Letting You Go escrita por Lana


Capítulo 1
Negação.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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"Não é engraçado deitar para dormir e não há mais segredos para eu manter. Gostaria que as estrelas no céu pudessem todas alegar doença e as nuvens pudessem levar a lua para uma viagem sem volta."

O primeiro estágio do luto é a negação. Nessa fase é normal negar a existência da situação, não acreditar naquilo que está acontecendo, não pensar sobre ou buscar provas de que não é a realidade. Em doentes terminais é normal pedir segundas opiniões, não aderir ao tratamento e se negar a falar sobre o assunto.

Ela já havia passado por aquilo.

Rosalie, saindo do quarto do grande hospital M.D.Anderson, com calças grossas e um suéter vermelho por baixo de um grosso casaco, viu quando o grande homem de cachinhos negros recebeu uma notícia ruim. Da porta do quarto, ela viu a expressão dilacerada, o doutor abaixar a cabeça de um jeito impotente, as lágrimas aflorarem nos olhos do homem grande que ninguém imaginaria chorar. Ela se perguntou quem havia morrido. Uma esposa? Um dos pais? Ele parecia ter idade para ter um filho. Teria sido uma jovem criança a deixar o mundo naquele fatídico dia? Ela viu quando o homem virou as costas para o doutor e saiu com grandes e duras passadas pela porta do hospital. Seus lábios formaram uma linha fina. O doutor louro deu um pesado suspiro e virou-se, andando em direção ao corredor oposto ao que Rosalie estava.

Rosalie passou uma das mãos pelo curto cabelo louro, que estava agora pouco abaixo dos ombros. Suspirou rapidamente e saiu em direção ao jardim do hospital. Ela gostava de ir ali, havia uma fonte onde os pássaros ficavam ás vezes. O dia estava frio, mas não era o inverno mais rigoroso que já vira. Cruzou os braços e caminhou pelo jardim, apesar de ele não estar em sua melhor época. Seguiu para um canto em que costumava ir quando queria pensar e apreciar a paisagem e surpreendeu-se ao ver o homem grande sentado no banco que havia por lá. Ele estava curvado, o rosto enterrado nas mãos, os cotovelos recostados nos joelhos enquanto seu grande corpo balançava, o que entregava que ele chorava. Ela franziu os lábios e andou em direção a ele. Sentou-se a seu lado e em seguida colocou uma das mãos no ombro mais perto dela.

– Sinto muito pela sua perda. – ela disse, o que fez o homem se assustar e erguer-se rapidamente. Ele olhou-a, os olhos vermelhos e inchados, a procura de alguma coisa que o fizesse reconhecê-la. Mas ele não a conhecia e tinha certeza disso.

– Eu conheço você? – ele perguntou se movendo e ficando em frente ao banco.

– Não, eu sou Rosalie. – ela se apresentou. – E você?

– Emmett. – murmurou, virando-se de costas para ela e secando os olhos.

– Eu sei que as coisas não parecem bem agora, mas vão melhorar. – ela disse.

– Por que você acha isso? Você nem ao menos me conhece. – ele retrucou.

– Eu já vi você aqui nos corredores do hospital algumas vezes. Você sempre pareceu muito preocupado, e hoje foi o dia que você tanto rezava para que não chegasse. Você não é o primeiro, nem o ultimo que eu vi passar por isso. As coisas vão ficar melhores, Emmett.

– Você não sabe de nada. – ele disse de forma grosseira em tom baixo. – Como me vê tanto aqui? Também tem alguém doente?

Ela franziu os lábios e mordeu a ponta do lábio inferior.

– Tenho sim.

– Bom, então ouça um bom conselho: não crie esperanças Rosalie, porque esperanças só destroem você, te iludem. – ele resmungou.

Ela balançou a cabeça, quase sorrindo.

– Você está errado. Se não tivermos esperanças, o que teremos então, Emmett? – ela o perguntou. Ele olhou para ela, vendo a expressão serena que não saíra de seu rosto desde que chegara. – Esperança é a única coisa que nos mantém firmes quando estamos nessa situação, é a única coisa que nos dá força para enfrentar um novo dia. Se não tivermos esperanças, não teremos nada.

– Você se acha muito boa, não é? – a voz dele saia zangada e o tom tinha aumentado levemente. Ele estava magoado, com o coração quebrado e aquela garota que ele nunca vira aparecera e começara a lhe dar lições de moral. Emmett nunca gostara disso, e agora definitivamente não era um bom momento. – Você não tem ideia do que estou passando, Rosalie. Você não tem ideia do que é ter esperanças de que ela vai melhorar, e no final de tudo, ela morrer. Você não sabe o que é isso. Não sabe o que é rezar todas as noites para que o sofrimento acabe e ele só crescer até tornar-se insuportável. Você não sabe nada disso, então não venha falando como se você entendesse de alguma porcaria!

Ela olhou para baixo e assentiu levemente. A esposa tinha morrido. Ela passou as mãos sobre os braços e tossiu uma vez.

– Eu nem posso imaginar o quanto está sendo difícil para você, Emmett. Sei que a raiva é parte essencial do processo, e espero que não leve muito tempo em você.

Ela ouviu uma voz conhecida gritar seu nome e suspirou. Seu tempo acabara. Ela viu quando Edward entrou no que ela considerava seu lugar sagrado e olhou-a de cara feia, passando como se não visse Emmett ali. Ao vê-la ali, tirou seu casaco e colocou sobre os ombros dela.

– O que eu disse pra você? Nada de passeios! – ele a repreendeu. – Você não está nos seus melhores dias, doutor Cullen disse que não deveria dar passeios, Rosalie.

– Eu estou bem, Edward. – ela suspirou, e o ar frio a fez tossir novamente. Emmett se afastou enquanto olhava a cena.

– Não está não, você não pode ficar aqui, vai piorar. – ele a levantou.

– Quando você vai parar de me proteger como uma garotinha, Edward? – ela revirou os olhos.

– Você sempre vai ser minha garotinha, irmãzinha. – ele sorriu e ela sorriu de volta.

Ele a encaminhou pelo mesmo trajeto que fizera para procurá-la, mas antes de perder Emmett de vista totalmente ela virou-se e disse com a voz levemente alta para que ele pudesse ouvir.

– Sei que não está tudo bem agora, mas vai ficar, Emmett. Confie em mim.

Ela seguiu com Edward para seu quarto do hospital, onde ele a fez trocar de roupa para as confortáveis e quentes roupas que ele trouxera limpas de casa. Deitou-a na cama do hospital e cobriu-a, ligando a televisão no programa favorito de Rosalie. Ela sorriu em agradecimento e tossiu novamente.

– Eu trouxe algo especial para vermos hoje, porque não aguento mais esse programa de mulherzinha. – Edward disse enquanto se dirigia para o aparelho de dvd perto da televisão.

Como Rosalie passava todo o tempo ali, ele tentara deixar o lugar o mais confortável possível para ela. Depois de tudo pronto, caminhou para a cama do hospital, onde Rosalie se jogou para o lado, deixando um espaço para ele. Ele deitou-se e ela se aconchegou a ele enquanto ele apertava o play. Na tela da tevê, imagens de vídeos caseiros surgiram. O aniversario de cinco anos de Rosalie rolava na tela, seus pais levando um grande bolo rosa até ela e Edward, pouco mais velho que a aniversariante, ia atrás dos pais, tentando arduamente colocar as pequenas mãozinhas no bolo, esperando come-lo antes da hora. Eles riram ao ver a cena, que se seguiu de um dos aniversários da mãe deles. Rosalie tivera a ideia de fazer um jantar, e intimara Edward a ajudá-la. O pai deles filmara todo o preparativo do jantar que havia sido um fiasco, porém, divertido. Cenas de Rosalie jogando comida em Edward e ele revidando com farinha e água eram intermináveis e Rosalie ria sem parar com as boas lembranças que aqueles vídeos traziam.

No meio de uma das risadas, porém, uma serie de tosses acometeu Rosalie, que se levantou de súbito enquanto tentava parar, colocando a mão na boca. Edward imediatamente tentou ajudar a irmã. Vendo que sangue manchava as mãos dela, levantou-se da cama e aperou o botão que se acostumara a usar sempre que precisava da ajuda de um médico ou de enfermeiras. Segurando Rosalie pelas costas e tentando faze-la respirar direito, Edward esperava impaciente que alguém chegasse.

– A coloque de pé e massageie suas costas, começando por entres os ombros e faça a mesma coisa no tórax. – instruiu uma voz grossa que vinha da porta.

Edward olhou para a porta e viu o mesmo homem que estivera com Rosalie no jardim. Sem qualquer outra possível solução, ele fez o que Emmett sugerira, e se surpreendeu quando viu que a tosse de Rosalie diminuíra relativamente até parar. Ela respirou fundo algumas vezes olhando para as mãos vermelhas, antes de se sentar na cama e pegar o copo de água que Edward lhe oferecera. Bebeu um gole e respirou fundo novamente, o copo transparente ficando manchado de sangue.

– Você está bem? – ele perguntou segurando Rosalie pelos ombros e a olhando preocupado.

– Estou bem. – assegurou-lhe enquanto pegava lenços de papel que ficavam ao lado da cama e passava pelas mãos.

– Isso é um procedimento comum? – Edward voltou-se para Emmett. – Nunca vi ninguém usá-lo antes.

– Não, não é. – Emmett balançou a cabeça. – Mas dava certo com minha irmã. – a dor era claramente ouvida na voz dele ao usar o passado e Edward logo ligou os fatos.

– Meus pêsames. – ele disse com a voz baixa. Emmett assentiu. Um homem alto e loiro vestido de branco entrou no quarto, passando por Emmett com um comprimento de cabeça.

– Algum problema? Desculpe a demora, estava em uma emergência. – seus olhos se desculpavam que os tivesse feito esperar.

– Rose teve outra crise de tosse das ruins, com sangue e tudo. – Edward contou e o doutor franziu os lábios.

– Vamos ver como está, certo? – ele disse se aproximando de Rosalie.

– Estou bem, Carlisle. É serio. – ela sentou-se na cama enquanto ele a examinava com o estetoscópio. Ele não se importava mais de ser chamado por ela pelo primeiro nome, uma vez que ela estava ali há tanto tempo e isso a fazia sentir-se melhor. Ele franziu os lábios depois de colocar o estetoscópio em volta do pescoço e franziu os lábios.

– Foi fazer outro passeio? – ele perguntou e o sorriso que ela reprimiu a entregou. – Rosalie, sabe que não pode fazer isso. Vai piorar seu estado.

– Eu estava bem, e continuo bem, ok? – ela suspirou e se deitou na cama, virando a cabeça para o lado oposto. Carlisle olhou para Edward e com a cabeça, gesticulou para a porta e seguiu para lá. Edward respirou fundo e seguiu-o, depois de lançar um olhar para Emmett.

– Olhe ela, por favor. – falou baixo e Emmett assentiu enquanto Edward saia e fechava a porta atrás de si.

– Por que mentiu pra mim? – ele perguntou se aproximando da cama. Ela virou-se para olhá-lo.

– Não menti pra você.

– Disse que tinha alguém doente aqui.

– E tenho. – ela respondeu. – Eu estou aqui.

– Me desculpe por falar com você daquela maneira. Eu só... Eu não pretendia descontar em você. – ele suspirou, sentando-se na cadeira branca ao lado da cama da loura.

– Tudo bem, você precisa de alguém pra fazer isso. Estou aqui se precisar. – balançou os ombros.

– Então, esta aqui há muito tempo? – ele perguntou sem olhar diretamente pra ela, pretendendo mudar de assunto. Ela sorriu.

– Tempo suficiente para vê-lo chegar e sair, Emmett. – ela disse e ele a olhou. – E tantos outros. Estou aqui há alguns meses. – uma tosse rápida e seca acometeu Rosalie, que ergueu uma das mãos quando Emmett ia ajudá-la.

– Por que está aqui?

– Tenho câncer. – ela disse como se fosse óbvio depois da situação.

– Não, isso eu deduzi. Eu quero saber por que está aqui, Rosalie. – ele perguntou novamente.

– Por que sua irmã estava aqui Emmett? – ela perguntou com a expressão serena.

– Porque ela não respondia aos tratamentos e em casa não tínhamos como mantê-la em condições tão confortáveis quanto aqui no hospital e ela começou a precisar disso.

– Bom, não tenho uma situação tão diferente assim. – ela deu de ombros. – Parei de responder aos tratamentos há algum tempo, como não sou uma candidata a transplante e como em casa não conseguia ficar confortável e estava sempre desobedecendo às regras e fazendo coisas que não deveria, me colocaram aqui para morrer, porque estaria confortável e sob vigilância. Não acho que eu realmente precise ficar, mas de todo jeito... – Emmett franzira as sobrancelhas ao ouvi-la falar “me colocaram aqui para morrer” e Rosalie não deixara isso passar em branco. – Não me leve a mal, Edward odeia que eu use essa expressão. Mas não é uma mentira, estou aqui apenas para ter uma morte confortável, que inevitavelmente me alcançará.

– Se está aqui há tanto tempo e nada lhe aconteceu, porque ainda está aqui? – perguntou Emmett.

– Eu tenho algumas crises, e o clima na minha casa não é o ideal. Eu fico estressada com facilidade lá, e isso piora o meu estado, então Edward acha melhor que eu fique aqui. E de certa forma, não me importo mais. Habituei-me e fiz amigos. – ela deu de ombros e outra tosse veio lhe tirar o sossego. Dessa vez, permitiu que Emmett lhe ajudasse, e com um lenço na mão, colocou-o na frente da boca, para não se sujar. Após parar e olhar o lenço e vê-lo vermelho de sangue enrolou-o com um lenço limpo e jogou-o no balde de lixo ao lado de sua cama. Voltou a deitar-se e se aconchegou nos travesseiros. – De toda forma, não sinto que ficarei aqui por muito mais tempo. Não tenho estado na minha melhor fase, e o inverno torna tudo pior. Acho que tenho uma imunidade muitíssimo deficiente. – completou com uma voz levemente rouca.

– Como pode parecer tão calma? – Emmett perguntou sem entender. – Você vai morrer. – disse antes que conseguisse se controlar. Rosalie bufou, como se ela não soubesse daquilo.

– Tenho um irmão que não quero que sofra, Emmett. Tenho que cuidar dele, tenho que deixá-lo bem pelo maior tempo que conseguir.

– Está mentindo pra ele. Dando-lhe falsas esperanças. – Emmett a acusou.

– Não, o estou dando mais alguns momentos de tranquilidade. Quando eu partir, ele terá momentos de pesar suficientes. Não quero que ele sofra mais agora.

– Não o ajudará dessa maneira. – ele disse com a voz amargurada.

– Sinto muito pela sua irmã. – ela disse depois de alguns minutos em silêncio.

– Obrigada. – ele disse abaixando a cabeça.

– Olhe, sei que deve ser difícil, e nem posso imaginar como deve estar se sentindo. Mas se quiser extravasar, posso te ouvir.

– Não, obrigado.

– Falar às vezes ajuda, Emmett.

– O que quer que eu fale, Rosalie? Quer que eu fale que perdi a pessoa mais importante pra mim? Que minha irmã mais nova, que eu deveria dar a vida para proteger, morreu e eu não pude salvá-la? Que eu fale que graças às esperanças que eu tinha de um milagre acontecer, perdê-la foi mil vezes pior agora? Falar que não entendo por que Deus a tirou de mim quando ela era a única pessoa que eu dava valor? Ela era uma garotinha incrível. Ela era boa. Fazia o bem para as pessoas, era gentil, amigável, estudiosa... – Rosalie franziu os lábios ao perceber que a garota na verdade era uma criança. Perder um ente querido sempre parecera difícil para Rosalie, porém perder uma criança lhe parecia pior. – Tinha toda uma vida pela frente. Não teve quase nenhuma experiência, não pôde aproveitar quase nada. Não vai crescer, ou ter o primeiro namorado, nem vai se casar, nem entrar em uma universidade, não vai me dar sobrinhos, não vai ter a casa de verão que sempre quis... – a voz de Emmett se extinguira à medida que as lágrimas começaram a descer por seu rosto.

– Sei que você não entende isso agora, Emmett. Sei que dói. Mas também sei que ela está num lugar melhor agora. Não sente mais dor. Tenho certeza de que ela não queria deixá-lo, assim como você também não queria que ela o deixasse.

Ele olhou para ela, os olhos ainda molhados pelas lágrimas quentes.

– Eu estava esperando um milagre, Rosalie. Mandaram-me pedir por um milagre e eu pedi. Eu pedi todos os dias por um milagre. Mas ela ainda assim se foi.

– Talvez seu milagre tenha sido poder passar algum tempo com ela, Emmett. Você teve a sorte de tê-la com você durante alguns anos. Isso já não é um milagre? Uma grande sorte? – Rosalie perguntou colocando a mão por cima da dele que estava na beirada da cama. Ele olhou para as mãos deles juntas, pensando sobre o que ela dissera. Nesse momento, a porta do quarto se abriu e um Edward abatido entrou por ela. Rosalie, após ver a expressão do irmão, sorriu de forma encorajadora.

– E então, temos boas novidades? – perguntou, tentando fazer sua expressão parecer melhor do que estivera há alguns momentos atrás, sentando-se recostada aos travesseiros.

– Não temos nada de novo. – ele disse, sorrindo também, apesar do sorriso dele parecer extremamente fajuto.

– Ah, tudo bem. Vamos voltar a ver nossos vídeos caseiros nada constrangedores? - ela pediu com um sorriso.

– Na verdade, vou ter que dar uma saída rapidinha agora. – ele disse com um pedido de desculpas na voz. – Mas a Bella vai ficar com você enquanto isso, ela chegou há pouco e só foi pegar um café.

– Ah, tudo bem.

Edward foi até Rosalie e deu um beijo em sua testa, balançou a cabeça para Emmett e saiu. Rosalie sempre trazia novos amigos para seu quarto, e por isso ele não se importara de deixar Emmett ali. Como passava muito tempo no hospital, Rosalie conversava com todos, e era comum ver funcionários e amigos de pacientes em seu quarto. Rosalie tinha algo encantador, mesmo doente, que fazia as pessoas quererem ficar com ela e se solidarizar por sua causa. Ela havia feito muitos amigos ali, aquilo era inegável.

– Quem é Bella? – Emmett perguntou.

– Minha amiga de infância. Crescemos juntas e ela vem me ver quase todos os dias. – Rose explicou. – Acho que ela gosta do Edward, mas é tímida demais para assumir. – revirou os olhos. Bella logo apareceu na porta com um grande sorriso e dois copos de café na mão além de um pequeno saquinho vermelho.

– Olha o que eu trouxe pra você! – ela disse com a voz animada. Ao passar por Emmett sorriu e disse olá. Entregou para Rosalie um dos copos, que o depositou na mesinha ao lado de sua cama, e um saquinho cheio de jujubas.

– Obrigada Bella. – Rose sorriu de volta pegando uma pequena jujuba verde e colocando na boca rapidamente depois de olhar pela porta.

– Como você está? – a morena perguntou sentando-se na beirada da cama.

– Magnifica! – Rose sorriu e passou uma das mãos no cabelo. – E você?

– Cansada, eu já mencionei o quanto odeio trabalhar? Pois eu odeio. O meu chefe me odeia! Eu já lhe falei o quanto odeio o Mike? Juro que um dia vou matá-lo! – Bella começou a tagarelar sem parar sobre o dia estressante no trabalho enquanto Rosalie ouvia e fazia pequenos comentários e risadas quando necessário.

Emmett olhava aquilo tudo recostado da parede. Sem saber por que, ele não havia saído do quarto, e não tinha nenhuma vontade de sair e voltar para a realidade que não queria encarar. Seus pais estavam cuidando dos preparativos que se seguiriam, e Emmett só precisava se distrair para não sofrer mais. Não queria participar de nada relacionado àquilo. Sabia que precisava estar com a família naquele momento, mas sentia que seria infinitamente pior para ele se estivesse lá. Logo Rosalie começou a contar sobre seu dia também, mas com o olhar que sabia o que procurar, Emmett logo viu que ela estava com dor. Sua pele tinha ficado levemente mais pálida, ela falava com menos entusiasmo e perguntou a Bella quais os planos do fim de semana para que ela não precisasse falar tanto. Recostou-se melhor ao travesseiro e depois de alguns segundos falou que precisava ir ao banheiro. Bella prontamente ajudou-a e quando ia entrar no banheiro com Rosalie, ela lhe barrou, dizendo que poderia fazer isso sozinha. Bella franziu os lábios, mas não a contradisse. Ao fechar a porta do banheiro, Bella deu um pesado suspiro e olhou para Emmett. Ele viu que seus olhos estavam cheios de lágrimas que ela não deixara cair. Talvez Bella soubesse, assim como ele, o que acontecia à loura naquele momento.

– Quem é você? – ela perguntou o analisando.

– Emmett.

– Ela está mal há muito tempo? Edward me disse que ela havia piorado.

– Um pouco. Ela teve uma crise hoje. – Emmett contou, pois Rosalie havia omitido isso ao falar do seu dia. – Rosalie sempre traz desconhecidos para o quarto? – ele ergueu uma sobrancelha.

Bella esboçou um pequeno sorriso.

– Ela faz bastantes amigos aqui. Adora conversar com as pessoas e sente-se bem trazendo gente nova para cá, pra distrair-se, pra distraí-los.

– Há quanto tempo ela está aqui?

– Cerca de seis meses. – Emmett ergueu as sobrancelhas. – Acho que isso é incomum, num caso terminal principalmente. Ela tem durado muito, e não posso dizer que não é uma lutadora. Ela é.

– Por que ela não fica em casa?

– Os pais brigam sempre. O pai é alcoólatra e isso pirou quando descobriu da doença dela. A mãe e ela... Não se dão muito bem. Ela sente-se mais confortável aqui, acredito, e Edward acha melhor mantê-la perto dos médicos. Ela se distrai mais aqui, e fazemos o possível para distrai-la porque isso melhora um pouco a dor. Seria mais barato se ela não ficasse aqui, porque não é realmente necessário, mas o Edward acredita que é melhor ficar aqui em todo o caso, uma vez que dinheiro não é realmente problema pra eles.

– Você e o irmão dela parecem bem esperançosos. Não pensem que ela vai melhorar. Ela só vai ficar pior até que ela vai mor...

– Nós sabemos disso, Emmett. – Bella o cortou com a voz dura. – Mas ela se sente melhor achando que nós pensamos que ela está bem. E preferimos deixar que ela pense que está nos enganando, mas a conhecemos bem o suficiente para ver por trás dessa fachada.

Eles ouviram o barulho da descarga no banheiro e quando Rosalie voltou para o quarto com um sorriso, Bella franziu os lábios. Havia vestígios de sangue na gola da roupa de Rosalie, e Bella não deixara passar aquilo, apesar de a loura tê-lo feito.

– Vamos, deite-se, e fique bem quieta. – Bella mandou ajudando-a a sentar na cama. – Belo amigo você arranjou hoje, huh? – ela piscou e Rosalie riu fracamente. – Melhor do que aquele magrelo de duas semanas atrás.

– Bella! O senhor Durg é uma ótima pessoa, só porque não é bonito não quer dizer que seja companhia pior do que o Emmett é.

– Companhia pior? – Emmett fingiu ultraje e Bella riu.

– Bom, não que você seja assim tão ruim... – Rosalie disse. – Mas já encontrei pessoas bem mais divertidas.

– Você feriu o meu ego, Rosalie. – ele disse sentando-se novamente na cadeira branca ao lado da cama, com Bella na beirada do colchão.

– E então Bella, você vai se declarar para o Edward ou eu vou ter que perder essa cena? – Rose perguntou com um sorrisinho de lado.

– Rosalie!

– É serio. E acho que ele gosta de você também. E convenhamos, do jeito que você fica vermelha quando está perto dele, acho que ele já sabe que você gosta dele. Vocês só não tomam nenhuma atitude porque são dois bundões. – Bella olhou para ela com a boca levemente aberta.

– Cale a boca! Eu não fico vermelha! – ela disse, porém sua face demonstrava o contrario, já que estava da cor do saquinho que trouxera.

– Claro que não... – Rosalie revirou os olhos.

Bella e Rosalie continuaram conversando por um longo tempo, e Emmett se distraiu um pouco dos acontecimentos recentes vendo-as conversar e participando vez ou outra da conversa. Pelo menos, por um tempo. Quando anoiteceu e Edward voltou ao quarto, Emmett se despediu de todos e se dirigiu a porta, com a intenção de parar de protelar encontrar a família finalmente.

– Emmett? – Rosalie o chamou antes de ele sair.

– Sim?

– Você virá me visitar de novo? – os olhos azuis dela estavam grandes, fundos nos deles. Ele ficou calado por um momento e baixou os olhos, sem conseguir suportar o contato visual.

– Eu não sei. – ele deu de ombros. – Tchau Rosalie. – disse antes de se virar e fechar a porta atrás de si, encaminhando-se para se juntar a sua família no luto pela pequena irmã.

– Você gosta dele. – Bella acusou ao ver o olhar de Rosalie sobre a porta branca. A loura rolou os olhos.

– Eu gosto de todo mundo.

– Você nunca pede ninguém pra voltar. – Edward disse apoiando Bella.

– Eu não o pedi pra voltar. Só perguntei se viria. – ela se defendeu. – Por causa da irmã e tudo mais.

– Eu devo fingir que acredito em você agora ou depois? – Bella ergueu uma das sobrancelhas.

– Argh, parem os dois. E saiam, eu quero ficar sozinha. – a loura deitou e virou as costas para ambos. Eles trocaram um olhar e saíram, atendendo ao pedido de Rosalie.

Uma dor voltara a acometer Rosalie e ela tentou se distrair pensando em Emmett. E na pequena garota que não conhecia e que jamais conheceria. Pensando na dor que fora infringida a Emmett e sua família, e se perguntava se sua família também ficaria daquele modo quando ela morresse ou se eles levariam de um jeito melhor, afinal, ela não era exatamente unida com a família, exceto com Edward. Edward sempre estava ao seu lado, estava sempre no hospital, mas seus pais raramente vinham a visitar. Não que ela se importasse – pelo menos, não na frente dos outros. Mas sentia falta de uma mãe, de um pai amoroso. De todo jeito, já havia se acostumado com a situação.

Ela esperava que Emmett voltasse. Ela de fato gostara dele e de sua companhia. E ele precisaria de companhia naquela situação tanto quanto ela. Ele ainda teria um grande caminho pela frente, enfrentar o luto pela morte de uma irmã não parecia fácil aos olhos dela. Ela conhecia os cinco estágios do luto. E Rosalie esperava, que no final das contas, pudesse o ajudar a passar por eles e superá-los.


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Notas finais do capítulo

Olá leitoras queridas. Olha só quem aparece com outra fanfic nova mas não posta nas velhas!
Enfim, antes de tudo, o que acharam do primeiro capítulo? Vou confessar que tenho escrito essa fanfic há um tempo e ela se tornou meu xodó, talvez por culpa dela eu atrase todas as outras... Ela já tem cerca de sete capítulos, se não me engano, e não será muito mais longa que isso, então postarei ela com mais rapidez que as outras. Eu estava louca para postá-la, mesmo tendo dito a mim mesma que só faria isso quando ela estivesse completa. Mas como eu sou uma pessoa impaciente né...
Bom, se eu ver que recebi um número bacana de reviews e que vocês se interessaram pela fanfic, eu posto no próximo fim de semana o próximo capítulo, então espero ver bastante gente aqui!
Se você leu e gostou, não se esqueça de indicar a fanfic para uma amiga/leitora que também goste de Emmelie, porque acho que tem bastante gente que curte esse ship, mas que não conhece muitas histórias em que eles são o casal central.
Quem quiser, dá uma passadinha na minha one-shot nova: http://fanfiction.com.br/historia/426542/Vulnerable/ ;)
Enfim, parando de enrolar agora mesmo! Falo demais, até aqui, desculpe! ): Hihihih.
Bom fim de semana para todas, espero que tenham gostado do início!
Beijo grande. ♥



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