Do Outro Lado Da Vida escrita por L M


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, leitoras lindas!!



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http://www.youtube.com/watch?v=MrZB9nPMvS4 (ouçam)

Eu estava em um mundo negro, sentada em uma grama escura e gelada...O vento impiedoso trazendo gotas de água flutuando até mim...

Eu chorava. Parecia que uma fenda se abrira em meu coração, e eu estava sozinha.

Queria tanto que Brener estivesse aqui, mas eu não sei...Estou sentindo raiva, ódio, tristeza, rancor, toda a paz que eu um dia estivera sumiu quando vi os lábios de Steven e Emily se unindo formando um só...

Eu estava abraçada em meus joelhos tremendo de frio, e chorava como se todas as minhas lágrimas um dia acumuladas, finalmente fossem postas para fora de minha alma.

Quem nunca sentiu isso?!Vivos ou mortos, a dor é a mesma!

Qualquer garota que um dia já amou em segredo, senti no fundo de seu ser quando ver o amado nos braços de outra...Você chora, seu mundo desaba, seu coração se fere, você fica em saber o que fazer...

Imaginem um mundo escuro, sem amor, ou alegria ou paz...Apenas com a chuva depressiva e flácida caindo sobre si enquanto molha seu corpo já exausto de tanto chorar, seus olhos inchados e sua vontade de gritar de ser salva....Mas você se ilude porque ninguém pode te salvar, nem o melhor consolo pode contra esta dor...

Esse mundo que vocês tem em suas mentes, quando sofreram ou sofrem por amor, é o mundo em que estou...

Os corvos gritam, as corujas me encaram, os morcegos cortam o céu negro, iluminado pela Lua agora azul...Dá tamanha tristeza que a mesma também sente neste universo...

O consolo de minha mãe em seu colo quente, as palavras engraçadas de papai xingando os garotos dizendo que eles não prestam, meus avós mais vividos contando casos me fazendo reerguer, mas aqui...Eu estou sozinha! Eu nunca mais irei poder me consolar com eles, e nem mostrar-lhes o quando sofro longe. A morte me separou de todos que eu amava...

Esta criatura encapuzada de vestes negras, olhos cinzas mortos, e cabelos até os pés negros vive agora em mim...A morte! Ela me abraçou em seus braços frios e me levou com ela, sem nem me deixar me despedi, sem me deixar escolher....

Então eu a vejo...A mesma se aproximando de mim. Tão fria que congela as árvores e tudo ao seu redor, mas ela ao mesmo tempo que pode ser tão fria pode ter em si, um pouco de esperteza.

Ela me olha...Seus olhos sobre mim me dão medo, aquela que o homem tanto teme estava em pé olhando para mim. Apenas de seu rosto eu via seus olhos mortos de um cinza tão intenso, suas mãos longas segurando seu cajado, os cabelos até os pés, e o manto negro que lhe cobre por inteira.

Ela para em minha frente, sinto frio...O mesmo que eu senti quando estava morrendo com aquela faca em meu estômago daquele assassino desgraçado....Agora eu sentia raiva de tudo e de todos:

–Por que vós choras?-ela perguntou em um sussurro gélido:

–Eu choro porque sofro...-eu digo a ela:

–Sofres por quê?-ela pergunta:-Eu vos levei daquele mundo cruel...

–Esse é o motivo, me levou...-eu digo:

–Vossa hora havia chegado, eu precisava abraçá-la e levá-la!-ela diz:

–Então por quê eu ainda sofro?!Óh morte...Tu é o ser que o homem mais teme neste mundo, preciso que me respondas...O que devo fazer para esta dor que me corrói sair?-eu disse a ela me levantando:

–Eu não tenho a resposta para o que vós procuras...Pois não sinto esta dor que lhe consome. Sou um ser temido pelo homem, porque o levo junto a mim, no frio de meus braços.-ela diz:-Não sou capaz de amar, perdoar, sorrir, ou vos dar algum consolo...Fui criada da noite congelante, da tortura dos torturantes, das flores espinhosas que ferem sem dó...Fui criada para tirar a aura de vida de um outro ser!E causar sofrimento por onde deixo meus rastros...

–Então me responda!-eu grito:-Quem é mais forte do que você?!Quem pode retirar o ódio que estou sentindo do mundo?!

–O único que me vencerá...Deus!-ela diz:

–Eu ainda não posso encontrá-lo...-eu digo em prantos:-QUE ÓDIO, MEU DEUS!

Eu grito me ajoelhando, e batendo minhas mãos na terra úmida e fria tentando procurar restaurar um pouco de meu ser novamente.

Sinto um frio intenso percorrer todo o meu corpo, quando a morte se abaixa e me toca a face com sua mão tão fria como a de um cadáver:

–Criança que se fora, por meus braços descansar, repousastes em mim e me pediu para lhe levar. O sofrer dos mortais está em temer a mim, mas a alegria dos imortais está em continuar assim...-ela diz me acariciando:

–Eu queria ele morto...Sem nenhum sangue em suas veias, gelado. Morto da forma mais tortuosa que existe no mundo!-eu digo tremendo e mais lágrimas saindo de meus olhos:-Leve-o!Como ele fez você me levar!

Ela se afastou e sua mão que antes repousava em meu rosto, agora jazia entre minhas mãos trêmulas. Me guiando mas além daquele mundo.

Ela ia flutuando, com seu manto negro balançando ao vento que sufocava, e eu lhe dando as mãos caminhava por aquela terra tortuosa.

Ela parou em frente a um jardim repleto de rosas com cores escuras. Vermelhas, azuis, roxas, laranjas, cinzas, rosas...

Era lindo aquela mistura de cores, mesmo sendo escuras, misturadas com o negro e virtuoso lugar do crepúsculo...

Eu sorri ao ver as lindas rosas, tão vivas e magníficas...

Mas a morte tocou o meu ombro direito, e eu estremeci ao toque, ela apontou para um outro jardim...Porém este era sem vida, com as rosas negras, murchas e mortas reinando sobre o lugar.

Me aproximei e vi o quão triste era esta parte, algumas rosas se encontravam sem as pétalas, pois as mesmas haviam virado pó:

–O que é isso?Que...Que lugar é este?-eu pergunto:

–Vos veis o quão belo é o outro jardim?-a morte pergunta em seu sussurro monstruoso:

–Sim...-respondo:

–E agora vestes o quão morto é este outro?-ela pergunto:

–Sim...-eu respondo insegura:-O que quer dizer?

–Quer dizer o lados dos mortais...E o dos imortais!-ela mostra e sinto meu coração disparando após estas palavras:

–Os vivos e os mortos?!-pergunto:

–Correto...-ela fala passando por mim e ao longo do enorme jardim morto, ela me mostra uma pequena rosa com ainda pigmentos de sua antiga coloração, como se ela ainda estivesse lutando para viver:-Sois vós...!

–Como?-pergunto me aproximando:

–Vê que estas morta, mas não aceita estar neste lado...Isso a tortura, mais que um veneno lento matando um ser inocente.-ela diz:

–O que quer dizer?!-pergunto nervosa:

–Ainda está ligada ao outro jardim, e sofre o que não precisa sofrer pois seu tempo lá esgotou-se!-ela diz:-Quando a pequena flor aceitar, a paz reinará em seu centro!

Eu me inclino abaixando perto da flor, que sou eu no jardim inacabado da morte.

Percebo que as pétalas estão sujas de sangue, que ainda não secou...Isso quer dizer que ainda não encontrei o que preciso para estar em paz, e esta raiva e angústia que sinto...A minha pequena flor sangra, um sangue morto e doentio...

Ao longe da neblina oculta, eu vejo a rainha das almas perdidas vagar incansavelmente a procura de mais almas para retirar de corpos frios e trazê-las a paz...

A morte não é a inimiga, culpá-la não é o certo e nem fará aqueles que amamos retornarem...A morte com seu manto negro, cajado de madeira de lápides de túmulos e com seus olhos tempestuosamente cinzas e sem vida, é a nossa última amiga...

Ela, é quem deixa aqueles que sofrem descansarem em seus braços gélidos e canta inaudível para as crianças que não querem dormir....


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Notas finais do capítulo

Comentem!! :)