Uma Nova Chance escrita por Lady Padackles


Capítulo 31
Capítulo 30




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Sam colocou o retrato no lugar e respirou fundo. Era a maldita vontade de chorar que insistia em surgir de novo...

– Então você e Castiel foram amigos a vida toda? - perguntou.

– Sim! melhores amigos... E por muitos anos! Até ele me deixar também... – continuou Oliver. - Morreu há quase quinze anos, de AVC. Esse é o problema dos que vivem demais... Perdem amigos, parentes... Bem, faz parte... – Suspirou. - Eu tenho vivido uma vida maravilhosa, e não tenho do que reclamar! Castiel também aproveitou bastante o tempo que teve...

Sam sorriu. Estava contente pelos dois... Era claro para ele agora que viver até uma idade avançada, apesar das inevitáveis perdas e dificuldades inerentes à velhice, era uma dádiva, e não um fardo.

Ficaram ainda conversando algum tempo. Oliver contou mais sobre sua vida, seus três filhos, sete netos e treze bisnetos. Mostrou uma montoeira de fotografias, e Sam gostou muito de todas as histórias que ouviu. Não custou, entretanto, a notar que o velhinho já parecia cansado. Talvez fosse a hora certa de se despedir.

– Oliver, eu tenho que ir... Foi maravilhoso reencontrá-lo! E muito obrigado pela conversa! – disse com sinceridade.

– Eu que agradeço pela visita, Tristan... – o idoso levantou os braços e Sam aproximou-se para um abraço emocionado. Ambos sabiam que dificilmente se veriam novamente... Pelo menos não naquela encarnação.

– Mas antes que você vá... – disse o velho - Lembra que você tinha me emprestado dinheiro antes de morrer? Eu nunca te paguei...

Sam não lembrava. Fez que não com a cabeça. Mas Oliver tinha certeza absoluta, e queria pagar sua dívida. Calculou de alguma forma, pois o dólar já havia desvalorizado demais em todos aqueles anos. Por fim insistiu em pagar a Sam cem dólares, e o menino acabou por concordar. O dinheiro veio em muito boa hora...

Julia então levou o garoto até a porta. Ele despediu-se da moça agradecido e extremamente feliz. Ter reencontrado um grande amigo de sua encarnação passada fora uma experiência incrível. Ao mesmo tempo, melancólico, não conseguia tirar da cabeça a prematura morte de Tristan. Tudo por causa de um acidente infeliz... Sentia uma enorme sensação de vazio no peito.

O menino suspirou fundo. Precisava esquecer aquele assunto por enquanto. Sua primeira missão estava cumprida, graças a Deus! Agora precisava ir atrás de Roger Campbell.

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A firma onde Roger trabalhava estava a poucos metros dali, subindo uma ladeira. Uma breve caminhada e chegaria ao seu destino... Sam conferiu o mapa mais uma vez... O prédio ficava bem em frente a uma lanchonete Denny’s. Seria bem fácil de localizar... Era lamentável que Dean não estivesse com ele. Ahhh Dean... Foi só aí que Sam se lembrou dele.

Como estaria o seu namorado? Teriam os meninos conseguido ajuda da polícia? Chegado no colégio a salvo? Será que tinham levado muita bronca? Sam teve medo que Dean estivesse magoado com ele... Talvez tivesse ido correndo contar a Brian Scrotto que ele, Sam, era de fato doido, e que o amigo tinha razão em ter tentado impedi-lo de fugir...

Bem, mas não podia fazer nada por enquanto. Precisava ser forte e seguir em frente... Em frente... Sam olhou para frente, e, do outro lado da rua, lá estava ele. Dean... Em carne, osso e gostosura. O coraçãozinho do moreno saltitou de felicidade, e ele correu ao encontro do namorado.

– Dean, você me esperou! – comemorou o menino.

O humor de Dean, ao contrário do dele, parecia péssimo.

– Claro que esperei... Você achou mesmo que eu fosse te largar aqui sozinho? – disse com a cara amarrada. – Aliás, nossa... Como você demorou...

Sam sorriu.

– E os meninos? – indagou. Estariam eles ainda por ali também?

– Foram embora... – disse o louro enquanto levantava-se lentamente. Estava sentado no meio fio da calçada.

Sam estendeu os braços e ajudou seu amado a pôr-se de pé. Estava radiante. Agora sim sua aventura tinha tudo para ser perfeita. Em breve seu lourinho estaria nos braços do pai...

– Vem, Dean, vamos seguir por aqui...

– Ladeira acima!? – Espantou-se Dean. – Nem pensar... Eu estou exausto!

Pobre Dean... Sua aparência era mesmo péssima... Sam lembrou-se de como o namorado devia estar faminto.

– Mas tem uma lanchonete logo ali adiante, olha... Uma Denny’s! – Ele disse mostrando-lhe o mapa.

Dean não pareceu nem um pouco feliz com a notícia. Muito pelo contrário...

– Não! – revoltou-se ele. – Não aguento mais mendigar! Prefiro pedir ajuda à polícia a ter que implorar por comida na frente de uma lanchonete!

Mendigar? Quem estava falando em mendigar? O moreno imediatamente tirou duas notas de cinquenta dólares do bolso e exibiu-as ao namorado, que ficou boquiaberto. Sam era muito... Muito mais doido do que ele jamais sonhara.

– V.. Você... Roubou dinheiro do velhinho, Sammy?!!! – Dean estava apavorado. – Precisamos voltar lá e devolver!!!

O moreno indignou-se.

– Claro que não roubei o dinheiro, Dean! Que ideia...

Sam pensou alguns segundos, mas não conseguiu explicação plausível para ter aquelas notas no bolso.

– O Oliver me deu os cem dólares... –disse displicente.

– Te deu??? E por que ele haveria de fazer isso? – Dean não parecia nem um pouco convencido.

O namorado olhou para ele sem saber muito bem o que dizer, e notou o quanto Dean estava ficando vermelho.

– Não acredito que você, além de importunar o pobre do velho com as suas histórias doidas, ainda teve a cara-de-pau de chorar miséria e pedir dinheiro pra ele... Você mendigou dinheiro pro homem, Sammy?!

Sam deu de ombros. Corou e assentiu. Não tinha outra saída se não admitir a cara-de-pau.

– Que vergonha! – Gemeu o louro - E ainda por cima uma quantia tão alta... – O menino apertou o passo.

– Para onde você está indo? – Sam perguntou aflito.

– Para bem longe daqui! – respondeu o louro. Dean respirou fundo. – Vamos para a Denny’s... Estou com fome!

Sam sorriu, feliz da vida. Seu plano estava dando certo... Tudo o que precisava agora era arranjar uma maneira de contar a Dean sobre o trabalho de seu pai... Bem... E provavelmente também forçá-lo a tentar um reencontro com Roger.

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Dean mastigava seu hamburger ainda com cara de poucos amigos.

– Desculpa, Dean... – o moreno falou dengoso. – Eu não deveria ter mentido pra você...

– Não deveria mesmo...

– É que eu queria tanto que você viesse comigo... – ponderou o moreno.

O louro deu um gole no milk shake de morango. Estava uma delícia...

– Pois não precisava ter mentido. Eu teria vindo de qualquer jeito... – Respondeu Dean com sinceridade. Com certeza teria ficado revoltado com Sam se soubesse a verdade... Teria reclamado bastante... Mas, de qualquer maneira, ele nunca teria deixado seu namorado sair do Castelo sozinho! Maluco ou não, Dean o amava, e se preocupava com ele.

O moreno baixou a cabeça.

– Sinto muito... Prometo nunca mais mentir pra você. Foi estupidez minha...

Dean deu mais uma mordida no sanduiche. Sam, que havia enchido a barriga na casa de Oliver, estava apenas tomando um sorvete. Sentia-se envergonhado agora. Ficaram em silêncio por algum tempo.

Dean não suportava mentiras... Por pior que a verdade pudesse parecer, ela era sempre preferível a uma lorota! Esperava que Sam cumprisse com sua palavra, e parasse de inventar histórias. Ele, Dean, nunca havia mentido para o namorado. Pelo menos não que ele se lembrasse...

E que ideia a de Sam de inventar um bisavô... Ele tinha chegado até a ficar com pena do velho. Só o moreno mesmo para inventar um parente caquético que era detestado pelo resto da família... Tudo isso para encobrir sua curiosidade exagerada a respeito de dois amantes que morreram no inicio do século...

– Dean... – O moreno pegou na mão do namorado e falou olhando em seus olhos. Precisava fazer as pazes com o louro, e depressa. O sucesso de sua segunda missão dependia disso... – Eu vou ser sempre sincero com você de agora em diante... Por favor, acredite em mim, e me desculpe. O que você quiser saber, eu te conto...

O menino esperou que Dean lhe perguntasse sobre Tristan, Ross e Oliver. Mas a verdade é que o louro não estava nem um pouco interessando nas maluquices do namorado. Seus pensamentos haviam convergido para outro assunto bem mais terrível: o caso Pamela.

Agora, bem alimentado e menos enraivecido, Dean ponderava... Sam havia mentido, isso era bem verdade... Não passava, entretanto, de uma mentirinha besta, sem grandes consequências. Às vezes uma omissão podia ser bem mais grave... Era o caso de Pamela... Se ele, Dean, exigia sinceridade do namorado, deveria retribuir da mesma forma...

– Tudo bem, Sammy... Deixa pra lá... – Disse o louro com a voz fraca.

Sam sorriu, como se todos os seus problemas tivessem ido embora.

– Você é o melhor namorado do mundo, Dean... – disse o menino. Não sabia que com isso forçava o louro a sentir-se ainda mais culpado. O moreno parecia tão doce e inocente...

Dean sorriu também, sem graça. Ele era o pior namorado do mundo, isso sim... Engoliu em seco. Precisava falar alguma coisa. Era agora ou nunca. Tinha que tomar coragem e se livrar daquele peso.

– Sammy... Eu não sou o melhor namorado do mundo...

– É sim... – insistiu Sam. - Por perdoar a minha mentira idiota...

Dean respirou fundo. Sentiu seu coração disparar, mas não iria desistir de falar o que estava entalado em sua garganta. Só torcia para que Sam não o detestasse para sempre.

– Eu preciso te contar uma coisa...

Sam olhou surpreso para o namorado. O semblante do louro era bastante sério agora.

– O que foi? – O moreno não fazia ideia do que estava por vir.

– Aquele dia que eu saí da escola para jogar basquete... Aconteceu uma coisa...

– Que coisa? – Perguntou Sam sentindo-se cada vez mais nervoso.

– Bem... – Dean olhou para baixo. Não conseguia encarar o namorado. – O Brian... Ele e eu estávamos conversando depois do jogo e...

Sam sentiu seu coração congelar. Não... Não era possível... Ele não estava pronto para ouvir o que Dean tinha para lhe dizer... Dean e Brian? Sério mesmo? E Dean tinha garantido que não havia nada entre eles...

Os olhos de Sam encheram-se de lágrimas. Ele estava sem ação. E se Dean quisesse terminar com ele? E se quisesse ficar com o Scrotto? O menino olhou para o namorado em desespero, mal prestando atenção às palavras do louro.

– Aí chegaram duas garotas, que grudaram na gente... Eu não tive como fugir, Sammy... – Dean olhou para o namorado, que parecia abaladíssimo como a conversa. Ele era mesmo um monstro... Respirou fundo e prosseguiu.

– O nome dela era Pamela. Nós trocamos alguns beijos, mas foi só isso... Eu não queria, Sammy, mas não tive como fugir... O Brian não sabia do nosso relacionamento... Ele nem sabia que eu era gay... Me desculpa, por favor! – Dean agora era quem estava trêmulo e choroso.

Sam balançou a cabeça, ainda tentando processar as informações. Então Dean não tinha ficado com Brian? Só tinha dado uns beijinhos em uma garota? Alguém de quem ele nem gostava... Sam enxugou uma lágrima que escapuliu. A verdade é que ele estava era muito aliviado. Logicamente que perdoaria Dean por isso.

Sam não deixou que o louro dissesse mais nada. Chegou mais próximo dele, abraçou-o carinhosamente e deu-lhe um beijo na boca. A garçonete arregalou os olhos, e vários clientes do estabelecimento olharam e cochicharam entre si, mas nenhum dos dois se importou.

– Claro que eu te perdoo, Dean. – Ele disse baixinho, aconchegando o namorado em seus braços.

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Ficaram abraçados por algum tempo. Dean sentia-se agora feliz e aliviado. Sam, ao contrário, ainda tinha algo importante a resolver. E já que o assunto era sinceridade... Agora era hora dele tomar coragem.

O moreno olhou pela janela. Logo ali, do outro lado da rua, via-se o prédio da Hill & Oates.

– Dean... Eu também tenho que te contar uma coisa...


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