Perdi a noção de quanto tempo ficamos abraçados, sem dizer uma palavra. Mas então eu lembrei de uma coisa e me afastei, ficando de frente pra ele:

-Você deveria estar na festa, comemorando. Afinal, é raro a Grifinória ganha uma partida de quadribol. - provoquei, com uma voz um pouco rouca por causa do choro.

Ele abriu um sorriso de lado e se encostou na parede.  Deitei minha cabeça em seu ombro enquanto ele mexia no meu cabelo.

-Raro? Tem certeza? - ele pausou e continuou com uma voz baixa- Mesmo que fosse a coisa mais  rara do mundo, você tá precisando de mim, e isso é muito mais importante. 

-Obrigada.

-Pelo que?

Eu virei e o olhei nos olhos: -Por tudo. Por me apoiar, por me entender, por estar aqui. 

Ele então deu um sorriso tímido. Eu me encostei no seu ombro novamente e ele respondeu:

-Quem tem que te agradecer sou eu. Lembra quando a gente tinha 10 anos e eu fui passar uma semana na sua casa, porque os meus pais tinham viajado? Eu estava com medo e com saudades deles, não queria ficar lá por tanto tempo e você fez com que esse tempo passasse rápido, a gente passava horas brincando juntos e você fazia de tudo pra que eu me sentisse em casa. E lembra quando eu caí da vassoura enquanto estava treinando quadribol, um dia antes do teste? Você foi falar com seu irmão e pediu pra que ele adiasse os testes porque eu iria passar três dias na enfermaria. E você ficou esses três dias comigo, me fazendo companhia, pra que eu não ficasse entediado, e me deu a maior força porque eu estava com medo de subir em uma vassoura de novo. Ah, e lembra daquele natal em que eu não pude voltar pra casa porque estava com muuuito dever de casa pra fazer? Você ficou comigo pra eu não ficar sozinho,e ainda me ajudou nos deveres. Você sempre está comigo, todas as vezes que eu preciso. Porque seria diferente quando você precisa?

-Você é o melhor amigo que alguém poderia ter.

Ficamos em silencio por algum tempo até que ele disse:

-Acho melhor voltarmos, já está tarde, se alguém nos ver ver fora do dormitório a essa hora estamos ferrados.

-Tem razão- eu disse, apesar de não está com a mínima vontade de voltar. Todos estariam lá,inclusive a Lucy. E eu não queria lidar com ela agora. Porque assim que eu voltasse pro quarto, tudo voltaria. Os pensamentos começariam a rondar minha cabeça novamente. A raiva, a mágoa, o ódio. Eu queria ficar aqui, eu queria estar com ele.

Ele se levantou e estendeu a mão para mim. Nos seguimos até o salão comunal abraçados e, por incrível que pareça, a sala estava vazia.

-Acho que ficamos fora por tempo demais- ele disse, brincalhão.

-É, eu também acho.

-Então, boa noite Lilly -ele falou, depositando um beijo em minha testa.

-Boa noite, Hugo.

Ele então foi em direção ao dormitório. Mas eu o chamei:

-Hugo!

-O que foi, Lilly? - ele perguntou,virando-se para mim.

-Eu não quero ficar sozinha. Não quero quero voltar pro quarto e ver a Lucy lá.

Ele me olhou por um tempo.

 -Espere só um segundo.- e dizendo isso, foi em direção ao seu quarto.

Sentei-me em frente a lareira onde as chamas estavam baixas, porém ainda dava para esquentar-se, e fiquei o aguardando. Ele voltou rapidamente.

-Pronto. Pode subir.- ele disse e me ajudou a levantar.

Fomos para quarto dele que estava um pouco bagunçado. Mas, estava vazio. 

-Cadê os meninos?- perguntei um pouco confusa.

-Foram dormir em outro lugar, achei que ficaria um pouco desconfortável com eles aqui. 

-O.k. 

-Bem, se você quiser eu posso dormi na cama do Louis, pra...

- Não, tudo bem. 

Então nos deitamos em sua cama e eu encostei coloquei a cabeça em seu seu peito. Ele passou um braço por baixo da minha cabeça e com o outro começou a mexer no meu cabelo e eu logo adormeci.