Hermione andava pela sua casa, estava realmente uma bagunça, caixas para todos os lados. Móveis que com Gina —que havia ficado tão excitada em passear pela Londres Trouxa que mal ajudara—comprara em um único dia. Com a varinha, arrumava as coisas com mais velocidade, mas a casa apenas ficou pronta uma semana depois da mudança. Não tinha muitos objetos trouxas, talvez apenas uma televisão que não havia sido ligada ainda. No hall de entrada o sofá em um tom marrom, a lareira na parede lateral, a mesa de jantar em outro canto. Ao lado, a cozinha com uma bancada diretamente para a sala e a mesa de jantar. Ao lado da escada o banheiro, no andar de cima os quarto e mais um banheiro.

—Ultima caixa... Da cozinha! —Sorriu e puxou as mangas da blusa para cima. Gina já havia voltado à Hogwarts, então estava sozinha com a casa. Subiu e jogou-se sobre a cama espaçosa, adormeceu logo em seguida.

.....

Acordou com batidas em sua porta, cambaleou até o andar de baixo e abriu a porta, que revelou Harry e Ron sorridentes. Harry com dois saquinhos de papel.

—Trouxemos tortinhas de abóbora! —Ron quase gritou de êxtase.

Hermione abraçou cada um e abriu espaço para que entrassem.

—Vou trocar de roupa, Harry você prepara um suco para nós? —O garoto assentiu e Hermione correu até seu quarto. Assim que voltou Ron já apreciava algumas tortinhas.

—Obrigada por me esperar! —Juntou-se aos amigos.

—Disse em uma carta que achava que havia conseguido descobrir como... —Hermione o atrapalhou.

—Sim, acho que sei e preciso da ajuda de vocês! —Continuou. —Legilimância!

—Como?

—Exatamente isso que ouviram. Alguém terá que entrar na minha cabeça e tentar encontrar essas lembranças, se encontra-las é só puxa-las para fora! —Suspirou. —Harry você já usou esse feitiço no Snape, pode tentar em um de nós!

—Certo, mas não hoje! —Disse.

—Claro! —Hermione assentiu e continuou sua refeição com os amigos.

—Vocês não precisam trabalhar hoje? —Hermione perguntou enquanto limpava os copos.

—Sim, e já estamos atrasados! —Responde Harry puxando Ronald que ainda comia. —Até mais!

Os garotos se despediram e aparataram.

Naquela tarde, Hermione conseguira o dia de folga. Terminaria de arrumar seu quarto. E como queria, terminou tudo mais ou menos às 16h. Como em seu sonho, o quarto de Rose estava perfeitamente bem arrumado, as paredes em um tom de bege. Prateleiras com bichos de pelúcia, bandeirinhas da Grifinória, o berço e uma poltrona. Rose durante toda a mudança ficou na Toca.

Hermione havia finalmente terminado, todos os móveis perfeitamente arrumados em seus devidos lugares. Ao lado do quarto de Hermione, sua biblioteca particular, com todos os seus livros preferidos e exemplares que adquiriu ao passar do tempo.

.....

O tempo se passou, e logo Rose faria seu primeiro ano, seu primeiro aniversário. Hermione queria algo simples, mas Molly junto de Gina inventaram uma festa na Toca.

Naquele domingo ajeitariam a tenda, assim como no casamento de Fleur e Gui. Hermione ajudava Molly a preparar o bolo quando repara em um certo ruivo que ajudava a levantar a lona.

—Sente saudades?

Hermione é tirada dos devaneios, e sorri ruborizada com a situação.

—Sim! —Continua arrumando as tortinhas de abóbora em um prato.

—Por que não tenta conversar com ele? —Molly insiste. Hermione olha novamente em direção ao ruivo que sorria enquanto conversava com Harry. Sorriu e abaixou o rosto.

—Ele não quer falar comigo, não sei se isso daria certo!

Molly a abraça.

—Meu filho pode ser cabeça dura, mas se ele não lhe ouvir, juro que eu mesmo o azaro! —Hermione riu.

—Tentarei conversar com ele!

A festa tem inicio, Rose passava de colo em colo. Ron e Harry como padrinhos apertavam a garota a cada cinco minutos.

Hermione conversava com Luna e Gina, enquanto bebia cerveja amanteigada com as amigas que contavam sobre os namorados e relacionamentos estranhos. Após todos os parabéns recebidos as crianças dormiram, era tarde, a lua já brilhava no alto, e os adultos dançavam algumas músicas no centro da tenda. Hermione passou por Harry e Ron, dançou uma também com Gui que contou como conheceu Fleur. A madrugada chegou, e todos voltaram para suas casas, ou para dentro da Toca. Hermione, sentou-se no gramado e ficou observando as estrelas que logo desapareceriam.

—Sempre gostei de olhar as estrelas! —Virou e encontrou George com uma garrafa de cerveja amanteigada e dois copos na mão. Hermione pegou o copo e bebericou a bebida.

—Achei que não falasse mais comigo! —Sem olhar para o rapaz falou e continuou a observas as estrelas.

George engoliu em seco e sentou-se ao seu lado.

—Então é isso? Vamos ficar assim o resto da vida? Ignorando a existência um do outro? —George perguntou após um gole da bebida.

—A questão é que você foi infantil e me magoou bastante! Agradeço por ficar do meu lado depois da morte do Fred, mas acho que acabamos confundindo compaixão com amor!

—Você simplesmente não conversou comigo por semanas, em busca do seu feitiço. Ignorou o mundo para o quê? Pedir desculpa através de um bilhete e depois se mudar? —George agora parecia jogar as mágoas para fora.

—Eu apenas queria descobrir o que aconteceu no meu quinto ano. Aliás você também deveria!

Levantou-se irritada e adentrou a casa. George apenas suspirou.

E novamente a chance de perdão havia sido jogada ao ar pelo simples fato do orgulho.

....

Naquela semana Hermione não voltou a falar com George, e vice-versa. Rose já pronunciara as primeiras palavras e arriscara os primeiros passos. Tudo corria perfeitamente para a garota, que trabalhava com o que sempre quis, tinha uma família... Ou quase. Ron arranjara uma “acompanhante” como o mesmo chamava a garota. Harry e Gina estavam firmes, o garoto até falava em um futuro casamento.

Hermione organizava a sala que tinha brinquedos espalhados por todos os lados quando Harry chegou, finalmente tentariam puxar as lembranças de volta. A garota sentou-se na maior poltrona da sala, Harry apontou sua varinha para garota e pronunciou “legilimens”.

Fred fingia limpar o queixo da garota, aproveitou a mão ali e puxou-a para um beijo apaixonado, passava sua mãe pelo corpo de Hermione. Aos poucos foi levando-a para a cama, onde acariciou desde as pernas até o ombro delicado... E a imagem se desfez como um borrão.

Harry se via agora no inicio do quinto ano, Luna lhe explicava sobre os Testrálios. Agarrou-se aquela lembrança a desfez o feitiço.

Ao abrir os olhos estava novamente na sala de Hermione que o encarava.

—Conseguiu?

—Sim, só precisamos esperar! —O rapaz disse. Estava cansado e impressionado como o tempo passou rápido enquanto estava na cabeça da garota. —Você disse que é provável que as lembranças voltem aos pouco?

Hermione assentiu levantando-se.

—Eu... Bem! Desculpa pelo o que vi, não queria ter entrado tanto assim na sua cabeça!

Hermione corou violentamente e andou até a cozinha. Adormeceu assim que Harry saiu.