Nova Iorque, março de 2013 (quinze anos depois)

            Pov.: Angelina

            - Bom dia Annie. – disse esfregando os olhos quando vi minha irmã já trocada. Eu e Annimarie (Annie) somos irmãs gêmeas mas, eu sou loira e ela é morena,  meu cabelo é longo e tem cachinhos nas pontas e os de Annie são lisos. Podem nos diferenciar pelo estilo do cabelo, a cor, e a cor dos olhos, os meus são cinzas e os dela verde-mar.

            Olhei para o lado e nossa melhor amiga Annabella (ou simplesmente Bella) ainda estava dormindo.

            - Está pensando o mesmo que eu Gina? – Annie me perguntou me olhando marotamente (esqueci de mencionar que eu gosto que me chamem de Gina).

            - Claro Annie. – devolvi o sorriso maroto – Vou pegar o balde. – disse e fui para o banheiro e enchi o balde e voltei para o quarto uns dois minutos depois que sai.

            -Pode ser no três... – ela perguntou quando eu voltei

            - Claro que sim! – exclamei – Mas vamos logo, antes que percamos o ônibus.

            - Tudo bem, no três.

            - Um... – comecei.

            - Dois... – ela continuou.

            - Três! – gritamos e jogamos o balde com tudo em cima da cabeça de Bella.

            - AH! – ela acordou gritando. Quando nos olhou, seus olhos cor de mel nos encararam ameaçadoramente – ANGELINA E ANNIMARIE RUSSEL! – nosso sobrenome não é “Russel” esse é o sobrenome da diretora do orfanato, porém como não sabemos quem são nossos pais nós (eu, Annie e Bella) adotamos o sobrenome dela – NUNCA MAIS ME ACORDEM ASSIM! Entenderam? – assentimos, apesar de estarmos rolando de rir.

            - Vá se trocar. Está na hora da escola. – eu a empurrei para dentro do banheiro.

            - Por que vocês querem tanto ir a escola? – ela perguntou de cara amarrada – Temos TDAH, dislexia, e todos nos odeiam só por existirmos!

Depois de um tempo discutindo, rindo, nos trocando e rindo mais um pouco, eu, minha irmã e Bella já estávamos prontas e esperando o ônibus chegar.

-Bom dia meninas. – Sra. Russel veio nos cumprimentar – Como vão na escola? – ela sempre fazia essa mesma pergunta, acho que ela espera que um dia nós nos daremos bem naquele bando de riquinhos mimados (ganhamos um bolsa para estudarmos lá, esse é outro motivo para ficarmos sozinhas nos tempos livres).

- Vamos bem mãe. – respondeu Annie. Nós chamamos a Sra. Russel de mãe desde de sempre e ela adora, pois nunca teve chance de ter filhos – Temos que ir, o ônibus chegou! – ela disse se levantando.

- Se comportem filhas!- ela disse acenando, nos viramos e acenamos também.

            Chegamos na escola, no ônibus foi a mesma coisa todo dia – atiravam bolinhas de papel, nos chamavam de nomes ofensivos “Orfãzinhas”, “Sem teto”, “Estranhas”, enfim o de sempre, nada de mais.

            Estávamos no pátio antes de bater o sinal para a primeira aula, mas não nos importávamos, primeiro horário livre, quando Milena e sua gangue de patricinhas, riquinhas e mimadinhas chegaram:

            - Vocês não deviam estar debaixo da ponte? Porque é o lugar que pessoas como vocês ficam! – ela disse com aquela vizinha que me irrita “Conte até dez, Gina. Conte até dez” repetia para mim mesma.

            - Fica quieta Milena! – Bella a repreendeu, ela e as outras riram.

            - Não me dê ordens, orfanzinha, porque que seus pais te deixaram no orfanato? Será que você era feia assim desde que nasceu e eles não queriam ver você? – isso com certeza tinha ido mal. Eu me levantei, ninguém, nunca, jamais vai falar mal da minha amiga/irmã.

            - Repete. – disse friamente.

            - Vocês não tem pais. Eles te abandonaram naquele orfanato e ninguém quis vocês, vocês não passam de pobres coitadas. – ela falou pior.

            - Pelo menos, nossos pais nos deixaram em um orfanato, não em uma mansão imensa cheia de gente que é PAGA para nos aturar. Temos amigos lá, ajudamos a cuidar das crianças, fazemos algo útil. E você loira oxigenada? O que faz para seus empregados? – ela estava ficando vermelha (de raiva, o que era hilário) – Ah! Já sei. Manda eles fazerem as coisas, certo? Nunca fez nada de bom em toda a sua pequena vidinha.

            - Nunca mais me chame de loira oxigenada! Quem é loira oxigenada aqui é você! Alem de usar lentes de contato. – esse ultimo fez o último pingo da minha paciência se esgotar. Andei até ela e a fiz olhar diretamente dentro de meus olhos.

            - Olhe nos meus olhos e diga que eu uso lente de contato. Ao contrario de você.

            - Eu não uso lente de contato sua... – ela parou. Annie e Bella seguiram seu olhar. Vimos cinco alunos novos. Uma menina e quatro meninos.

            A menina era loira e segurava a mão de um garoto moreno, dizendo claramente “Ele é o MEU namorado! Entenderão?”. Os meninos estavam atrás do “casal” fazendo expressões de “Eca” e “Eles tem que demonstrar em público?”.

            Um dos meninos era estilo “emo” com cabelo preto e roupas pretas, mas um pouco bonitinho. Outro era moreno – super lindo – e o outro tinha os cabelos em um tom castanho claro.

            Eles foram conversar conosco.

            - Olá. – disse o moreno que eu achei super lindo – Meu nome é Leo, esses são Connor, Percy, Annabeth e Nico. – ele apontou para os amigos quando falava os nomes deles – Somos calouros, vocês – ele se dirigiu a mim, a Bella e Annie – Podem nos mostrar? Temos o primeiro horário livre. – ele olhou em meus olhos e eu desviei o olhar corada, da cor de uma pimenta.

            - Claro que sim, né meninas? – Milena falou antes que eu pudesse abrir a boca. Seu grupo de patricinhas (ela e mais três) deram risadinhas.

            - Me desculpem, mas eu queria que ela – ele apontou para mim, PARA MIM! – nos apresentarem a escola. – ele disse com um sorriso maroto e Milena e as outras saíram irritadas, mas antes de irem para a aula (o sinal havia tocado), a patricinha número um (ou Milena) se virou para Leo e disse:

            - É melhor ficar longe delas, elas podem ter doenças. – e saiu rindo da minha expressão de pura raiva. Quando ela e a gangue entraram na sala, eu (acho) que exclamei um pouco alto demais:

            - VOU TER QUE TOMAR CUIDADO PARA NÃO PEGAR A SUA DOENÇA!

            Todos riram.

 Como Bella estava muito ocupada corando, e eu muito ocupada tendo um ataque de nervos e (secretamente) observando Leo de canto de olho, Annie falou:

- Valeu por tirar aquelas dali da nossa cola. Me nome é Annimarie, ela é minha irmã Angelina e ela é Annabella, nossa amiga. Ou simplesmente Annie, Gina e Bella. – ela nos apresentou apontando para cada uma.

- Annimarie é um nome bonito. – disse Nico e ela corou violentamente.

- Vamos mostrar a escola para vocês, é um pouco grande, não sei se vai dar para mostrá-la toda só nesse horário. – disse Bella pela primeira vez.

Levamos os meninos primeiro para a secretaria para pegarem os horários, depois fomos para o pátio, refeitório, laboratório, biblioteca, jardins e... O sinal bateu.

Leo tinha a primeira aula (biologia) comigo e infelizmente com a Milena – não liguei, ele era legal e o primeiro menino que eu conheço que não fica babando pela patricinha. Nico, Percy e Annabeth tinham química com Annie e Connor matemática com Bella (deus os ajude).

Leo fazia piadinhas de tudo o que acontecia, algumas eram tão sem noção que eu nem sei o porque que eu ria.

Chegamos na sala e Leo deu a lista para o professor assinar.

- Sr. Valdez. – disse o professor de biologia – Sente-se com a Sra. Russel. – Leo sorriu e eu dei um pequeno sorriso. Vi pelo canto de olho que Milena estava espumando de raiva, pois ela estava sentada ao lado de Erick (um carinha de aparelho e óculos que era meu amigo na quarta série).

Eu quase não prestei atenção na aula (e não era por causa do TDAH) estava ocupada demais conhecendo o aluno novo.

(n/Bella e Annie: “Conhecendo o aluno novo...” Sei) (n/ Gina: Estávamos conversando mentes sujas!) (n/ Annie: Não adianta me enganar maninha!) (n/ Gina: Mereço)