Uma Nova Chance escrita por Lady Padackles


Capítulo 27
Capítulo 27




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– Obrigado por vir comigo, Dean... – Sam falou ao namorado. Antes mesmo que Dean pudesse responder, assim que os dois meninos pisaram do outro lado do muro, deram de cara com dois vultos. Levaram o maior susto do mundo até reconhecerem Clark e Garth, que, assim como Sam, carregavam cada qual uma mochila nas costas.

– Ahh bem, pensei que não viesse, Sam... – Comentou Garth como se de fato tivessem marcado um encontro. - Legal que o Dean veio também... – completou.

– Garth, Clark, o que vocês estão fazendo aqui? – perguntou Sam apreensivo, enquanto caminhavam apressados.

– Você acha mesmo que não ouvimos as conversas de vocês? Sacanagem não terem nos chamado pra fugir também... – reclamou Garth - Mas tudo bem, porque nós viemos assim mesmo...

Clark apenas olhou para os meninos e sorriu envergonhado.

– Cara, fugir é perigoso! Isso não é nenhuma brincadeira... O Sam não queria envolver vocês nisso! – Dessa vez foi Dean que respondeu em defesa ao namorado.

– Pois eu sempre sonhei em pular esse muro! Adorei a ideia. – Respondeu o garoto magrelo com um brilho no olhar. Era a maior aventura de sua vida...

Dean já ia responder alguma coisa quando ouviram um barulho vindo da escola. Será que alguém viria atrás deles? Sam teve certeza de que Brian Escrotto tinha dado com a língua nos dentes e enviado alguém para apanhá-los. Os quatro garotos puseram-se a correr como loucos. Embrenharam-se por caminhos desconhecidos por eles e só pararam quando já estavam exaustos e pareciam seguros. Encontravam-se no meio se um bosque.

Resolveram se sentar um pouco, a beira de uma árvore frondosa, e beber um pouco da água que carregavam consigo.

– Sam, você sabe como chegar até a casa do seu bisavô? – perguntou Garth, ainda ofegante.

– Eu trouxe um mapa do lugar. Mas pra chegar até lá a gente vai ter que perguntar... Deve ter um ônibus, não sei...

Dean ainda estava intrigado. Como Garth e Clark puderam fugir da escola assim, sem mais nem menos? Eles não tinham motivo para fazer tamanha besteira. Nem mesmo tinham sido persuadidos como ele. Tudo bem... Garth pelo jeito desejava essa fuga desde sempre, sabe-se lá porquê... Mas e Clark? Não fazia sentido...

Enquanto Sam e Garth conversavam sobre como sairiam dali, Dean resolveu tirar a dúvida.

– Clark... O Garth pediu para você fugir com ele?

– Não, claro que não! – surpreendeu-se o moreno.

– Então por que você veio?

– Eu não queria ficar lá sozinho, sem os meus amigos... – Disse o menino, abaixando a cabeça. O olhar que lançou a Dean era triste, como se as lembranças que tivesse do castelo não fossem as melhores possíveis.

Dean olhou para o amigo de forma indagativa. É claro que era ruim ficar “sozinho” no colégio. Disso ele entendia muito bem... Mas Clark não era nem de perto tão tímido quanto ele, podia muito bem interagir amigavelmente com outros colegas. Será que ninguém mais percebia o quão grave era fugir do colégio? Podiam até ser expulsos por isso...

Clark imaginou ser aquela a oportunidade ideal para finalmente desabafar sobre seu problema. Estava bem longe do colégio e de seus agressores. Apesar do frio, tirou o casaco, deixando os braços expostos.

– O que é isso? – Dessa vez foi Sam quem perguntou, se referindo a uma fileira de hematomas que Clark exibia no braço direito. Todas as atenções se viraram para ele.

– Foi o Jonas Klein e aqueles amiguinhos dele. Eles vivem me importunando... – suspirou o menino.

– Cara, você não pode deixar eles fazerem isso com você! – revoltou-se Garth – Por que não contou pra gente?

– Eles são barra pesada. Ficam me ameaçando, mas só quando eu estou sozinho... Eu não queria envolver vocês nisso...

– Desgraçados! Quando a gente voltar eles vão ver! – Disse Sam enfezado. – Você devia ter falado com a gente antes, Clark... Você fez exatamente o que os bandidos queriam... Ficou calado!

Clark abaixou a cabeça, envergonhado. Sentia-se péssimo por ser motivo de chacota e precisar da ajuda dos amigos.

– Não, Sam... Deixa eles pra lá... – suspirou. Ele não queria mesmo briga com aqueles garotos.

– De jeito nenhum! Não deixo mesmo! Olha pra gente, Clark! Você é enorme, e é forte! Será que não se enxerga? E eu sou ainda maior que você! O Dean também é grande. Nós três juntos somos capazes de dizimar Jonas e todos os amiguinhos metidos dele. Você não pode ter medo!

– E eu? Você esqueceu de mim!! – revoltou-se Garth. Ele era quase do tamanho de Dean afinal... Não era justo que fosse sempre visto como um fracote insignificante.

– E o Garth é esperto... Ele pode colocar o pé no caminho e fazer eles tropeçarem... – Arrematou Sam, fazendo todos rirem. Garth deu um tapa no amigo, mas tudo com muito bom humor. Só assim mesmo para aliviar o clima que já estava ficando pesado demais.

– Vamos tentar voltar para a estrada? – sugeriu Dean. Já estava ficando escuro. Sorte que Garth tinha lembrado de levar uma lanterna. Ele era esperto de fato.

Caminhar no escuro, no meio do nada, era um tanto assustador. Dean foi logo dando a mão para o namorado. Clark estava tão amedrontado que Sam deu a mão para ele também. Garth caminhava na frente iluminando o ambiente. Um passo atrás vinham os três maiores, assustados e de mãozinhas dadas.

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Após uma longa caminhada, sem saber exatamente para onde estavam indo, os meninos encontraram uma estrada. Resolveram pedir carona, mas nenhum carro parecia disposto a parar. Afinal, quem haveria de parar para quatro garotos sujos e suados?

– Estou com fome... – reclamou Dean. - Alguém trouxe comida?

Sam, Garth e Clark se entreolharam. Ninguém tinha lembrado de levar comida...

– Ninguém? Como vocês podem fugir sem comida! – revoltou-se Dean. – E a gente vai comer o que?

Os três meninos tinham levado dinheiro. Todo o dinheiro que tinham guardado... Dava para pagar condução, comprar comida e até se hospedar em alguma pensão barata se fosse necessário. Dean não tinha com o que se preocupar...

Ficaram ali esperando por mais um tempo, até que desistiram. Resolveram andar mais um pouco a procura de um ponto de ônibus.

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– As minhas costas estão me matando... – choramingou Sam. O peso da mochila já estava incomodando não apenas a ele, mas também à Clark e Garth.

Dean, o único que não carregava nada, se ofereceu para ajudar o namorado. Sam entregou a bagagem ao louro. Assim que colocou o peso nas costas, o menino notou um objeto duro que batia em seu corpo de maneira incômoda.

– O que é isso duro aqui na sua mochila?

Sam estremeceu. O objeto duro era nada mais, nada menos, que o porta-lápis que Dean havia pintado para o pai. Antes de fugir, ele havia dado um jeito de adentrar o quarto do namorado e usurpá-lo. Fizera isso pensando na possibilidade, ainda que remota, de Dean acabar aceitando fugir com ele. Agora, quando Dean se encontrasse com Roger, poderia lhe entregar o presente como planejado.

– É o meu estojo...

Para que Sam estava levando o estojo? Dean deixou para lá. Depois ajudaria o namorado a reorganizar a mochila para que o objeto duro não ficasse machucando. Naquele momento o melhor que podia fazer era não reclamar.

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Quando finalmente avistaram um ponto de ônibus, foi felicidade geral. Eles não tinham ideia de que condução pegar, mas qualquer uma que os levasse para alguma cidade maiorzinha já seria uma ótima opção. Precisavam de comida e um lugar para dormir. No dia seguinte, descansados, seria mais fácil descobrir o caminho certo.

– Um ônibus! – Comemorou Sam ao avistar a condução que vinha ao longe.

Os outros três meninos, que estavam sentados, levantaram-se de supetão e sorriram de uma orelha a outra. Aquele pesadelo estava prestes a terminar. Iriam rumo à civilização... Todos fizeram sinal, ansiosos, e nem se importaram com o seu aspecto velho e caindo aos pedaços.

O motorista parou para eles, e pareceu surpreso com o que viu.

– Vocês estão perdidos, garotos?

– Não! – Respondeu Sam sem nenhuma convicção. - Nós estamos indo visitar o nosso bisavô...

– São irmãos?

Não, irmão não... Eles nem eram parecidos...

– Primos! – mentiu.

– Olha, esse ônibus é particular, viu? Esse ponto já não é utilizado pelas rotas usuais há muito tempo...

Os quatro se desesperaram.

– Por favor, dá uma carona para a gente... Para qualquer lugar... – Implorou Garth.

– Tudo bem, podem entrar. – o homem sorriu um sorriso esquisito.

Assustados, os meninos repararam que os outros passageiros do ônibus pareciam mais sujos que eles. Rolava uma conversa animada, mas que nenhum dos quatro pôde entender. Conversavam em espanhol. Pelo jeito eram mexicanos...

Sentaram-se os quatro juntos, espremidos em um único banco de dois lugares que estava vazio, e ficaram bem quietinhos. Rezavam para chegar logo a algum lugar civilizado.

Os garotos mal reparavam suas barrigas roncando. Estavam cada vez mais nervosos à medida que o tempo ia passando e o ônibus não os deixava em lugar nenhum. Quando o veículo finalmente parou os quatro se precipitaram para sair de lá o mais depressa possível.

Sam olhou em volta. Pareciam ainda estar no meio de uma estrada deserta.

– Onde estamos? – perguntou assustado ao motorista.

– Vocês ficam aqui, garotos. Depois de me pagaram pela carona... São 500 dólares.

– O quê? 500 dólares por uma passagem de ônibus para continuar no meio da estrada? Você está louco, né? – reclamou Garth revoltado.

Sam, Dean e Clark engoliram em seco. Aquilo era um assalto e todos os passageiros daquele ônibus pareciam muito ameaçadores... Garth era maluco de enfrentar o motorista daquele forma.

O motorista, por sorte, não pareceu irritado. Ele apenas sorriu.

– Se andarem um quilômetro nessa direção... – Apontou para uma estradinha de terra. – Vão chegar em Castella. É uma cidadezinha pequena. Lá vocês podem ligar pro papai , chorar e pedir desculpas por terem fugido... Agora passa a grana!

Sam e Clark, trêmulos e desesperados, pegaram todo o dinheiro que tinham e entregaram a ele.

– É tudo o que eu tenho! – choramingou Clark.

– E eu também. – completou Sam aflito.

No total tinham entregue a ele 230 dólares.

O sujeito olhou ameaçador para Dean e Garth - Vocês vão ter que completar os meus 500 dólares, nenéns.

Garth abriu a carteira de má vontade e tirou 50 dólares que entregou ao homem.

– Só isso!? – reclamou o bandido – Você está tentando me enganar, magrelo?

Garth deu de ombros.

– Deixa eu ver isso aqui... – falou o homem arrancando a carteira das mãos do menino. Achou mais 40 dólares lá, que furtou sem piedade. Garth teve vontade de esmurrar o sujeito.

– E você, bonitinho? – perguntou para Dean. – Onde está a grana?

Sam foi logo puxando o namorado para perto de si.

– Ele não tem dinheiro...

– Ahhh, não tem dinheiro? Já sei... Eles pagam tudo pra você só porque tem essa carinha... Tá certo... Só que vocês ainda me devem 180 dólares...

Os quatro meninos se entreolharam desesperados. O homem riu sadicamente mas abriu a porta do ônibus, deixando que corressem dali o mais rápido que suas pernas permitiram.

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– Desculpa, Dean... Eu não queria ter te colocado nessa situação horrível... – Sam falou baixinho para o louro, que agora descansava a cabeça em seu colo.

Dean suspirou. Era mesmo uma situação horrível... Após correrem como um bando de pangarés desajustados, os meninos finalmente chegaram a Castella, uma cidadezinha imunda e caindo aos pedaços. Compraram pão com alguns trocados que Sam, por acaso, tinha esquecido no bolso. Depois do jantar, procuraram um lugar para dormir. Acabaram se ajeitando em cima de uns papelões que algum mendigo deixara debaixo da ponte. Clark e Garth agora estavam dormindo. Dean nem entendia como puderam relaxar...

O louro não queria deixar seu desespero transparecer. A situação já era ruim o suficiente. Não queria que Sam ficasse se culpando por isso.

– Hey... A culpa não foi sua, Sammy... Mas nós vamos ficar bem. Amanhã a gente vai encontrar o seu bisavô e tudo isso não vai ter passado de um pesadelo... – Ele disse acariciando mãos do namorado.

Sam sentiu um frio percorrer sua espinha. Como contar a Dean sobre seu verdadeiro interesse por Oliver? Antes não via essa pequena mentira como algo tão grave... Agora, depois de passarem por todo aquele perrengue, tinha medo da reação do namorado.


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