu quero saber como é. –– ele responde. E agora até parece idiota essa resposta. –– Tipo, as brigas, e tudo o mais. Você e seu irmão se dão bem, não é?

–– Sim... –– respondo insegura. –– Eu acho que sim.

–– Eu sempre quis ter irmãos. Uma casa cheia! –– Naruto está olhando para frente, sorrindo pela vigéssima vez (se é que ele já não sorriu mais só hoje). –– Mas acho que isso não vai dar mais.

–– Porquê? –– perguntei curiosa. É um pouco estranho essa coisa dele sempre me contar tudo sobre a sua vida, e eu não dizer absolutamente nada, e mesmo assim ele não achar ruim ou algo assim. –– Bem, se não quiser falar, tudo bem.

–– Ah, não, tudo bem. –– ele faz uma imitação ridícula da minha voz. –– E é porquê a minha mãe está morta. E o meu pai é a mesma coisa.

Naruto me olhou logo depois que respondeu a minha pergunta –– que, agora, me arrependo de ter feito. E é só depois que ele dá um sorrisinho de lado, que percebo que estou igual a Tsunade quando falei sobre o meu irmão.

–– Parece ter visto um fantasma. –– ele brinca, se arrumando. –– Não fique tão impressionada. Coisas assim acontecem muito comigo.

–– Me desculpe por ter te perguntado sobre isso... –– me desculpei, mais envergonhada do que nunca antes na minha vida. –– Eu também sei como é perder alguém que você ama para a morte.

–– Você sabe muitas coisas, hein? –– Naruto iria dar um tapa no meu ombro, até se lembrar do que tinha ali. E isso ainda está doendo. –– Doeu muito?

–– O que? –– perguntei de volta.

–– Saber que perdeu essa pessoa que você disse. –– ele explica, e olho para o chão.

–– É... –– começo a responder. –– Doeu.

E aquele silêncio horrível apareceu entre nós dois. É estranho, porquê geralmente, Naruto é quem tem muito assunto e que me faz conversar mais do que imagino que posso.

–– O que você acha de ir para a minha escola? –– Voltei a olhá-lo e percebi a diferença de seu humor. Era incrível como ele conseguia ser feliz e triste ao mesmo tempo, e não demostrar o lado tristeza.

–– Acho que isso é uma má ideia... –– respondo sendo muito sincera. Eu realmente não quero voltar para a escola. –– E eu não sei se a pessoa que me deu pesadelos a noite, estará lá...

–– Qual é o nome dessa pessoa? –– ele perguntou, e ainda bem que entendeu pelo meu olhar que eu não iria o responder. –– Pelo menos a primeira letra do nome.

–– I. –– respondi, e foi como se eu sentisse o meu rosto arder pelo tapa que essa “I” me deu.

–– Posso te assegurar que não tem nenhuma pessoa que comece com o nome com a letra “I” na minha escola. –– ele diz. Parece que ele quer mesmo que eu volte a estudar... E parece que eu estou mesmo caindo nessa de confiar nele. –– Então, você vai?

–– Não. –– respondo no mesmo segundo.

–– Sakura... –– Ele pegou uma das minhas mãos; tentei me soltar, mas não dava. –– Eu sei que é realmente horrível voltar para a escola depois de ter sofrido tanto, mas, pense comigo agora... Não vai dar para ficar em casa para sempre, não acha, pequena?

–– “Pequena”? –– pergunto de volta. Ninguém nunca me chamou assim antes.

–– Ah, esse é o apelido que acabei de inventar para você! –– ele explica, erguendo a minha mão com a sua pelo ar. –– O que achou?

–– Ridículo. –– respondi, e quase ri da cara que fez depois disso. –– Agora eu tenho que ir.

Ia me levantando, mas Naruto é um pouco idiota, e esqueceu de que eu estava com o ombro cortado, porquê pegou bem onde eu cortei com mais força. Respirei fundo, tentando fingir que não tinha sentido nada. Pode parecer meio impossível ou algo assim, mas eu senti até estômago ruim.

–– Desculpa, pequena. –– ele diz assim que me sento de novo. –– Eu me esqueci.

–– Tudo bem... –– digo, embora não estava nada realmente bem. –– Mas eu tenho mesmo que ir.

–– Então, até amanhã. –– Naruto me abraça e eu fico sem saber o que fazer. Não sei mais reagir a abraços, e é isso que acontece: eu fico parada. E quer saber porquê tenho até um “trauma” desses abraçinhos? Ino me dava bastante eles, e desde o que aconteceu, tudo relacionado a ela, tem me dado pavor. –– Se cuide. E cuide, também, desse ombro aí.

–– Eu cuidarei, sim. –– respondi embora eu mesma já soubesse que eu não faria isso mesmo.

Comecei a andar para casa. Sei que quando chegar lá, minha mãe e meu pai vão estar querendo me matar, mas até que compensou essa “fugida”... Eu deveria ter ido no cemitério, não é tão longe assim... Mas preferi ir para casa, porquê sei que Sasori iria preferir mil vezes que eu fosse me divertir á ficar chorando em volta de seu túmulo.


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