The Prince Of My Ballerina escrita por Isabelle Masen


Capítulo 7
Capítulo 6 - Dança diferente, Ritmo quente


Notas iniciais do capítulo

Postando por causa dos super combustíveis(reviews) que recebi. Se demorei não me culpem, culpem a **** do Nyah! que entrou em manutenção por 7847 anos hehehehe'
Enfim, bem vindas novas leitoras e nos vemos nas notas finais!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/421479/chapter/7

Acordei na cama de Alice, estava coberta, mas não pelos braços quentes de alguém. Era só um cobertor, era só uma lembrança, era só uma cama.

Alice deixara um bilhete ao meu lado, dizendo que tinha acordado mais cedo pra treinar e pra eu não me preocupar, por que o Mozart não dormiu aqui - ruborizei quando li essa parte.

Levantei rapidamente, vesti minha roupa normal da Juilliard, fiz um rabo de cavalo, escovei os dentes e desci, pegando uma maçã fresca do jardim da sra. Brandon e mordendo um pedaço enquanto pegava um táxi pra Julliard.

-- Como quer ficar na primeira linha? Perfeita? Querida, não quero te ofender, mas você está gorda. Sinto muito, mas precisa primeiro alcançar a perfeição para poder regressar para a primeira linha - ouvi a voz da maître vinda do corredor e muitas das garotas estavam na porta escutando a conversa. Não quis fazer fofoca, então apenas passei direto, sentindo novamente a sensação de estar sendo observada. Mas devem apenas ser os hiatus de minha cabeça.

Entrei no salão que ainda estava vazio e as janelas pequenas que eram distribuídas no teto fechadas, apenas com uma doce e emocionante melodia do Titanic.

Encostei-me à soleira da porta, hipnotizada com aquela cena As partituras estavam abertas em uma haste preta, enquanto os dedos largos e hábeis do pianista se contorciam levemente enquanto ele pressionava as teclas com sutileza, os olhos fechados enquanto tentava memorizar as notas da partitura e sentia a música. Quando ela chegou ao seu ápice, senti todos os pelos de meus braços se eriçarem, contagiada pela emoção que o homem tocava. Uma lágrima quase fora arrancada pela melodia melancólica e apaixonada.

Aplaudi quando a música chegou ao fim, encantada com seu dom para com o piano. Ele se virou e me olhou com um sorriso torto.

-- Há quanto tempo está aí? - perguntou e eu caminhei até ele um tanto desconcertada com seu olhar. Ele usava uma blusa azul clara de botões com alguns botões abertos e uma calça social preta, com uma elegância rica e que contrastava perfeitamente com seus cabelos acobreados misturados à tons duvidosos de mogno e louro. Como eu queria tocá-los para sentir a textura que aparentavam ter

-- Cheguei no último refrão - sorri colocando minha bolsa no grande banco de madeira perto do banheiro - você estava perfeito - falei um tanto ruborizada. Ele deu uma risada gostosa.

-- Eu até tento não ser, mas sabe como é - falou passando a mão nos cabelos e eu dei uma gargalhada alta, balançando a cabeça.

-- Convencido.

-- Realista - assentiu e eu sorri mordendo o lábio inferior enquanto eu caçava minhas sapatilhas dentro da bolsa.

Dei língua pra ele, o qual retribuiu com uma careta fofa que destacou sua clavícula definida. Enquanto eu colocava fita adesiva no pé, a porta fora rompida com força.

Alice entrou, olhando pra baixo com os olhos marejados e a postura ereta. Algumas outras garotas - as que estavam fazendo fofoca no corredor - entraram atrás com os olhos piedosos.

-- Droga Alice! - falei quando ela sentou ao meu lado. Me fitou tentando conter as lágrimas, mas cinco segundos depois desabou em um choro alto em meu ombro. A envolvi em um abraço, reconfortando-a, mesmo sem saber do que se tratava.

-- Eu Eu

-- Vai ficar tudo bem - falei acariciando seus cabelos - tudo bem, minha amiga. Você é uma pessoa incrível, coisas ótimas vão acontecer a você.

-- Eu sou sugoda - ela disse entre soluços.

-- O que?

-- Eu sou gorda! - ela gritou de uma vez só e eu franzi o cenho. Gorda?

-- Não, você não é gorda - Rosalie apareceu de repente, se agachando para afagá-la também - nem tente achar que esse é o problema, seu corpo é ótimo.

-- Ela disse! - falou e eu escancarei a boca, assim como Rosalie. Sempre achei Alice magríssima, quando a conheci até achei que ela fosse anoréxica. Suas curvas eram tão pequeninas Eu não entendo!

-- Que filha da

-- Posições! - a voz dela irrompeu pela porta, e Alice se levantou em um pulo pra se colocar na terceira linha. Rosalie me encarou por breves instantes.

-- Essa vaca velha deve ter algum problema com a Allie. Não para de implicar com ela!

-- Bullying - falei e ela assentiu, me ajudando a levantar. Ela se espremeu entre as pessoas da segunda linha enquanto eu segurava a barra da primeira, que agora só tinha mais duas pessoas comigo.

-- Hoje vamos iniciar um novo tipo de aula - ela falou, andando pelas barras, inspecionando as alunas - vou começar a incitá-las a dançar Giselle. Primeiro vou organizá-las entre quem vai interpretar Giselle. Primeira linha: Isabella, Carmen, Zafrina, Rosalie e - correu os olhos pela sala. Pousou-os na pequena Alice, que já não tinha mais cor em seu rosto devida à ansiedade - pois bem, darei-lhe uma chance, Alice - falou ríspida como sempre, sem demonstrar solidariedade com a escolha da baixinha - na próxima aula de segunda, tragam um parceiro que pode ser emprestado da Joffrey Academy ou que tenha um mínimo consentimento de ballet. Muito bem, estão organizadas? Ok, agora preciso de uma boa intérprete Bella - ela me olhou com um brilho nos olhos. As outras garotas até rosnaram baixo pra mim, mas ignorei como sempre fazia - você vai tentar produzir as emoções de meu conto, tudo bem?

-- Sim - falei e fui pro meio do salão, me colocando na primeira posição de pés juntos.

-- Giselle é balé da Era Romântica primeiro dançado em Paris em 1840. É um dos poucos balés dessa tradição que ainda é apresentado aos palcos. No primeiro ato, a aldeã Giselle fica apaixonada por Albrecht, um nobre disfarçado de camponês. Quando Giselle descobre a fraude, ela fica inconsolável e morre. No segundo ato, o amor eterno de Giselle por ALbrecht, que vem a noite visitar seu túmulo, o salva de ter seu espírito vital tomado pelos willis espectrais, os fantasmas vampíricos de garotas noivas que morreram antes do dia do seu casamento, e sua rainha. Sempre que um homem se aproxima, elas obrigam-no a dançar até a morte. Giselle dança no lugar de Albrecht e, dessa forma, impede que ele chegue à exaustão, quebrando o encanto da willis. No final, ela o perdoa. O papel de Giselle é um dos mais procurados no balé, já que exige tanto perfeição técnica quanto excelente graça e lirismo - dizia, teatral. Algumas garotas cobiçavam o papel de Giselle em seus lugares, enquanto outras me lançavam um olhar de puro ódio. Quase conseguia escutar elas me xingando.

Já eu conseguia me ver usando um tutu branco na altura da panturrilha com os cabelos bem arrumados dançando graciosamente sob uma luz de holofote, honrando a vida do Albrecht, salvando-o do mal que deseja possuí-lo.

-- Pianista, toque Giselle, Du Adolphe Adam - disse fazendo um gesto rápido, erguendo uma sobrancelha sugestivamente pra mim. O Mozart começou a leve melodia e repassei a emocionante história em minha cabeça, tentando encorporar a aparentemente frágil e inocente Giselle, levantando os braços suavemente enquanto pontilho os pés no mesmo lugar. Girei, dei um salto e me encolhi, tentando dar vida à personagem das palavras da maître.

-- Observem a graça Notem a inocência que ela transmite A delicadeza Parece que pode voar - a maître narrava minha coreografia improvisada - e ela descobre ser traída, caindo em um mundo de sombras, fechando-se no casulo da solidão E é morta por um ataque no coração. Então desperta do mundo dos mortos quando seu amado vai visitar seu túmulo E ela, disposta a salvá-lo dos malvados willis, entrega-se em seu lugar, dançando até a morte absoluta. Belíssimo! - a mulher bateu palmas, incentivando as outras bailarinas, que também me aplaudiram - se dança assim no improviso, mal posso esperar quando aprender a coreografia correta. Pois bem, Rosalie, você fará o papel de Albrecht enquanto Alice

-- Por que eu serei o Albrecht? - Rose perguntou, confusa.

-- Oras, por que você tem um ar mais masculino, além do que, Alice é muito pequena para exercer um papel masculino - fez dois gols com uma só bola, fazendo uma onda de fúria surgir nos olhos da loura e tristeza nos da pequenina morena.

E, assim, elas fizeram o papel com graça e ginga. Alice nunca dançara tão bem, tão leve como agora.

-- Rosalie, mantenha a postura! Você é um mentiroso, ela morreu por você! Sinta o peso da culpa em suas costas! - a maître corrigia Rose, que se desconcertava pra entrar no papel - Alice, que barriga é essa? Que braçada é essa? Isso não é natação! Chama isso de abertura? Precisa urgentemente treinar seus pliés e espacates.

Minha amiga se sentia ofendida. E como não estava mais sendo útil ali, decidi sentar perto da minha bolsa. Procurei em meu celular todas as informações possíveis sobre as bailarinas que já encarnaram a Giselle, e tentei me comparar com elas. Sentia estar sendo observada novamente, e quando subi os olhos vi que não era o Mozart, nem as meninas, nem ninguém que eu quisesse. Em uma pequena janela, pude notar uma sombra de uma silhueta preta por causa da luz do sol e um tanto arredondada. Os cabelos demasiadamente lisos esvoaçaram quando a sombra foi para o outro lado, desaparecendo da janela. Seria Billy? Não, afinal que diabos ele estaria fazendo pendurado em uma janela do terceiro andar? Como a janela aguentaria o peso dele?

No final da aula, Alice se retirou aos prantos, e quando eu tentei ir atrás dela Rosalie passou em minha frente dizendo que cuidava dela, que já chega de eu ficar sempre com ela sem dar chances pra ninguém mais consolá-la. Deixei, afinal também queria pesquisar mais sobre a tal Giselle.

Mas acabei demorando tempo demais, pois todos já tinham ído embora, apenas o Mozart treinava a música que tocara para a maître sem a ajuda das partituras. Errou umas dez vezes, mas já estava começando a se inclinar para a perfeição, exatamente como aconteceu quando eu o ouvi tocando o tema de Rose em Titanic.

Aproveitando que ele estava ali - distraído demais pra ver que eu ainda estava na sala -, comecei a andar pelo meio da sala, tentando refazer os passos de Giselle. Passei os braços com toda delicadeza possível pra trás e movi as pernas lentamente, com excessão das horas que usava as pontas dos dedos, que estavam estranhamente sarados depois da noite anterior. A massagem milagrosa do Mozart enfim tinha me curado.

Dei um último plié e me encolhi, e quando minha coluna começou a doer na medida que me abaixava, levantei. Ouvi os aplausos do pianista e virei-me pra ele, sorrindo. Por sorte não tinha corado, mas muita sorte mesmo.

-- Depois sou eu que sou perfeito - deu um sorriso torto - como vai o pé? - falou e eu fitei minhas gastas sapatilhas.

-- Pisando - falei e ele riu - na verdade, pisando muito bem. Parece que nunca tive calos em minha vida.

-- Bom saber disso, precisava mesmo que eles estivessem assim - falou se levantando e vindo em minha direção. Engoli em seco. É agora!

E quando eu tinha fechado os olhos pronta para recebê-lo, ele passou direto por mim, pegando um aparelho em sua mochila. Você se superou, Bella!

-- O que está fazendo? - falei me aproximando quando ele retornou ao piano, ligando no celular uma música com uma batida agressiva e suave, dançante e funda. Hip hop.

-- Você não acha que eu te faria uma massagem a troco de nada, né? - falou e eu ergui uma sobrancelha - eu vou te ensinar a dançar hip hop - falou tirando os sapatos e dando uma bagunçada em seu cabelo.

-- Hip hop? Eu não sei dançar isso - cocei a cabeça.

-- Por isso mesmo vou te ensinar, bobinha - falou com um sorriso meigo no rosto.

-- Se é assim, também quero algo em troca - falei estendendo as mãos quando ele se aproximou para me pegar. Não nesse sentido que você pensou.

-- O que?

-- Você vai ser meu Albrecht - pisquei, provocativa. Ele arregalou os olhos, pasmo.

-- Por acaso está confundindo minha orientação sexual? - levou uma mão ao peito, levemente ofendido. Fui até ele com uma súbita coragem e tirei seu celular do bolso, trocando o hip hop por um ritmo mais lento.

-- Estou sendo realista - ergui as duas sobrancelhas, levantando um pouco a cabeça pra fitá-lo - homens também dançam ballet.

-- Homens com H minúsculo - falou e pude ver que ele tem uma pintinha dourada próximo à íris. Ele conseguia ser ainda mais lindo de perto.

-- Não interessa, os outros homens que as garotas vão trazer não vão poder discriminar uns aos outros - disse se achando muito inteligente.

-- Faz isso por mim, por favor - pedi fazendo um biquinho. Ele entortou a boca, e eu mantive a careta de cachorro carente. Por fim, ele suspirou indo até o meio do salão, me fazendo dar um pulinho de satisfação. Mas quando sentou no mesmo, fiquei confusa.

-- O que? Eu preciso ver primeiro. Ou quer que eu pise no seu pé? - disse e eu assenti, indo até aonde ele se encontrava. Ele colocou a música no seu celular e aumentou no volume máximo, e eu comecei com os suaves movimentos da doce Giselle. O Mozart sentou cruzando as pernas em posição de índio e os braços pra trás, apoiando-o no chão.

Girei, dei umas duas ou três piruetas e até fiz a mesma careta da Giselle. Quando acabei, a música encerrou e eu levantei a cabeça, encontrando o Mozart em pé em minha frente. Ergui uma sobrancelha, como quem pergunta o que achou?. Ele piscou algumas vezes e hesitou em falar:

-- Você é incrível - disse com sinceridade e eu senti meu peito doer de alegria. Não conti o sorriso que apareceu - mal posso esperar pra te ensinar a dançar de verdade - um sorriso torto se formava em seus lábios, e seus olhos brilhavam, provavelmente imaginando-me dançando. Corei um pouco.

-- É, mas agora quem vai te ensinar sou eu - desviei do assunto antes que eu começasse a gaguejar. Ele mordeu os lábios e revirou os olhos em uma careta engraçada, me fazendo rir - para com isso, seja profissional! - dei um tapinha em seu braço, e ele, tentando seguir à risca meu pedido, ficou numa pose séria um tanto exagerada, que nem um soldado. Coloquei a mão na barriga de tanto rir e ele acabou rindo também, contagiado por mim.

-- Tudo bem, tudo bem. Chega de rir, me mostra o que sabe! - falei e ele assentiu.

-- Vou me comportar - prometeu assim e eu caminhei até o seu celular, colocando novamente a música. Voltei até onde ele estava e fiquei na quarta posição, e fui surpreendida quando suas mãos abraçaram minha cintura e ele manteve um dos joelhos dobrado enquanto o outro estava esticado, em uma posição bela e digna de livros de história.

Logo já estava fazendo foutté en tournant, e ele erguia o tronco com graça, abrindo os braços em um círculo que acompanhava perfeitamente a sincronia das pernas em movimento enquanto ele continuava parado, apenas movendo lentamente as pernas, os braços e as costas. Parei na posição e voltei de ligne pra ele, que me recebeu de braços abertos e me carregou pela cintura. Me preocupei em estar pesada, mas ao fitar sua expressão concentrada me senti como uma pluma em seus braços. Ele deu alguns passos cautelosos à frente e eu girei quando ele me colocou no chão. Então ele deu alguns passos clássicos à frente e, já no fim do primeiro ato, ele se ajoelhou no chão e cruzou os braços em X, abaixando a cabeça com a expressão cansada enquanto eu dava alguns pliés e voltas em torno dele, tocando em seus cabelos como se houvesse um véu em minhas mãos. A sensação era tocar em veludo grosso, a textura tinha uma maciez incrível, como se a cor acobreada de seus fios fossem caramelizadas. Senti minhas veias queimarem quando as pontas roçaram levemente no meu pulso, e a dança acabou.

-- Meu Deus! Eu preciso que você seja o meu Albrecht - falei ajudando-o a levantar - como fez isso? Já dançou antes? Já assistiu Giselle?

-- Só uma vez, minha mãe - ele começou, mas se arrependeu e não conseguiu concluir a frase, olhando pra mim. Um silêncio desconfortável prevaleceu por 30 segundos até eu quebrá-lo.

-- Ok, então vamos ao - revirei os olhos - hip hop - falei e ele foi novamente até o celular, colocando alguma coisa leve com uma batida profunda, que contrastava perfeitamente com o ritmo da música.

-- Então ok, mas primeiro vou ter que te afastar um pouco do ballet, por que os dois quase nunca se misturam. O ballet tem mais a ver com voar, ser livre, magistralismo Enquanto o hip hop quebra as barreiras da perfeição que o ballet existe, criando ritmos simples, porém rápidos, que dão caracteristica ao próprio nome, valorizando todo instinto e movimento que a pessoa pode ter O hip hop - ele falava um monte de blá blá blá, mas um blá blá blá muito lindo.

-- Entendeu?

-- Sim - assenti mecanicamente. Ele entortou a boca, como se não acreditasse na minha verdade. Mas decidiu progressar.

-- Vou colocar uma música e você vai tentar dançá-la sozinha primeiro.

-- Como?

-- Eu já disse, você tem talento pra coisa - fez um ok com o indicador e o polegar e foi até o celular, enquanto eu sacudia os braços e pernas pra dar uma relaxada e colocava os pliés e passos pra tirarem uma soneca.

Ne-yo - Watch you Dance

A música começou e eu admiti que a batida era bem bonitinha, e que dava vontade de dançar, era estimulante. Convidada pelo doce som de sal sendo sacudido, comecei a balançar a cabeça pra frente. O Mozart mexeu também, com as sobrancelhas erguidas, como se indicasse que era pra eu dançar com o corpo.

Então lancei-me pra frente e dei um rebolado com a perna, e abri os braços passando um pelo outro pra logo descê-los pelo corpo. Troquei os pés e dei um giro, e assim que parei joguei meu corpo pro lado, deslizando com a sapatilha. Sacudi os quadris pra cima e pra baixo, como que batendo pros dois lados, como quando queremos entrar em uma roupa de baixo apertada. Mexi os ombros pra um lado e pro outro, e logo a cabeça, e quando vi meus braços estavam no céu enquanto eu fazia uma troca sincronizada de pés; enquanto um se sacudia, o outro pisava na frente e atrás. Dei um plié e quando parei, encostei uma mão no chão e girei ali, criando um passinho bem legal. Mãos pra esquerda, pra direita, pra esquerda denovo e chão, giro, pulo, sacolejada de ombros, rebolado pra esquerda, rebolado pra direita, braços deslizando um pelo outro e girando as mãos acima da cabeça, mãos na altura do quadril se mexendo no ritmo dos quadris, sensualmente. Troca de pés, giro, paro o giro jogando um pé pra esquerda, puxo o corpo pra onde o pé estou, dou uma requebrada e volto pro lugar, giro denovo e faço o mesmo, porém pra direita.

Dei uma olhada no Mozart enquanto rebolava sensualmente os quadris, com uma boa elasticidade, devo admitir. Ele sorria com empolgação, como se estivesse criando o Frankestein e ele estivesse progedindo positivamente. Ri e ele começou a andar em minha direção com as mãos nos bolsos, no ritmo correto da música. Minhas mãos, que estavam em meus quadris, se abriram quando meus braços foram para a região do umbigo. Assim que fiz isso, o Mozart tirou os braços do bolso e deu um giro rápido, e quando parou de girar deu uma troca de pés e tocou minha cintura, me puxando pra perto dele. Nossos quadris se moviam sincronizadamente, porém sem nada ligado à malícia e a tensão sexual. Apenas dois corpos se movendo no ritmo da música, divertidos e absorvidos pela cativante batida. Mas mesmo que aquela dança beirasse à inocência, não deixei de sentir um fogo imenso em certas pares de meu corpo. Essa dança era, sem dúvidas, diferente, e era de se estranhar que eu estivesse dançando mal. Mas estava bem, tão bem de uma maneira que o próprio Mozart estava segurando minha cintura colada à sua, rebolando de um jeito sexy. Dança envolvente, ritmo quente.

O refrão logo fora soprado e a outra parte da música chegou. Deslizei pra frente me desgrudando de suas mãos hábeis e me virei pra ele, trocando os pés e com as mãos nos quadris, mexendo os ombros. Ele rastejava pra um lado e pro outro, com um gingado delicioso de ser visto. Não sei por que, mas quando ele passou sem mover os pés por mim senti vontade de atacar a barra de sua camisa.

E, de repente, ele me puxou de frente pra ele, pelos ombros, encaixando uma das pernas no meio das minhas, enquanto as mesmas ainda faziam movimentos circulares graças aos meus pés. Ele rebolava o máximo que o sexo masculino podia, e eu soltava toda minha feminilidade naquela simples dança. Ele baixou a cabeça pra me encarar, como se me mandasse obedecer os movimentos ditos com seus olhos. Fixei-me neles, vendo o mesmo fogo que ardia nos meus ali. Um perfeito espelho, mostrando muitas coisas, muitos sentimentos, muitas ações. Nos movemos daquele jeito por um longo tempo, para logo eu me virar de costas pra ele ainda com sua perna entre as minhas e tremi os quadris pra esquerda e pra direita, enquanto ele me acompanhava, meio curvado pra frente. Eu estava bastante suada, assim como ele, mas não fizemos a menor menção de parar aquela dança ardente.

(...)

-- Como você aprendeu aquilo? - me perguntou pela milésima vez quando já estávamos trancando as portas do estúdio, quase 18h. . Estávamos suados feito porcos.

-- Sei lá, aconteceu. E aquele ballet? Caramba, você dança muito bem! - falei enquanto andávamos pelo corredor.

-- Sei lá, aconteceu - repetiu minha resposta com a minha mesma careta e eu ri, batendo no braço dele.

-- Sério que você topa ser meu Albrecht emprestado? - perguntei com a voz excessivamente melosa, quase parecendo a Alice. Ele me fitou. Eu sorri, e ele sorriu também, como automático.

-- Eu não sei- falou fitando novamente o corredor que andávamos. Arfei - quer dizer, se eu dançar com você, quem vai tocar o piano?

-- A Alice, oras! - falei e ele riu.

-- Aquele dia não era ela, era o seu celular.

-- E nós dois caímos. Podemos enganar facilmente a maître - pisquei sussurrando, como se só ele pudesse saber. Ele ergueu uma sobrancelha.

-- E as outras bailarinas?

-- Desculpa o termo, mas elas são umas frescas - revirei os olhos - só querem mesmo ver alguém no piano e pronto; caem como patinhas.

Ele riu e eu também, surpresa com minha própria piada. Até que meu corpo trombou fortemente em algo, e quando eu dei um passo atrás pra cair, o Mozart foi ágil e segurou meu braço à tempo. Agradeci a ele com o olhar, mas ele não me olhava. Estava sério e concentrado em algo em minha frente, e quando segui seu olhar meu corpo inteiro congelou ao dar de cara com Billy Black, que estava com aquele maldito sorriso indecente pra mim, principalmente por minha blusa, que estava colada ao meu corpo por causa do suor. Seus olhos, como se lessem minha mente, desceram até o local. Ruborizei, com medo e vergonha. Me senti uma piada.

O Mozart passou o braço por meu quadril, ainda atento ao homem em minha frente.

-- Você está certa, senhorita Bella. São todas superficiais. Nenhuma outra dança como você - disse com a voz rouca e um sorriso cafajeste. Senti meu estômago revirar, e se não estivesse sendo protegida pelo braço do Mozart, certamente estaria desmaiando ou tentando correr.

-- Desculpe pelo descuido dela, mas podemos ajudar em algo? - o Mozart disse, cortês, porém com a voz ríspida.

-- Não, vim aqui só para recolher - tentava espionar por debaixo do braço firme do Mozart, mas ele felizmente conseguia cobrir qualquer parte que parecesse indecente - embora eu estivesse de sutiã e a blusa não fosse exageradamente decotada - as chaves.

-- Achei que fosse um político, o que faz trabalhando aqui? - o Mozart rebateu, firme. Intimamente torcia por ele, como uma líder de torcida com hormônios impacientes.

-- Estou observando o comportamento dos funcionários para que possa me tornar o diretor desta faculdade - sorriu, olhando pro Mozart pela primeira vez. Vi ele trincar a mandíbula pra Billy.

-- Pois bem, aqui está a chave - entregou nas mãos de Billy - vamos, Bella - me puxou e voltamos a andar, sem me deixar olhar pra trás. Passou o braço pelas minhas costas, tentando tapar qualquer coisa que Billy quisesse ver.

-- É, Bella, acho que vou mesmo ser o seu Albrecht - disse e eu sorri, me sentindo mais aliviada e protegida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Iai, o que acharam? O que querem no próximo capítulo? Hehehe, mandem suas opiniões e sugestões, estou aqui o
Beijos, até o próximo capítulo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Prince Of My Ballerina" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.