Novo ano, nova vida. Ok, quem eu estou tentando enganar? Nada mudara, tirando o fato de Peter estar bem longe de nossas vidas. Junto com Scott e Stiles, eu enfrentei a mais difícil e complicada aventura da minha vida: salvar Beacon Hills. Agora só me resta aproveitar os últimos segundos de férias.

Trim-trim-trim. Tocou o despertador. Sentei-me na cama, ereta e sonolenta. Do meu lado, Stiles ainda permanecia num sono profundo.

– Vamos lá, só mais um ano. Trezentos e sessenta e cinco dias de sacrifícios – eu disse suspirando.

Apalpei embaixo do meu travesseiro. Cerrada em minha mão, estava a última carta que minha mãe escrevera para mim. Era mais um bilhete me mandando comprar leite – coisa que eu não fiz – mas mesmo assim, aquele pequeno pedaço de papel já estivera nas mãos da minha mãe.

Eu me vesti o mais depressa que pude. Tentei acordar o Stiles, mas só depois da sexta tentativa, ele acordou e se sentou ao meu lado todo ansioso com a volta as aulas.

Primeiro dia de aula. Por que eu era a única não empolgada com isso? Minhas notas ainda eram as melhores da sala. Os professores não paravam de mandar mensagens pelas redes sociais para que me tornasse a oradora da turma – obrigada, mas eu prefiro ficar na minha. Sem falar que eu ia rever meus amigos. Stiles, Scott, Allison e eu passamos, praticamente, as férias juntos. Mas, fazia muito tempo que eu não via o Danny, que passou quarenta dias num cruzeiro com seu boy. A última vez que eu tive notícias dele foi uma mensagem me informando do troféu que o casal ganhara num concurso de dança.

Tudo parecia perfeito. Entretanto, como de costume, eu não tinha ideia de como estava errada.

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Meu irmão nos esperava na cozinha com uma linda mesa montada. Tinha waffles cobertos de mel e torradas com geleia de amora para café da manha.

– Trezentos e sessenta e cinco dias – vibrou meu irmão – Preparados?

– Com certeza – disse Stiles já devorando seu segundo waffles – Nunca estive tão preparado antes. Cara, melhor café da minha vida.

Realmente os waffles estavam deliciosos, mas acho que eu não estava os devorando como de costume. E claro, meu irmão percebeu isso.

– Vai da tudo certo, eu prometo. Aqueles dias acabaram.

– Depois da aula, nós podemos ir ao cinema – Stiles disse me cutucando – Eu vi que está passando um filme em que um cara é assassinado pela própria mãe. O que você acha?

Cara, como aquilo parecia tentador. Fazia um ano que eu não ia num cinema. Sempre aparecia uma noticia de algum assassinato causado pelo Peter ou pela Jennifer – que Deus a tenha. Mas algo naquela ideia me incomodava.

– Acho que prefiro ficar em casa. Nós poderíamos fazer alguma coisa aqui mesmo – eu sugeri.

– O que você quiser Jenny – Stiles disse. Depois que nós assumimos nosso relacionamento, essa frase se tornou repetitiva nos nossos diálogos – Eu vou arrumar o jipe. Estou esperando vocês.

Assim que ele se retirou, Scott se aproximou de mim.

– Eu sei que você não gosta de falar sobre isso – ele sussurrou. Eu já conseguia sentir para onde essa conversa estava se caminhando – mas você sabe de alguma coisa sobre o parentesco do Derek?

Eu realmente não gostava de conversar sobre o Derek. Infelizmente, o destino me escolheu para manter uma ligação com o lobisomem. Só que, nesses últimos meses, essa ligação não estava funcionando como meu irmão desejava.

– Não sei de nada – eu respondi – Desde a última conversa que eu tive com ele, parei de enxergá-lo. Já tentei chamá-lo, mas não obtive resposta. Acho que ele fez algum tipo de macumba para sumir da minha vida. Talvez o Peter conseguiu acabar com a ligação.

– Acho que se precisarmos dele, ele volta.

Pelo tom que meu irmão disse isso, eu percebi que ele também acreditava que algo poderia voltar a acontecer.

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Meu dia começou normal. Ou tão normal quanto pode ser na Beacon Hills High School. A primeira aula do dia foi inglês. Tem como imaginar o que aconteceu, levando em conta que nosso professor é um ex-atual-alcoólatra. Ele mandou nós lermos durante as férias Moby Dick, onde Ahab, uma personagem que é comparada com o diabo, anuncia quem tem um único e verdadeiro ódio: a baleia Moby Dick. Então, para nosso retorno as aulas, meu professor teve a maravilhosa ideia de formar duplas, onde um seria Ahab e o outro seria a Moby Dick, que deveriam interpretar a última luta entre essas personagens. E, mais uma vez, o destino decidiu brincar comigo, pois minha parceira era ninguém menos que a Lydia.

– Eu exijo que matem a Moby Dick – gritou Lydia.

Claro, eu era a Moby Dick.

Nossa apresentação não foi a melhor da turma por vários motivos, mas creio que o principal foi ter tido eu como atriz. Eu consegui errar todos meus movimentos após discursos e discursos da minha colega. Teria sido pior se eu tivesse alguma fala.

– Eu deveria te matar de verdade – foi o que eu escutei da Lydia quando a aula terminou.

Minha relação com a Lydia nunca foi boa. Lembro-me da primeira coisa que ela falou para mim. ‘Querida, nem um milagre te salva’. Essas palavras me assombraram por todo meu ensino fundamental. Depois disso, toda vez que ela tinha a oportunidade de me provocar, pode ter certeza, que ela me provocava. Acho que numa escala de 1 a 10, meu ódio por essa garota é 10000000000. Droga, eu acho que extrapolei a nota máxima.

Eu poderia ficar séculos contando tudo que eu passei nas mãos daquela garota, mas para minha sorte, do lado de fora da sala, Stiles me esperava com um lindo buquê de uma única rosa branca – minha flor favorita – e seu lindo e sincero sorriso.

– Oi, eu estava com saudades – disse ele roubando um beijo meu.

– Não mais que eu – eu retribuí o beijo.

Do nosso lado, vários alunos corriam para uma mesma direção: o ginásio. E para que vários adolescentes sedentários corressem daquele jeito, alguma coisa tinha acontecido.

– Por que vocês não arrumam um quarto? – disse um velho amigo nosso.

– Danny! – eu me joguei nos braços dele – Que saudade! Você está tão gato.

– Não que isso seja novidade... Porque não é – ele continuou – Acho que foi o sol que eu peguei nas férias.

– Até eu te pegaria Danny – brincou Stiles.

– Ok, ok. Mais tarde a gente conversa. Agora é sério, vocês não vem? A diretora convocou todos os alunos para uma reunião no ginásio.

Ai estava a explicação para toda a correria. Mas seria só isso?

– Você tem ideia sobre o que é essa reunião? – perguntou Stiles – Eu realmente espero que seja sobre os problemas da escola: “ai, precisamos reformar a cantina” ou “não temos dinheiro para a formatura dos meus queridos/problemáticos alunos”. Isso sim é um problema.

– Eu não faço a mínima ideia, mas, julgando pelo tom que ela disse, é sério cara. Concordo que nossa formatura é assunto sério, mas acho que mais do que isso. E eu não vou ficar do possível primeiro barraco do ano.

Um sinal soou pelos corredores da escola. Eu não tinha percebido que só restáramos nós fora da reunião. Stiles me olhou procurando respostas. Tentei lhe dizer que ia dar tudo certo, mas eu não acreditava nisso.

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O Sol estava finalmente dando as caras naquele dia nublado que amanhecera. Ficamos sentados nos últimos degraus da arquibancada, junto com o Scott e a Alisson. Stiles ainda estava bastante preocupado, mas prometeu me proteger até o último segundo.

– Ei, alguém viu a Lydia? – perguntou a Allison.

– Estranho ela perder a chance de ser o centro das atenções – comentou Danny.

– Vai vê ela está se pegando com algum novato – eu sugeri.

Todos gritavam que queriam ir embora, aproveitar o dia, até que da mesa principal, veio uma voz autoritária.

– Silêncio!

Era a diretora da nossa escola, cujo nome eu sempre me esqueço. Ela usava a camisa de sempre, listrada de azul e branco, uma calça de cintura alta - que realçava seus quilos ganhos nas férias de fim de ano – e um sapato dois números menores que o correto.

– Alunos, eu peço-lhes que se comportem – ela voltou a falar quando todos do ginásio ficaram em silêncio – Acabamos de ser informados sobre um assassinato dentro do nosso campo de lacrosse.

– Ai meu Deus – gritou uma garota.

– Vocês precisam manter a calma – a diretora continuou – Ainda não sabemos quem... Bom, quem perdeu a vida, mas o pai do Stiles está cuidando de tudo. Infelizmente, temos outro problema. Um dos nossos alunos está desaparecido. Andrew Baker não apareceu para a primeira aula.

Eu não conseguia acreditar. Andrew normalmente era aquele tipo de menino que ninguém o notava. Eu sempre percebi que ninguém conversava com ele, inclusive eu. Eu não podia conversar com o “estranho” da escola. Sim, eu era uma idiota. Ele sempre ficava na dele, ou lendo algum livro sobre criaturas sobrenaturais, ou treinando para conseguir entrar no time de lacrosse. Só de imaginar que ele podia estar morto, eu... Eu não consigo nem pensar em como eu estava me sentindo naquele momento. E não era só eu. Todos na escola estavam mexidos com a notícia.

– Vocês acham que isso tem alguma coisa a ver com o Peter? – disse Allison.

– Quem é Peter? – Danny argumentou.

– Não... – eu disse – Acho que vamos enfrentar algo bem pior do que o Peter.