CAPITULO 2

Hermione estava jogada em sua cama, o lençol enrolado em suas pernas. Do lado de fora uma forte tempestade batia contra sua janela, quando mais nova teve medo de trovões, mas foi algo passageiro, até aquela noite.

Na sua frente um borrão cor-de-rosa, sua mente estava confusa, não lembrava-se de nada e nem conseguia pensar. Um cheiro forte –e ácido- inundava seu nariz que tentava de toda e qualquer forma rejeitar o odor. Debatia-se, mas suas mãos e pés estavam amarrados ao local onde estava sentada. Seus pulsos doíam de tanto puxar e esfrega-los contra o tecido. Sua garganta ardia, tentou gritar, mas não conseguia. Ouviu seu nome como um grito longe, a voz que lhe chamava era masculina e estava embargada em lamúrias. Logo um borrão preto, ainda maior movia-se com rapidez e em seguida sua mente ficou na total escuridão.

Um raio caiu e iluminou o quarto da garota que pulou da cama como som alto. Seu corpo estava frio, seus pés gelados e sentia-se com uma angustia forte no peito. Na escuridão do “apartamento” de George, andou na ponta dos pés até o quarto do ruivo que estava esparramado sobre sua cama bagunçado.

Hermione puxou a barra da camiseta de Quadribol que usava de pijama.

–George?

O ruivo, porém, nem se movimentou. A garota com a mão delicado sacolejou George de leve.

–O que foi? –Perguntou com os cílios semicerrados.

–E-Eu tive um pesadelo. –Disse Hermione, torcendo para que George não pudesse ver suas bochechas vermelhas.

George apenas arrastou-se para o outro lado da cama, deu duas batidinhas no colchão e sorriu. Hermione timidamente, se esgueirou para dentro dos cobertores e deitou de costas para o ruivo. George, porém abraçou Hermione e sussurrou um “boa noite”.

Hermione acordou espremida contra o peito de George que segurava sua cintura, remexeu-se e levantou. Ainda de pijama preparou um café, que logo atraiu um ruivo com o rosto amassado.

–Bom dia! –Falou andando cambaleante até a mesa. Usava apenas uma calça de moletom cinza, deixando seu peito forte-graças aos anos como batedor-, à mostra.

–Bom dia! –Hermione sorriu e entregou ao ruivo o novo exemplar do O Profeta Diário.

–Ah, tudo bem se eu ficar assim? –George perguntou ao reparar que Hermione o olhara rapidamente com o canto dos olhos.

–Claro, até porque eu que deveria colocar alguma bermuda ou algo assim!

–Na verdade já me acostumei em te ver só com a camisa de quadribol do Fred!

Ambos riem, passaram algum tempo juntos e já haviam se acostumado com suas manias. O café da manhã corria tranquilamente.

–Então, qual foi seu pesadelo?

–E-Eu não lembro. –Hermione revirou os olhos por não se lembrar.

–Aha! –George gritou. –Admita que só queria dormir com o gostosão aqui!

Hermione começa a gargalhar sem hesitar.

–Certo, continue acreditando nisso! –Hermione levanta-se. –Francamente.

.....

Hermione já estava com a barriga um tanto saliente, logo seu filho ou filha nasceria. Todos apoiaram e ajudaram a garota. George precisou correr durante algumas noites para satisfazer alguns estranhos desejos de Hermione que não dormia enquanto não comia ou bebia algo.

–George querido, que cara é essa? –Molly perguntava ao filho que quase dormiu no meio da conversa.

–Cara de quem não consegue dormir, porque certo alguém inventa de comer Feijõezinhos de todos os sabores, mas vomitou toda a caixinha depois de achar um com sabor de cera de ouvido!

Hermione o olha e ri constrangida.

–Desculpa, só estou com sono. Não é sua culpa Mi! –A garota apenas assente em resposta.

–Vamos para casa? –A garota pergunta depois de algum tempo. –Também quero dormir um pouco.

George assente e logo aparatam.

Hermione estava entrando no seu quarto quando George a chama.

–Vêm! –Faz sinal com a mão. –Me acostumei a dormir com você!

–Quando minha barriga não atrapalhava!

–Podemos tentar!

Com dificuldade ambos se ajeitam na cama e caem em sono profundo.

–George! –Hermione sacudiu o rapaz.

–Hã?

Sonolento o rapaz abriu os olhos e saltou da cama.

–O que faremos?

–Aparatar direto para o St.Mungus! –Hermione estava tranquila, ou nem tanto.

George nem pensou duas vezes, pegou a garota em seus braços e aparatou. Ao chegarem, Hermione logo foi atendida e colocada sobre um leito.

Todos Weasley e amigos estavam à sua volta, mas com a dor Hermione ignorava.

–Apenas três podem entrar! –O médico disse assinando alguns papéis rapidamente.

–Gina, George e Molly! –Hermione gritou antes de sentir a forte contração.

O parto foi rápido e simples, George e Gina seguraram as mãos da amiga a todo o momento. Aguentaram junto os fortes apertos que Hermione dava nos picos das dores, mas logo tudo foi compensado com o choro.

–É uma menina! –Molly dizia com os olhos cheios de lágrimas.

Gina assim que viu a sobrinha correu para o lado da mãe que ajudava o médico a limpar a criança.

Hermione suspirou e olhou para George que sorria com os olhos brilhando. O ruivo voltou seu olhar para Hermione e sorriu, tirou alguns fios de cabelo que cobriam sua testa úmida pelo suor. Aproximou-se e beijou a testa da garota, em seguida selou seus lábios rapidamente.

E em alguns passos se afastou da garota.

–Posso ver meu sobrinho agora? –George se mete no meio da irmã e da mãe. Hermione apenas observava os três e sorria nas caretas que George fazia.

–Hey, quero ver minha filha! –Hermione ri ao ver Molly correndo com o bebe até a garota.

Hermione pegou em seus braços a delicada criança em seus braços. O fina cabelo era ruivo, e os olhos de um azul claro.

–Já decidiu o nome? –Gina perguntou. Hermione apenas assentiu.

–Rose!

–Aí que lindo! –Gina falava e suspirava a cada cinco segundos.

Depois de algum tempo o médico entrou.

–Certo, a Srt.Granger precisa descansar. –O médico dizia enxotando Molly e Gina. –Depois abriremos a visita para todos.

George acariciou o rosto de Hermione.

–Depois eu volto! –Olhou novamente para Rose e saiu.

O médico fechou as cortinas pesadas e saiu do quarto, deixando Hermione descansar.

O quarto era bege, as cortinas um rosa antigo, na parede bandeirinhas da Grifinória. O berço era branco, mas dentro, um embrulho verde claro, com os olhos azuis e cabelo ruivo dormia calmamente.

–É linda, não é?

Hermione virou-se e encarou Fred sorridente.

–Sim! –Foi apenas o que conseguiu falar.

–Você a ensinará a jogar quadribol não é? –Seu tom tinha muito humor.

–Esqueceu-se que não sei jogar! –Hermione deu de ombros enquanto fitava uma prateleira, onde imaginou diversos exemplares de autores famosos.

–Sabe sim, pelo menos montar na vassoura! –Olhou então na mesma direção que a garota olhava. –E claro, seus livros!

Hermione não olhou para o rapaz, mas sabia que havia revirado os olhos.

–George pode ajuda-la e voar, ele é mais experiente nisso. Quem sabe se torna batedora da Grifinória?

Hermione riu.

–E quem sabe se torna outra “sabe-tudo”. –Deu de ombros.

–Seria perfeita!

Um silêncio se estala entre os dois.

–George gosta de você!

–Como? –Hermione hesitou.

–Ele gosta de você, acho que deveria considerar!

–Fred eu... Eu não sei o que pensar. Nós namorávamos e você...

Fred segurou o rosto de Hermione carinhosamente.

–Não estou mais ao seu lado, simplesmente não posso mais te proteger! E você precisa viver sua vida, não pode ficar presa a mim o resto da vida. –Sorriu. –E prefiro que seja com a minha cópia do que com alguém que não te mereça!

Hermione corou e abraçou o ruivo.

–Eu te amo!

–Também te amo minha sabe-tudo!

Ouviu vozes, seu sonho se tornou um borrão, mas talvez o borrão mais feliz que teve. Ao seu lado um pequeno berço com sua Rose.

–Hey, silêncio! –Ouviu do lado de fora a voz de Harry.

–Podem entrar!

A porta se abriu e revelou uma turma.

–Desculpa, não queríamos te acordar! –Harry mexeu nervoso nos cabelos negros.

–Eu já estava acordada!

–Ah, certo! Podemos vê-la?

Hermione movimentou-se e entregou o embrulho para Harry que acariciou.

–Onde está George? –Perguntou discretamente para Gina que sorria.

–Dormindo! –Respondeu. –Mamãe tentou manda-lo para casa, mas ele acabou insistindo e dormiu na sala de espera.

Hermione riu.

–Ah, trouxemos uma coisa para Rose.

Gina tirou de uma pequena sacola de papel um gorro, nas cores escarlate e dourado.

–Para nossa nova Grifinória! –Ron diz. Até então não tinha sido percebido por Hermione que o abraçou com força.