O Dia Seguinte escrita por ChatterBox


Capítulo 3
Paris, Paris


Notas iniciais do capítulo

Olááá leitores(as) lindoss(as)Obrigada por todos os reviews que deixaram e todos os elogios e incentivos. Vcs são incríveis.To muito empolgada com a fic e fico feliz q estejam gostando tanto qnto eu :) Boa leitura,Beijocas, Anonymous girl writer s2.



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– Foi muito bem, doce, parabéns. –a voz de Nick me parabenizando me tirou do meu estado de transe. – Se continuar assim, daqui há algum tempo já vai saber fazer tudo isso sozinha.

Tirou os óculos do rosto, para me mostrar um sorriso debochado.

– Eu espero que não, não é mesmo? Espero que eu nunca passe por isso de novo.

Bufei, estarrecida.

– Você está muito tensa, doce. Pelo visto você nunca esteve numa aventura antes, não é mesmo?

Ele sugeriu, num tom sossegado, enquanto andávamos pela rua, sem saber bem para onde estávamos indo.

Eu me choquei. Não podia ser que ele estava achando tudo aquilo “divertido”. E eu ainda estava ignorando o fato desconfortante de que ele agora tinha resolvido me chamar de “doce” como se fôssemos amigos de infância.

– Então isso é o que você chama de “diversão”...?

– Não exatamente. – encolheu os ombros. – mas entenda, não pode ficar se lamentando por algo que já aconteceu. Já que já estamos aqui, vamos tornar a experiência o mais agradável possível, está bem? Aposto que nunca mais vai ter a chance de passar por uma coisa como essa de novo. Tudo acontece por algum motivo. Então vamos aproveitar isso.

– Não sei bem como, mas... Que seja.

Não iria perder meu tempo com baboseiras. Agora tinha que pensar no que fazer a seguir.

– E a propósito, por que escolheu o pacote de três dias?

Indaguei, confusa.

– Pro caso de precisarmos ficar por mais tempo, não termos que ficar fugindo da polícia enquanto isso.

Explicou.

– O que faremos agora?

Quis saber.

– Vamos achar um lugar para carregar o celular. E vamos ligar para alguém que possa nos ajudar, pelo telefone público.

Suspirei, e continuei andando pela calçada e procurando algum lugar onde houvesse uma cabine de telefone para que pudesse ligar. Tinha que falar com Peggy. Ela era a única que poderia me mandar algum dinheiro para que eu comprasse a passagem de volta para Londres, e me contar algo sobre noite passada.

Enquanto caminhávamos por ali, Nick me parou do meio do caminho:

– Por que está usando isso no seu dedo?

Pegou minha mão direita e me mostrou, um anel feito de talos de cereja amarrados um no outro, encaixado no meu dedo direito, enquanto ria-se todo. Tirei a mão da dele para olhar melhor, sem acreditar, e fiz um muxoxo:

– Que nojo...!

Tirei aquilo e joguei numa lata de lixo que estava adiante na calçada. Meu Deus, que nojeira. Quem será que deu o nó em todos aqueles talos?

– Acho que você se casou na noite passada.

Sugeriu, e encolheu os ombros, escondendo um sorriso satisfeito.

– Há-há, muito engraçado.

Revirei os olhos e continuei andando, e por algum motivo fiquei um pouco enrubescida quando olhei nos olhos dele.

– Falo sério, talvez isso tudo tenha sido a nossa lua de mel. Eu acho que faz sentido.

Insistiu.

– É claro. Se isso for realmente verdade, tenho que pensar na possibilidade de nunca tocar num copo de bebida alcoólica outra vez, porque eu realmente não sou eu mesma quando isso acontece. Eu nunca casaria com você, estando no meu juízo perfeito.

Bufei.

– E por que não? Não me acha atraente?

Quando ele disse isso, dei uma boa olhada nele e tentei esconder o fato de ter ficado desconcertada. Porque obviamente, ele era muito atraente.

– Nem tudo é atração nessa vida.

Mudei de assunto, continuei olhando desesperadamente para cada esquina, imaginando quando a cabine iria aparecer para que aquela conversa desconfortável terminasse.

– Por que não? Eu tenho estado com garotas por toda a minha vida levado única e principalmente pela atração física.

– Por isso você é assim.

Vi ele ficar confuso, e franzir o rosto. Parou no meio da rua e me puxou pelo braço, para que olhasse para ele.

– Assim como...?

Quis saber.

– Assim. – dei de ombros. Mas ele continuou sem entender, então tive de ser mais específica. – sem rumo na vida, numa boate toda noite, sem qualquer perspectiva de um futuro decente, com uma família estruturada e filhos para cuidar de você na velhice.

Quando terminei ele ficou de boca aberta e um pouco atingido. Mas não me importei muito, não estava muito interessada em não ferir seus sentimentos. Na verdade, estava com tanta raiva dele por estar naquela situação, que estava procurando exatamente uma oportunidade para dizer-lhe algumas verdades.

Dei um tapinha no ombro dele, enquanto ele ainda ficava parado com um semblante distante, e continuei minha caminhada. Demorou alguns minutos até que ele se recuperasse e continuasse a andar.

– Você está meio enganada. Estar com garotas por diversão não me torna alguém sem rumo na vida. Na verdade eu tenho um emprego. E sou formado em arquitetura.

– No que você trabalha?

Fingi que estava interessada.

– Sou estagiário num escritório de arquitetura, mas é só por enquanto. Porque estou procurando um emprego.

– Hm... Sei.

– E você?

– Bom, eu sou artista.

– Artista...?

Deu um riso abafado e sarcástico. Parei de andar e o encarei, um pouco ofendida:

– O que foi?

– Bom, é que você não parece do tipo sensível, e criativa...

Abri a boca, sem acreditar.

– É claro que pareço!

– Não parece não. – negou, e riu mais um pouco, me deixando nervosa. – você parece do tipo certinha e sistemática. Do tipo que estaria tentando ser uma advogada, ou... Corretora de imóveis...?

Pensei no que diria, mas acabei dando uma risada. Não valia a pena me irritar com aquilo. Ele só não estava tendo a oportunidade de me conhecer totalmente. Estava conhecendo a parte “esquentada, organizada e carrancuda” da “Maddie”. E não a parte “excêntrica e mente aberta”, da “Maddie”.

– Tudo bem, mas agora me diz uma coisa. Como nós vamos achar a casa de recarga de celulares se todas as placas que estão aqui estão em francês?

Suspirei.

Virei o rosto e avistei uma loja. Uma placa dizia “fazemos recarga de celulares”, bastou isso para meu coração pular, e meu dedo se movimentar, apontando com euforia na direção da loja, enquanto eu gritava:

– Ali! Está em inglês, eu achei!

Dei pulinhos e saltitei até a entrada do lugar, e passei pela porta de vidro, me deparando com um senhor de cabelos grisalhos ralos, atrás de um balcão de madeira. Haviam alguns aparelhos eletrônicos expostos em prateleiras. Nick chegou logo depois, tocando um sino que estava posto acima da porta.

Nos aproximamos do vendedor e ele tinha um cigarro na boca, quando nos viu, apagou no cinzeiro, e nos fitou com desânimo.

– Bonjour.

Saudou, sem humor. Eu e Nick nos entreolhamos, ambos apreendendo que ele não soubesse falar nosso idioma. Mas tivemos que arriscar:

– Bom dia. – respondi. Ele nos analisou de cima abaixo. – Precisamos dar carga nesse celular, por favor.

Tirei o meu aparelho da bolsa e coloquei no balcão. O senhor arqueou uma sobrancelha para ele, e depois de um tempo em silêncio, grunhiu com um sotaque difícil de entender:

– São dez euros pela carga. E você volta daqui à uma hora para buscá-lo.

Dez euros. Caramba, achei melhor não gastar o que tinha na minha carteira. Teria que pagar em cartão. Esperava que ele aceitasse.

– O senhor aceita cartão? Visa?

– Hm... – grunhiu. – Pode ser.

Pegou o celular em cima do balcão e o cartão da minha mão para colocar na máquina. Eu esperava realmente que aquele dinheiro desse para gastar com tudo que tinha para gastar enquanto tivesse ali, ou realmente estava numa encrenca.

Assim que terminei, agradecemos e saímos da loja.

– Agora o próximo passo é ligar para alguém. Não podemos esperar uma hora, o quanto mais rápido sairmos daqui, melhor.

Nick disse.

Era obrigada a concordar com ele. Não podia ficar ali passeando. Estávamos correndo risco de sermos pegos pela polícia e parar na cadeia.

Andamos por aí até avistar a cabine telefônica. A ficha telefônica custou cinco euros e parecia que meu coração ia explodir no peito de tanta euforia quando a tinha em mãos. Finalmente poderia ligar para Kath e Peggy e saber alguma coisa sobre ontem, pedir que depositassem um dinheiro emprestado na minha conta para que comprasse a passagem de volta e todo aquele pesadelo acabasse.

Bati a porta da cabine, enquanto Nick ficou esperando do lado de fora. Meus dedos se movimentaram rapidamente nos botões do telefone e finalmente ouvia o tom de chamada do outro lado da linha. Mal podia esperar para que alguém atendesse.

– Alô...??

A voz de Peggy se revelou, preocupada e afobada.

– Peggy?? – chamei seu nome, sem acreditar. – é você??

– Maddie..! Onde você está?? O que está acontecendo? Você nos matou de susto!!

– Peggy... – soltei um suspiro aliviado. – Por que deixaram que eu saísse com aquele cara? Agora eu estou numa encrenca!

– Aquele cara estava só conversando com você e de repente vocês estavam planejando se casar, e não consegui impedir que você fosse embora com ele! Onde você está agora?

– Eu estou em Paris! Não nos lembramos de nada hoje de manhã, estávamos num Hotel caro, tivemos que sair sem pagar e agora temos que voltar para a casa antes que a polícia nos pegue!

– Meu Deus! Isso é péssimo! Não posso acreditar! E agora? O que vai fazer?

–Preciso que deposite um quantia suficiente para uma passagem de volta para Londres na minha conta. Eu juro que pago tudo de volta, quando puder, amiga, agora preciso de você!

– Tudo bem, sem problemas. Vou dividir com a Kath, e assim que puder você nos paga de volta. Eu sei o número da sua conta, vou depositar, e...

Um ruído soou do outro lado da linha e a voz de Peggy sumiu aos poucos, até que não havia sinal dela do outro lado. Não podia ser... Droga...! A ligação tinha caído!

Esperava que ela tivesse entendido tudo. Achei que era melhor ligar quando o meu celular estivesse carregado.

Saí da cabine com um peso no coração e a vontade de gritar. Aquilo tudo estava me deixando zonza, e atordoada. Só desejava fechar os olhos e me dar conta de que tudo não se passou de um sonho, e toda aquela adrenalina que tinha no meu corpo se esvaísse aos poucos.

Nick estava encostado na cabine, com a cabeça baixa. E quando me viu, se posicionou de pé para perguntar:

– E então...?

– Minha amiga vai depositar a grana. – contei. – agora, por favor, seja rápido, não podemos perder muito tempo aqui. Ainda tenho fome, e preciso comer.

Cruzei os braços. A resposta de Nick foi o silêncio, e sua entrada preguiçosa na cabine telefônica.

Fiquei ali fora, olhando ao meu redor e imaginando que a qualquer momento um policial urbano iria me ver e me levar presa. Um relógio estava batendo as horas na minha cabeça e me urrando coisas em pânico.

Não podia me desesperar, mas era difícil me acostumar com aquilo.

A conversa de Nick foi um pouco mais longa que a minha. Teve alguns xingamentos, alguns palavrões. E alguns minutos depois ele saiu de lá, com cara de chateado.

– O que foi?

Perguntei. Ele fez um muxoxo.

– Parece que os bancos estão em greve. – contou, com tristeza. - E estão ocorrendo problemas na transferência de dinheiro. A grana só vai chegar na nossa conta daqui à dois dias!


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Notas finais do capítulo

Espero q tenham gostado, ainda tem muita coisa pra acontecer :DAté o próximo, então?Beijocas, Anonymous girl writer s2.