Perto Demais Para Te Amar escrita por Jenny


Capítulo 25
Capítulo 25 - Um G - o quê?




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Lydia estava ficando nervosa, ela não achara nada que indicasse a passagem do amigo na escola. Do seu lado, Peter se manteve quieto todo o tempo. Nenhuma outra dupla ligara, talvez estivessem com azar, assim como eles estavam. Ela já andara por toda a escola, salas de aula, laboratórios, refeitório, biblioteca. O último lugar que faltava era o campo de lacrosse. Desde aquele dia, ela não voltara para aquele lugar. Só de imaginar em pisar lá novamente, ela ficava nervosa. Suas mãos tremiam, seu corpo rejeitava aquela decisão. Mas, mesmo assim, fechou os olhos e caminhou até lá.

– Você consegue Lydia Martin – ela sussurrava.

Assim que pôs os pés no campo, ela não era mais a mesma. Aquela criatura, que vira naquele dia, era a única coisa que ela conseguia pensar. Seus dentes afiados e suas garras cortando a garganta do Andrew, como se ele fosse um pedaço de carne jogado no meio do campo. Lydia estava enlouquecendo, cada parte do seu corpo queria desistir de tudo e simplesmente relaxar. Mas era impossível. Ela era a única que sabia o que acontecera com Andrew, mas todos iam a achar louca se ela contasse o que vira.

– Eu não – falou Peter, bem distante da garota – Eu não ia ter achar louca.

Lydia congelou. Como o lobisomem sabia o que ela estava pensando naquele exato momento?

– Sério? – ela virou em direção ao lobisomem e o encarou – Você acha normal eu encontrar meu amigo morrendo?

– Sim, ainda mais se você realmente for uma Banshee – ele agora estava cara-a-cara com a garota, ele até podia ver a veia que explodia na testa dela – O que mais me intriga, é como?

Não era só ele que estava intrigado. Lydia vinha tentando responder aquela pergunta desde aquele dia.

– Se eu lhe contar tudo, você tem que me prometer segredo – ela sussurrou.

– Eu prometo – Peter a respondeu.

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Não demorou muito para que o orfanato lotasse de policiais, todos tentando ajudar Parrish a sobreviver – qualquer segundo faria diferença. Fiquei o tempo todo paralisada ao seu lado, segurando sua mão e a cabeça pousada no seu ombro. Doía muito o deixar sozinho, naquela situação. Depois que telefonei para o Sheriff, entrei em contado com meu irmão. Ele disse que não ia demorar a nos encontrar, mas até agora não houve nenhum sinal dele. As únicas coisas que eu podia escutar era o desespero na voz do Sheriff ao comunicar a central que o estado do Parrish era delicado e o barulho dos passos dos policiais se aproximando de onde nós estávamos.

– Garota – um deles disse ao se aproximar de mim – Você precisa sair daqui. Nós precisamos fazer o nosso trabalho.

Eu estava em choque, mas mesmo assim obedeci ao policial e larguei a mão do Parrish. Ele ainda estava vivo, eu consegui ouvir sua respiração quase parando. Distanciei-me do corpo, entretanto consegui ouvir o que o policial sussurrava na orelha dele.

– Conserve os olhos fixos num ideal sublime, e lute sempre pelo que deseja, pois só os fracos desistem e só quem luta é digno de vida.

Desci as escadas com aquelas palavras na cabeça. Eu podia jurar que já as ouvira em algum lugar, mas minha memória estava falhando. Eu precisava me concentrar naquelas palavras para tentar achar algum significado, mas com tudo que estava acontecendo, eu simplesmente não conseguia. Os policiais corriam de um lado para o outro, enquanto eu paralisei mais uma vez. Lá estava eu, perdida mais uma vez entre as palavras.

– Jenny! – alguém gritou meu nome. Só de ouvir aquela voz chamando pelo meu nome, eu me sentia melhor – Você está viva!

Meu irmão me puxou para perto e me abraçou. Ele estava preocupado, suas mãos tremiam enquanto subiam e desciam pelas minhas costas. Eu estava no lugar que eu precisava estar: nos braços do meu irmão. Ali era meu porto seguro, o lugar que nada de ruim poderia acontecer comigo. Tentei controlar o choro para não preocupar o Scott, mas eu não conseguia segurar as lágrimas que escorriam rapidamente pelas minhas bochechas. Quando levantei meu rosto, vi Stiles conversando com seu pai. Vê-lo ali vivo também me deixava feliz.

– Scott – eu sussurrei – Aquele não era mais o Andrew. Alguma coisa aconteceu naquele dia que o fez virar o monstro que eu vi mais tarde. Seu olhar... Era pura maldade.

– Vai dar tudo certo – meu irmão me abraçou mais forte – Eu vou achar um jeito de acabar com isso. Você sabe que eu sempre encontro uma saída para os nossos problemas.

– É a Lydia! Ela é a única que pode nos ajudar para acabar com os nossos problemas.

Percebi que meu irmão não esperava que a solução dos nossos problemas estivesse bem debaixo dos nossos narizes.

– Volta para casa – ele disse me soltando – Tenta descansar um pouco, enquanto eu vou procurar a Lydia. Stiles e o Sheriff podem te acompanhar até lá, onde a vovó vai estar te esperando.

– Dora... – eu disse.

Claro, por que eu não pensei nela? Aquela frase do policial. A vovó disse aquilo antes de eu sair para me encontrar com o Parrish. A rainha das palavras usou mais uma vez sua arma, e ninguém percebera. O que ela quis dizer, eu ainda não sabia dizer, mas de uma coisa eu tinha certeza, eu e minha vovozinha teríamos uma longa conversa.

– Scott, tome cuidado – eu disse antes de me dirigir até os rapazes.

– Ei, você está falando com um lobisomem. Eu sei me cuidar! – ele disse sorrindo para mim.

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Sheriff insistiu para que eu fosse com ele e com o Stiles embora. Naquele momento, ficar as pessoas que eu mais gosto nesse mundo, era tudo que eu queria. Sempre vi o Sheriff como um pai, sempre do meu lado quando eu mais precisava e fazendo de tudo para resolver meus problemas. Depois que minha mãe faleceu, esse sentimento só aumentou. Eu e meu irmão começamos a frequentar mais sua casa, principalmente depois que eu assumi meu relacionamento com seu filho. Agora que minha relação com o Stiles está meio abalada, eu espero que nada mude em relação ao seu pai. Ele é como o Batman para mim, quando eu precisava, ali estava ele, me salvando.

– Jenny – ele disse olhando para a estrada – Você deve ter passado por um momento complicado.

Ele não fazia ideia. Provavelmente, eu teria pesadelos com Andrew por uns bons anos.

Stiles estava sentado ao lado do seu pai, enquanto eu estava sentada no banco de trás. Nós ainda não tínhamos conversado desde a discussão no sítio. Mesmo assim, eu podia perceber seus olhos sobre mim desde que ele me vira no orfanato. Eu queria contar tudo para ele, mas eu estava com medo. Antes de tudo ter acontecido, eu tinha certeza quem seria a primeira pessoa pra quem eu me abriria, mas agora, eu estava perdida. Uma parte de mim queria voltar no tempo e salvar meu relacionamento; outra parte queria desistir de tudo e começar uma nova história. Eu sabia que para decidir, eu teria que deixar de escutar meu coração, e escolher o que era melhor para minha naquele momento. E infelizmente, não era o lado bonitinho que era o melhor. Para que eu fosse feliz, eu teria que desistir da pessoa que, por um bom tempo, era a razão da minha felicidade.

– Chegamos – disse o Sheriff todo animado – Você tem certeza que não prefere que a gente desça com você? Não custa nada.

– Tenho sim Sheriff – eu disse já abrindo a porta do carro – É muita gentileza suas, mas acho que todos nós merecemos descansar um pouco.

– Eu te levo até a porta – Stiles disse.

No começo, eu achei uma péssima ideia. Entretanto, ali estava o momento que eu tanto esperei, poder conversar com ele, sozinhos. Nós caminhamos em silêncio até minha porta. Quando pensei que ele fosse se virar e me deixar ali, ele se aproximou, e delicadamente, me abraçou.

– Stiles, meu amor, não quero te fazer sofrer, não quero te fazer mal – eu sussurrei no seu ouvido. Ele me abraçou mais forte, como se já soubesse que caminho nossa conversa estava tomando – Mas eu estou mudando e preciso seguir sozinha... Eu não estou te abandonando e nem fugindo. Eu só estou crescendo, é uma força que vem de dentro... É mais forte do que eu. Eu te amei com todas as minhas forças e eu ainda te amo...

– Você não precisa dizer mais nada – ele me interrompeu – Eu já entendi o que você quis dizer. Só quero que você saiba que eu te amei como eu nunca amei outra.

Nossos corpos se separaram e eu vi meu amor se afastar de mim. Seu olhar era triste, assim como o meu. Eu esperava que nós pudéssemos continuar amigos, mas parecia algo difícil de acontecer. A cada passo que ele dava, eu sentia como estivesse perdendo o rumo. Não demorou muito para que eu ficasse sozinha, jogada na porta da minha casa.

– Eu acho que eu te amarei para sempre Stiles – eu disse para mim mesma.

– Jennifer McCall, tome cuidado com as palavras.

Eu escutei alguém me dizendo, e só tinha uma pessoa no mundo que me chamava de Jennifer, minha querida avó. Quando me virei na direção da voz, encontrei minha avó sentada no banco da varanda da nossa casa. Ela vira toda a aquela cena e não dissera nada. Uma sensação de ódio subiu por mim. Eu precisava me conter se não eu poderia atacar minha avó a qualquer minuto. O que ela queria dizer com tomar cuidado com as palavras, se ela que era conhecida por ter problemas com o que fala?

– Eu tomar cuidado? – eu disse, nervosa – Acho que a senhora está se esquecendo do seu passado. Ou você não se lembra das coisas que você já dissera?

– Claro que eu me lembro – Dora disse, sempre séria – São essas coisas que me trouxeram até aqui. Eu não te avisei que só quem luta é digno de viver?

– Lá vem você com essa maldita frase – eu estava a ponto de explodir – Tem como você, e aquele idiota do policial, pararem de ficá-la repetindo e simplesmente me explicá-la.

– Não está óbvio? Quem não for capaz de lutar não sobreviverá aos ataques que aquela lista proporcionará.

– Como você sabe da lista? – eu disse me aproximando da minha avó. Meus olhos deduravam meu medo ao ouvir aquilo.

– Como eu não saberia se eu mesma vi você a escrevendo.

Eu? Eu escrevera a lista? Como eu não me lembrava disso? Estava na hora de eu procurar ajuda. Urgentemente.

–--------//---------

– Tudo começara quando eu saí do meu ser, e simplesmente andei até o campo de lacrosse e ali encontrei Andrew sendo atacado por alguma criatura. Uma criatura tão sombria, que só de lembrar, meu coração congela. Seu corpo estava coberto de sangue e seus olhos eram vermelhos. Ele tinha muitos dentes. Muitos dentes! Sua garra estava gravada no pescoço do menino, e eu não podia fazer mais nada. Sabe por quê? Porque ele estava morto. Morto! Eu não estou inventado, é verdade. Ele não respirava mais, era só o corpo dele ali no campo. E sabe o que é pior? A criatura tomou conta dele, assumiu todos seus sentimentos e suas memórias. Andrew está morto!

Lydia gritava. Ela finalmente estava pondo para fora aquilo, que por dias, a deixara louca. Com todo o lance de Banshee acontecendo, ela podia dizer com toda a certeza que Andrew estava morto. Mas quem acreditaria nela? Afinal, ele parecia tudo, menos morto. Talvez Peter fosse acreditar nela, afinal, ele escutara tudo e não a interrompera nenhuma vez.

– Um Ghoul – ele disse – Uma das mais belas criaturas que existem. Sempre quis conhecer uma.

– Um G – o quê? – Lydia agora prestava atenção no lobisomem. Talvez todos seus problemas começassem a se resolverem.

– Ghoul. Você é surda, menina? Muitos o chamam de demônio, ou até mesmo morto-vivo. Isso explica sua dúvida se ele está vivo ou morto. Mas, eu vou ser sincero com você, Andrew está morto. Seu corpo foi possuído por Ghoul, que nem sempre é uma criatura maligna. Se nós soubermos como lidar com ele, ele será um grande aliado nosso. Já posso imaginar quão poderoso eu vou me tornar ao tê-lo ao meu lado.

– Você? – Lydia o encarou – Nem por cima do meu cadáver, você vai ficar responsável pelo Andrew. Nós vamos o encontrar e o ensinar a controlar seus poderes, se é que eu posso falar sobre poderes.

– Se você deseja assim.

– Sim. Agora vamos, nós temos que falar com o grupo.

Peter encarou a garota enquanto andavam até o carro. Ele ficou imaginando o quão inocente ela era. A última vez que ele quase se tornou o mais poderosos de todos os lobisomens, ele foi parado por aquele grupinho de adolescentes que pensavam que sabiam o que era poder. Agora, ele tinha em mãos uma criatura fantástica, e ele não ia perder, mais uma vez, a chance de ser tornar o lobisomem mais poderoso do mundo.


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