Se Eu Não Te Falar Agora... escrita por Quel Machado


Capítulo 1
Malu e Bento conversam sobre Amora


Notas iniciais do capítulo

Apesar de tentar seguir a lógica da novela com a maior coerência possível, é provável que existam algumas discrepâncias entre a ordem cronológica das cenas nesse fic e Sangue Bom. Procuro estar atenta às notícias sobre o que ainda vai acontecer, mas nem sempre é clara a exata ordem que as coisas vão ao ar. Por favor relevem se não for 100% fiel à trama, OK?



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Toca do Saci (de manhã)

O dia está lindo e perfeito para brincar de pega-pega ou de esconde-esconde. Crianças correm soltas de um lado para o outro na Toca do Saci. As que não estão se divertindo no quintal, usam guache para pintar telas coloridas na oficina de pintura.

Bento mexe compenetrado na terra molhada. Enquanto prepara o lugar para receber novas sementes, também tira uma ou outra erva das fileiras que já estão prontas e semeadas. A concentração é tanta, que nem percebe Malu se aproximando.

Malu: Bento, quanto tempo que você não aparecer por aqui! Pra que esse ar todo pensativo? - diz se inclinando para ver no que ele estava trabalhando.

Bento: Gosto de vir aqui para pensar, essas crianças são ótimas para energizar a gente. Às vezes a gente precisa de energia pra refletir e decidir como enfrentar as batalhas do dia-a-dia.

Malu faz cara de deboche.

Malu: Aaaaaahhhhh, lembrei! Você não vem aqui desde do seu casamento com a Amora. Como é que está? Adorando a vida de casado? - ela sorri ironicamente.

Bento: Você sabe muito bem que quase acabei com tudo depois da briga que tivemos assim que chegamos da lua-de-mel. Aliás, tenho sérias desconfianças de como aqueles milhares de sapatos se materializaram dentro da minha casa. - Bento se levanta e encara Malu com expressão séria.

Malu joga as mãos para o alto.

Malu: Tá bom, tá certo! Confesso que posso ter tido alguma coisa a ver com aparição daqueles sapatos no seu humilde lar. Mas eu só estava querendo abrir os seus olhos, Bento! Claramente falar não adianta mais com você. A Giane que o diga; só faltou martelar as palavras na sua cabeça no dia do seu casamento e mesmo assim você não acreditou. Precisava de algo assim… - Malu tenta buscar pela melhor palavra - dramático! pra você conseguir enxergar o tipo de pessoa que a Amora é. Porque você estava cego, Bento! Uma pessoa que é capaz de mentir sobre um bazar de caridade é capaz…

Bento a interrompe.

Bento: A Amora é doente, Malu, doente! Ela não é esse monstro que você pensa. Você devia ver como a Amora reagiu quando viu a irmã lá em casa. Todo um rancor, toda uma mágoa, uma Amora que eu nunca tinha visto antes! Ela ficou extremamente traumatizada com o abandono da irmã e com o período de miséria em que ela viveu nas ruas. Pra completar ela ainda foi adotada pela sua mãe, uma mulher completamente fria, superficial e sem escrúpulos! A Amora precisa de muita terapia e muito apoio agora; eu simplesmente não posso deixá-la num momento como esse.

Malu: Pode até ser que a Amora tenha realmente sido traumatizada por tudo que ela sofreu, Bento, mas ela não é essa pessoa tão frágil e manipulável que você pensa. Enquanto a Amora ficar justificando as suas ações e motivações por causa do que ela passou nas ruas, da criação da minha mãe, do abandono da irmã ou seja lá o que for!, ela não vai conseguir ser essa pessoa melhor que você acha que ela pode se transformar. A Amora tem que tomar pra si a responsabilidades pela suas atitudes e pelo o que ela é HOJE, Bento!

Bento encara o chão e retruca cabisbaixo.

Bento: Pode ser, Malu. Mas eu quero ter certeza que estou fazendo a minha parte.

Malu e Bento se encaram por alguns instantes. Ele, visivelmente sofrido. Ela, visivelmente penalizada. Um menino se aproxima e cutuca Malu com uma folha de papel.

Gabriel: Tia Malu, tia Malu! Olha só o desenho que eu fiz de você e do tio Bento!

Malu se agacha para ficar no mesmo nível do menino, enquanto Bento se aproxima para também admirar a obra de arte.

Malu: Olha, Gabriel! Mas que trabalho lindo! Explica para a tia Malu o que você pintou, Gabriel! - diz Malu piscando para Bento, que retribui com um sorriso.

Gabriel: Essa aqui é você, tia Malu! Esse aqui é o tio Bento! E esses aqui são eu e o meus amiguinhos brincando na árvore grande! - explica o menino apontando para a folha de papel.

Malu: Gabriel, que árvore é essa? Nós não temos nenhuma árvore como essa na Toca do Saci!

Gabriel aponta para Bento.

Gabriel: É a árvore que o tio Bento vai plantar! Ele não é bom de plantar coisas? Ele planta a árvore grande e nós vamos poder brincar com ela. - diz Gabriel se sentindo muito inteligente pela brilhante dedução que os adultos não conseguiram alcançar.

Bento também se agacha.

Bento: Gabriel, mesmo que o tio Bento plante a árvore hoje, vai demorar muuuuuitooooo tempo pra ela ficar grande. Acho que esse desejo eu não vou poder realizar.

Malu: Peraí! - diz Malu batendo suas palmas - Essa é uma ótima idéia! A gente planta uma árvore aqui no quintal da Toca com todas as crianças presentes. Vai ser uma ótima distração para elas, e de quebra, ainda podemos ensinar sobre consciência ecológica!

Bento passa a mão no cabelo de Gabriel embaralhando os seus cabelos.

Bento: Que idéia maravilhosa, Gabriel! Eu vou pensar sobre uma árvora bem legal pra gente plantar aqui, tá bom? - diz Bento já levantando.

Malu pega Gabriel no colo.

Malu: Estou vendo que a idéia de plantar a árvore te empolgou mesmo.

Bento: Não falei que essas crianças são ótimas para energizar? Eu volto amanhã com sugestões. Beijos!

Bento pega na mão de Gabriel na de Malu e sai sorrindo.


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