http://www.youtube.com/watch?v=QTtFC0DryCM&feature=player_detailpage (ouçam)

Eu ainda estava lá sentada naquela terra úmida e fria, deixando mais lágrimas saírem de meus olhos perturbados. 

A morte se fora...E eu estava sozinha outra vez, esperando algo aparecer para me envolver em conforto e calor...Uma luz, uma pequena chama de uma vela, pode muitas vezes afastar a grande escuridão que nos cerca tentando sugar como um monstro sem alma qualquer felicidade que existe dentro de nosso coração. Tanto vivos, como também os que já partiram...

Eu me levantei e comecei a caminhar por aquele vale tenebroso...Tudo era escuro, cinza e a chuva castigava as pobres almas infelizes...

E ao longo havia uma pequena garotinha, vestida de negro, a pele pálida de tão branca, e os cabelos negros caindo em cascatas enroladas negras sobre as costas da garotinha.

Ela estava sentada em uma pedra enquanto era molhada pelas gotas sem dó da chuva...

Me aproximei meio receosa, não via mais ninguém naquela área e uma pequena garotinha lá estava solitária e parecia triste:

-Oi...-eu digo.

Ela se vira e levo um susto, seus olhos....Eram tão azuis, de uma cor tão forte e intensa.

Ela me olhou e vi uma lágrima descendo em seu rosto de boneca de porcelana:

-Olá...-ela diz com a voz meiga mais ao mesmo tempo amedrontada e assustadora:

-Eu sou Luna!-eu digo me aproximando:

-Lilly...-ela diz enquanto me aproximo da pedra onde ela está:-O que faz nestas terras longínquas e desgraçadas?

-Não sei...Eu não sei como vim parar aqui.-eu digo:

-Está sofrendo...-ela diz:-Está triste e com raiva, eu posso sentir quando você está perto de mim. Você não sabe que lugar é este não é?!

-Não...-eu digo:

-Aqui é onde as almas perdidas e com assuntos inacabados vem quando seu tempo para se libertar se acaba...-fala Lilly:

-Você tem assuntos inacabados?-pergunto:

-Eu tinha...Mas agora eu vivo assombrada por não conseguir me libertar...-ela diz:

-Só tem você aqui?-pergunto olhando em volta:

-Não, tem muitos outros!Que ainda possuem a esperança de reencontrar a luz...-ela diz:-Mas eu sou realista e sei que nunca mais sairei daqui. Sou condenada a passar o resto da eternidade a vagar por estas terras mortas e frias....E quando você é um fantasma, você vive agora para sempre...

Aquilo havia mexido comigo! Será que o meu tempo se esgotara? Não se isso acontecesse Brener estaria aqui também...

Eu vejo que entre as suas mãos estava repletas de folhas tão verdes quanto os meus olhos.

E depois ela fecha as mãos prendendo as folhas, e quando as abre novamente ninfas lindas e verdes saem de sua mão voando. Fico encantada com o que esta misteriosa garotinha consegue fazer:

-Lilly, o que houve com você?-pergunto:

-Os olhos eram tão frios...Sua alma tão escura...Sua feição tão inerte e maligna!-ela diz:-E sem piedade, apenas vendo seus olhos verdes sem aura se aproximando com uma faca negra...Eu tentava gritar por socorro, mas ninguém veio me ajudar...E quando eu consegui escapar de suas mãos, eu olhei para mim mesma caída no chão encharcada de um líquido vermelho, que só depois reconheci ser sangue...O meu sangue! A faca cravada em meu pescoço, e meus olhos abertos admirando o nada sem vida contida, enquanto eu era puxada por uma força desconhecida para....O além....

Me arrepio com sua história, mas ainda não consigo tocá-la, talvez por temê-la ainda...Ela parecia um tipo de menininha louca, mas eu ainda sentia...Dó dela:

-Em seguida, eu não sabia o que fazer para descobrir quem fizera isso, e comecei a sentir raiva, tristeza, ódio de todos que me amavam...E esse foi o meu maior erro, o que escureceu meu coração de tal maneira, capaz de sugar todo o tempo que me restara....-ela dizia:-Não cometa o mesmo erro, você tem que deixá-los ser feliz, mesmo que custe a sua infelicidade...Seu coração pode bater aqui, mas ele não bate mais lá...

Ela fala apontando para o nosso mundo, o mundo dos vivos...A apenas alguns passos!

Eu a olho e vejo lágrimas descendo de seus olhos belos e depressivos:

-O que mais me arrependo foi de a minha última conversa com minha mamãe...Ser uma briga!-ela diz derramando lágrimas brilhantes e cristalinas pelo rosto e boneca tão delicada.

Eu a olho também aos prantos, e em seguida ela se levanta em cima da rocha e e sorri...Um sorriso triste a amargurado, mas ainda sim um pequeno e frágil sorriso:

-Você ainda pode encontrar a chama da luz protetora...-ela sussurra:

-Mas dói...-eu digo:

-Suporte! Se não quiser conviver com esta dor pelo resto de sua existência aqui...-ela diz.

E todos os corvos voam ao seu redor, me impedindo de vê-la. Gritavam histericamente, voando ao seu redor.

E em seguida vem em minha direção e me empurram penhasco a baixo...

Eu não grito, não choro, não riu, simplesmente me deixo caindo com a lembrança dos olhos indecifráveis e misteriosos de Lilly para mim....