Menina dos Olhos escrita por Spaild


Capítulo 2
Quer queira quer não.


Notas iniciais do capítulo

Tudo o que reconhecer pertende a brilhante J.K. Criadora desta Obra fascinante!
Apenas pego emprestado para 'brincar' de escritora!



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Chapter Two: Quer queira quer não.


“(...)eu sei que os dias serão
Cheios de incertezas e apreensões.
Portanto abra seus olhos,
E livre-se desta solidão que a cerca.
Encontre sua coragem perdida, e segure-a bem alto...”

(Chu-bura)
(Kelun)

 

Bateu receosa a porta de carvalho polido ouvindo em seguida um ‘entre’ vindo de dentro, empurrou a porta e encontrou Minerva McGonagall sentada à sua mesa, trabalhando em alguma coisa que fora prontamente posta de lado assim que visualizou a sua visita.

- Hermione! – exclamou Minerva abrindo um sorriso e indicando a poltrona a sua frente. – Sente-se. Alvo olhe quem está aqui.

No quadro, Dumbledore moveu-se e encarou com os olhos azuis que mesmo sendo pintado a óleo mantinha aquele brilho único, característico do Mago.

- Senhorita Granger, espero que tenha noticias positivas para nos dar!

Hermione sorriu contida, percorreu os olhos por todos os outros quadros que fingiam dormir em suas molduras e novamente encarou Dumbledore e logo em seguida Minerva.

- Sinto muito, nada pude fazer...

A decepção ficara clara no rosto da Diretora, mas algo em Dumbledore parecia simplesmente feliz com a noticia de que seu pupilo Severo Snape não voltaria à cátedra de Hogwarts. Ficaram conversando durante algumas horas. Hermione considerava Minerva como uma segunda Mãe.

Se perguntasse o que ela achava de tudo aquilo, ela diria no mínimo que era estranho Dumbledore parecia tão necessitado de ver Snape novamente no corpo docente quando lhe deu aquela penosa tarefa de ir falar com o Mestre de Poções e enquanto narrava o acontecimento não entendia o porquê daquele sorriso tangente. O desagrado de Minerva não fora de perder a companhia de Severo Snape, fora mais de perder o título de mestre que ele carregava encontrar mestres em poções era realmente difícil.

Encontrou cedo o fim daquela estranha conversa e via flú partiu para o Ministério. As chamas verdes lambiam a barra de sua veste azuis, um passo a frente estava fora da enorme lareira e a mesma enchia-se novamente de chamas enquanto Hermione passava a varinha retirando a fuligem de sua esplendorosa veste. As chamas cessaram e delas saíram Ronald Weasley que sorria para a morena.

- Bom Dia, como foi lá?

- ‘Dia! Foi... Deixe-me encontrara as palavras mais certas... Foi Bem Alvo Dumbledore.  – Hermione agora limpava as vestes do ruivo. – Eu não entendi absolutamente nada, mas o melhor de tudo é que isto acabou!

- Sim, vamos? – ofereceu o braço.

A seção onde Hermione Granger trabalhava era quase tranquila, comparada com as outras. Ron a deixou a porta e saiu para a própria seção, Aurores.

Havia um bruxo baixinho com algo que se assemelhava a uma galinha roxa com bico serrilhado e um chifre crescendo entre os olhos, ele preenchia uma quantidade exorbitante de papeis. Ao passar pela bancada de atendimento uma bruxa com aparência infantil seguiu Hermione passando a ela tudo o que anotara de importante até aquela hora da manhã.

- Senhorita Granger, a Senhorita tem uma reunião com o Ministro em vinte minutos... – anunciou a secretária. – Acabaram de enviar do gabinete do Ministro.

Ela estendeu as mãos com unhas pintadas de vermelho para Hermione, uma carta dobrada como um losango perfeito. O selo púrpura havia sido rompido, Hermione dera carta branca a garota para abrir qualquer coisa que viesse endereçado a seu nome, menos as cartas pessoais.

- Obrigada Wyler, - Hermione encarou a jovem por alguns segundos. – pode se retirar, se precisar de você aviso!

- Sim Senhorita!

Hermione desdobrou o pergaminho e reconheceu a letra rústica de Kingsley Shacklebolt, pegou-se sorrindo, desde que se entendia por bruxa, nunca havia visto um Ministro tão competente quanto Kim, o fato de que ele lutara junto com a Ordem dava ainda mais valor ao cargo.

O bilhete apenas dava informava que ele queria ter uma reunião com ela, Hermione suspirou, mesmo tendo estado tão perto de Kim, ela nunca tivera, digamos, amizade com o homem negro. Não que ele não fosse merecedor da companhia dela, ao contrário, ela sempre quisera poder discutir com ele alguns assuntos que julgava deveras interessante, mas evitava ficar no caminho do homem para que este pudesse se dedicar a causa. E nunca se arrependera.

Ocupou-se com seu trabalho, esperava ainda aquela tarde receber de seu chefe a noticia que tanto esperava uma vida mais digna aos elfos domésticos.

Levantou-se alisando as vestes e rumou para a porta, fechando em seguida e sorrindo ao ver a secretária tentar conter algo dentro de uma caixa de papelão junto com um garotinho assustado. Andou a passos largos, seus sapatos ecoando pelos corredores enquanto vencia a distancia até o gabinete do Ministro. Olhou em seu relógio, estava ainda alguns minutos adiantada sorrindo para a secretária do Ministro, uma senhora realmente gentil e de olhos amarelados Hermione sentou-se em uma das cadeiras ali dispostas. Percorreu os olhos pela antessala do Ministro. Havia alguns retratos dos antigos Ministros da Magia. Reconheceu de imediato alguns, outros ela apenas tinha lido sobre. Levantou-se quando a porta do Ministro de abriu, e o que Hermione viu a fez ficar boquiaberta.

Parado a porta estavam Shacklebolt e Snape, de mãos dadas, como quem sela um acordo, havia um sorriso nos lábios de Kim e o rosto de Snape ainda era aquela mascara fria desprovida de reações. Recompôs-se rápido o suficiente.

- Senhorita Granger! – exclamou Kim. – Obrigado por vir!

Snape girou em seus calcanhares, aquele típico flutuar de capa do Mestre de poções o acompanhou e seus olhos negros recaíram-se sobre a figura feminina. Hermione venceu a distancia entre eles e estendeu a mão para Kim com um sorriso digno de Granger. Aquele era o sorriso que encantava qualquer um, homem, mulher, jovem, idoso, bruxo e trouxa. O único que parecia imune aquele sorrido era Severo Snape.

- Bom Dia Ministro, Bom Dia Professor Snape!

- ‘Dia Senhorita! – respondeu o Ministro. - Severo meu bom, conversaremos mais nas festividades, agora tenho um assunto importante a tratar com a Bela Senhorita aqui.

As faces de Hermione tomaram um leve tom rubro, aceitou a gentileza e adentrou o escritório, escutou o som característico de porta sendo fechada e observou Kim percorrer até sua confortável poltrona e sentar-se.

- Sente-se Senhorita, fica à-vontade... Chá?

- Obrigada Ministro, mas não Obrigada!

- Bem Senhorita Granger...

- Hermione, pode me chamar de Hermione, Ministro.

- Pois bem, então abandone esse Ministro e me chame por Kim!

Os dois sorriram e novamente Hermione sentiu a face se aquecer, ficaram em silencio durante o tempo em que Kim vasculhava algumas gavetas.

- Bem Hermione, eu tenho duas noticias para te dar, todas as duas boas... – disse lhe entregando um pergaminho.

Hermione percorreu os olhos pelo pergaminho, reconhecia a letra como sua e o carimbo ministerial logo abaixo da assinatura na caligrafia de Kim. Aquele era o pedido para mudar as leis que envolviam elfos domésticos.

- Não creio! – resmungou. – É mesmo verdade?

- Sim Hermione, o seu pedido de liberação dos elfos foi visto e apreciado, digo-lhe que os elfos são livres para escolher as condições de trabalho e receberão o que lhes for importante ou necessário como salário.

Os olhos de Hermione brilhavam com a noticia tão esperada, corria os olhos pelo pergaminho sem realmente ler, sabia de cor todo o conteúdo daquele documento. Kim pigarreou a fim de tomar novamente a atenção de Hermione para si.

- Agora Hermione, me pergunto se a senhorita sabe o motivo pelo qual recebeu este anel há alguns dias atrás?

Hermione olhou para o dedo anelar direito e uma lembrança assombrou a sua mente, empurrando e trancando-a em algum lugar seguro, ela balançou a cabeça em negação.

- Lembro que recebi junto com uma carta dizendo que deveria usá-lo.

- Sim, este anel é creditado a aristocracia bruxa, apenas aqueles que ocupam algum cargo de destaque em nosso mundo.

Hermione olhou confusa de seu próprio anel para o anel no dedo anelar do Ministro, eram basicamente parecidos, apenas a pedra e o design do anel se diferiam. O do Ministro era mais masculino e a pedra era num tom de púrpura.

- Entendo menos ainda! – conseguiu dizer depois de muito pensar e nada associar.

- Hermione, esta noticia está há algum tempo para lhe ser dita embora eu a tenha adiado até esta semana justamente para lhe dar antes a noticia de que sua luta a favor dos Elfos não fora em vão. – Ele lhe sorriu. – Hermione Jane Granger, a Senhorita foi promovida a Chefe do Departamento de Execução das Leis Mágicas!

 O queixo de Hermione caiu sem nenhuma cerimônia. Ela estava estupefata ela, chefe de um departamento no Ministério da Magia? Sorte que ela era Hermione Granger, e Imediatamente sorriu levantando-se e apertando a mão do Ministro.

- Obrigada Ministro, muito obrigada mesmo Kim!

- Ofereceremos uma festa a senhorita, onde a sua promoção será oficializada e sua entrada para a aristocracia Bruxa será feita.

Estava sonhando só podia, ela, uma nascida trouxa iria se tornar uma chefe de departamento, uma aristocrata naquele mundo que quase fora extinto para ela com a ameaça sombria do Lorde Negro. Não era sonho, aquilo era o que ela merecera, tudo pelo que ela lutara, nunca em sua vida quis nada fácil, sempre gostou de desafios, tanto que fora a única do trio de ouro que voltara a escola, formou-se, lutou pelo que julgava justo e mereceu cada um dos títulos que ganhou e ainda ganharia. Hermione Granger era uma vitoriosa.

Depois de conversar horas com o Ministro Hermione fora liberada, voltou a antiga seção e sentou-se em sua cadeira digerindo toda aquele mudança. Em breve, aquele escritório seria oferecido a outro e ela sentiria saudades.

 

Severo Snape andava com seus passos apresados e postura ereta, perturbado pela visão da Senhorita Granger. De todas as vezes que estivera no Gabinete do Ministro, nunca havia cruzado com nenhum antigo aluno que por ventura viesse a trabalhar no Ministério. E depois de ter encontrado a garota, ‘mulher’ sua mente o lembrou. Depois de ter encontrado a mulher em sua casa, cruzara com ela. Mal parecia a jovem transtornada que fugira de sua casa em meio à tempestade.

Foi então que Snape se lembrou do casaco sobre sua poltrona e os tênis esquecidos. Estava a um passo da lareira mais próxima com um punhado de flú na mão direita quando decidiu-se ao ver Harry Potter passar com um número razoável de pessoas em seu encalço. Procurou em um mapa encantado onde brilhava um pontinho laranja com os dizeres acima “você está aqui”. Tocou com a ponta da varinha de ébano o mapa e um caminho foi percorrido pelo pontinho laranja. Era exatamente o caminho que deveria percorrer caso seu destino era chegar ao Departamento de Regularização de Animais Mágicos.

 

Hermione ouviu baterem a porta e murmurou um ‘entre’ e ficou olhando a porta abrir e revelar a sua antiga secretária.

- Senhorita Granger, vieram aqui e pediram para que a senhorita fosse até o café assim que chegasse.

- Oh sim, obrigada Wyler!

Ronald e Hermione ocasionalmente se encontravam no café do Ministério para tomarem um café juntos e conversarem. Hermione chegou ao andar onde se situava o tal café e procurou pela cabeleira rubra de seu namorado, não obtendo sucesso dirigiu-se ao balcão.

- Granger! – ouviu-se um grito.

Severo Snape virou-se a tempo de ver o corpulento McLaggen aproximar-se lascivo da Senhorita Granger e a beijar no canto dos lábios.

- Córmaco! – reclamou Hermione passando as costas da mão onde havia recebido o beijo. – Se fizer isso outra vez eu juro que precisará de muletas para o resto de sua vida!

Snape controlava-se sentado com uma xícara de café nas mãos a meia distancia dos dois, Córmaco pousava uma mão grande sobre o ombro feminino e o acariciava enquanto sorria feito um temendo idiota. O animal dentro de Snape sibilou ameaçadoramente, sua vontade era avançar até aquele rapaz pegajoso e lançar a pior maldição que sua mente pudesse formular.

Hermione livrou-se da mão do garoto e afastou-se a uma distancia segura do outro. Virou-se para o atendente que olhava tudo curioso e franziu o cenho.

- Tem alguém me esperando aqui? – perguntou irritada.

- Senhorita Granger!

Hermione ouviu a voz macia que sabia reconhecer como sendo de seu professor de poções, virou os olhos para encontrar Snape sentado aparentemente confortável sobre uma das cadeiras do local, o cotovelo direito apoiado sobre a mesa, o tornozelo esquerdo sobrepondo o joelho direito e uma xícara fumegante em mãos.

Se Hermione estava admirada em ver Severo Snape naquela pose tão descontraída, Córmaco estava com os olhos arregalados.

- Granger, gracinha... – começou Córmaco tentando ignorar a figura imponente de preto. – A gente se vê depois sim?

Snape quase gargalhou da cena que seguiu a fala presunçosa do garoto, Córmaco jogara-se sobre Hermione para lhe dar outro beijo no canto dos lábios quando a mulher puxou uma das bandejas sobre o balcão obrigando o rapaz ir de encontro com o metal frio.

- Passar Bem Córmaco! – respondeu caminhando-se para a mesa de Snape.

- Ah sim, sim, conversaremos sobre isso em um local mais reservado Herm...

Snape Observou o garoto lhe lançar um ultimo olhar antes de abandonar o andar por uma das lareiras. Hermione estava a alguns passos quando Snape se levantou e puxou uma das cadeiras para ela sentar-se.

- Obrigada Professor!

- Já disse Senhorita Granger, não sou mais professor!

- Desculpe-me Snape, a propósito, o senhor por acaso viu o Ron?

- Felizmente não. Vejo que a sua secretária é suficientemente competente, passou o meu recado com horas de atraso.

- Oh! – exclamou Hermione entendendo, não havia sido Ron e sim Snape que deixara o recado com Wyler. – Não foi culpa dela, eu me demorei com o Ministro mais do que esperava. Então, o que quer?

- Duas coisas Senhorita, primeiro me redimir pelo ocorrido e tentar lhe devolver a suas coisas.

- Ocorrido? Que ocorrido? – Hermione se fez de desentendida.

- Vejo que foi tão insignificante para ambos, então ficaremos apenas com a segunda parte, tenho de lhe devolver as suas coisas.

Hermione não esperava ouvir aquilo, aquele quase beijo, ela jurava, arrancara algo humano de Snape. Mas, estava equivocada, ele era um homem e aquilo nada foi mais do que instinto masculino.

- Ah sim Snape, Não precisava ter tido o trabalho, era só mandar por coruja.

Snape sentiu-se um perfeito idiota, achava que ela estaria balançada com aqueles segundos de proximidade entre eles, mas enganara-se. Sinceramente quando Hermione Granger colocaria os olhos em Severo Snape?

- Não vou matar a minha coruja com a viagem! Seu casaco é pesado demais para ela.

- Ora, achei que conhecesse o feitiço de encolhimento Snape!

- Entendo que perdi o meu tempo tentando parecer uma pessoa melhor Granger, pois agora percebo que nada que eu venha a fazer, mudará a minha imagem a seus olhos. – Snape levantou-se. – Continua me vendo com o antigo professor, ex-comensal e morcego não? Como queira...

Hermione se arrependera amargamente, mas não deixou isso transpassar em suas feições, levantou-se em seguida, pondo-se olho a olho com Snape.

- Não se faça de pobre coitado Snape! Ok, vamos acabar logo com isso, quanto mais rápido melhor, vamos buscar o meu casaco!

Hermione apontou para uma das lareiras e ia de encontro a ela quando sentiu seu braço ser arrebatado e puxado de encontro da algo forte, abriu os olhos a tempo de ver o pomo de adão de Snape e sentir a tontura característica de se aparatar em conjunto.

Tudo parou ao seu redor, Snape não sabia dizer o que movera-o a agarrar a Granger e aparatar com ela apertada contra seu corpo. E o perfume dela agora entrava em suas narinas, sentia as curvas daquele corpo, a maciez dos seios contra seu peitoral. Suas mãos moldavam-se a finura daquela cintura.

Abaixo de suas mãos finas, Hermione sentia os músculos de Snape, podia sentir também o batimento cardíaco descompassado, de olhos fechados recostou a cabeça no peitoral de Snape sentindo-se muito confortável e segura ali.

Nenhum dos dois parecia querer começar a falar, porque palavras cortariam a intimidade criada através do silencio. Uma das mãos de Snape percorreu as costas de Hermione e se alojou na curvatura do pescoço. Hermione jogou suas madeixas para trás, os olhos firmemente fechados, os lábios entreabertos. Snape olhava como se quisesse decorar cada centímetro do rosto de sua antiga aluna, sentia a respiração pesada dela. Curvou-se, moldando-se a ela, aconchegando seus lábios nos dela e parou. Dali não ousaria passar sem o consentimento da outra parte.

Abriu os olhos quando sentiu os lábios gelados tocarem os seus, e encontrou os olhos negros muito próximos dos seus. O que sentiu Hermione jamais saberia verbalizar. Ele esperava alguma reação dela, então respirou fundo e fechando os olhos convidava-o a explorar seus lábios.

O tempo parou naquele momento, as línguas tocaram-se curiosas, cumprimentaram-se e começaram a exploração, cada uma querendo descobrir mais da outra, ambos souberam, era o encaixe perfeito que jamais tinham experimentado.

Snape só pode formular uma coisa coerente em seu cérebro, aquilo deveria ser o maná dos Deuses. Já Hermione, não conseguia seguir nenhuma linha de raciocínio. Separaram-se e o entendimento recaiu sobre Hermione, aquilo era proibido! Franziu o cenho, há muito havia descoberto que tudo que era proibido era melhor.

- Meu casaco...

Snape ainda olhava o rosto angelical, levou a mão e retirou uma mecha daquele rosto e a prendeu atrás da orelha.

- Meu casaco Snape.

Severo apertou-a em um abraço, acariciando as costas e respirando aquele perfume único que desprendia da mulher em seus braços.

- Snape, eu tenho que ir, poderia me entre...

- Quer queira quer não, - sussurrou ao ouvido dela. – Hermione, realmente aconteceu.

- Eu sei que aconteceu, e eu sei também que não deveria ter acontecido!

Snape afastou-se encarando os olhos castanhos com uma sobrancelha erguida. Observou Hermione ir até o casaco sobre a poltrona, e encolhe-lo junto com os tênis e enfiar em um bolso qualquer.

- Snape, não vou negar, foi ótimo este beijo, mas como eu disse, eu devo respeito ao Ron, e gostaria que se afastasse de mim para a minha própria integridade!

“Eu não vou abandonar o Ron sem mais nem menos por tão pouco. Não quero deixar nada que seja realmente substancial para me embrenhar por veredas inexploradas e incertas!”

- Pouco? Acha que o que estou te oferecendo é pouco?

- Não sei o que está me oferecendo...

- Estou te oferecendo tudo, tudo o que fui, tudo o que sou e tudo que eu posso vir a ser!

- Não é isso que eu prezo, eu não quero um monte de carne, eu não quero o seu passado, presente ou futuro. Não é isso que eu julgo importante para me sentir completa! Quando souber o que quer realmente me oferecer, saberá que é isto que basta para mim.

Hermione não deixou nenhuma brecha para replicas, nada, aparatou tão logo terminou seu discurso. Se tivesse ficado um segundo mais apenas, veria Snape jurar o seu amor e oferecer o seu coração. A fria indiferença fingida de Hermione rasgou a alma de Snape como uma espada cega. Lenta e dolorosamente as lágrimas vertiam dos olhos negros, se Hermione fosse um pouco mais segura de si e de seu autocontrole, poderia ter compartilhado mais do que aquele beijo.

 

Despiu-se com fúria, adentrou o banheiro e permitiu que a água lavasse o gosto daqueles lábios dos seus, lavou todo o seu corpo, tirando a essência dele, tentando insanamente retirar aquela maldita impressão dos corpos unidos em tanta cumplicidade. Ouviu a porta abrir e respirou fundo controlando os sentimentos controversos. Ronald entrou no banheiro tranquilamente e sorriu para a mulher debaixo do chuveiro.

- Mione, não vi você mais no Ministério!

- Precisei me ausentar Ronald, eu tive uma reunião muito importante com o Ministro.

- Ahhh, E o que o Kim queria?

- Me promover... - disse parecendo uma coisa comum e corriqueira, sem a menor empolgação que exibira antes.

Ronald ergueu uma sobrancelha estranhando a reação da mulher, lavou o rosto com a água fria da torneira e sem se preocupar em secar-se ia se retirando do banheiro quando sentiu o corpo molhado de Hermione abraçando-o por trás. Suas roupas colaram-se em seu corpo e ele suspirou.

- Ron, faça amor comigo... - Pediu nas pontas dos pés, roçando os lábios molhados no lóbulo da orelha do homem.

Ele virou agarrando-se a Hermione e beijando-a com volúpia, suas roupas foram retiradas pela mulher ofegante, empurrava o homem para o quarto onde compartilhavam a cama, jogaram-se e fizeram amor até ambos sucumbirem a exaustão. Mais tarde, já a noite Hermione sentiu o corpo quente a seu lado lhe abandonar, e as lembranças caíram esmagadoras contra as suas costas. Ela e Snape haviam beijado-se tão soberbamente que sentia-se mal por Ron, e fizera amor com ele com o intuito de esquecer aquele beijo. Porém aquilo serviu apenas para mostrar-lhe que não desejava o homem com quem dividia a vida atualmente. Os beijos de Ron não eram como os de Snape. Sentou-se na cama sentindo ar frio percorrer os mamilos desnudos. Naquele momento Ron tornou a entrar no quarto.

- Mione, você fica linda assim sabia?

As lágrimas vieram como um explosão e Hermione jogou-se contra a cama, escondendo o rosto de seu namorado. Sentiu a mão áspera percorrer-lhe as costas com carinho.

- Meu bem... acalme-se, nada vai mudar certo?

- Ron eu... eu...

- Shiiii... Você não teve culpa, aquele nojento se aproveitou... - sussurrou para a mulher.

Hermione levantou o rosto e encarou Ron, então ele sabia que Hermione havia beijado o antigo professor de Poções?

- Eu juro que encho a cara do McLaggen de socos quando o encontrar novamente...

Hermione não pode conter o riso, então era isso sobre o que Ron estava falando, Córmaco McLaggen. Ia abrir a boca para dizer a ele o que acontecera, nada mais digno do que isso, porque ela sentia como se tivesse traído a confiança do rapaz. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, a campainha tocou.

- Papai e Mamãe chegaram...

Hermione quase havia se esquecido de que os pais do rapaz iriam jantar com eles aquela noite. Ron vestiu-se com um roupão vinho e saiu do quarto sorrindo soberbo.

A porta estavam os pais de Ron esperando com um sorriso bobo brincando nos lábios, o Pai do garoto repousou seus olhos por detrás dos óculos com aro de tartaruga e sorriu-lhe confidente.

- Chegamos em uma má hora filho?

O rubor tomou conta de Molly e contagiou Ron, que os explicou que estava prestes a tomar um banho quando a campainha tocou. O filho serviu o Pai com licor trouxa que Hermione mantinha em casa e subiu informando que precisava de um bom banho. Hermione cruzou com Ron no caminho para a sala de estar.

- Ron, precisamos conversar!

- Mais tarde Mione Papai e Mamãe estão esperando-nos.

Hermione suspirou e desceu com um sorriso nos lábios, recebeu os sogros com cordialidade e engatou uma conversa com o Senhor Weasley sobre refrigeradores enquanto ela e a Senhora Weasley preparavam a comida. Toda aquela familiaridade que se tratavam reconfortava Hermione e a fazia ponderar se não era Ron e a família Weasley o futuro que tanto buscava. Faria parte de uma bela família teria filhos e seria amada. Mas, não, ela sabia que não era aquilo que necessitava, sabia que Ron não podia oferecer todo a amor incondicional que sonhara para si. E pensou em Snape, se Ron não poderia ser capaz de faze-la feliz, será que o Sombrio bruxo conseguiria? Ela muito duvidava.

 


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