Quanto Tudo Começou A Mudar. escrita por Lina Pond


Capítulo 12
Foi a Mariana.




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Oh Não! Copinhos laranjas. Se eu tivesse que enfrentar meu maior medo um dia, provavelmente seria um monstro de copinhos laranjas. A cachoeira estava lotada de crianças bebendo refrigerantes, se fingindo de bêbadas e pulando dentro da agua. Meu vestido azul marinho era pelo menos cinco dedos maior que o do resto das meninas e ele batia no meu joelho.

- Divertido hein? – Dylan disse fazendo uma careta.

- Cadê seus amigos? Quer dizer, gente da sua idade?

- Eles não vão querer vir em uma festa sem bebida alcoólica.

- É claro.

Senti meu celular vibrar e vi o nome do Aaron brilhar na tela.

- Eu preciso...

- Tudo bem – Dylan disse, se afastando.

Andei até uma arvore um pouco afastada e atendi.

- Finalmente – a voz de Aaron estava feliz. Ou era feliz.

- Desculpa, esse lugar é totalmente anti-Aaron.

- Nossa, obrigado universo – ele riu – Tô com saudade.

- Eu também. Nesse momento eu estou sentada em uma pedra em um lugar lindo com um bando de pré-adolescentes se fingindo de bêbados com refrigerantes.

- Eu poderia – ele fez uma pausa – eu poderia ir te salvar.

- Eu queria.

-Emma – Aaron falou com a voz calma.

- Oi?

- Volta logo. Por favor.

Eu sorri.

- Eu vou. Prometo. Boa noite.

Desliguei meu telefone e deitei sobre a rocha, imaginando o que Aaron e eu faríamos se estivéssemos os dois na mesma cidade hoje à noite. Era louco como as coisas mudavam de uma hora para outra.

***

Mais dois dias. Só mais dois dias. Era só isso que eu tinha que aguentar até eu e Lizzie voltarmos para casa. Minhas malas já estavam arrumadas, mas ela estava relutante.

- Nós vamos voltar e pronto acabou!

- Você só quer voltar por causa do Aaron!

- Não nego – eu disse.

Nessas duas semanas eu e Aaron tínhamos quase nos tornado melhores amigos. Falávamos sobre tudo, o tempo todo. Quando eu não estava falando com ele, estava cuidando das tarefas da fazenda junto com Dylan, que também era muito legal.

- Arrume suas coisas Lizzie, não estou brincando.

-Estou arrumando caramba – ela dizia enquanto jogava as roupas do armário na mala de qualquer jeito. Ela estava começando a usar roupas maiores, mas por mais que eu tentasse flagrar qualquer sinal que ela estava mesmo - a palavra engasgava e meu estomago doía - esperando um bebê, não podia confrontar ela. Afinal, ela não podia esconder para sempre.

Arrumei a cama de casal a apaguei a luz. Lizzie estava mexendo no celular do meu lado enquanto eu tentava dormir.

Estava sonhando quando senti um cutucão.

- O que foi? – perguntei sonolenta.

- Precisamos conversar.

- Agora Elizabeth? Por favor, nós podemos fazer isso amanhã.

- É importante – ela disse e acendeu a luz.

Me sentei e puxei o cobertor. Lizzie caminhou até o meio do quarto e me olhou, com olhos marejados.

- Eu tenho duas coisas para te contar. As duas vão te machucar. Eu te amo – ela estava chorando agora – eu sou uma idiota e se eu pudesse voltar no tempo...

- Lizzie – minhas mãos tremiam quando ela levantou a barra de sua camiseta.

Lizzie era alta como eu, mas quase não tinha corpo. Ela costumava ser magra, mas agora ela tinha uma leve onda na sua barriga. Fiquei branca enquanto ela colocava seus dedos sobre aquilo que podia ser considerado só um inchaço depois de uma festa em que você come demais. Mas eu sabia que não era um inchaço.

- Quanto tempo? – eu perguntei, tremendo.

- Dois meses, eu acho. Não era pra mim estar obesa assim, eu acho. Mas não consigo parar de comer.

- Lizzie – eu disse indo em sua direção e a abraçando – Meu bebê.

- Não era o que eu queria – ela estava em prantos – Eu só queria ter um namorado como todos as outras garotas.

Eu estava beijando sua cabeça quando ela olhou nos meus olhos.

- Eu quero tirar esse bebê.

Meu mundo desabou. Eu sempre tive uma coisa contra o aborto. Eu sabia que existiam milhares de opções e que era injusto tirar a vida de um bebê porque dois adolescentes não tinham tido responsabilidade.

- Você não precisa fazer isso – eu disse segurando seus braços – Você tem noção de quantas famílias querem um bebê? Nós podemos coloca-lo para a adoção.

- Eu vou sofrer se tiver que entregar ele para outra pessoa.

- E não vai sofrer não dando a ele nem a chance de viver?

- Emma, você consegue imaginar seu sobrinho chamando outra pessoa de tia?

- Eu prefiro isso, a saber, que nós nem demos a ele a chance de viver – respondi, tentando não surtar para não pressionar Lizzie a tomar alguma decisão.

- Tem mais uma coisa que eu preciso te contar.

- Ai meu Deus, Lizzie...

- Ele não sabe... O meu namorado. Ex, eu acho. E eu não vou contar. Nós podemos conversar sobre essa história de adoção e pronto.

- E ele não vai ficar sabendo sobre a adolescente grávida da cidade? Não vai ligar os pontos?

- Ele... Ele é universitário.

- O QUE? Você estava saindo com alguém que está na faculdade?

- Na verdade eu estou grávida de alguém que está na faculdade, é um pouco mais grave.

- Não faz piada disso Elizabeth – eu disse com lágrimas nos olhos.

- Tá tudo bem. Quer dizer, é um pouco engraçado certo? Se eu resolver ficar com esse bebê, ele já vai ser grande quando eu for para a faculdade. Porque eu sou um bebê.

A abracei enquanto ela deitava nos meus braços.

- Lizzie?

- Oi

- Como você conheceu um universitário?

Eu sabia a resposta. Aquilo batia e me acertava como uma flecha e eu queria não saber a resposta, eu queria estar errada, eu queria que tudo não passasse de uma coincidência. Mas eu sabia a resposta.

- Foi... foi a Mariana.

E meu mundo desabou.


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Notas finais do capítulo

O próximo capitulo tem Aaron uhuuu. E como vocês acham que a Emma vai lidar com essa bomba da Mariana hein? Beijos