Se Eu Não Te Falar Agora... escrita por Quel Machado
Casa de Margot e Fabinho (começo da noite)
Margot está sentada no sofá fazendo croché. Ela se assusta com Fabinho chutando a porta de casa e entrando possesso de raiva. Ele começa a andar de um lado para o outro.
Fabinho: Ridículo! Ridículo! Aquele Érico é um ridículo! Mas eu não volto a trabalhar pra ele nem que ele venha me pedir de joelhos.
Margot fica preocupada.
Margot: O que foi isso, meu filho?! Por que você está assim, aconteceu alguma coisa no trabalho?
Ele pára e olha pra mãe indignado.
Fabinho: Trabalho, que trabalho? Me chutaram daquela agência como se eu fosse um cachorro!
Margot: O que você está falando, meu filho? O que aconteceu? Me fala por que estou ficando aflita.
Fabinho se senta ao lado de Margot tentando se acalmar.
Fabinho: A senhora lembra que nós estávamos trabalhando sério naquela campanha? Eu até dei a idéia do slogan, a campanha foi praticamente toda minha. Hoje nós apresentamos a idéia pro cliente e acabou que explodiu tudo na nossa cara! O cliente disse que já tinha visto a mesma proposta na agência do Natan.
Margot: Mas o que isso quer dizer, meu filho? - pergunta Margot confusa.
Fabinho: Que alguém roubou a nossa idéia e deu pro Natan, né, mãe! E o imbecil do Érico acha que fui eu, mas só pode ter sido a Júlia!
Ela parece incomodada.
Margot: Fabinho, não acusa sem prova... Pode prejudicar a moça…
Ele tenta se defender.
Fabinho: E quem mais entregaria a campanha pro Natan? - ele pergunta olhando para a mãe.
De repente, ele entende a exitação de Margot e fica perplexo.
Fabinho: Peraí, mãe... Até você desconfia de mim?
Margot: Claro que não, meu filho… - ela diz sem muita convicção.
Fabinho fica arrasado
Fabinho: Se nem você aposta na minha inocência, o que esperar dos… - Margot corta o filho.
Margot: O Natan te ofereceu dinheiro, filho? Olha, vamos conversar! Prometo não julgar! Só quero saber.
Fabinho levanta do sofá.
Fabinho: Então eu conto, dona Margot! Eu espionei pra ele de graça, pra ferrar aquela gente! satisfeita? Não é assim que você e todos eles acham que eu sou? Então, pronto!
Ele sai de casa profundamente magoado e procura por um lugar onde possa ficar sozinho. Ele encontra uma ruazinha escondida e meio escura e ruma naquela direção. Quando julga que está em uma localização discreta, começa a chorar. Nesse mesmo instante, Giane passa por ali e reconhece o amigo encostado na parede com uma das mãos no rosto.
Giane: Fabinho? O que você está fazendo aqui?
Ela se aproxima e percebe que Fabinho está chorando.
Giane: Você está chorando, cara? O que aconteceu?
Fabinho: Se manda, tou falando. Eu sou perigoso, não sabia, não? - responde rispidamente.
Giane tenta disfarçar uma risada.
Giane: Nunca tive medo de menindo chorão, não é agora que eu vou ter, né, Fraldinha?! Me fala o que aconteceu…
Ele a encara com lágrimas nos olhos.
Fabinho: Alguém de dentro da agência entregou uma campanha nossa pro Natan e o Érico acha que fui eu. Aí ele me chutou de lá. Besteira sonhar que eu podia ter uma chance. Não adianta, eu sempre vou ser julgado pelo que fiz... O passado sempre vai pesar contra mim, as pessoas sempre vão desconfiar de mim. Toda vez que acontecer alguma coisa de errado, a culpa sempre vai ser minha! Tou perdido, Giane! Eu não tenho saída! Ninguém nunca mais vai acreditar em mim! Nem a minha mãe! Ninguém!
Giane se emociona. Ela se aproxima do amigo e tenta enxugar suas lágrimas com seus dedos. Fabinho desvia o olhar, envergonhado em demonstrar tanta fragilidade assim para outra pessoa.
Giane: Eu acredito em você, Fabinho... Sério... Eu acredito em você, cara... Eu juro…
Ela examina o rosto do Fabinho por alguns segundos e, num impulso, cola seus lábios nos dele. A reação dele é instantânea e imediatamente os dois começam a se beijar com muita paixão. Os instantes passam e o calor diminui; Giane se afasta e parece não acreditar no que acabou de fazer. Os dois ficam sem graça e as palavras parecem fugir. É Fabinho que quebra o silêncio.
Fabinho: Por que você me beijou?
Giane fica envergonhada e desconversa.
Giane: Eu preciso trabalhar, Fabinho, depois a gente se fala. – diz se afastando.
Ele a segura pelo braço.
Fabinho: Peraí, peraí! Você me beija e agora quer fugir? Por que você fez isso?
Giane livra o braço das mãos de Fabinho e explode.
Giane: Porque eu senti pena de você! Satisfeito?
Fabinho trava. Ele a encara, sem dizer nada, e vai embora, magoado. Giane percebe e tenta consertar.
Giane: Fabinho! Fabinho, peraí, vem cá! Não era isso que eu queria dizer!
Ele não dá ouvidos e continua sem olhar pra trás. Giane fica parada, vendo o amigo se afastar.
Giane: Giane, você é uma anta mesmo! - diz para si mesma.
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