Ice Prince Passion escrita por Annie ONeal


Capítulo 2
Identidade Falsa


Notas iniciais do capítulo

Ficou curtinho também, mas é por que está só começando... Vai aumentar prometo ;3

Yell's POV;



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  Isso era tão legal. Eu nunca tinha mentido tão descaradamente na vida. Mas afinal, o que poderia dar errado? Era uma mentirinha boba, nem faria diferença. Eu estava mesmo era muito curioso para saber como era ser uma pessoa normal.

  Por ser um príncipe eu sempre fui tratado como tal, cercado de respeito, reverências e medo. E eu estava cansado disso. Queria uma vez ter uma amizade normal, que pudesse ter a liberdade de dizer qualquer coisa, fazer qualquer coisa. E também por que era divertido ter um novo brinquedinho.

  E pensar que tudo aquilo só tinha acontecido por eu ter esquecido de colocar a maldita coisa na cabeça quando acordei hoje. A coroa era apenas um símbolo que, frequentemente, eu não fazia muita questão de usar. Mas meus pais pegavam no meu pé por causa disso então eu estava usando. E justo hoje eu havia esquecido. E vejam só a minha sorte.

  Eu realmente ficara surpreso, ele devia ter a minha idade, talvez um pouco mais. E parecia deslumbrado com o palácio. Eu estava gostando de ver o olhar de adoração dele. O primeiro lugar que o levei foi a sala dos espelhos. Aquilo era um salão de baile que meu pai decorara com espelhos enormes em todas as paredes então parecia que era um salão infinito, e quando estava tudo iluminado e enfeitado era como se fosse uma festa eterna. Mesmo sem a explosão de cores dos vestidos das damas e a iluminação perfeita das vela o lugar ainda era lindo. Um dos meus lugares preferidos dês de que eu era pequeno.

  - Uau... – Ele entrou se virando em todas as direções, tentando acompanhar os reflexos. Eu me lembro de ter feito isso da primeira vez que entrei. Escondi um risinho.

  - Legal né? – Ele não respondeu. Olhava hipnotizado em todas as direções. Havia milhares de “Allens” e Ye-... Quero dizer “Ians” ali. – Então, quantos anos você tem? – Perguntei casualmente.

  - Eu hã, vou fazer 19 no fim do mês. – Ele respondeu olhando para um dos meus muitos reflexos. Mais velho. Não que importasse. Era perfeito. Eu sorri perversamente, mas ele ainda não me conhecia bem o suficiente pra interpretar o sorriso, então apenas sorriu de volta.

  - E você? – Eu desviei os olhos dos dele e andei pela sala. Deveria mentir sobre isso também? Achei que não era necessário:

  - 17. Mas falta muito pro meu aniversário. – Não era algo que eu gostasse de contar. – Agora vem, - eu o puxei pela maga da blusa preta. – tem mais coisa pra ver.

  A próxima parada foi a torre de vidro. Era um lugar particularmente bonito, quase surreal. Parei antes de abrir a porta e me virei para ele.

  - Você tem medo de altura? – Ele deu um sorriso que eu achei... Que deixava ele lindo.

  - Claro que não.

  - É melhor que você tenha certeza. – Girei a maçaneta e abri a porta. Se antes ele já tinha ficado maravilhado, agora a reação fora multiplicada. A sala era pequena, arredondada, o topo de uma torre apenas, mas as paredes eram todas de vidro, proporcionando uma visão fora do comum.

  - Meu deus!! – Ele tinha perdido o fôlego. Me descobri gostando de surpreendê-lo.

  - Você gosta? – Perguntei, mesmo já sendo óbvio. Ele se virou pra mim como se eu estivesse louco.

  - Eu amei... Adoro altura. Que lugar lindo. Me surpreende você ficar em outro lugar do palácio que não aqui. – Eu já estava meio enjoado do lugar pra falar a verdade, mas traze-lo ali parecia refrescar o ambiente.

  Ficamos por ali mais algum tempo, já que ele não parecia disposto a ver mais nada. Se impressionava fácil assim...? Ele era alguém fácil de se conversar, mas não falava muito sobre as origens notei. Não que eu gostasse de falar sobre as minhas também.

  - E de onde você é? É um nobre de visita ou é da corte? – Ele tinha acabado de chegar no palácio então eu podia dizer qualquer coisa. Essa possibilidade infinita era a melhor parte. Mas eu não queria estragar tudo projetando pra ele a vida que eu queria ter.

  - Eu sou da corte pode-se dizer. – Eu me calei sem querer dar profundidade àquilo. Mentir demais podia acabar fazendo com que eu perdesse o controle. Eu não sabia bem quanto tempo mais isso ia durar. Eu estava gostando e era só uma questão de tempo para alguém ou alguma circunstância acabar me entregando. Eu precisava aproveitar.

  - E você está aqui sozinho? Quer dizer não tem irmãos? – Meu peito ficou apertado.

  - Não. Sem irmãos. Filho único. Você tem irmãos?

  - Um, de criação. Tecnicamente ele é meu primo. É complicado. – Ele desviou os olhos para uma das muitas paredes transparentes e eu vi os olhos negros dele se perderem na imensidão branca das montanhas. Ele ficou pensativo e tudo que eu queria era chamar a atenção dele de alguma forma. Era o primeiro garoto da minha idade em tanto tempo. Fiquei olhando absorvendo cada detalhe do que agora, tecnicamente, era meu. Do palácio. Tanto faz.   

  Os cabelos pretos como nanquim caiam sobre os olho numa franja desorganizada. Ele era mais alto que eu, e parecia mais forte também, tinha que ser para estar na Guarda Real. Mas os braços eram finos e ele tinha um corpo esguio. Um sorriso malicioso brincou nos meus lábios quando eu me aproximei perigosamente dele aproveitando sua distração momentânea. Não me aproximei demais no entanto. Mesmo assim ele se sobressaltou quando ouviu minha voz tão de repente e tão perto:

  - Você tem namorada? – Ele quase saltou para trás. Me olhou como se não soubesse bem o que fazer e em seguida dirigiu os olhos para fora novamente. Estava começando a escurecer.

  - Não. – Havia algo mais ali, mas eu não quis mais detalhes, a resposta atual já me bastara. Sorri, satisfeito e o puxei pelo braço.

  - Vem, tem mais coisa pra ver. – Ele deixou que eu o levasse até o corredor e seguiu-me pelos caminhos atapetados falando alguma coisa sobre turnos. Pra ser sincero eu não estava prestando atenção, até que o ouvi dizer a palavra ‘amanhã’. Me virei.

  - O que?

  - Eu disse que amanhã a gente continua, está ficando tarde e meu turno provavelmente já acabou, preciso ir para o meu quarto. – Eu sabia, não era permitido aos guardas ficarem rondando por conta própria por aí depois dos turnos. Eu queria que ele ficasse e não estava acostumado a não conseguir o que queria. Mas não ia revelar quem eu era por um simples capricho, e não queria encrenca pra ele já no primeiro dia, a gente ia ter tempo pra isso. Então eu concordei, meio a contragosto.

  - Tudo bem. Eu encontro você amanhã no mesmo lugar? – Ele assentiu com um sorrisinho. Mas eu precisava ter certeza. – Promete? – Ele riu.

  - Claro. Amanhã no mesmo lugar. Mas acho que não precisa subir no muro. – Foi minha vez de sorrir. Eu estava prestes a dizer mais algumas coisa, mas nesse momento uma das criadas nos viu. Senti um frio no estomago.

  - Alteza! – Ele se apressou até nós e olhei para Allen. Ele franzira a testa confuso com um sorriso tenso como se aquilo fosse uma piada que ele não entendera. As coisas não melhoraram quando a criada fez uma mesura em minha direção.

  - Seu pai o aguarda para o jantar, deve se trocar imediatamente. - Ela olhava apenas na minha direção com o respeito contido e foi aí que Allen entendeu tudo. Me olhou como se eu tivesse lhe dado um tapa e deu um passo para trás. Amaldiçoei baixinho mandando a criada para o inferno. Estava tudo indo tão bem. Mas eu não podia me divertir nem por um dia. Revirei os olhos.

  - Diga que eu já vou. – Ela fez mais uma mesura, na boa, isso não estava ajudando, e ficou ali me esperando.

  - Está tudo bem, pode ir. O guarda vai me acompanhar até meu quarto. – Me virei para Allen, que estava parado com uma expressão ilegível. Eu não gostava disso. Ela o olhou desconfiada, mas ao notar as roupas pretas e a espada de gelo na cintura pareceu convencida o suficiente.

  - Muito bem então. – Ela se afastou e eu recomecei a andar, agora com ele me seguindo mais atrás. Como um servo faz. Tive vontade de mandar degolar a criada, mas por mais inconveniente que fosse ela não tinha culpa. O que não diminuía meu desejo de fazer picadinho dela.

  O resto do caminho foi feito em total silencio. À porta do meu quarto eu parei e me virei. Queria dizer alguma coisa, mas nada me vinha a mente. Antes que eu pudesse pensar em algo ele fez uma mesura e sem me olhar disse:

  - Boa noite, alteza. – E o tom frio dele me fez sentir ainda mais raiva.  

         


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Notas finais do capítulo

Gostaram do príncipe?

Comentem aí x3



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