Uma Nova Chance escrita por Lady Padackles


Capítulo 24
Capítulo 24




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Eram cinco horas da manhã. Dean se remexia ansioso na cama. Acabou por desistir de dormir novamente e levantou-se. Tentou ler um livro, mas não conseguiu se concentrar. O Sábado finalmente chegara, e era o dia de sua grande estreia no time de basquete. Seria uma grande aventura de fato.

Dean saiu para tomar o café-da-manhã assim que a cafeteria abriu. Talvez Sam ainda estivesse dormindo... Intimamente o louro torcia para não encontrar o namorado por lá. Dean sabia o quanto o moreno estava se sentindo inseguro a respeito de sua saída do colégio. Tudo o que ele não precisava agora era de Sam choramingando em seus ouvidos. Ele não estava fazendo nada de mais afinal...

O garoto sentou-se sozinho, apesar de ter avistado alguns colegas de time sentados em uma mesa ao longe. Comeu o mais depressa que pôde. Nada de Sam aparecer... Dean voltou depressa para o quarto e só saiu de lá novamente para encontrar seus companheiros que se concentravam no pátio.

Aliviado, novamente constatou que não havia nenhum sinal do namorado. Quem ele avistou, ao longe, foi Garth. Pelo jeito o colega tinha acordado cedo para tentar de alguma forma conseguir se unir ao time no passeio. Dean se aproximou e viu quando o treinador, Kurt Harris, negou o pedido de Garth.

– Sinto muito, Garth. Não posso abrir uma exceção para você. Todos os garotos dessa escola gostariam de ir assistir o jogo, mas o espaço do ônibus é limitado.

Garth ainda insistiu, mas Kurt foi firme em sua decisão. O menino pareceu bastante frustrado. Dean deu-lhe um tapinha nas costas em sinal de solidariedade. Ele nunca tinha visto ninguém com tanta vontade de sair daquele castelo quanto Garth. Uma pena que o coitado não tenha conseguido permissão para ir com eles...

Quando Garth se afastou, Dean voltou seus pensamentos para Sam. Onde estaria ele afinal? Enquanto conversava com Brian, Dean, de canto de olho, prestava atenção à movimentação ao seu redor. Talvez Sam não quisesse mesmo ir lá se despedir dele... Vai ver estava emburrado no quarto, ou quem sabe até chorando... Sentindo pena de si mesmo... Que droga! Mas ele não iria deixar que os ciúmes de Sam estragassem seu dia. Tiraria o moreno de seus pensamentos por completo.

Quando o ônibus finalmente chegou para buscar os rapazes, todos se enfileiraram e começaram a entrar lentamente. Dean já estava entrando quando percebeu Sam que chegava correndo.

– Dee... an! – chamou ele.

O louro olhou para o garoto com um misto de pânico e alívio. Ainda bem que o namorado não estava chorando trancado no quarto, mas será que o faria passar vergonha agora na frente de todo mundo?

– Oi, Sam... – Ele respondeu com pouco entusiasmo.

– Que bom que consegui te alcançar a tempo... – Sam arfava. Pelo jeito tinha corrido de seu quarto até ali. Dean apenas olhou para ele a espera de uma explicação. O que ele precisava dizer que era tão urgente? Dean teve medo que Sam implorasse para ele ficar.

– Eu esqueci o meu caderno de Física no seu quarto, e eu vou encontrar o Clark daqui a pouco para estudar...

– Sam... Eu estou saindo agora. Não tenho tempo de ir até o quarto buscar o seu caderno... – Dean estava um tanto aliviado que o pedido de Sam não fosse relacionado à sua saída.

Sam olhou para ele com cara de cachorrinho pidão.

– Toma, fica com a minha chave – o louro disse então, estendendo-lhe o objeto sem que ninguém mais percebesse. Quando eu chegar eu te procuro e você me devolve. Mas vê se não some...

Sam sorriu. Seu plano funcionara nos mínimos detalhes. É claro que ele não gostava da ideia de ver seu louro saindo com Brian Escrotto e o resto do time, mas pelo menos assim teria a oportunidade de encontrar alguma pista sobre Roger Campbell.

– Boa sorte! - Sam disse por fim, acenando para Dean. Assim que o ônibus partiu correu para o quarto do louro. Ele se sentia um pouquinho culpado em invadir a privacidade do namorado desse jeito, mas sua atitude era justificável. Estava fazendo por uma boa causa...

O quarto de Dean era arrumado, muito diferente do dele... Sam precisava ter cuidado para deixar tudo do mesmo jeito que Dean havia deixado. Abriu gaveta por gaveta e começou a examinar tudo minuciosamente. Precisava achar alguma coisa... Poderia ser um documento, uma fotografia, uma carta... Qualquer coisa que pudesse lhe dar uma pista sobre o paradeiro de Roger.

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Enquanto isso, Dean se preparava para o jogo. O breve encontro com Sam o havia deixado mais relaxado e feliz. O moreno pelo jeito estava deixando de ser tão infantil. Finalmente conseguira confiar nele e iria passar o dia estudando com Clark, sem se preocupar com o que ele, Dean, poderia estar fazendo ao lado de Brian.

O outro colégio, o Santa Maria, era bem moderno. Muito diferente do castelo onde estudavam... Havia um certo instusiasmo no ar. Uma vibração diferente da que eles estavam acostumados. Para começar, o Santa Maria não era um Colégio interno. Todos os que estavam ali ou faziam parte do time, ou da torcida organizada, ou foram assistir ao jogo por livre e espontânea vontade. Não estavam uniformizados. A outra grande diferença eram as meninas... Elas estavam por todos os lados. Muitas torciam de longe, mas o time do colégio tinha uma torcida organizada só de garotas. Muitas olhavam para eles, acenavam e davam rizadinhas. Brian e os outros meninos pareciam encantados com presença delas.

O jogo correu bem. Foi bastante concorrido, porém amigável. É claro que Kurt Harris pediu tempo diversas vezes para dar bronca nos garotos. Coisa de treinador... Mas tudo acabou em festa, principalmente para o time do Saint Peter, que se saiu vitorioso. Dean se sentia nas alturas. Tinha jogado bem, e inclusive marcara alguns pontos importantes. Brian havia sido o cestinha. Era o melhor jogador e capitão do time.

– É agora que vem a melhor parte! – Brian então comentou com Dean enquanto saiam da quadra.

Depois de tomarem banho e se trocarem, era de praxe os times se encontrarem para uma confraternização. Em geral era oferecido um lanche, e a torcida organizada, formada por dezenas de belas garotas, estava também convidada. Não era a toa que os meninos do Saint Peter, tão depravados de companhia feminina, sonhassem tanto com esse momento.

Enquanto comiam, trocavam milhares de olhares, e logo uns começavam a puxar conversa com os outros. Era comum alguns garotos voltarem para o castelo com o número telefônico de alguma paquera. Menos comum e mais festejado era quando algum deles conseguia dar alguns beijos e amassos antes de retornar.

Quando Dean chegou com Brian na confraternização, todos os olhares femininos se voltaram para eles. Brian, o capitão do time... O cestinha do jogo... Dean... Hmmmm Dean... As garotas nunca tinham visto tamanha beleza. Não demorou nada para que meia dúzia de garotas, as mais assanhadas, se aproximassem deles para jogar todo o seu charme.

– Parabéns pela vitória! – diziam elas. E daí começavam a puxar assunto. Outros garotos se aproximavam tentando conquistar seu lugar no coração das moçoilas.

Logo, de alguma forma, Dean se viu sozinho com Brian e com duas garotas: uma loura: Pamela, e uma ruiva: Martha. Ambas belas e muito atiradas para o gosto do louro... Brian, pelo contrário, era só sorrisos.

– Vocês não querem nos mostrar o colégio? – sugeriu o mais velho. A intenção era clara: encontrar algum cantinho escondido para trocar beijos e carícias. Dean se viu desnorteado. Não sabia o que fazer...

– Ahh, bem... Eu acho que vou ficar por aqui mesmo... Tenho que falar com o treinador... – comentou o garoto, sem graça.

Brian cutucou o colega. Dean era mesmo inocente demais... Será que ele não estava entendendo que tinha a chance de finalmente ficar com uma bela garota?

– Depois você fala, Dean. Vem com a gente! – Disse o moreno lançando-lhe olhares significativos. – Deixa de ser bobo, cara. A loirinha está caidinha por você... – completou aos sussurros.

Dean não teve coragem de dizer que não. Seguiu Brian e as meninas, morrendo de medo do que poderia acontecer em seguida. Teria que dar um jeito de fugir dali de alguma forma...

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Enquanto isso, Sam passava a manhã inteira fuçando as coisas do namorado. Não estava achando nada de muito interessante, até se deparar com uma caixa com fotos. Atrás das mais antigas, escrita com uma letra bem desenhada, havia um legenda com a data e o nome das pessoas que apareciam na foto. A grande maioria datava de mais de doze anos atrás, quando Dean era bem pequeno, ou de quando nem mesmo era nascido. Tinha fotos do casamento de seus pais, depois Dean bebê, no colo do pai... Dean com a mãe... Uma mulher, aparentemente uma empregada, também aparecia frequentemente nas fotografias: Rafaela Hernandez, de acordo com as legendas. Dean com dois, três, quatro anos... E como ele era fofo! Bem lourinho, com uma franjinha farta quase cobrindo seus olhos. Estava sempre sorrindo.

Era notória a diferença que existia entre a primera fase da vida de Dean, retratada de forma tão alegre, com a que se seguiu. As fotos de Dean no hospital eram poucas, mas tristes o suficiente. Dean carequinha, com um lencinho cobrindo a cabeça. Muito magrinho... Em uma das fotos, Sam reconheceu Rafaela Hernandez, que estava ao seu lado. As fotos já não tinham mais legendas... Em outra foto, duas enfermeiras, uma de cada lado. Ele ainda era muito pequeno. Mas nada do pai ou da mãe... Bem, o pai já tinha ido embora a essas alturas. Sam sentiu uma enorme angústia vendo as fotografias. Os olhinhos de Dean pareciam tristes e sem brilho. O moreno passou por elas depressa.

Depois uma foto em familia: Dean, a mãe com um bebê no colo e um homem, que só podia ser o padrasto. Dean aparentava uns sete ou oito anos na época, e ainda mostrava sinais da doença que o abateu. Magro, abatido, e com os cabelos muito curtos. Então isso significava que Joan Campbell, assim que largada por Roger, saira a procura de outro homem, em vez de sossegar e cuidar do filho doente? Pobre Dean... Sam não sabia nada a respeito de Joan, apenas que ela não aparecera para visitar o filho no dia de visitas... Pelo jeito não era a melhor mãe do mundo.

As fotos que se seguiram mostravam principalmente Dean e sua irmã, Mackensie. As últimas não revelavam pessoas e sim cenários bonitos, inclusive algumas fotos do castelo. Eram fotos belas e artísticas. Pelo jeito fotos que Dean tirara mais recentemente...

Sam suspirou. Tudo muito interessante... Mas não tinha nada que pudesse extrair daquelas fotos? Nada mesmo? O garoto sentiu-se frustrado e voltou ao inicio, examinando cada detalhe minuciosamente.

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– Dean, alguém já te disse o quanto você é bonito?

A pergunta foi inesperada. Dean engoliu em seco. Olhou para o lado procurando o apoio de Brian, mas este já estava totalmente entregue, aos beijos e abraços com Martha.

O menino sorriu sem graça.

– Está ficando tarde, eu acho melhor a gente voltar... – falou nervosamente.

Pamela sorriu de volta e aproximou-se mais do garoto.

– Não precisa ficar nervoso. Eu não tiro pedaço... – brincou. – Você não me acha bonita?

O louro acenou a cabeça afirmativamente. Não estava mentindo... Pamela era bonita. Isso não significava que Dean tivesse qualquer tipo de atração por ela.

E então a garota aproximou-se mais e colou seus lábios aos dele. Dean teve vontade de correr. Mas não podia... O que Brian pensaria dele? Qualquer garoto normal teria adorado beijar aquela linda menina... Mas ele não era normal... Ele gostava de garotos, e de um em especial: seu namorado, que confiava nele! Dean sentiu-se péssimo. Estava traindo Sam...


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