Choram as Rosas escrita por Camy, Harumihatae


Capítulo 16
Saigo no namida (A ultima lagrima)


Notas iniciais do capítulo

DESCULPEM, a DEMORA!!! Um cap. saindo do forno, para vocês!!! A música do cap. é You Give Love A Bad Name (Bon Jovi)...



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Shot through the heart and you're to blame

Atingido no coração e você é a culpada

Darling, you give love a bad name

Querida, você dá ao amor uma má reputação

Yukina P.O.V

Ai, mas que merda, a Luna não pode estar apaixonada pelo Daisuke, isso vai arruinar com tudo. Me sinto um pouco mal por enganar ela, é óbvio que eu jamais a ajudarei com o Daisuke, mas eu preciso da ajuda dela. Na real eu acho que eu quero mesmo é ter alguém do meu lado.

Estou ficando louca de ficar no quarto, eu não vou aguentar ficar aqui muito mais tempo, preciso por meu plano em ação. Arrumei-me, passei um pó no rosto para tirar qualquer marca de palidez que meu rosto possa demonstrar. Saí do quarto, passando pela sala vejo minha tia e meu primo vendo um filme qualquer.

EU: Vou sair!

MARY: Tome cuidado! Minha querida, você ainda está fraca.

A tia Mary é um doce de pessoa. Realmente eu gostava muito dela, mas quando ela conheceu a May, ela se mostrou diferente. Minha vida antes da May era perfeita. Agora vai voltar a ser perfeita, como sempre foi até a chegada dela. Concordei com a cabeça e saí da casa. Andando pelas ruas, por acaso encontrei a May.

EU: Oi May!

MAY: Oi…

EU: Preciso falar com você.

Vi uma veia começar a sair da testa dela.

MAY: Você tanto fez, que eu não namoro mais seu primo. AGORA VOCÊ VEM AQUI PARA FALAR QUE QUER FALAR COMIGO? PARA QUÊ? EU E DREW NÃO ESTAMOS MAIS JUNTOS, EU NÃO TENHO MAIS NADA QUE POSSA TE INTERESSAR. CANSEI DE FICAR CHORANDO, CANSEI DE TUDO. SÓ TO AQUI POR CAUSA DO TORNEIO. DEPOIS DO TORNEIO, VOCÊ NUNCA, MAS NUNCA MAIS VAI ME VER... ASSIM A LUNA E O DREW PODEM SER FELIZES, como você sempre quis. Agora, tenho coisa mais importante para fazer, do que ficar discutindo na rua com uma pessoa chata, metida e mimada como você...

Ela me deixou feito uma boba no meio da rua, e saiu. Que aquela sem sal pensa que é para me chamar de CHATA, METIDA e MIMADA? Como ela teve coragem… COMO?! Ainda bem que ela e meu primo, por mim, nunca mais vão ficar juntos. Não ia ficar assim. Eu a segui, ser se vista era óbvio que se ela me visse seguindo, ela ia armar outro escândalo. Meu plano está todo pronto, espero que não tenha nenhum imprevisto. A Luna, querendo ou não, vai ficar com meu primo, ah se vai… se não, não me chamo Yukina. Parei assim que vi a May entrando em uma loja de chá. Tirei da minha bolsa um frasco de calmante, segurei na minha mão.

EU: May, eu realmente preciso falar com você – falei escondendo o frasco no meu bolso e caminhando calmamente até ela.

MAY: Não tenho nada pra falar com você!

Sentei-me à mesa junto a May, meu caminho ficará livre quando eu me livrar dela.

EU: Por favor, May eu preciso falar com você, estou me sentindo culpada – eu falo com uma falsa expressão de desespero.

MAY: Ok! Vamos conversar, mas só se assim você me deixar em paz...

EU *com falso sorriso*: Obrigada, por me dar essa chance.

Isso foi mais fácil do que eu pensava… mas, antes de eu começar a minha ÓTIMA atuação o celular da May começou a tocar.

MAY: Vou ter que atender...

A May se afastou de onde estávamos e foi em outro canto, aproveitei a oportunidade. Assim que ela estava longe, peguei um guardanapo, coloquei uma dose de calmante no papel, amassei os comprimidos até virarem pó e misturei no chá da May. Quando o remédio começar a fazer efeito eu a levo para longe daqui, em uma fábrica abandonada que fica fora da cidade. Antes da May voltar à mesa, meu celular toca e no visor vejo o numero da Luna...

EU: Oi Lu! – Não conseguia esconder em minha voz a felicidade que estava

LUNA: Oi Kina. A sua tia falou que você não estava em casa, onde você tá? Você tá legal?

EU: To legal sim. Adivinha o que eu estou prestes a fazer! – não consigo deixar de demonstrar a minha felicidade.

LUNA: Ah, não faço a menor ideia amiga, me conta – pediu a garota de forma curiosa.

EU: Eu estou colocando o meu plano em ação. Lembra o da May – eu falo.

LUNA: Ah… Kina… você tem certeza de que quer fazer isso? – a voz dela parece meio receosa… ai Luninha, não me deixa na mão agora não amiga.

EU: Claro que eu tenho amiga. E vou precisar de você, me encontre na casa de chás que tem aqui no centro com um carro de preferência. Pode ser um táxi. Você sabe que enquanto essa sem sal estiver aqui você não tem a menor chance contra o Daisuke não é? – eu sei que é errado mentir pra ela, mas eu preciso do apoio e da ajuda da Luna. Tenho que ter certeza de que não estou sozinha nisso. Às vezes eu sou meio fraca. Tanto faz.

Mesmo que isso pareça errado eu sei que daqui a algum tempo a Luna vai me agradecer. Ela e o Drew foram feitos um para o outro, ela apenas não percebeu isso. Ainda.

LUNA: Kina… eu vou, mas você tem certeza disso? – deixe de ser desconfiada Lu! Preciso de você.

EU: Claro que sim Lu, mas tenho que desligar, a malinha está voltando – desliguei o telefone e May se sentou em minha frente alguns segundos depois.

MAY: O que queria comigo?

EU: Quero pedir desculpas… sabe, o modo como você ficou sabendo da Luna e do Drew – ela ia falar, mas a interrompi – espera. Eu meio que combinei com eles pra você pegá-los juntos sabe… queria que você visse, pra ficar longe do meu primo. Não é nada pessoal, juro – fiz uma expressão meio angelical.

Ela pareceu irritada, exatamente do jeito que eu pensei que ficaria.

MAY: Você está confessando que armou para eu ver o seu primo beijando a Luna?

EU: Sim May. Eu sempre quis que Drew e Luna ficassem juntos e quando eu os vi ficando escondidos de você, tive de fazer você vê-los – fiz minha melhor expressão de insegurança.

MAY: Você encenou tudo aquilo pra…

EU: Claro que não May – fiz uma falsa expressão de ofensa – por mais que eu queira que meu primo e Luna fiquem juntos, eu nunca faria uma coisa dessas. Eu nunca teria coragem de magoar o meu primo se ele gostasse de verdade de você – ela me olhou desconfiada – verdade. Eu juro pra você. Amo o Drew – e ela nem sabe como isso é verdade – ele é meu primo, um irmão pra mim. Só quero ver ele feliz.

Ela pareceu magoada e desconfiada.

MAY: Mas você falou que armou para que eu visse o Drew e a Luna se beijando.

EU: Sim. Foi exatamente isso que eu fiz. Não armei para que a Luna beijasse Drew de surpresa nem nada do tipo – fiz cara de nojo, eu daria uma ótima atriz não? – vamos começar do começo sim? – tomei um gole de chá e vi que ela fez o mesmo, sorri. Agora falta pouco, mais uns dois goles e ela desmaia – Luna sempre foi a minha melhor amiga. Sempre me contou tudo, assim como eu sempre contei tudo para ela também. No mesmo dia que chegamos, ela me contou como trocou olhares com Drew. Sabe aqueles olhares que dizem tudo? Os olhares que… bem, não vamos entrar em detalhes – tomei mais um gole de chá fingindo constrangimento ao ver uma lágrima escorrer de seus olhos azuis incontestavelmente mais feios que os meus.

Ela respirou fundo e tomou outro gole de chá. Pareceu meio tonta, mas estava quase convencida quanto a minha inocência. As boazinhas são tão influenciáveis.

MAY: Eu to mais calma, pode continuar – sua voz parecia mais calma, mas meio embriagada.

EU: Então – fingi um olhar preocupado, mas respirei fundo – serei sincera, a atração foi iminente entre os dois. Eles se amam desde crianças e quando se viram novamente não conseguiram disfarçar – eu comento – ficaram no primeiro dia – falo rapidamente, como se quisesse acabar com aquilo logo – e depois foi rolando. Eu vi como você estava envolvida e confesso que fiquei com um pouco de pena, mas, não me leve a mal, a Luna é minha melhor amiga, eu sempre ficarei ao lado dela e fiquei feliz por vê-la feliz – essas palavras saíram mais naturalmente que as outras. Talvez por ser verdade, não sei – lamento May.

Ela esfregou o rosto e bebeu mais chá, respirando fundo. Seus olhos pareceram estar pesados demais para ficar abertos. Deixei um dinheiro em cima da mesa.

EU: Venha, vou te levar para um táxi, você não parece bem – fingi preocupação e ela se apoiou em mim.

MAY: Estou tonta.

EU: Calma.

Quando saio da loja vejo Luna me esperando ao lado de um táxi. Ela corre para me ajudar.

LUNA: Kina…

EU: Está tudo bem, me ajude.

Entramos no carro e o motorista nos olha de forma desconfiada, mas eu sorrio para ele.

EU: Sabe como é, ela acabou ficando tempo demais na balada – como que para confirmar o que digo May acaba desmaiando com a cabeça no meu ombro. Eu acaricio carinhosamente seus cabelos castanhos. Está tudo dando certo.

O motorista parece convencido e indico para onde ele deve ir. O homem vai sem fazer mais perguntas.

An angel's smile is what you sell

Um sorriso angelical é o que você vende

You promise me heaven, then put me through hell

Você me prometeu o céu, então, me botou no inferno

Chains of love got a hold on me

Correntes de amor conseguiram me prender

When passion's a prison, you can't break free

Quando o amor é uma prisão você não consegue se libertar

Max caminhava impacientemente de um lado para o outro. May saíra há duas horas, mas a morena jurara não demorar. O irmão estava começado a ficar preocupado.


Rana o observava calada. O moreno não dera quase nenhuma atenção a ela desde que haviam chegado. Isso a incomodava muito.


MAX: Onde será que a May está hein Rana? – pergunta olhando para a namorada.


RANA: Não sei Max-kun, mas a sua irmã é bem grandinha e sabe se cuidar.


MAX: Não sei não, eu fico preocupado.


RANA: Calma amor – a menina pede timidamente – vai dar tudo certo.


Não sabia mais o que dizer. Queria a atenção do moreno para si e não na irmã. Mas não reclamaria, meninos não gostam de garotas reclamonas.


MAX: Tudo o quê? Será que não deveríamos ir procurá-la? – ele pergunta agoniado.


RANA: Não Max. Vamos ficar aqui e esperar notícias – ela fala com as bochechas coradas.


Max suspira frustrado. Midori teria aceitado tranquilamente ir com ele procurar a irmã. Midori teria saído voando pela porta atrás da morena. “Mas Rana não é Midori. Mi-chan está namorando agora e eu também estou então tenho que parar de pensar nela para não magoar a Rana”. Não que Rana fosse capaz de ler mentes ou algo do tipo, mas o moreno se sentia mal pensando em outra garota estando namorando Rana.


MAX: Mas eu não quero ficar aqui parado enquanto minha irmã pode estar, sei lá, discutindo com o cabelo de gosma – fala frustrado.


RANA: Dê um tempo a ela Max. May precisa de tempo para ficar sozinha.


MAX: Como você sabe? – pergunta frustrado.


RANA: Eu também sou menina, esqueceu? – pergunta tímida.


MAX: Claro que não, só estou preocupado – fala.


A menina sorri docemente estende seus finos bracinhos para ele.


RANA: Vem cá.


Ele vai. Ela sente as bochechas avermelharem-se e abraça o moreno, que deita no colo dela. Rana fica fazendo carinho nos cabelos rebeldes dele e sente Max relaxar um pouco.


MAX: Obrigado – sussurra ao sentir os carinhos dela.


Rana abaixa-se lentamente e encosta seus pequenos lábios nos lábios do namorado. Max é pego de surpresa, mas não se afasta. Quando Rana o faz ela sussurra docilmente.


RANA: Eu vou cuidar de você, Max-kun.


Ele não responde, apenas se repreende por pensar se o gosto dos lábios de Midori era melhor que os de Rana. Repreende-se mais ainda ao ter certeza de que sim, mesmo sem nunca os ter provado.

Whoa, you're a loaded gun, yeah

Uau, você é uma arma carregada

Whoa, there's nowhere to run

Uau, não há para onde fugir

No one can save me

Ninguém pode me salvar

The damage is done

O estrago está feito

YUKINA: Luna você está bem? – pergunta preocupada. A amiga está pálida.


LUNA: Sim… tem certeza d…


YUKINA: Quantas vezes eu terei que dizer que sim? Entenda Lu – ela acaricia os cabelos da amiga – as pessoas fazem loucuras quando amam.


Luna começa a rir.


LUNA: Essa frase é do filme que a gente viu juntas quando éramos menores – fala com os olhos brilhantes pelas lágrimas presas.


YUKINA: Sim. Hércules. Lembra-se de como era divertido? Eu sempre estive com você, amiga e sempre vou estar, mas a May só estraga nossos planos. Você ama o Drew ou o Daisuke – fala ao perceber que a amiga iria contrariá-la – e terá que fazer essa loucura.


Luna morde o lábio inferior, mas assente com a cabeça.


MAY: Onde estou? – pergunta tonta, balançando a cabeça.


YUKINA: Calada – fala friamente.


MAY: Yukina? Luna?


YUKINA: Mandei ficar quieta – ela da um tapa na face de May.


LUNA: Kina…


YUKINA: Não Lu. Vamos acabar logo com isso.


MAY: Mas o que…


Ela recebe outro tapa.


YUKINA: Calada.


Luna olha temerosa para a amiga.


LUNA: Kina…


Yukina a olha.


YUKINA: Espere aqui sua vagabunda. Já voltamos – e sai arrastando Luna, deixando May sozinha naquele local frio e fedorento.


LUNA: Por que está fazendo isso? – pergunta à amiga.


YUKINA: Como assim? – a garota pisca os olhos de forma confusa.


LUNA: Por que você está fazendo isso? Não ganhará nada me ajudando a ficar com o Daisuke ou com o Drew – ela fala para a amiga – e eu nem te pedi para matar a May.


YUKINA: Oras Luna, você é minha amiga. Claro que eu ganharei te fazendo feliz.


LUNA: Mas eu não vou ficar feliz matando a May.


YUKINA: Ficará feliz ao ter Drew ao seu lado.


LUNA: Mas eu não quero o Drew – fala para a amiga.

YUKINA: Quer sim. Só precisa perceber isso.


LUNA: Você nunca se apaixonou Kina. O que eu sinto por Daisuke é muito diferente do que eu sinto por Drew. É mais forte e mais intenso.


YUKINA: Já me apaixonei sim amiga.


LUNA: Nunca me falou nada.


YUKINA: Não me orgulho disso. De ter me apaixonado, quero dizer.


LUNA: Por quem?


YUKINA: Pelo cara errado.


LUNA: Mas…


YUKINA: Ta tudo bem Lu – ela sorri – você vai ficar com o Drew e vai ficar tudo bem.


A morena percebeu que a amiga falava quase com desespero e não disse nada. Yukina estava ficando doente. Muito doente. E matar May não resolveria nada.


LUNA: Sim Kina. Tá tudo bem. Por que você não volta lá pra dentro com a May? Preciso ir ao banheiro.


A garota abriu o maior dos sorrisos e abraçou bem forte a amiga.


YUKINA: Obrigada por estar comigo Lu. Eu sabia que você não me abandonaria.


LUNA: Eu nunca vou te abandonar Kina. Só quero o melhor pra você.


A garota de cabelos lilases e olhos esmeraldinos sorriu e voltou para dentro da fábrica. Ao ver que a amiga não poderia mais escutá-la, Luna pega seu celular e disca rapidamente um número. Depois de alguns toques, ela fala.


LUNA: Daisuke sou eu, a Luna. Preciso que você…

Shot through the heart and you're to blame

Atingido no coração e você é a culpada

You give love a bad name

Querida, você dá ao amor uma má reputação

I play my part and you play your game

Eu fiz meu papel e você fez o seu jogo

You give love a bad name

Você dá ao amor uma má reputação

You give love a bad name

Você dá ao amor uma má reputação

Daisuke ouviu atentamente cada palavra dita por Luna. Aos poucos seu rosto foi empalidecendo e o coração foi batendo mais rapidamente. Encerrou a chamada e começou a correr ao mesmo tempo em que ligava para Max.


MAX: Alô?

DAISUKE: Max, é o seguinte…


O moreno explicou tudo para Max, que repassou a mensagem para Drew. Daisuke respirava rápido enquanto corria, mas não era com May que estava preocupado. Era com Luna. O que aconteceria com a morena quando Yukina descobrisse o que ela havia feito? Luna havia prometido manter May viva até que eles chegassem. Pediu apenas que não demorassem.


“Mais rápido Daisuke. Mais rápido”. Luna poderia estar precisando dele nesse exato momento. Corria o mais rápido que podia. Devia ter desconfiado, Yukina sempre apresentara ter alguma coisa errada consigo. “Ela é louca e se eu não me apressar ela pode matar a May. Ou pior. A Luna”.


Sentia seu peito ser cada vez mais comprimido. Era como se Yukina tivesse acertado com um punhal bem no meio de seu peito. Se Yukina estava fazendo aquilo pelo amor de Luna e Drew, amor que ele sabia não existir por parte do esverdeado, a garota tinha uma péssima definição do sentimento. Aquilo era apenas um jogo para ela e um jogo perigoso, em que ela tinha certeza de que venceria.


Parou de correr e esticou um braço, parando o táxi que passava rapidamente ali por perto. Entrou e deu as coordenadas. O motorista ficou meio desconfiado, afinal, o local era no meio do nada, mas não disse nada, apenas levou o moreno até lá.


A cada segundo que passava Daisuke desejava saber voar. Infelizmente, ele não sabia.

Paint your smile on your lips

Pinte seu sorriso nos seus lábios

Blood red nails on your fingertips

Unhas de vermelho-sangue na ponta dos seus dedos

A school boy's dream, you act so shy

O sonho de um garoto na escola, você se faz de tímida

You're very first kiss was your first kiss goodbye

O seu primeiro beijo foi seu beijo de despedida

“Eu sou um idiota. Um idiota com um enorme galho na cabeça” sempre que se olhava no espelho, era o que via. Havia sido traído. Havia sido abandonado e magoado. E havia sido feito de idiota.


Saiu do quarto irritado. Não aguentava mais aquilo. Ficou olhando algum filme qualquer e idiota com a mãe. Viu a prima sair e não se importou. Não se importava com o que acontecia ou deixava de acontecer com a prima.


Ficou um bom tempo por ali, olhando qualquer coisa na TV. Ignorou as tentativas de conversa da mãe, até que a mesma desistiu e foi preparar alguma coisa para ele comer. Ficou com vontade de atirar o telefone de casa na parede quando o mesmo tocou.


DREW: Alô – fala irritado.


MAX: Drew sou eu – estava pronto para interromper, quando o mais novo continuou – cala a boca e me deixa falar.


Nem teve tempo de dizer “Mas eu nem falei nada” quando Max começou a explicar para ele o que realmente havia acontecido. Ficou branco. Ficou cada vez mais branco. Cada vez mais. Quando o moreno desligou, Drew recolocou o telefone no gancho e ficou olhando para o nada.


MARY: Drew, quem era? – adentra na sala com alguns biscoitinhos – Drew? O que aconteceu? – pergunta preocupada, deixando os biscoitos de lado.


DREW: A May…


MARY: Era a May? – pergunta com os olhinhos brilhando, mas o brilho começa a desaparecer ao ver o filho negar com a cabeça.


DREW: Ela… ela foi sequestrada – sussurra. Sua garganta seca.


MARY: O-o quê? – sua voz falha – mas… por quem?


DREW: Pela Kina. Pela Luna e pela Kina.


A verdade pareceu finalmente despertá-lo e o garoto pulou do sofá.


DREW: ELA FOI SEQUESTRADA PELA LUNA E PELA KINA – grita saindo pela porta como um raio. Sua May fora sequestrada pela sua prima e pela melhor amiga da mesma. Sentiu muita raiva. Não importa o quão irritado estivesse com a morena. Isso não importava. Não a deixaria morrer. De jeito nenhum. Sua May não morreria enquanto ele sobrevivesse. Ligou para Soledad em desespero e a morena ficou tão desesperada quanto ele. Não. Ninguém ficaria tão desesperado quanto ele. Encontrou Max e Rana no caminho.


MAX: Drew – ele fala tão desesperado quanto o esverdeado. Talvez, só talvez, o irmão fosse capaz de ficar tão desesperado quanto ele. Só talvez.


DREW: Onde? – seus olhos apresentavam o mais puro medo.


MAX: No meio do nada – fala. Eles saltam para dentro de um táxi qualquer e imploram para o motorista ir o mais rápido possível, alegando pagar o dobro quando chegarem. A respiração de Drew estava incrivelmente rápida. Estava mais nervoso do que jamais se sentira. Olhou para o ex-cunhado e para a namorada. Max não parecia exatamente feliz com o namoro.


Deixou os problemas do mais novo para ele. Tinha seus próprios problemas para cuidar.

Whoa, you're a loaded gun, yeah

Uau, você é uma arma carregada

Whoa, there's nowhere to run

Uau, não há para onde fugir

No one can save me

Ninguém pode me salvar

The damage is done

O estrago está feito

YUKINA: Finalmente Lu. Pensei que tinha morrido no banheiro – ela sorri.


“Minha amiga tem um sorriso doentio nos lábios. Como não pude perceber que ela estava enlouquecendo? Sinto-me culpada agora”. Luna pensa com um suspiro.


LUNA: Desculpa. Eu demorei pra encontrar o caminho de volta.


YUKINA: Tudo bem Lu. Agora… vamos acabar com essa desgraçada.


LUNA: Espera – pede e olha pra May.


A morena tinha os orbes safira inchados e o rosto vermelho, mas não falava mais nada. O lábio inferior sangrava e ela estava atirada no centro da sala, com Yukina ao seu lado.


YUKINA: Esperar o quê? – pergunta irritada.


LUNA: Por que matá-la agora? Ela nem sofreu nada ainda – fala com um sorriso maldoso nos lábios.


YUKINA: Luna… você não era contra a…


LUNA: Era, mas andei pensando no que você disse e acho que tem razão Kina – ela sorri – ainda não gosto muito da ideia, mas se tem que ser feito, por que não nos divertimos um pouco antes? – “quanto tempo será que eu consigo segurá-la?”.


YUKINA: Oh Lu – a garota pula em cima da morena, abraçando-a bem forte e depositando um beijo na bochecha dela – ainda bem que me entendeu – ela sussurra e Luna a abraça bem forte.


“Ela está perdida. O que eu faço pra ajudá-la? O que eu faço?”

LUNA: Sempre te entendo Kina. Sempre.


YUKINA: E o que vamos fazer com ela Lu?


LUNA: Não sei… podemos – “pensa Luna, pensa” – erm… podemos torturá-la falando sobre o Drew. E como ele está bem sem ela.


Yukina sorri.


YUKINA: Essa é a Luna que eu conheço.


LUNA: Sabia que ele me falou que você nunca o satisfez completamente? – ela sorri maldosa “cheguem logo” – você nunca foi mulher o suficiente pra ele, por isso que ele me procurava quase todos os dias. E noites também – pisca maliciosamente.


Yukina começa a rir ao ver as lágrimas de May escorrendo novamente. “Acredite May, deveria agradecer-me por eu conseguir convencer a Kina a te agredir verbalmente e não de outro jeito”.


YUKINA: Aposto como ela deve estar pensando que o Drew vem salvá-la.


LUNA: Não me faça rir Kina – ela começa a gargalhar maldosamente – o Drew nunca vai descobrir.


YUKINA: Talvez o irmão dela descubra quando perceber que ela demorou demais, por isso não podemos perder muito tempo – o sorriso aumentou e Luna ficou tensa – mas ainda temos um tempinho. Quer saber como foi o primeiro beijo da Luna com o Drew ou prefere saber como foi que eles se agarraram bem de baixo do seu nariz? – pergunta para a morena, que treme e desvia o olhar. Yukina da um tapa em sua face – eu mandei responder.


MAY: Eu…


YUKINA: Não tinha te proibido de falar? – da um tapa na cara dela, novamente. O lábios superior dela começa a sangrar também.


May não diz nada, mas tenta acertar Yukina com a cabeça.


LUNA: Oh, que tolinha – ela começa a rir – merece ser castigada por isso.


YUKINA: Você tentou me atingir. Eu deveria te matar por isso – Luna fica tensa novamente – mas uma morte rápida é algo muito piedoso para uma pessoa como você.


LUNA: No dia em que eu cheguei, o Drew me parou no corredor e me agarrou. Eu disse a ele que você podia ver, mas ele falou que o perigo o excitava. Acabamos na minha cama naquela noite, sabia disso?


Mais lágrimas escorriam dos olhos da morena, que nem tentava mais escapar.


YUKINA: Isso é muito divertido.


“Quando será que isso se tornou divertido pra ela? Por que não chegam nunca? Não demore Daisuke, por favor. Eu preciso de você”.


LUNA: E não foi a única vez sabia? – ela começa a contar as primeiras mentiras que vinham na sua cabeça.

Shot through the heart and you're to blame

Atingido no coração e você é a culpada

You give love a bad name

Querida, você dá ao amor uma má reputação

I play my part and you play your game

Eu fiz meu papel e você fez o seu jogo

You give love a bad name

Você dá ao amor uma má reputação

You give love a bad name

Você dá ao amor uma má reputação

Soledad atendeu ao telefone despreocupadamente. Segundos despois estava desesperada. May fora sequestrada.


MIDORI: O que foi Sol? – Midori aparece usando um colar com um pingente de anjo. Desde que ganhara o objeto não saía mais de seu pescoço.


SOLEDAD: A May – a mais velha fala, uma expressão horrorizada em sua face.


MIDORI: O que tem ela? FALA SOL – a menina balança a irmã, que parecia estar em transe.


SOLEDAD: Ela foi sequestrada – sussurra.


MIDORI: O que estamos fazendo aqui então? Temos que encontrá-la, anda Sol.


A mais velha finalmente parece sair do transe em que se encontrava e olha para a irmã. Ela é quem deveria ter tido essa ideia. Não Dori. Balançou a cabeça.


SOLEDAD: Certo. Ela está no meio do mato, vamos.


As duas saem correndo do CP e começam a procurar um táxi.


?: Algum problema, Sol?


SOLEDAD: Masato – sussurra.


MATSUO: OI DORI-CHAN – o moreno abraça a namorada, mas a mesma se solta rapidamente dele.


MISORI: Não da tempo agora gente. Uma amiga nossa foi sequestrada e temos que ir atrás dela.


MASATO: Ótimo eu estou de carro.


SOLEDAD: Nós vamos de táxi e…


MASATO: Deixe de ser boba, Sol. Eu estou de carro e serei muito mais rápido do que qualquer táxi que você arranje.


Meio a contragosto, a morena concorda com o ex-namorado.


MATSUO: Estamos resolvidos, então – ele sorri para a namorada e para a irmã da mesma – andem logo.


A rosada puxa a irmã para dentro do carro e faz a mesma sentar-se ao seu lado, obrigando Matsuo a sentar na frente ou ao lado da irmã. O moreno senta na frente com Masato.


MASATO: Onde é?


Soledad lhe da as coordenadas e o moreno acelera. Chegam em poucos minutos. Assim que saem do carro, um táxi para ao lado. Correndo, Drew, Max e Rana saem do táxi, pagando o dobro ao motorista, como tinham prometido. O motorista não fica ali nem mais um segundo, sumindo da vista dos amigos nem meio segundo depois de tê-los deixado ali.


DREW: Sol – ele suspira um pouco aliviado.


SOLEDAD: Oh Drew – a morena abraça o esverdeado – será que ela está bem?


MIDORI: Não descobriremos se não entrarmos – não tinha coragem de olhar nos olhos de Max. Mas tudo o que queria era um contato com ele. Qualquer coisa, qualquer palavra…


MAX: A Mi-chan tem razão – ele fala em desespero. Talvez, se a preocupação não fosse tão grande, ele ficaria envergonhado pelo apelido que deu à menina. Só talvez.


Midori corou ao ouvir o apelido que o menino lhe dera e Matsuo fechou a cara. O namorado aqui era ele, afinal de contas. Além disso, da última vez que tentara chamar a rosada assim, ela lhe deu um belo de um sermão. Por que não dizia nada agora?


DREW: Certo – se não estivesse tão preocupado com May, teria percebido o clima estranho e o olhar ameaçador que recebeu de Matsuo. Mas estava preocupado, portanto tudo o que percebia era que estavam demorando demais para tirar May daquele lugar imundo. Estavam prontos para entrar quando um Táxi parou ali derrapando. Daisuke pula do carro com um olhar desesperado e olha para eles. Drew sente o coração espremer-se em seu peito. “O namorado dela ta aqui” pensa amargurado.


DAISUKE: Ela ta bem? – pergunta em desespero.


DREW: Não entramos ainda.


DAISUKE: O que estão esperando? – ele pergunta, e entra, sem se preocupar com o barulho.


Antes que possam prosseguir, porém, Luna aparece no caminho deles.


LUNA: Daisuke – ela corre para o moreno, que a abraça bem forte.


Os demais franzem as sobrancelhas para a cena.


SOLEDAD: Você não é o namorado da May? – pergunta confusa.


DAISUKE: O Drew é mais namorado dela do que eu – murmura para ela, sem soltar Luna – você está bem?


LUNA: Sim – sussurra corada – ainda bem que chegaram. May está bem… ou quase isso.


DREW: O que fizeram com ela? – pergunta irritado.


LUNA: Baixa a bolinha Drew – Daisuke sentiu-se mal ao ver a intimidade entre os dois. Sentia ciúmes e detestava isso mais do que qualquer outra coisa no mundo – ela ta viva, agradeça isso. Não machuquem a Kina, por favor. Ela não sabe o que está fazendo.


DREW: Eu vou machucar quem eu quiser pra ter a minha May de volta e…


LUNA: Se é assim você nem passa por aqui. Pelo menos não sem antes eu soltar um grito e a Kina cortar a garganta da sua namoradinha.


Daisuke puxou Luna um pouco para trás de si, de forma protetora. A morena corou, mas sentiu-se satisfeita.


MAX: Ok, ok – ele fala irritado – sua amiguinha sai ilesa, deixe-nos ver a minha irmã.


A preocupação do moreno era bem maior que a raiva de Drew, que não disse nada. Queria May também. Tanto quanto o moreno. Midori se encolheu um pouco. Ver Max tão angustiado só a fazia ter ainda mais vontade de estar ao lado dele e de abraçá-lo, oferecer seu conforto.


LUNA: Venham comigo.


A morena os leva por um caminho curto e chegam ao enorme galpão com facilidade.


YUKINA: O que era Lu? – a garota pergunta, ao ver a amiga na frente.


LUNA: Desculpa Kina.

Shot through the heart and you're to blame

Atingido no coração e você é a culpada

You give love a bad name

Querida, você dá ao amor uma má reputação

I play my part and you play your game

Eu fiz meu papel e você fez o seu jogo

You give love a bad name

Você dá ao amor uma má reputação

You give love a bad name

Você dá ao amor uma má reputação

A garota não conseguia acreditar nos próprios olhos. “Impossível. Luna jamais faria isso” pensou ao ver todo aquele pessoal aparecer atrás dela.


YUKINA: Como pôde Luna? – pergunta com os olhos vidrados. Ignorou completamente a existência de May. Afastou-se da morena. A traição da amiga é muito mais importante do que uma qualquerzinha que o primo beijou.


LUNA: Isso é loucura Kina! Uma loucura enorme e sem sentido. May não precisa ser morta, eu não quero o Drew.


YUKINA: MAS É CLARO QUE VOCÊ QUER – grita – SEMPRE QUIS!


LUNA: Calma amiga – ela tenta se aproximar devagar, vendo a raiva da amiga.


YUKINA: VOCÊ ME TRAI E DEPOIS ME PEDE CALMA?


LUNA: Não é traição Kina. Isso nunca foi o certo, você sabe. Nunca fui a favor disso e…


YUKINA: VOCÊ ME TRAIU. GOSTA MAIS DAQUELA VADIA DO QUE DE MIM – aponta para May, finalmente lembrando-se da prisioneira. Kina olha com raiva para ela.


DREW: Fique onde está – avisa.


O esverdeado havia se aproximado sem que a prima percebesse, o que deixou Yukina bem mais irritada do que já estava.


YUKINA: DEPOIS DE TUDO O QUE EU FIZ PELO SEU AMOR PELO DREW, VOCÊ FAZ ISSO COMIGO? – acusa Luna, com as lágrimas escorrendo. Como aceitar a traição de uma das pessoas que você mais ama e confia?


LUNA: Nunca te pedi isso Kina. Nunca mesmo.


YUKINA: Não é necessário que se peça uma coisa para a sua melhor amiga. Ela percebe o que você quer e então faz. Sabe que se essa vagabunda continuar viva você nunca terá o amor dele – todos pensam que se refere a Drew, mas Luna entende o que a amiga quer dizer.


LUNA: Então eu nunca terei o amor dele. Não quero carregar um assassinato nas minhas costas Kina.


YUKINA: Mas Lu…


MAX: MAY – grita abraçando a irmã.


Enquanto as duas conversavam, Drew socorrera a morena, que agora encontrava-se segura nos braços do irmão mais novo.


YUKINA: NÃO – grita enfurecida, lançando sua pokebola, de onde um belo Espeon sai – RAIO PSÍQUICO.


O Pokémon não precisa perguntar quem atacar. Sua dona está com tanto ódio da morena que ele sabe que ela é o alvo. Prepara-se quando Drew se joga na frente dela.


MAY/YUKINA: NÃO – ambas gritam, mas May não faz nada. Não tem forças para isso.


Yukina, por outro lado, tem. O Pokémon continua acumulando energia e a lança. Yukina já estava perto do primo. Drew cruza seus braços na frente do corpo, querendo proteger-se, mas o golpe jamais vem. Um grito é escutado enquanto a bela garota de cabelos lilases começa a cair. Por reflexo, Drew a segura.


LUNA: KINA – grita em desespero, correndo até a amiga caída. Espeon é mais rápido que a morena e corre até a dona, em desespero. Sente-se culpado. Como um Pokémon pode matar a própria mestra?


“Ele é tão lindo” a garota pensa, olhando para o homem a sua frente “Depois disso ele vai ficar com a Lu e eu ficarei com eles pra sempre” ela tinha um pequeno sorriso nos lábios. Seus olhos esmeraldinos começam a lacrimejar e uma lágrima escorre por seu rosto alvo.

You give love

Você dá ao amor

May observa em choque a garota nos braços do namorado.


DREW: Kina – chama ela – Kina fala comigo – por mais raiva que sentisse, ela ainda é sua prima. A garota com quem compartilhou tantas coisas boas na infância.


YUKINA: Drew…


Luna chega e abraça a amiga.


LUNA: Não precisa ter medo, Kina – sorri – você vai ficar bem.


YUKINA: Não estou com medo. Aqui é tão bonito Lu – ela sorri – tão lindo. Por que você e o Drew não vêm também? – seus olhos estavam desfocados. Não parecia mais vê-los


DREW: A gente vai te tirar daí Kina. Aguenta.


A garota toca no rosto de Drew.


YUKINA: Não quero – seus olhos vão fechando e tudo começa a perder o pouco foco que pareciam ter – eu amo vocês… eu amo vocês dois… eu te amo Drew – ela sorri para o primo e toca em seus lábios, sua voz fraca – muito mais do que qualquer uma vai amar.


A menina para de respirar após a declaração. Seu braço deixa o rosto do primo e cai, mole, ao lado de seu corpo.


LUNA: KINAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA – lágrimas grossas começam a escorrer por seu rosto alvo e ela começa a balançar a amiga, mas a mesma não respondia. Yukina agora estava em um local bonito. Tão bonito quanto o amado primo.


Drew ainda estava estático diante da declaração da prima. Amá-lo? Como? Ela sempre o quis para Luna. Se o amasse não deveria querê-lo para si? Os gritos da morena ainda ecoavam pelo galpão. Daisuke ajoelhou-se ao lado dela e Luna retirou a melhor amiga dos braços de Drew, acomodando-a junto a si. Chorava mais do que já havia chorado em sua vida. Chorava muito mais do que havia chorado no enterro da mãe.


MAY: Luna…


LUNA: CALA A BOCA – grita, descontrolada – EU DEIXEI QUE ELES TE SALVASSEM – ela olha para todos com raiva – VOCÊS MENTIRAM. PROMETERAM QUE A DEIXARIAM INTACTA.


Soledad estava incrivelmente assustada com tudo aquilo. Não que fosse uma mulher fraca, bem longe disso. Mas a situação a assustava demais. Havia uma pessoa morta ali e a morena sentia-se imensamente culpada, mesmo sem saber o motivo. A preocupação, a culpa, tudo saiu da sua mente quando sentiu os braços fortes e acolhedores de Masato ao seu redor. Tentou se afastar, mas o moreno sussurrou em seu ouvido.


MASATO: Só até você não precisar mais de mim. Sei que está assustada.


“Ele ficará aqui comigo pra sempre” pensou. Sempre precisaria dele, sempre precisou. Permitiu o abraço e se aninhou mais próxima dele. Sentiu-se segura como não se sentia há muito tempo. Uma eternidade.


DAISUKE: Luna, nós…


LUNA: VOCÊ TAMBÉM – ela se afasta de Daisuke – VOCÊ ESTAVA COM ELES! VAI FICAR COM A SUA NAMORADINHA DE MERDA E SOME DAQUI, ANTES QUE EU TE MATE, ASSIM COMO VOCÊ FEZ COM A MINHA AMIGA – as lágrimas escorriam. Os olhos estavam vermelhos e incrivelmente inchados.


DAISUKE: Eu não vim pela May. Nem pensei nela – admite – eu vim por você. Fiquei com medo que te machucassem – ele tenta se aproximar, mas a morena abraça o corpo sem vida da melhor amiga mais forte.


Luna não sabia o que pensar. Seu porto seguro havia morrido. Todos os momentos da sua vida foram ao lado da amiga. Eram irmãs. Desde sempre Kina dormia na casa de Luna e vice-versa. Desde que a morena se lembrava por gente que Yukina estava ao seu lado. Ela tinha apenas 17 anos, como superar a morte de uma pessoa ainda mais importante que sua mãe? Quando sua mãe morreu, ela ficou em desespero, mas Kina fora seu suporte. Suportou as crises de choro e a impediu de suicídio no mínimo duas vezes. Abraçou-a quando precisou e foi mais irmã do que qualquer outra pessoa no mundo inteiro. Mas agora quem iria suportar toda a dor que sentia? Não havia ninguém ali para suportar a dor dela. Sentia-se quebrada. O coração repartido em mil pedaços. E não havia ninguém para juntá-los, pois a profissional em juntar os cacos de seu coração estava morta, em seus braços.


DREW: Luna – murmura – não foi nossa culpa… não…


LUNA: CALEM A BOCA TODOS VOCÊS – ela chora mais, a voz embargada e todo o corpo doendo, devido aos soluços violentos – EU ODEIO VOCÊS. ODEIO TODOS. VOCÊS A MATARAM. MATARAM-NA! – ela pega uma pokebola e lança. Um belo Umbreon sai dela – ELE É IRMÃO DO ESPEON DA KINA! ASSIM COMO EU E A KINA SOMOS IRMÃS! VOCÊS MATARAM A MINHA IRMÃ – o Pokémon sente raiva ao ver o estado da amiga da mestra. Sente o cheiro de morte vindo dela e ataca os presentes ali sem precisar de ordens.


O Pokémon negro lança uma bola das trevas neles, atinge o chão, o que significa que ninguém se machuca muito, mas resolvem não arriscar e saem correndo dali, todos para o carro de Masato. Por maior que o veículo fosse, acabaram espremidos, não que isso importasse no momento.


Luna ainda chorava, agarrada a Yukina, como se isso fosse trazer a amiga de volta.


“Oh Lu, não se preocupe com nada – a menininha de dez anos e olhos verdes sorria – a nossa primeira jornada será incrível!”

Ainda conseguia ouvir o som da voz da amiga quando era criança. Via todas as suas memórias. Não podia morrer no lugar dela? Talvez assim o vazio não fosse tão grande.


Daisuke não disse nada. Apenas aproximou-se na morena e a abraçou. Luna não tentou afastá-lo. Não tinha forças para mais nada. Não tinha forças nem mesmo para gritar. Tinhas forças apenas para chorar. E chorou. Chorou muito nos braços de Daisuke, mas não soltou a amiga por nem um único segundo. Já havia visto filmes em que a pessoa voltava à vida quando lágrimas de amizade ou amor caiam em sua face. A face de Kina estava ensopada, visto a quantidade de lágrimas que Luna deixou cair sobre ela. Mas a morena se decepcionou.


Yukina não voltou a viver. Yukina nunca mais abriria seus olhos esmeraldinos para lhe dar conforto. As lágrimas apenas aumentaram.


Continua…


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Notas finais do capítulo

GOSTARAM da MORTE da Yukina?