Mind's Control escrita por Liesel Odair


Capítulo 4
SONHO


Notas iniciais do capítulo

Oi de novo.
Gostaria de comunicar que esses personagens são baseados em pessoas reais, inclusive eu.
Agora você deve estar se perguntando "A Carol é a Grace?".
Certamente que não.
A minha personalidade originou o Noah, ou seja, ele vai ser um menino problemático.



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Grace deu longas gargalhadas e Ben a olhou, confuso.

– Não estou entendendo...

– Vocês são Hillander? Não é possível! – Falou Grace entre risos.

– Não vejo o que pode ser engraçado nisso, Srta. Walker, – respondeu Noah, com um pequeno sorriso se formando, pelo que parecia uma das poucas vezes que se pronunciava. – levando em consideração que é apenas uma simples garota sem conhecimento sobre nossa sociedade.

– Eu conheço os Controladores de Mentes – ela respondeu furiosamente, levantando-se e encarando o garoto.

– Disso eu tenho certeza. Sua mãe e seu irmão, pelo que me parece, também...

– Basta, Noah. – interrompeu Ben friamente. – Grace, se é que me permite chamá-la assim, temos uma longa história para contá-la.

– Não sei se estou interessada em saber. Eu quero voltar para minha casa, será que vocês não entendem?

Noah saiu da sala – que agora ela tinha quase certeza ser uma enfermaria – sem dar nenhuma satisfação. Ben, que disse a Grace para descansar e mais tarde explicaria o porquê de a terem resgatado, foi logo atrás do outro, apesar da garota já ter deduzido o que queriam com ela.

Grace levantou-se e viu que estava vestida com o mesmo macacão vermelho de Mary e se perguntou quem a teria trocado. Seus cabelos estavam desgrenhados, mas ela estava pouco preocupada com sua aparência. Abriu a grande porta branca e parou em um corredor, tão longo quanto a sala que acabara de sair.

Sua mente tentava entender tudo o que havia colhido. Ela tinha mesmo sido escolhida? Seu sonho sempre fora esse. Ser escolhida para ser um Hillander e eliminar pessoas que dominam o corpo de outras. Grace se sentia triunfante. Mas ao mesmo tempo, ela estava em pânico.

Para se tornar um Hillander, ou precisava ter uma vez sido Controlado, ou – a situação mais provável – algum parente bem próximo ter sido. Seu peito se encheu de angústia e ela, parada em um corredor desconhecido, mordeu o dedo indicador tão fortemente que sentiu o gosto salgado do sangue.

– Estamos lidando com uma masoquista? – Grace reconheceu voz terrivelmente alegre de Noah.

– De onde você saiu? – ela perguntou espantada.

– Estou por todos os lugares.

Ela franziu o cenho, confusa.

– Ah, vou explicar. – Noah deu uma risada. – Todas essas portas – ele apontou ao redor. – direcionam ao mesmo lugar, entende?

– À enfermaria?

– Hm, não. Ao Centro de Treinamento. Não acho que seria agradável você ir sozinha até o Centro pela primeira vez.

Grace piscou o olho e misteriosamente Noah desapareceu da frente dela. Essas pessoas são mais malucas do que eu imaginava, ela pensou.

Hesitantemente e pensando no que o garoto havia falado, ela abriu a porta da frente, reparando que a da enfermaria era a única branca no meio de muitas pretas.

Encarou boquiaberta.

Deparou-se em uma enorme – enorme mesmo – sala branca com dezenas, talvez centenas, de pessoas com aqueles macacões coloridos. Uma parte da sala, que era provavelmente o Centro de Treinamento, era cheia de computadores e máquinas que ela não reconhecia.

A outra parte era diferente. Bonecos eram pendurados no ar, e pessoas os utilizavam como sacos de pancada. Davam chutes e socos como se estivessem batendo em algo real e Grace conseguia ver a raiva que transbordava. Mas aquela era de longe a parte que a espantou.

No meio da sala, alguns pares de pessoas lutavam de verdade, como se estivessem em um ringue de luta. Ela podia ver pouco sangue pelo chão e algumas pessoas aparentemente machucadas, mas de jeito nenhum pararam a briga.

Um menino desferiu um golpe no estômago de uma garota, que caiu para trás batendo fortemente a cabeça no chão, dando um grito dolorido e ninguém ao redor – nem os que estavam nas máquinas, nem os que estavam lutando com bonecos – fez nada.

Grace saiu da sala imediatamente, mas teve certeza que não perceberam sua presença. Voltando ao corredor, ela encostou-se na parede. Inconscientemente, ela deu uma risada alta. 

– Se divertindo? – Grace olhou para seu lado. Uma jovem que ela não conhecia havia saído de uma porta. A menina tinha cabelos castanhos claros e os olhos da mesma cor, mas alguma coisa nas feições a lembrou de Mary. Ela sorria – não um sorriso irônico, mas sim um sorriso sincero.

– Desculpe, quem é...?

– Me chamo Mayra White. Sinto que não a conheço. Conheço?

Grace balançou a cabeça negando.

Mayra, pensou Grace, e Mary. São com certeza irmãs. Mas Grace não podia deixar de ver o quanto eram diferentes. Mary parecia ser do tipo de pessoa que são superiores e lideram sempre. Mayra aparentava ser uma garota bondosa e prestativa.

– Qual o seu nome? – Ela perguntou.

– Ahn...

– Ahn? É apelido de Hanna, ou talvez Anna? – Dessa vez não havia sido Mayra a ter falado. Ainda em frente a uma das muitas portas escuras, Grace assustou-se com a aparição inesperada de um garoto. Ele tinha cabelos tão negros quanto os dela, uma pele pálida e era muito magricela.

– Estou tentando me acostumar com as repentinas aparições do Além. – Grace murmurou. – Meu nome é Grace Walker.

O garoto foi parar ao lado de Mayra e eles se entreolharam sorrindo.

– Vim do Além em missão de paz. – O garoto levantou o polegar – Sou Charles Moore, prazer. Pode me chamar de Charlie – Ele apresentou-se e voltou seu olhar para Mayra. Mayra assentiu alguma coisa, como se eles estivem conversando telepaticamente, e virou-se para Grace.

– Você é a que foi encontrada ameaçada pelos Controladores de Mentes, não é? – Perguntou Mayra com curiosidade.

– Na verdade, eu fui ameaçada por dois de vocês.

Charlie deu uma risada.

– Mary sempre agradável. – Mayra revirou os olhos. – Não ligue para o que minha irmã diz ou faz, ela tem um bom coração.

– Ou não. – Completou o garoto.

– Calado, Charles. – A menina suspirou e encarou Grace. – Grace, você vai se tornar uma Hillander? Você sabe o que aconteceu com sua mãe e com seu irmão? Você sabe por que a trouxeram para cá? Eu soube que Ben mandou Noah e Mary para buscá-la, mas já me contaram outra versão em que os dois foram lá procurar...

Grace ficou desconfortável.

– Mayra. – O tom de Charlie era de aviso e virou-se para Grace. – Desculpe a Mayra, ela tem alguns problemas mentais.

– Ah, eu tenho problemas mentais? – Mayra falou defensivamente. – Quem tacou os bonecos pela janela do Centro para fazer teste de resistência?

– Liesel? Dylan? – Charlie perguntou com a voz falsamente curiosa.

Mayra jogou as mãos para o alto e entrou em uma das portas. Charlie deu uma piscadela para Grace e seguiu a outra.

Grace, achando cada vez mais os Hillander loucos, percebeu que as perguntas de Mayra eram as mesmas que ela gostaria de ter as respostas. Com as costas doendo, ela entrou pela porta branca e deitou-se na cama ao lado de seus pertences – uma pulseira e um prendedor de cabelo – e dormiu deixando suas duvidas flutuarem na sua mente.

* * *

 No sonho, Grace estava caminhando por uma rua que ela não conhecia. A garota estava mais alta que o normal e, ao olhar para si mesma, percebeu que vestia roupas de homem. Com os grandes sapatos, ela pisava nas folhas que se quebravam quando passava por cima. Foi o sonho mais maluco que ela já tivera.

Ela tinha consciência de tudo o que acontecia, e o sonho era muito real, diferentemente de todos os seus outros sonhos. Ainda caminhando pela rua, percebeu que ela não era ela mesma, e estava no corpo de um homem.

Grace estranhou de primeira, por isto nunca ter acontecido anteriormente. Como que era um sonho, ela ignorou. Mas como ela sabia que estava em um sonho? Em meio a perguntas, percebeu que o rumo tomado levava a um escuro beco.

Ela parou abruptamente e dobrou-se na barriga, engasgada com alguma coisa. Grace tossia e tossia, até que em meio a muitas tosses, um jato de sangue saiu de sua boca.

Ela acordou gritando, seu grito apavorando a si mesma. Sua mente só pensava em uma coisa. Um nome. 


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Notas finais do capítulo

Eu deixei um ar de mistério e vocês devem estar se perguntando "Oh, a Grace vai gostar do Noah?"
Sinto dizer que romance não é meu forte e que se eu escrevesse teria um ataque de risos e sairia mais ou menos assim:
"Ele segurou a mão delKKKKKKKKKKKKKKK"
Mas, quem sabe eu me aprimoro nessa área?