Locked Out Of Heaven. escrita por Larissa S


Capítulo 2
Let It Go.


Notas iniciais do capítulo

Demorei tanto pra aparecer aqui que nem sei se alguém ainda espera atualização. Se estiverem aqui, aproveitem, ok? (e só terminei esse capítulo hoje porque precisava me ocupar pra não pensar que TIYL acabou, viu Amanda?)



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I'm breaking free from these memories

Gotta let it go, just let it go

I've said goodbye set it all on fire

Gotta let me go, just let me go.“

Se qualquer um de seus colegas de classe pudesse vê-lo naquele momento, Edward tinha certeza de que eles confirmariam suas suspeitas: aquilo era arriscado demais, e se as coisas saíssem do controle, era melhor que o jovem desse adeus á sua carreira antes mesmo de ela começar. Deus, seu pai provavelmente o mataria se sonhasse com o que ele estava prestes a fazer...

Ainda assim, o homem sabia que agora era tarde demais pra voltar atrás.

O rosto abatido e inexpressivo de Isabella começara a assombrá-lo a cada vez que fechava os olhos, e ele não parecia ser capaz de ignorar a voz irritante de seu subconsciente que vivia repetindo que, mais cedo ou mais tarde, as frágeis barreiras que a garota construíra em volta de si mesma para se isolar da dor acabariam por ceder, e, quando isso ocorresse, talvez já fosse tarde demais para salvá-la.

Esse sim era um risco que ele não estava disposto a correr. Não de novo.

Dessa vez, o Cullen não ficaria parado assistindo enquanto alguém com quem se importava cada vez mais escapava-lhe por entre os dedos: Bella era uma garota forte, tinha toda a vida pela frente.... depois que aprendesse a conviver com a perda, ela seria feliz. E, se aquela idéia maluca não minasse completamente a possibilidade de que eles um dia se tornassem amigos, talvez ele pudesse estar ao lado dela quando aquele inferno terminasse.

Um pequeno sorriso formou-se em seus lábios quando o homem pensou no quanto Emmett o atormentaria se soubesse o quanto seus sentimentos tinham se tornado confusos nos últimos meses: a verdade é que até mesmo o Cullen vinha evitando considerar os possíveis motivos para se sentir cada vez mais ligado á uma adolescente que nem mesmo parecia suportá-lo. Era como sua mãe costumava dizer: se tem medo das respostas que pode encontrar, é melhor não se atrever a fazer perguntas.

O som de passos aproximando-se rapidamente arrancou-o de suas reflexões, e o peso da culpa recaiu sobre seus ombros quando ele finalmente ousou olhar as paredes ao seu redor: cada uma daquelas fotografias representava um momento marcante na vida de Isabella, e se aquelas lembranças não fossem capazes de tirá-la do falso torpor em que a garota parecia cada vez mais imersa, talvez nada nem ninguém conseguisse.

O leve ranger da fechadura fez seu coração acelerar dentro do peito, e o barulho conhecido de vidro se partindo fez com que Edward entrasse em estado de alerta. O que diabos tinha feito, afinal?

O Cullen demorou alguns segundos até finalmente ter coragem de encarar a figura franzina que parecia ter sido petrificada no limiar da porta, e quando finalmente fez, sentiu-se terrivelmente culpado. Mesmo que fosse duro admitir, a verdade é que aos poucos ele começara a pensar na postura distante e aparentemente fria que Bella adotava a cada um de seus encontros como um sinal de estabilidade: certo, aquilo também podia querer dizer que o homem tinha errado feio na escolha da profissão, já que era incapaz de fazê-la confiar nele o bastante para começar a falar de seus problemas, mas não custava nada ser um pouco otimista, não é?

Ao inferno com o maldito otimismo. Naquele momento, Isabella não era nada mais que uma garota assustada tentando lidar com uma torrente de emoções fortes demais para serem mantidas sob controle por mais um segundo, e ele não conseguia pensar em nenhuma palavra que tinha ouvido nas aulas dos últimos cinco anos. Se pudesse, Edward teria se socado até sangrar. Passara a vida toda procurando maneiras de se distanciar da sombra de arrogância profissional e brilhantismo que o pai projetava, e no fim, acabara tornando-se um homem ainda pior que ele; Carlisle ao menos tinha do que se gabar, no fim das contas. Tinha sido muita pretensão de sua parte imaginar que faria algum progresso num caso complicado como aquele, mesmo depois que alguns dos melhores profissionais da área já haviam falhado...

Quando finalmente criou coragem pra se afastar da escrivaninha que vinha ocupando nas últimas semanas, tudo o que o homem pretendia fazer era envolvê-la nos braços prometer que as coisas ficariam bem, e passar os próximos dias tentando encontrar uma forma de fazê-la perdoá-lo: Teria funcionado, se seus pés não tivessem se chocado contra a pequena confusão de cacos de vidro que a cercava.

O barulho aparentemente inofensivo tomou proporções assustadoras diante do silêncio quase sepulcral que antes os cercava, e quando Isabella o empurrou pra longe, assumindo uma força que ele não imaginava que possuísse e começou a circular pela sala, rasgando cada uma das fotografias de família sem nem ao menos deixar que seus olhos as encarassem tempo suficiente pra reconhecê-las e se lembrar dos momentos ali registrados enquanto balbuciava palavras ininteligíveis, o homem foi relegado ao papel de mero espectador, ao menos até o fatídico momento em que ela começou a chorar.

[...]

A forma como suas mãos tremiam era apenas mais um dos “sintomas” que a pequena Swan tinha aprendido a reconhecer antes que as coisas saíssem de vez do controle, mas nem mesmo esse detalhe foi capaz de pará-la. Nada menos que a morte teria tal poder, não num momento como aquele. Enquanto seus pés pareciam se mover em piloto automático ao redor do aposento, Bella fazia seu melhor para manter as lembranças afastadas: não podia se deixar abater, não ali. Não pensaria nela, ou acabaria mesmo enlouquecendo.

Ainda não estava preparada pra lidar com a falta da mãe, talvez nunca estivesse, e não conhecia outra maneira de enfrentar aquilo além da mais covarde de todas: fingir que não acontecera.

“Não olhe pras fotos, Isabella. Você não precisa ver o rosto dela de novo. Não precisa” repetia aquelas palavras sem parar, amassando pequenos pedaços de papel entre os dedos com uma força quase inumana enquanto imaginava estar em qualquer outro lugar, menos aquela sala.

A adrenalina começou a abandonar seu corpo no mesmo instante em que seus pés alcançaram a última prateleira no recinto. Antes que pudesse se refrear, seus dedos capturaram mais uma das fotos que Edward trouxera até ali, e olhar pra si mesma aos seis anos de idade, o rosto completamente lambuzado de sorvete e ostentando um sorriso brincalhão enquanto pendurava-se no colo da única pessoa que realmente a amara na vida foi demais.

Depois que a primeira lágrima caiu, foi simplesmente impossível evitar que todas as outras viessem, e, enquanto sentia os joelhos cederem sob o peso do próprio corpo, Isabella sentiu-se sendo tragada de volta aquela fatídica noite.

O som particularmente estridente de um trovão fez com que a garota voltasse a consciência e quando tentou abrir os olhos, descobriu que até mesmo aquele mínimo movimento fazia seu corpo doer. Tentou respirar normalmente enquanto seus sentidos voltavam a vida de maneira lenta, e quando a cacofonia de vozes e movimento que a cercavam finalmente a atingiu, começou a arrepender-se de ter acordado. Sua mente estava um tanto quanto confusa, e um pequeno incômodo na base da coluna parecia instigá-la a se mexer, mas Isabella estava cansada demais pra isso, então resolveu ignorar a voz grossa que parecia implorar-lhe pra manter a calma e tentou voltar a dormir. Nos poucos segundos em que lutou pra manter os olhos abertos, pareceu-lhe estranho que o mundo estivesse de cabeça pra baixo.

O rosto exausto de seu pai foi a primeira coisa que Isabella notou quando voltou a abrir os olhos. A segunda, que ela estava em um hospital, e a terceira que havia algo tremendamente errado: aquela era a única explicação para o fato de Charlie Swan estar parado a sua a frente, sem nem ao menos parecer dar-se conta de que estava chorando

– O que houve? – balbuciou, antes de engolir em seco e ter vontade de gritar com a dor que aquele gesto causara. Era como se sua garganta estivesse repleta de cacos de vidro.

– Sua mãe. Ela.... está morta, Isabella – Charlie murmurou, de forma quase mecânica. – Nós a perdemos. Eu a perdi.

[...]

Edward nem ao menos conseguia se lembrar da última vez em que se sentira tão apavorado: enquanto lutava pra trazer Isabella de volta de qualquer que fosse o delírio em que a mente da garota a prendera, também era obrigado a lutar contra seus próprios fantasmas, e a sensação crescente de impotência já começara a rastejar sob sua pele quando outros médicos invadiram a sala.

Landon não demorou muito até entender o que estava ocorrendo, e já tinha mandado os enfermeiros prepararem uma dose de sedativo quando a voz do Cullen o interrompeu:

– NINGUÉM TOCA NELA! Não ousem se aproximar, ou o pais inteiro saberá o que os melhores psicólogos e psiquiatras conhecidos fazem quando não conseguem lidar com um paciente – ameaçou.

Aquelas palavras foram o suficiente para amedrontá-los. Se o idiota do Cullen queria arranjar problemas com uma garota desequilibrada, bom que fosse em frente, pensavam.

– Sou eu, Isabella. Edward. Pode me ouvir? O que quer que esteja vendo, é só uma lembrança... Não pode machucá-la. Volte Bella... – o homem tentava manter o tom de voz calmo, mas isso se tornava mais difícil a cada grito desesperado que escapava pela garganta da menina.

Vários minutos se passaram sem que nada mudasse, até que de repente, Bella parou de lutar contra os braços que a envolviam de maneira protetora. Simples e inexplicado, como um interruptor sendo desativado.

– Ela se foi. Eu a perdi... estou sozinha agora – estas foram as únicas palavras que Isabella pronunciou antes de voltar ao estado quase catatônico conhecido, o que foi bom, já que Edward não tinha certeza se havia algo que pudesse dizer naquele momento. Por isso carregou-a o mais silenciosamente possível até o quarto que ocupava ali, e depois de acomodá-la na cama, sentou-se ao seu lado e esperou.

Quando acordasse, Isabella perceberia que estava errada, afinal Edward não ia a lugar algum. Eles tinham um ao outro.


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Notas finais do capítulo

Alguém mais tá com vontade de chorar? (Eu sofri muito pra escrever esse capítulo, mds.) Me digam o que estão achando, sim? Prometo não demorar pra postar, se vocês quiserem saber mais.

PS: Ouçam a música linda que dá nome ao capítulo gente! Cês vão adorar! http://www.youtube.com/watch?v=5VwbMZaMEeA