Quanto Tudo Começou A Mudar. escrita por Lina Pond
- Quando eles se tornam isso? – perguntei para minha avó enquanto comia pão com manteiga. Nada de omelete para hoje.
- Isso? – minha avó estava fazendo bolo. Ela tinha ovo para o seu bolo, mas nenhum para o meu omelete. Muito justo!
- Eu não era desesperada por homens com doze anos.
- Você era bem vadiazinha – minha avó disse rindo e eu fiz cara de surpresa.
- O que? Como assim?
- Você não reconheceu o Dylan, não é?
- Eu me lembraria do Dylan se tivesse o visto antes vovó, acredite em mim.
- Você era louca para beijar o Dylan quando tinha doze anos. Era seu objetivo de vida.
- Era o Dylan? – disse, ainda mais surpresa.
- Pois é. Você nunca conseguiu.
- Eu tinha esperanças que ele tivesse se tornado gay – eu disse terminando meu leite – Assim existiria um motivo pra ele ter me rejeitado.
- Eu não acho que ele te rejeitaria agora – ela se virou segurando sua panela - Quer lamber a colher?
- Com certeza – eu disse a puxando pra mim – Eu acho que eu só me tornei vadiazinha com treze anos avó. Mas ai eu melhorei novamente.
- Oremos para que sua irmã melhore – ela disse.
- Oremos – eu respondi de volta.
***
- Tá – Lizzie estava no décimo vestido – O que você achou desse?
- Curto.
- Todos são curtos na sua opinião – ela reclamou.
- Lizzie – eu disse antes que ela entrasse no armário para se trocar novamente.
- O que foi?
- Se troque na minha frente?
- O que – ela parecia surpresa – Não.
- Por que não? Nós fazemos isso desde que somos pequenas. Se troque na minha frente.
- Pare com essa sua obsessão louca. Talvez eu esteja um pouco mais gordinha, mas é normal o corpo de uma garota mudar depois da primeira vez. Eu pesquisei.
- É normal ela parar de menstruar também?
- Eu não vou ter essa conversa com você.
- É verdade – eu me levantei – Talvez você devesse a ter com a vovó.
Lizzie correu até a porta e me impediu de sair.
- Eu sei que não estou grávida. A gente sabe dessas coisas ok? Agora me deixa em paz. Eu mesma escolho minha roupa.
Mordi meus lábios e senti uma pequena pontada de irmã. Minha irmãzinha estava fugindo pelas frestas dos meus dedos e eu não podia fazer nada.
Corri até o quintal e me sentei no velho balanço que meu avô fez para meu pai. Eu não o conheci, mas segundo meu pai ele era um homem maravilhoso. Minha avó nunca tinha se interessado por qualquer homem depois dele.
- Acho que você devia estar se arrumando para uma festa.
Dylan se sentou no balanço ao meu lado, agora completamente arrumado.
- Eu acho que fui meio que desconvidada.
- É claro que não – ele parecia surpreso – ao que parece a festa é minha. Ninguém pode te desconvidar.
- Só você claro. Por favor, me desconvide.
- Eu não posso, você é a única pessoa de lá que eu conheço. E que tem minha idade.
Ficamos olhando um para o outro como se quiséssemos reconhecer um ao outro. Mas eu não reconhecia o Dylan de jeito nenhum.
- Meu Deus – eu ri – Eu era tão louca por você. Eu estava tão obcecada que você fosse meu primeiro beijo naquele verão.
- Então você lembrou – ele também estava rindo.
- Por que você não quis me beijar? Quer dizer, eu sei que não era a garota mais bonita do mundo, mas...
- Emma, eu te achava linda. Mas beijar garotas ainda não era minha coisa favorita no mundo.
- Agora é? – perguntei
- Agora é – ele respondeu.
Ele encostou um pouco seu balanço no meu e sussurrou:
- A gente pode, sabe... Fazer isso acontecer agora.
Fiquei branca. Há cinco anos nenhum garoto no mundo queria me beijar e agora dois garotos lindos estavam dispostos a fazer isso.
- Eu – disse me afastando – Eu meio que tenho alguém. Eu sinto muito.
- Não, não – ele sorriu – Eu que sinto. Me desculpe pela ousadia.
- Nós devíamos sabe – me levantei – ir para a tal festa.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
O Aaron volta logo. Eu pretendia fazer bastantes capítulos da viagem mas não consigo pensar em nada sem adicionar o Aaron, então não se preocupem, não sumirei com ele. Beijos!