– Quem é você?

– Scott, não posso te explicar agora. Algo está para acontecer...

Aquilo, seja lá o que for, começou a se afastar lentamente de Scott. Suas garras iam crescendo, pelos nasciam em volta de seu rosto, presas começavam a aparecer e seus olhos ardiam de ódio. Scott sabia que aquilo não podia ser uma coisa boa.

– Quem é você? – repetiu Scott.

– Cuidado – nesse momento, aves voaram desesperadas pelas cabeças de ambos – Acredite em mim, Scott, isso não é nada...

Estávamos voltando para casa no velho jipe do Stiles. Minha mãe já deveria estar de volta, o que era uma boa coisa, afinal precisava contar a ela sobre Scott. Sei que ele não ia ficar muito feliz comigo, mas ela é minha mãe.

– Stiles, se você pudesse ter alguma coisa, o que você teria?

Essa sempre foi a minha pergunta favorita. Adorava saber o desejo mais profundo de uma pessoa. Talvez eu até pudesse ajudar a realizar tal desejo.

– Ah, sei lá. Talvez uma mansão com vários carros, um para cada dia do mês.

– Isso não foi verdadeiro...

– Ok... – demorou certo tempo para que ele me respondesse – Amor.

– Amor?

– Sim.

Stiles havia perdido sua mãe quando era criança. Seu pai, Sheriff Stilinski, o protege muito. Sr. Stilinski é o Xerife da cidade, o que faz com ele e Stiles passem poucas horas juntas, mas sempre um apioando o outro.

– Stiles, eu te amo.

– Eu sei disso Jenny. Mas não foi esse amor que eu quis dizer. Eu queria sentir aquele amor que poucos conseguem sentir. Algo verdadeiro, que motiva a pessoa a ser melhor. O amor que faz com que...

–... Você seja você mesmo.

O silêncio dominou o ambiente por certo momento. Só conseguia escutar o coração dele batendo acelerado, como se ele ainda estivesse pensando no amor.

– O que seu pai está fazendo na minha casa? – perguntei para Stiles enquanto aproximávamos da minha casa.

– Não estou gostando disso.

Antes que pudéssemos falar qualquer coisa, minha mãe agarrou meu braço.

– Jenny, por favor, você sabe onde diabos se meteu Scott? – minha mãe gritava no meio das lágrimas.

– Espera um momento, Scott sumiu? Primeiro ele quase morre, agora ele desaparece. – Stiles falou.

– Mãe, calma. A gente vai achar ele. Sheriff, o senhor tem alguma pista?

– Tudo que eu sei é que ele saiu mais cedo da escola e não foi trabalhar hoje.

Minha mãe e o Sheriff partiram em busca de Scott. Eles pediram que eu e o Stiles ficássemos em casa para que nada de ruim aconteça com a gente.

Já estava anoitecendo e nenhuma noticia deles. Stiles devorava as páginas de seu livro em busca de alguma explicação para tal evento. Eu não conseguia me mover. Era como se uma parte de mim tivesse sido arrancada.

Stiles se levantou e correu até meu quarto, voltando com meu casaco. Não entendi o que ele estava tentando fazer.

– Sério? Você vai ficar aqui parada, como se nada estivesse acontecendo? Seu irmão pode estar morto nesse momento, e a gente continua aqui. A gente tem que ir atrás dele.

Não pensamos duas vezes, e já estávamos no jipe dele, dirigindo o mais rápido possível. Faróis iluminavam a pequena estrada que cortava a cidade. O vento batia em meu rosto fazendo com que meu cabelo voasse. Stiles segurava o volante com tanta raiva que poderia arrancá-lo, seus olhos fitavam as luzes da cidade como se fossem vagalumes nos indicando o caminho. A noite estava linda, se não fosse pelo simples fato de meu irmão estar desaparecido.

Rodamos quase a cidade inteira quando avistamos duas meninas andando de mãos dadas, cantarolando músicas aleatórias. Elas pareciam felizes, como se nada pudesse estragar aquele momento.

Em meio a árvores, avistei algo que chamou minha atenção. Parecia um animal. Poderia ser um lobo, mas não existiam lobos em Beacon Hills. Stiles percebeu que eu observava algo, e começou a prestar atenção também. Sem duvidas aquilo não era um lobo. De repente, o animal nos percebeu e ergueu sua face. Era diferente de qualquer coisa que já tivesse visto. Era meio humano, como se isso fosse possível.

– Stiles, o que é aquilo?

Nesse momento Stiles acelerou seu velho carro e a imagem daqueles olhos amarelos se afastava da gente.

– Acho que eu deveria te levar de volta pra casa Jen.

Ao entrar em casa, avistei minha mãe chorando. Sabia que ela não tinha boas noticias, mas também não queria saber naquele momento, porque qualquer que fosse ainda não estava preparada. Sentei ao lado dela e a abracei. Lágrimas começaram a escorrer sobre meu rosto e quando percebi, o choro já tomava conta de mim.

Ficamos assim por um bom tempo, até que finalmente convenci minha mãe a ir dormi um pouco. Prometi ficar acordada esperando qualquer noticia do Scott.

Caminhei até a janela, era lua cheia. Era o começo de tudo.

Seu corpo queimava, era uma dor insuportável. Seus gritos demonstravam a agonia que seu ser estava sentindo. Seu olfato e sua visão estavam além do que um ser humano possui. Garras começavam a aparecer. Scott estava se transformando.

– O que está acontecendo comigo? – gritava tentando entender o porque de tanta dor.

Quando avistou pela primeira vez a lua, Scott sentiu uma vontade incontrolável de sangue. Precisava matar alguém. Foi nesse momento que a criatura o agarrou. Ela era forte, seus músculos estavam retraídos, suas garras eram maiores do que as de Scott. E num uivo profundo, Scott se jogou no chão.

– Scott, você precisa se controlar. A transformação é a pior parte...

Scott o fitou.

–... Você é agora um de nós. Um lobisomem.