Locked Out Of Heaven. escrita por Larissa S


Capítulo 3
Seize The Day.


Notas iniciais do capítulo

Sei que as poucas pessoas que leem isso aqui devem querer me matar pela demora, mas gente estou muito envolvida com essa história, e ela não é uma das mais fáceis de escrever, sabe? Se vocês tiverem paciência, prometo fazer de tudo pra que valha a pena.
Boa leitura (:



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“Seize the day or die regretting the time you lost”

Se não tivesse sido despertado por um movimento brusco vindo de Isabella, o Cullen provavelmente teria permanecido naquela mesma posição durante toda a noite.

Enquanto lutava contra sua mente sonolenta e sentia conhecidos olhos castanhos escortinando cada um de seus movimentos com uma curiosidade quase palpável, o homem deu-se conta de que tinha passado tanto tempo preocupado em encontrar uma maneira de acalmar Isabella e provar a ela que nem todos tinham-na abandonado, que acabara por se esquecer de considerar o que diria para explicar sua presença ali depois de tudo o que eles tinham enfrentado apenas algumas horas atrás. E tudo isso sem falar no fato de que acabara por adormecer com uma das mãos envolvendo as dela, algo que ainda tentava explicar até a si mesmo.

– O que diabos você está fazendo no meu quarto no meio da madrugada, Edward? – o tom de voz era imperativo, e, se ele não fosse tão observador certamente não teria notado a pequena dose de nervosismo que a Swan lutava tão ferozmente para mascarar. – resolveu me perturbar até aqui? Sinceramente, eu pensei que fosse me dar uma folga depois das fotos...

Ah, ela se lembrava. Por um momento, o jovem tinha tido a esperança de que o surto pudesse ter borrado as memórias daquela tarde, mas a sorte aparentemente não estava ao lado dele naquela ocasião. Quase nunca estava, tinha de admitir.

– Eu... pensei que era melhor me manter por perto caso as coisas se agitassem. – a voz soava completamente vacilante, e ele limpou a garganta antes de continuar – queria ter certeza de que você ficaria bem depois de.... tudo. Olha Bella, sei que já deve estar farta de ouvir isso, mas eu sinto muito, ok? Te surpreender com aquelas fotos foi uma das idéias mais estúpidas que já tive na vida, e eu sei que isso não me torna menos culpado, mas quero que saiba que só estava tentando fazê-la reagir. Fingir que a dor não existe pode funcionar por um tempo, mas isso só vai piorar as coisas, acredite em mim. De qualquer forma, quero pedir que me perdoe. Ainda quero ajudá-la a superar o que quer que tenha acontecido na noite em que sua mãe se foi, mas nós só voltaremos a falar no assunto quando e se você quiser, prometo.– disse tudo num fôlego só, e quando acabou sentia-se como se um peso enorme tivesse sido retirado de suas costas.

O homem jamais seria capaz de precisar a quantidade de tempo que se passou entre o momento em que a última palavra daquele pequeno discurso escapou por seus lábios e o em que a garota finalmente fez menção de responder, mas, mesmo se vivesse cem anos, ainda assim se lembraria com extrema clareza da forma fixa como ela o olhara, quase como se mal pudesse crer no que ouvira ou pior, como se estivesse amedrontada com a possibilidade de que se piscasse, ele fosse desaparecer instantaneamente. Quando falou, a voz da garota soava quase tão vulnerável quanto estivera durante o surto:

– Se realmente quer se desculpar, pode começar me deixando em paz. Acha que eu nunca pensei em quanto estou sendo covarde, ou que mais cedo ou mais tarde as coisas vão realmente sair do controle? Faço isso todo santo dia, doutor Cullen, e as vezes chego até a agradecer ao Charlie por ter me mandado pra cá: pode parecer estranho pra você, mas me conforta saber que quando finalmente enlouquecer, já vou estar longe dele e de qualquer outra pessoa que poderia se importar.

A intensidade com que ela proferiu aquelas palavras o atingiu de forma tão certeira que, quando se deu conta, o rapaz já tinha se sentado ao lado dela na cama, suas mãos envolvendo os braços frágeis com força suficiente para obrigá-la a continuar encarando-o enquanto ele voltava a falar:

– Pare com isso, Isabella! Pare de dizer que vai enlouquecer, porque isso não acontecerá! Eu... nós não vamos permitir que as coisas cheguem tão longe. Ouça, você certamente ainda está traumatizada com tudo o que houve nos últimos meses, e isso é perfeitamente compreensível, mas só porque as coisas estão complicadas agora, não significa que não possa superar. Você é muito mais mais forte do que pensa, garota. Por favor, me deixe ajudá-la. Por favor.

– Você não poderia me ajudar, nem mesmo se tentasse, Edward. Sei que acredita piamente que se eu falar sobre a minha mãe ao invés de bloquear cada uma das lembranças dela porque não consigo suportar a dor, isso vai me ajudar a superar o que houve, mas NÃO É VERDADE. Nada pode mudar o fato de que a única pessoa que me amou a minha vida toda está morta, e nem todas as sessões de terapia nesse mundo me farão esquecer o fato de que eu a vi partir e não havia nada que pudesse fazer a respeito. Nada que você ou qualquer outro médico digam vai me fazer parar de desejar que eu tivesse morrido no lugar dela, então desista. Eu não estou traumatizada, só escolhi lidar com a culpa que carrego da única forma que consigo. – quando as lágrimas vieram, a garota nem se deu ao trabalho de tentar conte-las, e apesar do que tinha dito anteriormente também não voltou a pedir que ele se retirasse.

Enquanto permaneciam ali, separados por poucos centímetros e toneladas de culpa não verbalizada, Edward teve de admitir pra si mesmo que se havia alguém mais solitário e perdido que ele, esse alguém era Isabella Swan, e que tinha sido perda de tempo tentar estabelecer uma relação profissional com ela: não era de um médico que Bella precisava, e sim de um amigo, alguém em quem pudesse confiar.... assim como ele.

[....]

Depois de todo aquele falatório, a última coisa que Isabella queria era voltar a por os olhos no maldito doutor Cullen. Por algum tempo, a garota até mesmo pensou que a sinceridade de suas palavras tivessem finalmente o convencido a se afastar, mas essa ilusão se desfez rapidamente. Naquele mesmo dia, enquanto observava os outros pacientes interagindo no jardim da clínica, ela foi surpreendida pela voz cadenciada e profunda:

– O que eu preciso dizer pra convencê-la a sair comigo, senhorita? – o tom era o mais leve que ela já tinha ouvido desde que o conhecera, e quando se virou para encará-lo, percebeu que o homem parecia estar lutando pra conter um sorriso.

– Bom, considerando que estou presa em uma clínica psiquiátrica e que você é uma das pessoas mais inconvenientes e irritantes que tive o desprazer de conhecer, a verdade é que não há muito que possa dizer, doutor Cullen. - Bella detestaria ter de admitir, mas estava usando a ironia como uma arma pra esconder o quanto aquela proposta soara tentadora aos seus ouvidos... aquela altura, a garota daria quase qualquer coisa por um tempo fora daquele lugar.

– Quer dizer que voltamos ao “Doutor Cullen”, não é? Pensei que já tivéssemos superado essa fase, querida. Não... por favor não me diga que estava só me usando durante nosso tórrido encontro noite passada – a pequena torrente de palavras sem sentido foi interrompida pela gargalhada dele, e Bella se surpreendeu ao dar-se conta de que, pela primeira vez em meses, conseguira acompanhá-lo e sorrir. Não um sorriso forçado, coberto de ironia ou sarcasmo como os que reservara a todos os médicos que tivera de encarar, não. Aquele era um sorriso genuíno, e ao menos por alguns poucos segundos, foi como se ela tivesse sido capaz de esquecer todo o sofrimento que vinha carregando sob a pele... Acabou cedo demais.

– Mais uma gracinha dessas e eu juro por Deus que saio correndo e digo ao primeiro psiquiatra que encontrar que você me atacou, entendeu? E, eu pensei que tivéssemos concordado com uma trégua temporária então o que é que vocie está fazendo aqui?

– Vim te buscar, sua rabugenta. Eu falei com Landon depois que conversamos e consegui convencê-lo a te deixar sair de vez em quando.... Até mesmo ele sabe que essa internação é um despropósito sem tamanho. Vamos lá, eu não vou incomodá-la, prometo. Pode não parecer, mas sou ótimo em manter as garotas ocupadas.

– Passar o dia com Edward Cullen? Proposta tentadora, mas eu ainda considero mais seguro ficar aqui e conversar com o Peter... ele é um cara legal, quando toma os remédios – a cara de choque do maior foi algo memorável, e ela estava aproveitando o momento até que um sorriso quase predatório cobriu os lábios do homem: antes mesmo que pudesse pensar a respeito, a garota já tinha se colocado em pé e começado a correr pra longe dele, outro de seus raros sorrisos no rosto.

Eles rodaram pela cidade por cerca de uma hora e meia antes que Edward decidisse pra onde a levaria. Ao que tudo indicava, ele não pensava muito além do momento, o que na verdade nem era um problema: era bom poder observar a movimentação incessante ser distraída por coisas banais e não ter medo de permitir que os pensamentos vagassem livremente, só pra variar.

Acabaram indo parar num dos refúgios mais conhecidos para os moradores: mesmo depois de anos vivendo ali, Isabella ainda não tinha se acostumado ao fato de um lugar como aquele existir no meio de um dos maiores centros urbanos mundiais, e parte dela sentia que talvez jamais fosse se habituar. Aquele lugar era como uma bolha de pacificidade no meio do caos, algo que escondia uma beleza que as palavras jamais poderiam expressar realmente. Enquanto se deixava relaxar sob a sombra de uma árvore e tinha apenas metade da atenção voltada para as reclamações de Edward sobre a tensão das provas finais na faculdade, e o fato de que não queria ter de trabalhar no mesmo local que o pai, seus olhos foram atraídos para o começo da espécie de trilha que se espalhava ao seu lado, e o coração perdeu algumas batidas ao reconhecer a massa de cabelos castanhos que se aproximava rapidamente deles:

William.

Ela devia ter desconfiado, afinal. Ter um dia comum e tranqüilo não era uma possibilidade, e a presença do jovem ali, justo aquela hora era prova disso: não importa o que as pessoas digam sobre o passado, não se pode simplesmente enterrá-lo e seguir em frente, ele sempre volta pra assombrar.

– Hey Bella, o que houve? – a preocupação do Cullen era quase palpável, e ele aproximou- se rapidamente, mantendo os olhos atentos sobre os dela.

– Está tudo bem, Edward – a garota balbuciou, o coração batendo mais rápido conforme as passadas cadenciadas de Will o levavam para cada vez mais perto dela... só mais alguns metros e ele a reconheceria, ela tinha certeza.

– Ah, que bom. Por um momento, sua expressão me deu a impressão de que tinha acabado de ver um fantasma. – quando ele começou a se afastar, Isabella surpreendeu a ambos tocando-lhe o rosto, e antes que pudesse entender o que diabos estava havendo, ela juntou os lábios aos seus de maneira suave.

Num momento ela o encarava com o semblante amedrontado, e no seguinte eles estavam se beijando. Simples assim.

Acabou tão inesperadamente que mais tarde, o homem até chegaria a considerar se aquilo não teria sido apenas um delírio. Sem poder conter a curiosidade, ele teve de questionar:

– O que foi isso, Isabella?

– Você e o Landon vivem dizendo que preciso recomeçar a minha vida, aproveitá-la. Acho que estou começando a concordar, Edward.


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Notas finais do capítulo

Demorou, mas as coisas finalmente vão começar a se agitar, por aqui. Vejo vocês no próximo capítulo e por favor, se você leu até aqui, me conte o que achou nos comentários, ok?



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