Ice Prince Passion escrita por Annie ONeal


Capítulo 3
O Escolhido do Gelo


Notas iniciais do capítulo

Mais um cap para vocês....
Divirtam-se, espero q gostem

Allen's POV



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  O vento frio açoitava meus cabelos, fazia meus olhos arderem, mas eu não ligava. O que ia acontecer comigo? Tinha sido muito atrevimento sair por aí, palácio afora com o... Príncipe. Eu passara dos limites da educação e da minha posição e eu sabia. Esperava que não fosse muito castigado. Deus, eu podia até ser rebaixado, voltar para os dormitórios, e depois de apenas um dia no palácio.

  Mas a culpa tinha sido minha. Eu não fazia ideia de como o príncipe devia ser, mas os cabelos claros e os olhos claros deveriam ter me dado a indicação óbvia. Eu era tão estúpido, tão ingênuo... Como um nobre, ou mesmo um membro da corte saberia de lugares como a torre de vidro? Eu deveria ter percebido. Mas agora era tarde demais-...

  - Ei. – A voz me chamou fez um arrepio subir por minhas costas. Me virei encarando os olhos claros que eram um reflexo perfeito do céu daquela manhã. Fiz uma expressão séria e uma mesura. Ele franziu a testa e pareceu incomodado.

  - Bom dia, alteza. – Reparei que hoje ele estava com a coroa. Era discreta, mas um sinal claro da hierarquia de sua posição. Era de gelo, claro, pequena com cinco pontas. Dependendo da luz mudava de cor e podia ficar azul ou branca. Sob a luz do sol ficava transparente. Tentei não encarar muito.

  - Você vai mesmo me tratar assim? Pensei que... – Ele desviou os olhos de mim e olhou para o topo das montanhas. – Eu não quero que você fique me chamando assim.

  - Como é que prefere então, meu senhor? – Suspirei. Ele me olhou com certa raiva.

  - Não me chame assim também. Quero o você de ontem. – Dei ombros. O ‘eu’ de ontem não sabia com quem estava falando. – A gente se deu tão bem. Por que complicar tudo com coisas tipo posição?

  - É assim que as coisas são. – Evitei pronomes respeitosos, mas mantive minha distância. Ele chutou um pouco da neve perto de seus pés e se aproximou mais de mim.

  - Não precisa ser, sabe disso. Volte a ser o Allen de ontem. – Franzi a testa sem olhá-lo nos olhos.

  - Isso é uma ordem, meu senhor? – Provoquei. Ainda estava chateado. Não custava me contar quem era né? “É, vamos passear por aí. Ah e a propósito, sou o príncipe.” Ainda bem que eu não tinha dito nada ruim. Eu tinha ouvido rumores sobre toda a família real é claro, e sempre me disseram que o príncipe era alguém de quem se deve manter distância. Nunca me disseram por quê.

  - Não. – Ele franziu a testa e abaixou a cabeça. Observei o vento agitar os fios dourados do cabelo dele. Depois de um tempo eu suspirei e disse baixinho.

  - Por que não me contou quem era?

  - Você não perguntou. – Ele murmurou rindo um pouco. Ao perceber que eu não achara a menor graça ele desfez o sorriso e me olhou sério. – Pela razão óbvia. Eu nunca... Tive uma vida normal sabe? Um amigo normal. Alguém que me tratasse de igual para igual. Quando notei que você realmente não sabia que eu era, eu não resisti a experimentar.

  Compreensível. Ele ficou esperando uma reação minha, mas eu não conseguia pensar em nada. Devia ser mesmo um saco não ter ninguém parecido com você, crescer sozinho. Mais o menos como era no vilarejo. Poucos garotos falavam comigo. Eu meio que sabia como era, sempre fui meio diferente, mas não sabia por que. Suspirei.

  - Você também não se chama Ian né? – Ele deu um sorrisinho como se já soubesse que eu estava cedendo.

  - Não. Mas é próximo; Yell. – Soava bem. Muito bem. Desisti da pose indiferente e dei um sorriso.

  - Não é tão próximo. – Ele me olhou um tempo e então estendeu as mãos e alguns flocos de neve do chão voaram até suas mãos. A neve girava numa esfera levitando em suas mãos e distraído com suas habilidades, demorei a perceber o que ele estava fazendo. Antes que eu pudesse correr ou me defender, a bola de neve explodiu contra meu ombro.

  - Ah, é assim? – Me abaixei fazendo uma bola também. Ele riu e saiu correndo. Fui atrás dele. Se ignorasse a peça brilhante em sua cabeça, ele de fato era bem normal. E a palavra que ele usou para nos definir, amigos... Não sabia se já éramos tanto assim, mas algo fácil de se imaginar.

  Joguei a bola de neve que explodiu nas costas dele e ele caiu. Meu riso foi sumindo. Corri pra perto me aproximando da pilha de neve.

  - Yell? – Assim que chamei tropecei em algo; acabei caindo por cima do próprio, que estava deitado na neve com um sorriso. A posição não era favorável, mas sorri ao ver que ele estava bem. Ele se ergueu um pouco ficando um pouco perto demais e me olhando nos olhos sussurrou:

  - Adorei ouvir você dizer meu nome. – Fiquei encarando ele sem saber bem como responder a isso, mas ele riu e me empurrou de cima dele se levantando e correndo. – Vamos lá, está empatado, mas eu duvido que você consiga me vencer numa guerra de neve! – E assim, tão rápido quanto chegou o momento se dissipou e eu me levantei também já preparando uma bola de neve.

  - Isso é um desafio?! – Eu atirei outra bola ne neve nele, que apenas riu em resposta.

  Parecíamos duas crianças. No começo pensei no que aconteceria se alguém nos visse, mas aparentemente a parte da frente do palácio não era muito popular. A guerra durou uma eternidade, e no fim, ambos estávamos exaustos e ele tinha vencido. Nos dirigimos a porta da frente e entramos no hall sacudindo a neve das roupas e dos cabelos.

  - Você não me deixou vencer não é? – Ele me olhou com um ar desconfiado.

  - Hm, quem sabe. – Descobri que era fácil continuar de onde tínhamos parado ontem. Realmente não parecia haver nada a perder dando uma chance àquilo. Amigos nunca eram demais certo? Ele ia dizer alguma coisa quando uma moça muito bonita, bem arrumada demais para ser uma criada e de menos para ser da realeza apareceu. Eu rapidamente endireitei a postura fazendo minha pose de guarda compenetrado e ele deu um sorriso de segredo compartilhado antes de dirigir os olhos à ela.

  - Alteza. – Ele fez uma mesura. – Está na hora dos deveres. Deve se dirigir à biblioteca. – Yell bufou e assentiu.

  - Já estou indo. – Ele fez um gesto de dispensa e ela se afastou, não sem antes de outra mesura. Começou a andar e eu fiquei lá, parado, incerto do que fazer. Ele parou e se virou.

  - Você não vem? Eu preciso de companhia. Fazer lição é tão monótono, você não faz ideia. – Assenti e fui atrás dele. Tomei o cuidado de ir perto o suficiente para conversar e atrás o suficiente para não levantar suspeitas. Os corredores atapetados e portas ainda pareciam um labirinto para mim, e pensei se algum dia ia conseguir me mover ali com a naturalidade de Yell. Provavelmente não, ele tinha crescido ali afinal.

  Ele parou em frente à portas duplas e com um suspiro exagerado as abriu. O lugar, como a maioria do palácio, era incrivelmente bem decorado e impressionante. Desde as estantes perfeitamente organizadas e cheias dos mais variados livros até as mesas, sofás e tapetes. O príncipe fechou a porta atrás de nós e pude sentir seus olhos sobre mim. O encarei de volta.

  - Gostou? Eu odeio esse lugar. Talvez por que só me lembre lição de casa. – Ele caminhou até uma das mesas e olhou para os livros organizados, as anotações e suspirou. Andei pelo lugar, observando cada detalhe.

  - Quem era ela? Quer dizer, não era uma criada. – Eu me lembrava bem da que viera avisá-lo sobre o jantar na noite anterior. Ele estava distraído com uma folha cheia de rabiscos, mas respondeu.

  - Meena. Minha... Criada particular.

  - Sua ama? Você tem uma babá com 17 anos?! – Eu ri e ele ficou vermelho.

  - Ela não é minha babá. Ela é... Esqueça ela está bem? – Dei ombros voltando a atenção para a grande sala. Não sabia se era apropriado, mas estava cansado da guerra de neve então me sentei em um dos sofás. Não demorou muito e ele se juntou a mim.

  - Você não deveria-...

  - Deveria. Mas você não é lá uma pessoa muito incentivadora sabe? – Eu ri. – E estou cansado. – Eu também estava então não discuti. Olhei pela janela, o céu tinha sido coberto de nuvens e o tempo estava cinzento agora. Flocos de neve desciam lentamente e eu me distraí acompanhando a trajetória deles até que ouvi a voz do príncipe.

  - Posso te fazer uma pergunta pessoal? – Eu me virei para ele, que estava mais perto de mim do que era hierarquicamente aceitável. Tentei não me importar, mas meu coração estava acelerando.

  - Pode. – Sussurrei sem saber bem o porquê.

  - Você disse que não tem namorada... Mas você já teve? – Desviei os olhos sentindo o rosto ficar quente. Eu não gostava de falar sobre aquilo, não gostava de lembrar. Tinha sido à tempo demais, e eu fazia um esforço para deixar isso no passado. Eu gostava dela e tudo mais, mas coisas estranhas começaram a acontecer e acabamos nos separando pouco tempo depois. Mas eu não ia falar isso para ele. Pelo menos não ainda.

  - Tive. – E foi só. Ele também não insistiu, ainda bem. Ele ficou em silencio mais algum tempo. Quando ousei erguer os olhos para ele novamente, ele estava ainda mais perto de mim. Resisti ao impulso de me afastar, por que de repente eu não me lembrava de como me mover.

  - Até onde você iria por mim? – Ele estava de alguma forma sombrio. Não gostei da pergunta. Parecia algum tipo de teste e não sei bem porque, eu estava desesperado para passar. – Hein, Allen? Faria o que eu pedisse sem hesitar?

  - Faria. – Eu tinha respondido impulsivamente e sem pensar. Apesar de não me arrepender, eu sentia que essa resposta ainda ia me custar muito.

  - Jure. – Não era um pedido e era perigoso. Mas preso nos olhos azuis gelados brilhantes dele eu não conseguia pensar em outra resposta.

  - Eu juro. – Ele sorriu satisfeito e ficou me olhando daquele jeito intenso com se esperasse mais alguma coisa de mim. Apenas o encarei de volta incerto do que fazer. Ele se aproximou mais até nossas respirações se misturarem e antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo ele se afastou.

  Eu estava tonto. Mas o que tinha acabado de acontecer??         

      


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Notas finais do capítulo

Comentem u.u

Até o próximo o/



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