Mantendo O Equilíbrio - Terceira Temporada escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 19
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Um amigo entra nesse capítulo e vai participar de muitos outros. Dica de cast para Lucas? Shiloh Fernandez (Garota da Capa Vermelha)

Só pra lembrar vocês das dicas de cast que já passei ao longo da fic:

Milena - Rachel Bilson (The O.C.)
Murilo - Channing Tatum (Querido John; Para Sempre)
Vinícius - Hayden Christensen (Jumper)

Não lembro se passei da Flávia e Gui, então eis aqui:
Flávia Dianna Agron (Glee; Eu sou o Número 4)
Gui Max Irons (Garota da Capa Vermelha; The white Queen)

Em breve conhecerão a família Lins. Enjoy.



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– Acho que tenho inveja.

– De quê?

Flávia boceja se aconchegando na cama de solteiro que minha mãe lhe designou. Dessa vez pegamos a suíte e Murilo ficou com o quarto menor. Mas ele ficou com a cama de casal, enquanto que nós duas, com camas de solteiro.

Foi difícil me desgarrar de mamãe para descansar da viagem. Se não fosse seu trabalho na livraria, era bem possível encontrá-la esparramada na minha cama com aquela expressão de “me conta tudo”. Talvez ela tiraria as roupas da minha mão, peças que por ora ajeito na cômoda que ela nos cedeu, e me puxaria para sentar e passar a tarde tagarelando. Apesar do aparente cansaço, eu não sentia sono.

– Você dormiu a viagem inteira e ainda tá com molenga. Que horas você dormiu mesmo?

– Umas... 2h da manhã acho. Levantei umas 6h para poder chegar cedo na sua casa.

Flávia fala arrastada como alguém que ainda, depois de ter dormido muito, não tinha levantado toda sua cota de sono. Eu, por outro lado, não tinha um pingo e queria ter pelo menos um pouco. Assim estaria mais descansada para ir à confraternização da redação do jornal, onde seria a homenagem feita para minha avó. Ainda assim eu não parava quieta, estava ansiosa por muitas coisas e por isso estava transpondo minhas coisas da mala para a cômoda. Sinto que logo posso perder a conexão com Flávia, por ela estar embalando mais um sono, e se eu ficar de bobeira... bom, talvez vá perturbar mamãe no trabalho dela.

Sorry por ter marcado tão cedo.

– Nah, foi ideia minha, lembra? Foi só um contratempo só. Mas por que inveja? Você gostaria de se sentir quebrada? Acho que vou ficar com torcicolo.

– Não. É que... estou sem sono, mas queria dormir, entende? Não quero perder nada da noite da minha avó hoje e... só não quero me sentir cansada lá. Mas nenhum pingo de sono me consome.

– Já poldrytrulcardicorrrrrpu?

– O quê, menina?

Apesar de às vezes falar bocejanês, eu não dominava ainda essa variação.

– Já-pode-trocar-de-corpo?

Levanta a cabeça minimamente do travesseiro, fala meio pausado como se eu fosse a lenta que não estava entendendo e retorna ao conforto. Rio baixo fechando uma gaveta de roupas que acabo de arrumar e, sem coragem de continuar mexendo nisso, por ver que não estava aplacando minha inquietação, deito na minha cama e tenho uma visão melhor da minha amiga com olhos baixos. Assim como ela, estava de lado, uma de frente para outra, separadas por um criado-mudo entre nossas camas.

– Aceito ofertas de troca de cérebro. Será que tem alguma desmiolada há essa hora na rua disposta a trocar comigo?

– Possivelmente... Ainda tá difícil, né?

– E como. Isso sendo que me policio bastante.

Suspiro por um cansaço que bem poderia virar sono. Aparentemente, tem é me dado insônia. Quer dizer, eu tenho dormido pela noite, mas não as horas que imaginaria nessas férias. É difícil quando se tem tanto na cabeça e o tempo parece se alargar. Ainda que tenha cochilado no carro, foi só isso, e talvez pelo clima de estrada que tinha. Fora isso, nada. Melhor tratar de outro assunto, penso. Ajeito o travesseiro abaixo de mim, dobrando-o ao meio para minha cabeça ficar mais alta e puxo uma conversa que talvez despertasse minha amiga:

– E você, notícias do seu admirador?

– Nada de novo. Não que estivesse muito sã para responder mesmo.

Ela faz uma expressão de desgosto e dá de ombros. Nem implica por eu tê-lo chamado de “admirador”. Por enquanto é impossível dizer se isso é algo bom ou ruim. Apesar de ver que sua respiração estava se chegando para o mergulho no sono e de ver que por vezes ela respondia ainda entre bocejos, eu queria manter a conversa. Nem por assimilação eu bocejava. Deve ter algo muito errado comigo.

– Mas você dormiu a viagem toda mesmo? Não viu nada?

– E tinha algo para ver além de chão? Teve uma hora que você me acordou.

– Nada. Quer dizer, nós discutimos um pouco. Quando desci para ir ao banheiro e Armando foi comigo, passamos ainda na loja de conveniências. Trocamos uma meia conversa e foi tudo bem até a hora de entrar no carro de novo, porque ficou na cara que o que Armando tinha me dito era a favor de Murilo. O clima não ficou legal e ele não queria deixar para lá.

– Hum. Está recente, Lena, ele deve estar preocupado. E o fato de você ainda não ter estourado mesmo, está mexendo com vocês dois. Ainda estão muito chateados um com o outro.

– Também né, olha o que ele veio aprontar logo agora... Acho que não saberia como reagir se abríssemos uma cena por aqui. Tem muita gente para nos ouvir, além de que essa época... ain, é a mais difícil. Obrigada por todo apoio, não sei o que seria de mim sem você aqui.

De repente ela parece mais desperta. Penso que falaria algo em continuidade. E fala, só não a continuidade em particular que eu tinha em mente. Seu olhar entrecerrado ficava no limite do sério e da brincadeira.

– É, quem mais te perguntaria sobre o flerte?

– Que flerte?

– Eu posso ter apagado na viagem, mas eu VI aquele flerte com o senhor-Lucas-vizinho-gato quando chegamos. Acho que até seu irmão percebeu, só não tenho certeza.

Mal descemos do carro quando notei minha avó do outro lado da rua chegando acompanhada de Lucas e o cachorro dele. Tão bem-vinda me senti quando a voz dela familiar e querida, motivo de grandes saudades, me gritou. Quer dizer, nos gritou, surpresa, e ela correu pela rua chamando nossa atenção em plenos pulmões com um “meus netos, meus amores” lindo que encheu meu coração de felicidade.

Eu e minha avó nos encontramos num abraço no meio da rua mesmo. Ela me enchia de beijos e não largava a sua euforia. Lucas, nosso vizinho da casa do lado, até puxou a corrente do seu cachorro, que pelo visto do rabinho feliz abanando, queria participar dos cumprimentos. Restou a ele latir. O cachorro, não o Lucas. Quer dizer, Luke.

– Ah, que nada. Ele é daquele jeito mesmo. Só que agora tá se achando porque virou Dj. Quer ser chamado só de Luke, que é o “codinome” dele.

Evito um riso instantâneo para que Flávia não pegue isso como indício de... algo. Senti uma curiosidade e preocupação dela quando iniciou o assunto. Quero ser bem clara e, como ela se despertou mais, também enrolando seu travesseiro para que a cabeça ficasse mais alta, torço para que não durma mais e fique de papo-furado comigo. Preciso amolar alguém.

– Sei. Enquanto sua avó cumprimentava seu irmão e eu puxava nossas coisas do carro, eu bem que senti um algo mais vindo de vocês. Eu não me lembro desse boy-next-door ter sido mencionado em alguma de nossas conversas... Vocês já tiveram algo?

Balanço a cabeça em negatividade e em seguida dou de ombros para firmar que não havia nada demais. Se antes não tinha, como haveria agora que... que alguém já pousou no meu coração?

– Nada mesmo. Se não mencionei antes, foi por não ter vindo ao caso. Além do mais, quando vivi aqui por causa daqueles problemas da minha avó, ele se tornou um grande amigo da família. Sua irmã nos ajudou muito também.

– E o Murilo não tentou nada?

– Claro que tentou no começo, mas deve ter visto que não ia rolar nada.

Rolo os olhos ao me lembrar de Murilo fazendo marcação cerrada comigo. Um tempo depois ele simplesmente deixou de mão. Fiquei desconfiada do que poderia ser. Aí a irmã dele, Leila, parece que falou algo esclarecendo melhor. Queria eu saber o que foi que essa mulher falou para ele que o deixou assim tão quieto. Descobrir isso é descobrir ouro.

– Se bem que comparando da última vez que vi Lucas para o encontro de hoje... é, ele mudou muito e para a melhor. Mas não te preocupe que esses efeitos não chegam num coração. O meu permanece daquele jeito. E o seu?

Agora eu que mudo o tom e arrisco mais uma insinuaçãozinha... Flávia sente na base e parece mais alerta. Ela tem costumado ficar assim quando se trata “daquele cara”.

– O que tem o meu?

– Eu VI a boa checada que você deu no Armando quando ele chegou. Acho que foi uma das poucas horas que você de fato abriu o olho. Sem falar dessa que você também se entregou, o “senhor-Lucas-vizinho-gato”, né?

– Eu? Eu estava tentando me manter de pé, oras. Se o Armando estava embelezando a paisagem, também não tenho nada contra. O mesmo para o vizinho.

Gargalhamos.

É, e num é que ela despertou de vez DE NOVO só porque eu falei isso? Pelo jeito, o Armando levanta até defunto. Quer dizer, a Flávia estava num momento zumbi.

– Viu? E eu concordo com você sobre ele embelezar a paisagem. Nem isso quer dizer que tenha rolado algo. A diferença é que eu conheço mais o Lucas que o Armando.

– Isso não impede um flerte, Lena.

Aí que ela volta um pouco mais séria. Ela devia estar mesmo preocupada. Vou a enturmar bem com o Luke esses dias para ela ver que nada há para se preocupar.

– Tô te falando, não era nada disso. E se foi, muito inocente para meu gosto. Era... uma conversa amigável, de boas vindas. Assim como foi com o Nemo.

– Nemo?

– É, esse é o nome do cachorro. Também ri. Ele ainda não me contou a história, apesar de provavelmente, eu sinto, ter alguma relação sim com aquele filme “Procurando Nemo” pelo jeito que ele sorriu.

– Eu ouvi esse riso dele. Foi aí que fiquei mais alerta. Fiquei naquela, tipo “será que alguém mais está percebendo isso?”, e olhava para Murilo meio tenso conversando com sua avó.

– Murilo é tenso por natureza. O vento bate em mim e ele já fica daquele jeito. Eu hein, deve ter sido pela nossa discussão no carro. Até porque eu evitei ficar perto dele desde que chegamos. Pelo menos ficamos em quartos distantes.

– Lena, eu ainda acho que houve um pouco mais que isso. Digo, com o Lucas.

– É sério, ele brinca desse jeito. Um pouco depois de vocês entrarem e ele colocar o Nemo na casinha dele, chegou mensagem no meu celular. O negócio é que eu mudei o alarme de mensagem daquela zoadinha do “pin” para um “fiu-fiu” enquanto arrumava o que fazer na viagem. Nada como umas horas de tédio para trocar boa parte da configuração de seu celular... Então, estávamos conversando sobre essa história de “Luke” ser seu nome de trabalho como Dj quando uma mensagem chegou e fez o “fiu-fiu”. Aí não deu outra, ele fez cara de charme e soltou uma piadinha qualquer sobre eu estar cantando ele. O que não era nada sério. Então me despedi dele e entrei.

– Até ele acha que foi um flerte. Ai Senhor, Milena, Milena...

– Ai, Flávia, ele é só um amigo. Você sabe que...

– É, eu sei, eu sei... o Vinícius. Falando nele, alguma notícia?

Há um toque de esperança quando pergunta. Mesmo me apoiando, e achando o que Vini fez foi errado, ela tem tentado intervir por ele. Ela realmente sente por ele ter feito o que fez e até diz entender o lado dele. Até aí tudo bem. O que mata é que também para ela não contei a história de Denise e como toda essa bagunça tem uma proporção maior do que ela pensa. Não porque não confio nela, é que eu... eu não me sinto preparada de falar sobre isso. O fato de Murilo quase ter arrancado essa história da terra que se pisa foi o que me deixou mais louca. E é tão difícil se manter calada por tal praga.

Falar em Vinícius é levantar toda minha saudade dele. E COMO sinto saudades dele. Tanto que já visualizei mil e umas conversas com ele enquanto deslizava do meu policiamento e tentava de um jeito sutil, por omissão de muitos fatos, passar por cima de tudo isso. Eu sei que por mais que eu decorasse um discurso, nunca sairia perfeito se viesse a falar para ele. Provavelmente me confundiria, assim como a ele e esse furo poderia ser meu desastre!

Até então não me fugia aquela sua última imagem depois que tive que apelar no recurso para afastá-lo. Doía. O que estaria pensando de mim? De tudo? O que estaria fazendo? Sentindo? Djane o mesmo... Foi tudo tão repentino. Uma hora eu estava com eles rindo a toa, e noutra, parece que me empurraram para o chão. Sim, ainda me pergunto que porra toda foi essa que aconteceu conosco.

Foi estranho enrolar minha mãe quando ela mencionou o quarto que preparou para a chegada de Vini, logo que nos estabelecemos nos nossos. O dele seria do lado do de Murilo, no primeiro andar. Estávamos eu, Flávia, mamãe e Murilo na sala conversando sobre onde cada um ficaria e esse “tópico” surgiu. Nessa hora percebi que meu irmão se calou, Flávia provavelmente sentiu também, porque parecia que cada um tinha segurado a respiração antes de ouvir uma resposta. E eu não ia dizer que Vini não viria. Quer dizer, não sei se ele vem, nem se quero que ele venha. Digo, claro que o quero perto de mim, mas... ah, merda. Eu só me meto em situação complicada!

Acabei dizendo que não havia confirmação do fato. E ainda tive a grande sorte de meio que gaguejar para falar isso, com piscadas rápidas para evitar que meus olhos se enchessem. Me bastava a mal engolida a seco que me forcei. Também, né, praticamente tive que deixar passar uma “morte morrida” do meu coração que ficou pequeno só de proferir tal coisa. Vi que Flávia cortou o assunto para perguntar do almoço e Murilo... sei lá. Não tinha uma expressão ruim. Era vaga e pensativa. O que acaba sendo pior talvez, porque ele não é disso.

Vinícius deve estar a par disso já, imagino. Murilo no seu quarto deve estar soltando todo o relatório para ele. Enquanto isso, vez e outra eu olhava o meu celular e ficava naquela dúvida de olhar e não olhar. Era isso que me deixava tão inquieta e eu queria qualquer coisa pra me distrair. Só que Flávia estava chegando nesse ponto. Acho que ela não vai gostar muito de saber.

– Bom...

– Diz logo. Não faz suspense agora.

Ela levantou a cabeça do travesseiro, bem atenta, mexendo no pescoço dolorido. Pra mim, de repente brincar com a ponta da fronha estava interessante. Tanto que seus fiozinhos de acabamento de costura chamaram minha atenção. Tive vontade de puxá-los.

– A mensagem que chegou naquela hora... era dele.

Oh my. E o que dizia?

Lá vou eu matar a expectativa dela. Em 1, 2, 3...

– Eu num sei.

– Como assim você não sabe, dona Milena Lins Albuquerque Camargo?

Preciso dizer que ela se levantou de vez na cama, ficando sentada? E que gemeu de dor, pondo a mão na coluna? Sem considerar essa parte dela toda quebrada por ter dormido de mal jeito, ela expressou bem sua surpresa ante meu comportamento. Eu sei que faço muita besteira, mas quando fica estampado na face dos outros, não tem como não se retrair.

– Eu ainda não li.

– Pois vai ler agora, chega de mistério.

Flávia se estica de onde está para alcançar meu aparelho em cima do criado-mudo. Ao conseguir, joga para mim, que cai perto da pontinha da fronha que eu remexia e puxava uns fios, que mamãe por certeza iria querer me matar se eu continuasse a puxar. Eu poderia alegar inquietação e inconsciência se minha mãe não me perguntasse mais sobre isso. Digo, do fio. Realmente não tinha percebido que estava saindo mesmo quando o celular pousou por perto. Parei, mas a inquietação não me deixou. Na verdade, um nível de tensão maior me pegou e meu estômago foi o primeiro a se entregar, porque um buraco estava por ali só de pensar no que teria a mensagem.

Tento por fim distrair a minha amiga do assunto.

– Só se você acabar com o mistério primeiro, afinal, o tal admirador eu nem sei o nome ainda.

– Ele não é admirador. Nem secreto. Só... enfim, você não está curiosa?

Ela percebeu que eu quis mudar a conversa. Sua pausa na hora de falar veio como um desacelerador que diminuía a pressão. De qualquer forma, eu inverti a conversa de novo. Fazia tanto com Murilo que comigo isso ocorre naturalmente.

– Claro, com você fazendo suspense do cara.

– Falo da mensagem, Lena.

– Eu sei. Sim, tenho. Tem hora que me dá um negócio para ver, aí desisto, mesmo nesse anseio todo. Tá muito clara minha inquietação?

– Um pouco, eu acho. Mata logo isso, olha a mensagem.

– Ok, ok. Você me convenceu.

Pego o celular, destravo o bloqueio inicial ao passo que sentia meu coração um tanto mais frenético e consulto o menu de mensagens de entrada. Esta lá o nome dele e a marca de hora de chegada, 11h39. Possui uma marca de diferenciação em negrito por não ter sido lida ainda. Aperto para exibir.


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Notas finais do capítulo

Logo logo o vizinho aparece, pode deixar.



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