Quanto Tudo Começou A Mudar. escrita por Lina Pond


Capítulo 33
Eu sou o tio Aaron.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/405221/chapter/33

- É pra isso que um teste serve – eu disse pegando a ficha – Para descobrir esse tipo de coisa.

Aaron me segurou e me puxou para perto.

- É meu? – ele sussurrou e eu nunca me senti tão ofendida. Eu queria socar ele, destruir seu rosto lindo e nunca mais olhar na sua cara. Mas a única coisa que eu consegui fazer foi chorar.

- Não – eu disse em meio a soluços – Agora você pode me deixar em paz?

- Emma...

- Não – eu gritei no meio do hospital – Você foi a pior coisa que já me aconteceu Aaron. E eu estou cansada. Exausta. Fica longe de mim. Se houver um bebê, ele vai ser como o de Lizzie. Não vai ter um pai.

Corri pelo corredor do hospital, chorando enquanto Aaron continuava paralisado.

***

Minha mãe me ligou minutos depois, me dizendo que o parto de Lizzie tinha sido marcado para as dez horas da noite e que ela me queria na sala. Fiz meu exame de sangue, mas não tive paciência para esperar os dias necessários. Aquilo ainda ia me matar e eu precisava saber. A enfermeira legal me trouxe um teste rápido de gravidez e eu fiquei o encarando na sala de testes, me preparando para ir até o banheiro.

Senti alguém se sentar ao meu lado e quando me virei, encontrei os olhos cansados de Aaron.

Ele segurou minha mão e dessa vez não pedi para ele ir embora.

- Eu me inscrevi na Columbia – eu sussurrei e ele pareceu chocado – Minha carta chegou hoje.

- E?

- Eu entrei – eu respondi fingindo um sorriso e ele me abraçou.

- Parabéns – ele disse também fingindo um sorriso. – Emma. Me perdoa. Eu venho sendo um babaca. Em tudo. Eu não sei por que comecei a beber assim. Eu não sei por que te deixei ou porque venho fazendo tudo errado.

- Você sabe que temos problemas maiores agora, certo?

- Certo – ele disse e me levou até a porta do banheiro.

Fiz o teste e deixei Aaron entrar no banheiro enquanto deixava o cronometro soando.

Aaron me encostou na parede e me beijou. Como nos velhos tempos. Suas mãos apertavam minha cintura com força enquanto ele mordia meus lábios.

E eu esqueci porque estava com raiva.

- Você sabe – ele disse em meio aos beijos – Que eu vou estar com você se... Você sabe. E que eu sei que esse bebê é meu.

- Nós nem sabemos se tem um bebê – eu disse e voltei a beijá-lo.

- Eu não dormi com ninguém – ele sussurrou no meu ouvido – Eu quase dormi, como você, mas eu não consegui. Você é a única pessoa com quem eu quero dormir. Hoje e sempre.

O celular tocou antes que eu pudesse responder e eu e Aaron corremos em direção ao teste.

Uma expressão de alívio tomou conta de nós dois quando só um palitinho apareceu. Eu não estava grávida. Pulei em seu colo e ele me encostou na parede novamente, levantando uma das minhas pernas e me beijando ferozmente.

- Ok – eu disse beijando seu pescoço – Nós acabamos de sair de um teste de gravidez. Não estamos prontos para outro.

- Ok – ele disse e me beijou novamente.

- Você não tem uma camisinha ai, tem? – perguntei.

- Não – ele disse mordendo os lábios, decepcionado.

- Bom mesmo – eu sorri – Quer dizer que você não pretendia dormir com ninguém hoje.

Aaron sorriu e beijou meu pescoço enquanto eu o abraçava.

- Meu Deus – ele sussurrou em meio aos beijos – Eu senti sua falta.

- Eu te amo – eu sussurrei em seu ouvido – Eu te amo muito.

- Eu te amo Emma – Aaron sussurrou de volta, beijando minha bochecha e então deslizando até meu pescoço até voltar para minha boca.

- Aaron – eu disse querendo mais que tudo não ter que falar – Sério, não dá.

- Ok, ok – ele disse se afastando e respirando fundo – Eu posso aguentar mais alguns dias.

Saímos do banheiro em silêncio, esperando que ninguém notasse que tinha um casal trancado lá e então no meio do corredor, Aaron grudou sua mão na minha. Por um momento me perguntei porque não tinha ficado tão revoltada com o fato de Aaron estar se agarrando com Minnie, mas toda vez que os via, também me via na garagem com Dylan. Mas Minnie, a loira que eu realmente achei ser uma boa pessoa, a garota que me mandou a mensagem. Ela queria que eu os encontrasse no flagra. O plano dela funcionou, por um lado. Mas não sei se ela ia gostar do resultado.

***

Eu estava me preparando para a cirurgia. O bebê de Lizzie ia nascer algumas semanas antes da hora, mas ia ficar bem. Coloquei a touca e respirei fundo. Minha irmã estava deitada na cama e minha mãe estava ao nosso lado, com uma câmera.

- Emma – ela sussurrou – Emma...

- Estou aqui – eu disse apertando sua mão – Está tudo bem.

- É estranho. Eu não sinto nada abaixo da minha cabeça.

- Isso é porque eles vão cortar você. Mas vai ficar tudo bem.

- Mas eu tive contrações – ela disse ficando nervosa – Eu fiz aulas para ter parto normal.

- Mas ele não está virado Lizzie, James é teimoso. Mas vocês dois vão ficar bem.

- Promete? – ela perguntou lacrimejando.

- Eu te juro – beijei sua testa.

Segurei a mão de Lizzie com força durante toda a cirurgia, até ouvir um choro.

- Uau – a doutora falou calmamente – É um belo menino.

Ela o deitou do lado de Lizzie, que chorava alisando os cabelos de seu bebê.

- Oi James – eu disse beijando sua cabeça – Bem vindo ao mundo real. Nós vamos cuidar de você.

- Eu te amo – Lizzie sussurrou para mim e James quando a doutora o levou para os exames médicos.

- Emma – ela disse apertando minha mão – Como eu consegui fazer algo tão perfeito?

- Simples – eu sorri beijando sua testa e a molhando com minhas lágrimas – Lizzie, você é perfeita.

Então ela sorriu e esperou sua cirurgiã acabar.

***

- Oi James – Aaron disse o pegando do meu colo e beijando sua testa – Eu sou o tio Aaron. Serei seu tio favorito.

- É o único tio que ele tem – sussurrei, sorrindo.

Dylan estava parado em um canto do quarto, de braços cruzados, parecendo decepcionado.

Mark estava sentado ao lado da cama de uma Lizzie adormecida, deslizando suas mãos pelos seus cabelos.

Meus pais estavam assinando os papéis para que logo nós pudéssemos leva-los para casa.

- O que vai acontecer com eles? – Perguntei para Aaron que ninava James – Quer dizer, ele é o pai do bebê, mas... Ela não o quer.

- Ele não vai deixar de ser o pai do bebê por isso. Ele pode ajudar com as contas, ficar com ele nos finais de semana...

- Eu vou ficar com ele nos finais de semana – respondi ofendida.

- Ah sim, Columbia – Aaron disse decepcionado.

- Nós vamos conversar sobre isso – disse o beijando levemente e me afastando, para observá-lo babando em James.

***

- Eu não aguento mais – Lizzie disse saindo da cama e indo em direção ao berço – Você pode dormir só um pouquinho?

- Tudo bem – me levantei e fui para o berço – Eu fico com ele agora. Não é fome, eu posso cuidar disso.

- Obrigado – ela disse aliviada e foi se deitar na sua nova cama de casal. Ela e Mark tinham resolvido se entender por causa de James, mas eles não teriam um relacionamento. Nem hoje, nem nunca.

- Ok – eu disse pegando James no colo – Você pode fazer o favor de dormir um pouquinho, garotinho?

Ele tinha olhos grandes. Meus olhos. Eram escuros e seu cabelo era do mesmo tom, bem ralinho. Com duas semanas, era impossível exigir que ele fosse um prodígio, mas eu tinha certeza que ele sorria pra mim de vez em quando. Como naquele momento.

- Vamos acordar o titio?

Liguei o computador e chamei Aaron.

- Aconteceu alguma coisa? – ele perguntou preocupado, com seus cabelos dourados e cacheados todos bagunçados, com os óculos de leitura pendendo no rosto, como se tivesse levado um susto.

- James não quer dormir – disse sorrindo e mostrei James pela webcam.

- Oi James – seu tom de preocupação mudou e ele estava sorrindo agora – O titio chega ai amanhã.

- Viu James – sorri olhando para o computador – Vamos poder matar a saudade.

Puxei o cobertor de James e o deitei no meu colo, balançando na cadeira até ele pegar no sono.

- E como você está amor? – Aaron perguntou animado.

- Me perdoa ter te acordado a essa hora, é que eu estava com saudades e James é sempre uma boa desculpa.

- Você não precisa de uma desculpa comigo.

- Vai dormir que amanhã você pega a estrada cedo.

- Ok – ele disse tirando os óculos e os colocando de lado – Eu amo você.

- Eu te amo – respondi sorrindo e desliguei o computador.

Todo meu corpo irradiava com aquele amor que só faltava evaporar pelos poros. Tudo parecia mais fácil, apesar da distância, e nós estávamos nos entendendo.

Me permiti sorrir até lembrar que logo, logo, eu estaria a 12 horas de distância de toda minha família.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Opa, olha eu fazendo a felicidade de vocês. Estamos acabando, acho que faltam dois capítulos. Eu já to chorosa, e vocês? Beijos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quanto Tudo Começou A Mudar." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.