E Se...? (Cam & Gabbe) escrita por Dê Tribbiani


Capítulo 10
Roland




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P. O. V. Cam

Ouvi sua respiração pausada do outro lado da linha e balancei os dedos freneticamente em um tique nervoso ao redor do telefone.

-Não, Cam. Desculpa. –Ela murmurou em lufadas de ar, sua voz se alterando várias vezes no meio da frase.

Soltei um suspiro forte enquanto massageava as têmporas e fitava o vazio.

-Eu entendo. Você não precisa acreditar. Eu simplesmente vou...

-Provar. –Ela soltou aparentando mais indiferença do que eu pensei ser possível para Gabbe.

-É. –Soltei cansado.

Ela suspirou alto e soluçou mais uma vez.

-Gabbe... Você tá chorando? –Murmurei.

Houve uma pausa grande do outro lado da linha.

-Adeus, Cameron. –Ela choramingou por fim.

-Ga... –Fui interrompido pelo toque do telefone que indicava que a chamada havia sido finalizada.

Apertei os dedos ao redor do aparelho com um pouco de força até que os nós de meus dedos ameaçassem avermelhar e, por fim, o aparelho rangesse alto.

-Ér... Cam... –Sam murmurou. –Cameron! –Ele gritou puxando o aparelho com a agilidade de um felino das minhas mãos e os segurando entre as mãos pálidas. O anjo olhou para o pequeno telefone e em seguida para mim. –Você não vai quebrar um iPhone. –Ele murmurou em um rosnado.

O lancei um olhar de esguelha e continuei a andar sobre a praia arenosa de alguma cidade do Alaska.

-Bem, você ao menos sabe onde ela está? Esse celular tem um rastreador de outros aparelhos? –Ele perguntou erguendo uma sobrancelha ruiva.

-Não. Que psicopata tem um rastreador de chamadas no celular? –Franzi o cenho. –Sabe, essas coisas tecnológicas são ridículas. –Suspirei.

-Não, não são. É lá que temos... –O olhei com desprezo e franzindo levemente a testa. –RPG. –Ele murmurou.

-Cara... Você é um anjo. Você vive RPG. Dá pra ser um pouco mais idiota, Sam?

-Ao menos não sou eu que não tenho nenhum anjo e que posso acabar com o mundo que conhecemos dentro de... Um dia?

-Dois.

-Grande diferença.

-Ah, até parece que você conseguiria convencer um anjo. –Revirei os olhos.

-Alô, Gabbe? –Ele disse e eu girei o corpo para o encarar.

Ele segurava o aparelho próximo ao ouvido e sorria enquanto falava.

-Ahn, é o Sam. Lembra de mim? –Sua expressão mostrou incerteza e depois um tipo bizarro de alívio. –Pois é. Ér... E se eu te dissesse que preciso da sua ajuda para... Salvar o mundo?... Alô?

Comecei a rir freneticamente girando o corpo de um lado para outro.

-Otário. –Cantarolei sorrindo e escondendo a real vontade que eu mantinha de socar a mim mesmo.

Gabbe havia me matado ao desligar o telefone. Ela havia enfiado uma faca em meu pescoço ao dizer que não, não acreditava em mim. Funguei alto coçando o nariz.

-Vamos, parabéns pela... ahn, tentativa?

P. O. V. Gabbe.

Suspirei segurando o telefone entre as mãos e coloquei o cabelo para o lado quando senti que ele grudava no rosto úmido. Meus olhos ardiam como se eu tivesse ficado em uma piscina por quatro horas e o efeito do cloro finalmente estivesse exercendo efeito.

-E aí, loirinha? –Ouvi a voz familiar bem perto.

-Roland? Eu não acredito. –Comecei antes de realmente me virar e abraçar a grande forma que aparecia em meu campo de visão. Apertei meus braços ao redor de seu pescoço e ele segurou minha cintura com força me puxando para cima.

-É. –Ele murmurou sorrindo e me soltando com sutileza no chão.

O encarei de cima a baixo. Os cabelos recém-cortados pareciam mais escuros sem os dreads e os olhos maiores e mais profundos. A boca rosada e ligeiramente carnuda estava entreaberta em um sorriso torto e ele trajava um casaco grande de pele avermelhada que desejei com toda força que fosse sintética. Usava jeans pretos e galochas amarelas de chuva que não combinavam com nada. Mas era Roland. Não importava se ele não tinha noção alguma sobre moda como não importaria se ele tivesse virado um lagarto nojento. Eu confiava nele mais do que em qualquer um que pudesse estar no... Outro lado, digamos assim.

-Amei se novo corte de cabelo! –Cantarolei colocando as palmas das mãos nas bochechas e sorrindo enquanto tentava disfarçar ao máximo que estivera chorando.

Roland franziu ligeiramente o cenho me encarando.

-Vamos, loirinha. O que aconteceu? –Ele murmurou afundando as mãos dentro dos bolsos. Sua expressão era cuidadosa para não demonstrar nenhum sinal de preocupação.

-Nada Rol. –Murmurei calmamente.

Roland me abraçou com força e eu automaticamente pousei minha cabeça em seu peito. As lágrimas correram rápidas e eu duvidava que pudesse contê-las. Roland afagou meu ombro com confiança enquanto abaixava a cabeça para sussurrar em meu ouvido.

-Eu tô aqui, Gabbe. Eu tô aqui. Vai ficar tudo bem. –Ele afagava mais freneticamente.

Levantei a cabeça e encarei seu peito.

-Desculpa, eu manchei seu casaco com rímel... –Murmurei tirando o cabelo do rosto.

-Tá tudo bem. Você não quer me contar alguma coisa, loirinha?

P. O. V. Roland.

Eu e Gabbe estávamos sentados em algum café que parecia muito francês, mas estava em Vegas. Apenas Gabbe seria capaz de achar um lugar como aquele no meio do caos da cidade do pecado.

Ela levava os lábios a uma xícara delicada e branca com Cappuccino enquanto eu comia alguns pedaços de croissants, desinteressado na comida. Os olhos do anjo ainda estavam ligeiramente pretos devido à maquiagem que havia escorrido por suas bochechas e seus lábios brilhantes estavam entreabertos enquanto ela derramava a bebida quente lá.

-Você acha que eles vendem salgadinhos aí dentro? –Sorri tentando acabar com o clima pesado. –Ou chocolate, sabe, em barras. –Revirei os olhos.

-Acho que sim, para o chocolate. Mas, geralmente, cafés franceses não vendem salgadinhos gordurosos. –Ela ergueu o dedo mindinho rindo enquanto levava a xícara de volta ao pratinho na mesa.

-Que preconceito. –Revirei os olhos sorrindo. –Aposto que eles teriam muito mais clientes se tivessem outras opções.

-Talvez. –Ela sorriu e prendeu os cabelos brilhantes em um coque alto.

-E aí, como vai a minha loirinha?

-Vai tudo um cocô com ela.

Ri alto puxando a mão dela por cima da mesa.

-É o Cam, não é? –Entrelacei nossos dedos mordendo o lábio.

-Como você sabe? –Ela quase me interrompeu, suas sobrancelhas loiras se erguendo e os olhos se arregalando sob os cílios longos e escuros.

-Digamos que todos no submundo sabem sobre as missões de Cam. Ele é um... Cara meio que bem-sucedido.

Ela revirou os olhos claros e fungou alto.

-Então... Todo mundo sabe que eu sou uma babaca que se deixou seduzir por um endiabrado? –Ela murmurou e eu vi a umidade que se acumulava em seus olhos enquanto ela brincava com meus dedos por cima da mesa.

-Espera... Você foi mesmo seduzida por ele? –Pude sentir o rosto queimar em uma agonia imensa e Gabbe pareceu levemente chocada.

-Tá, joga na minha cara como não esperava isso de mim. –Ela cuspiu soltando minha mão e afundando o rosto entre suas palmas.

Franzi os lábios e respirei profundamente tentando recuperar a calma.

-Não... Não é isso, loirinha. –Ela ergueu os olhos claros e profundos para mim, as mãos se acomodando em seu colo. –Eu me importo com você. Muito. E não... 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler até aqui seus fofos *u* deixem os reviews, por favor, e se quiserem recomendar eu também não vou impedir kkkk eu sei que sou muuito folgada ú.u desculpa seus lindos
Beijinhos da Tia Lov ♥