Violentada escrita por C W Elliot


Capítulo 15
Olhos de inocência e bondade - Epílogo


Notas iniciais do capítulo

1 ano depois.




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Vera ajeitou a blusa a branca e releu novamente a pauta. Tudo pronto. Era a última matéria do ano, depois disso ela sairia de férias, finalmente. Mas ainda tinha aquele lançamento para cobrir, então fez o possível para parecer simpática, o lançamento de um livro de uma garota de 14 anos não é lá muito interessante para ela.
– Luz, câmera... e estamos no ar - disso o cinegrafista.
– Bom dia, o nosso TownNews já está no ar. Hoje, nós estamos aqui, na Town Books, para cobrir o lançamento do livro " Dentes de Leão", da jovem autora, Sophia Dandelion - Vera pensou que tipo de garota colocava a própria tradução do sobrenome como título de sua obra, paciência - de apenas 14 anos. Estamos aqui com a autora, para ela contar um pouco mais sobre sua obra, olá, Sophia.
– Olá, anh... que ótimo que está por aqui. Bem, não tenho muito o que falar sobre meu livro, eu estava em um momento de devaneios, e decidi que iria escrevê-lo. Talvez essa história precise ser contada.
– Que...legal. Agora, nos conte, sobre o que exatamente trata seu livro?
– Bem.. a história gira em torno de Nanda, uma garota com sérios problemas, pessoais e mentais, e que tenta levar uma vida normal, apesar de esconder um grande segredo.
– Dando um pequeno adiantamento da história, você não chega a revelar qual é esse segredo, e muitos leitores...
– Não revelei? É claro que eu revelei. O segredo é tão... implícito. Ele está escondido, mas ainda está lá. Eu o contei, apenas quem passou por ele, poderá entendê-lo e eu sei que não sou poucas pessoas.
– Certo, e a personagem, ela tem um pouco de você, um pouco de sua história?
Nesse momento, Vera percebeu a expressão de Sophia vacilar, os olhos se tornaram vagos, ela parecia querer não contar alguma coisa.
– Fisicamente? Não mesmo. Ela é ruiva, tem olhos claros e é muito alta. Mas psicologicamente Nanda tem muito de mim, principalmente essa coisa de pensar demais antes de agir e acabar não agindo, uma covarde.
Ah, que ótimo. Além de nada convencional a garota ainda ficava fazendo mistérios e contradições. Como Vera gostaria de poder sair dali e tomar um café, e tentar ler esse tal livro.
– Acho que não é um livro muito comum, é uma história nova, completamente minha, com fatos que talvez não agradem a todos, conservadores e pessoas que ignoram a realidade costumam não gostar.
– Então, seu livro, expressa uma realidade?
– Sim, uma realidade a qual muitas garotas estão expostas, mas não falam, tem medo, e isso eu deixei implícito no texto, mas ainda está lá.
– Que lição podemos tirar de "Dentes de Leão"?
– Que nem todo mundo é vítima o tempo todo. As vezes, a caça precisa ser caçador. E que é sempre bom ter um lugar para voltar, alguém para voltar, não importa para onde você vá. A propósito, Vera, você deveria tomar um café, você não parece nada bem.

Vera engoliu seco, sorriu uma última vez para a câmera. Se despediu da garota, e seguiu seu conselho.

***

Depois de tanto falar sobre o livro e autografar, eu estava cansada. Não tinha pensado que conseguiria realmente escrever aquele livro, mas foi uma forma de deixar o passado, no passado. De seguir em frente. Eu tinha que continuar como a mamãe, fingindo que nada nunca tinha acontecido. Tinha até conseguido arranjar um namorado. Um garoto da escola. Mas eu não o amava, não sentia um sentimento forte por ele, mas era um consolo, estar nos braços de alguém por vontade, mas não acredito que ia durar muito. Não é certo brincar com o sentimento de alguém, mas eu precisava melhorar um pouco para poder seguir de frente, e aí eu poderia encontrar realmente um novo amor.

Aquele ano que tinha passado, tinha sido incrível. Era como se pudesse voltar a ter sua vida de novo, normalmente. Nanda e eu tínhamos ficados mais unidas, eu frequentava a escola normalmente, tudo estava perfeito. Acho que realmente as coisas estavam melhorando. Mudamos de casa, agora estamos em um apartamento, em outro canto da cidade.

Acidentalmente, me deitei em cima do controle da televisão, o noticiário começou, parece que um acidente tinha acontecido.
– Um grave acidente ocorreu - anunciava a âncora - após um perseguição policial, no incio da manhã de hoje, o carro do infrator caiu de um penhasco. Segundo informações, o carro teria furado uma blitz policial, e estaria portando drogas e bebidas alcoólicas. O automóvel entrou em combustão e explodiu.O homem morreu carbonizado.

Seria somente mais um acidente, desses que infelizmente se tornaram banais hoje em dia, se não fosse pela foto que veio a seguir. Os mesmo olhos de inocência e bondade que tinham enganado sua mãe, que se transformavam em olhos cruéis e disformes todas as noites. Aquela mesma barba asquerosa que roçava meu rosto todas as noites.
– O nome do homem, divulgado pela polícia, era Frederico Garcia, e a placa indicava que ele era da cidade de Town. Não se sabe como ele veio parar aqui no Rio de Janeiro, já que não foram encontrados familiares ou amigos do morto. - concluiu o outro apresentador.

Então, era isso.

Fred estava morto.

O dragão estava abatido.

Finalmente a princesa estava livre.

O inferno deveria estar feliz.

Um riso debochado ameaçou sair de meus lábios.Mas não saiu. Aquilo não a deixara alegre. Para sua surpresa, deixara ela até compadecida de Fred, mesmo depois de tudo. A morte de certa forma, seria até mais fácil. Há coisas piores do que a morte, e Fred se safara delas. Mas ela nunca mais o veria.

Algo, lá no fundo, dizia ela que aquele não era o fim.

O pesadelo não tinha terminado.

O pesadelo, podia estar apenas começando.

O FIM...

... É UM COMEÇO


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Notas finais do capítulo

Gostaria de agradecer a todos que acompanharam a fic durante esse tempo. Que acompanharam a trajetória de Sophia Dandelion.

Obrigado.
Vocês foram muito importantes.



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