I Miss You. escrita por Lux


Capítulo 12
O covil da cobra.


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas postei.Vocês vão me matar se eu disser que fiz uma mudança na fic (no capítulo 9) que afeta todo o resto até aqui? Não matem a autora, por favor, vocês precisam dela pra saber o resto da história ~chantagem~ Vou explicar o que e o porquê. Foi o seguinte, pensei muito mesmo antes de fazer a mudança, mas vi que era necessário. Lembra quando eu disse no final do cap 9 talvez eu esteja me precipitando, não sei, pois é, eu estava. O que eu fiz não foi muito, se puderem ler o finalzinho do cap novamente vai ser bom. Digamos que eu só mexi em uma ou duas frases e inverti um acontecimento de lugar pra poder adiantei o rapto do Naruto e da Sakura um ano pra frente, assim as coisas se encaixam melhor agora. É só imaginar que de lá pra cá tudo ta acontecendo um ano depois do Sasuke ter ido embora. Ficou confuso isso né? Espero que entendam! :3



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[...]

Andar subterrâneo da mansão de Orochimaru. Quarto do Suigetsu.

Orochimaru...

– O próprio. – Suigetsu confirmou com um meio sorriso.

O moreno estava totalmente surpreso por ver o antigo amigo de classe ali, ainda mais naquelas condições. Se Suigetsu estava ali, sem duvidas aquele lugar escondia mais segredos do que o Uchiha suspeitava, pois desde que chegou estranhou o fato da casa de Orochimaru ser extremamente grande, mas mentalmente agradeceu por isso, pois assim passava a maior parte do dia sozinho, sem cruzar com seu novo tutor ou Obito.

Até aquele momento Sasuke não sabia e nem se interessava pelo o que os outros dois habitantes da casa faziam, mas agora estava certo de que precisava descobrir. E quem sabe isso, de alguma forma, pudesse ajudá-lo a fugir dali.

Suigetsu ficou impaciente com o silêncio do Uchiha e entendeu o porquê.

– Pela sua cara estou vendo que você não sabe nem da metade das coisas que acontecem aqui.

Ouvindo aquilo Sasuke notou que seus punhos estavam fechados e tremendo.

– Talvez você possa me explicar – Insinuou o Uchiha, recompondo-se com seu orgulho.

Dito isso o garoto de olhos violetas começou a contar, de forma resumida, como conheceu Orochimaru e como foi convencido pelo mesmo a vir morar com ele, com a promessa de que seria curado de sua doença. Sim, Suigetsu esteve doente por muitos anos e nenhum médico foi capaz de diagnosticá-lo com perfeição. Ele tinha uma vontade compulsiva por água e se desidratava com muita facilidade, o que lhe trazia varias outras complicações. Essa era uma doença genética, todos de sua família a carregavam em seu DNA, mas apenas em alguns ela se manifestava. Ele não explicou a Sasuke os tipos de métodos bizarros que Orochimaru usava no tratamento dos “pacientes”, resolveu deixá-lo descobrir por si só.

– E como você pode ver... Ele não me curou, eu só piorei. – Finalizou a explicação.

– Se você está aqui. – Sasuke fez uma pausa e olhou para a porta com o canto do olho. – Então isso quer dizer que existem outros.

– Bingo! – Suigetsu confirmou, fazendo uma pistola com a sua mão e apontando dois dedos para o rosto do moreno.

– Eu ainda não sei como, mas precisamos sair daqui. Posso contar com você, Suigetsu?

– Hm... – Sorriu em resposta para Sasuke.

– Vou aceitar isso como um sim.

– E o que pretende fazer? – Suigetsu se levantou da cama e encarou a porta junto com Sasuke.

O moreno pensou por alguns minutos.

– Por enquanto nada – Respondeu. – Eu poderia simplesmente fugir correndo daqui quando tenho chance, mas não é tão simples assim.

– Do que esta falando? – O garoto de cabelos brancos perguntou confuso. – Você teve chances de ir embora e não foi? Ah, cara, se eu tivesse essa sorte...

– Não é bem assim – Sasuke o interrompeu, sua voz soava fria e pesada.

O Uchiha abaixou a cabeça lembrando-se das palavras de Madara no dia que lhe apresentou a Orochimaru: “...Eu pensei já faz bastante tempo. Assim que você decidisse partir para outro país, teus amigos passariam muito mal.”. Aquilo o preocupava, mas Sasuke não estava a fim de dar explicações sobre isso, então apenas disse:

– Um... Outro alguém... Pode machucar as pessoas que eu amo caso alguma coisa saia errado.

Suigetsu não contestou, sentiu o peso daquelas palavras na voz de Sasuke e sabia que Orochimaru era capaz disso, porem ficou curioso sobre esse “outro alguém”.

– Não faça perguntas – Sasuke interrompeu vendo que o garoto estava prestes a falar alguma coisa. – Estou a algum tempo bolando um plano e pra isso eu preciso de toda informação que eu puder obter sobre Orochimaru e esse lugar. Pode levar um tempo, mas nós vamos sair daqui.

Sasuke decidiu que voltaria para o andar normal da casa e começaria a procurar por alguma coisa, aproveitando que Kabuto estava ali em baixo junto com Orochimaru e o estranho visitante. Pediu ao amigo que fizesse o mesmo, mas com cautela. Depois disso saiu do quarto de Suigetsu e andou com cuidado pelos corredores escuros, subiu uma longa escada até chegar ao andar de cima, olhou para os lados e averiguou que estava sozinho. Pensou em onde deveria ir primeiro. Já tinha ido a Biblioteca muitas vezes e nunca achava nada de seu agrado, mas então Sasuke pensou em uma fonte de informação ainda melhor, o quarto de Orochimaru. Isso mesmo, ele estava disposto a entrar de vez no covil da cobra.

Caminhou a passos longos até parar de frente com a porta que levava ao seu destino, respirou fundo, girou a maçaneta e abriu devagar, deixando seus olhos percorrerem todo o local antes de entrar. Até agora tudo bem, pensou aliviado. O quarto parecia normal, extremamente luxuoso e com um tipo de decoração um tanto excêntrica, porem, normal. Sem pensar muito Sasuke fechou a porta atrás de si e se pôs a procurar qualquer coisa que lhe fosse útil. Abriu gavetas, armários, mexeu em papéis e objetos... Nada. Droga! Pense Sasuke! Se você fosse uma cobra onde esconderia seus segredos?, ele fechou os olhos para se concentrar melhor e logo uma ideia lhe veio a mente como um estalo.

– Na terra! – Concluiu.

Olhou para o chão e viu um enorme tapete branco, abaixou-se e segurou nas pontas do mesmo para puxá-lo para o lado. O Uchiha ficou enojado ao constatar que aquele tapete era uma imitação de pele de cobra branca.

O pedaço de pano era pesado, mas quando Sasuke conseguiu puxá-lo para o lado, sorriu vitorioso. Ali estava. Uma apertura no piso de madeira, um tipo de alçapão. Mas antes que o Uchiha pudesse abri-lo...

– Sasuke-kun! – Ouviu seu nome sendo chamado por Orochimaru.

Droga! Ele praguejou mentalmente. Com rapidez colocou o tapete no lugar e se apressou a sair do quarto. Já no corredor ele se recompôs e andou em direção a voz que o chamava.

Caminhou sério e indiferente, mas por dentro estava tremendo de raiva e ansiedade por conta do achado anterior.

Orochimaru o esperava na sala de estar acompanhado de seu visitante. Ambos sentados em poltronas, uma ao lado da outra.

– Óh, ai está você, Sasuke-kun – Seu tutor o olhava com desejo, como sempre.

– O que você quer? – Sasuke foi frio.

O homem ao lado da cobra levantou uma sobrancelha, parecia esperar que o garoto levasse uma surra ali mesmo, pelo mau comportamento.

– Com essa atitude logo cedo? – Orochimaru o analisou – Já tinha me esquecido que você acorda de mal humor.

– Hm...

– Sasuke-kun, esse é Kimimaro. – Apresentou o homem de cabelos brancos ao seu lado – Acredito que vai gostar de saber que ele trouxe um presentinho especial pra você.

Kimimaro... Sasuke o conhecia, aquele não era um rosto fácil de se esquecer, pele pálida, cabelos longos e brancos e olhos contornados de vermelho. Sim, era ele, o mesmo segurança que arrastou Naruto para fora do aeroporto aquele dia.

O visitante estava desconfortável com aquilo, mas tentava não demonstrar, mantinha-se o mais calado possível. Não gostava de estar na presença de Orochimaru. Não depois de tudo que a cobra fez a ele quando era menor.

– Não estou interessado. – O Uchiha respondeu olhando diretamente nos olhos verdes de Kimimaro.

Esses olhos, pensou Sasuke. No mesmo tom de esmeraldas...

Como poderiam eles lembrarem tanto os olhos únicos de Sakura? Talvez fosse a enorme falta que ele sentia dela que estava lhe causando alucinações, pois por um momento ele enxergou sua rosada ali. Gritou mentalmente e desviou o rosto para espantar o devaneio que começava a lhe causar dor.

– Mas deveria – Avisou Orochimaru – Vem do Japão. Tem haver com o seu amigo hiperativo e sua novinha linda de cabelos esquisitos.

Ao ver Sasuke paralisar, Orochimaru abriu um largo sorriso malicioso e sem perder tempo pediu a Kimimaro que colocasse o vídeo.

Todos se mantiveram no mesmo lugar e fitaram a TV. Sasuke estava confuso, receoso e um pouco ansioso, mas então as cenas começaram a passar e toda a sua força de vontade de fugir daquele lugar veio a baixo, todo seu espírito se entristeceu. Naruto... Sakura... O que estava acontecendo? Por que estavam fazendo aquilo com eles? Porque estavam lhe mostrando aquilo? Sua mente girou ao ver as cenas do seu melhor amigo e sua rosada sendo machucados de forma tão brutal, ele não conseguiu assimilar mais nada, foi como se sua própria existência deixasse de fazer sentido. Enquanto ouvia os gritos e gemidos de dor que as pessoas da TV davam seu coração quebrava, ele estava em pedaços e doía como nunca havia doído antes. As coisas que via o feriam profundamente, mas ele não podia deixar transparecer, se manteve frio durante os dez minutos de gravação.

– Olhe para a câmera, garota! – Gritou uma voz no vídeo – Diga por que choras. Diga do que sente falta. Diga o que sente agora.

– Sasuke-kun – Sakura chamou por ele com um sussurro que o assombraria para sempre.

– Diga mais alto! Diga com toda a dor que estas sentindo.

– Sa... Sasuke-kun – Ela disse com angustia, fechando os olhos com força e desviando o rosto da câmera.

Foi quando o vídeo chegou ao fim.

Orochimaru fitou Sasuke com ansiedade, esperando por uma reação de seu pupilo.

– Era só isso? – Sasuke apenas perguntou. – Já posso ir?

– Não antes de me dizer se gostou – Seu tutor o provocou, passando a língua entre os lábios.

O silêncio se estabeleceu ali. Alguns instantes se passaram e não houve resposta.

Kimimaro sentia pela pelo garoto, mas nada podia fazer a respeito.

– Tudo bem então, Sasuke-kun – Orochimaru disse insatisfeito – Você pode ir.

Dito isso, Sasuke caminhou em direção a porta e a abriu, mas antes de sair ouviu de seu tutor a frase que lhe machucou mais do que os dez tortuosos minutos do vídeo.

– Não sei se você se importa, mas... Ela não resistiu a isso. Ela está morta! – Orochimaru avisou, dando ênfase na última palavra.

Um frio correu pela espinha do Uchiha, sentiu seu corpo todo responder a aquelas palavras. Aquilo não podia ser verdade, não podia! Sua vontade era gritar, chorar e arrebentar a cara daquela cobra de uma vez por todas, mas não podia por todo o seu plano a perder, ele teria a sua vingança na hora certa e guardaria toda a sua raiva para o esperado dia. O dia em que finalmente se veria livre de Orochimaru e daquele lugar. Faria isso por ele, faria isso por Naruto e agora, mais do que nunca, por Sakura.

Sem dizer mais nada Sasuke saiu sem olhar para trás. Foi direto ao seu quarto pegar sua katana e com ela se dirigiu para a área aberta da casa, onde treinava incansavelmente para extravasar sua raiva. Ele não se importou que estava chovendo, pelo contrário, aproveitou isso para usar a seu favor, deixando que suas lágrimas se misturassem as gotas de chuva que escorriam por seu rosto enquanto deferia diferentes golpes no ar e deixava imagens de Sakura dominarem sua mente.

Cabelos esquisitos... ele repetiu as palavras de Orochimaru em sua mente, com ódio. Aqueles são os cabelos mais lindos que alguém poderia ter! Ele definitivamente não gostava quando seu tutor dizia coisas assim sobre sua rosada e não se esqueceria de todas aquelas palavras tão cedo.

– O que é seu está guardado! – Sasuke disse entre dentes. – Orochimaru...

.

Em algum lugar de Nova York.

Um rapaz alto de cabelos negros e compridos descia do táxi depois de pagar a motorista, e olhava para o pequeno e humilde edifício de três andares a sua frente. Olhou para o último andar, por sorte as janelas estavam abertas e uma luz estava acessa. É, quem ele iria encontrar realmente estava em casa.

Suspirou ao lembrar-se do rosto dela e de alguns momentos que tiveram juntos. Não queria que as coisas tivessem chegado onde chegaram e nem de longe havia planejado aquilo, mas agora precisava dela mais do que nunca.

Lembranças modo – on

– Por que está me olhando assim? – Ela perguntou.

Itachi não respondeu apenas continuou a admirá-la.

– O que foi? – Ela insistiu, corando quando ele tirou uma mexa de cabelo do rosto dela.

– Nada. – Sorriu dando a mesma resposta de sempre.

Nunca era nada, mas só de tê-la para si já era tudo.

Lembranças modo – off

Itachi subiu as escadas e tocou a campainha do apartamento.

– Já vou! – Gritou uma voz de dentro.

Ouviu-se alguns passos em direção a porta e depois o barulho de algo caindo no chão. Desastrada como sempre, pensou Itachi, sorrindo de canto. De qualquer forma seria bom revê-la, mesmo que fosse apenas para ser xingado e mandado embora, nunca aceitou o fato de que sentia a falta dela durante todos esses anos e não seria agora que iria assumir isso.

Itachi esperou pacientemente, ele sabia que ela estava olhando pelo olho mágico e deveria estar se perguntando se era mesmo o Uchiha ali, mas aquela demora já estava se tornando incômoda, então cruzou os braços e suspirou sabendo que a pessoa do outro lado estava vendo.

Quando finalmente a porta se destrancou, Itachi encarou a garota a sua frente com um pequeno sorriso. Ela não mudara quase nada – aos olhos dele – claro, se passaram sete anos desde a última vez que ele a viu, mas mesmo se transformando em mulher ela ainda era a mesma para o moreno. Tinha as mesmas sardinhas de antes, a mesma pele clara e o mesmo cabelo comprido e rebelde, em um tom de loiro escuro que Itachi tanto gostava.

– I-Ita... chi? – Ela gaguejou quase sussurrando, parecia não acreditar no que estava vendo.

– Maya. – Ele disse seu nome como um cumprimento.

O moreno estava tentando se conter de felicidade ao ver aqueles olhos castanhos novamente, lhe fitando com tamanha surpresa. Era como voltar no tempo.

A garota estava paralisada, em suas mãos estava um pano de prato, que provavelmente estava usando para secar a coisa que deixou cair no chão há segundos atrás. Ela vestia roupas simples e normais, calça jeans e uma regata branca, fina. Exatamente do jeito que Itachi gostava.

– Vejo que ainda usa o antigo colar que eu usava antes de te dar. – Ele reparou vendo a garota corar. Ela ficou sem resposta e apenas colocou a mão sobre o objeto citado. – Não vai me convidar pra entrar?

Mais uma vez a garota nada disse, sua voz havia sumido com o susto de vê-lo novamente em sua frente, então apenas deu passagem para ele, que entrou e procurou um lugar para se sentar.

O Apartamento era simples e humilde, porem era limpo e arrumado. Maya sempre foi muito cuidadosa e apegada a objetos, uma prova disso era o colar de Itachi em seu pescoço, que ainda parecia novo. Em silêncio ela se dirigiu a cozinha e começou a juntar os cacos de vidro de um prato que tinha quebrado. Quando Itachi percebeu isso logo foi ajudar e depois de terminado o “serviço” ambos se dirigiram a sala de estar e sentaram um de frente para o outro.

A falta de comunicação entre os dois era facilmente justificada com a explosão de sentimentos que cada um deles sentia. Poderiam muito bem perguntar: “Como esta indo a vida?” e teriam assunto para uma semana inteira, mas as palavras que Maya proferiu foram as únicas capazes de demonstrar com simplicidade o que sentia.

– Senti sua falta. – Ela murmurou fitando o chão com uma leve coloração avermelhada nas bochechas.

O Uchiha foi capaz de ouvir e sorriu de canto com aquelas palavras, ele sabia que eram verdadeiras, pois Maya não era do tipo que mentia. Não para ele.

– Eu também. Muita. – Respondeu a ela sem pensar, encarando-a com ternura.

Trocaram olhares por um tempo que para eles não fazia a menor diferença, só de pensar os anos que ficaram sem se ver, sem se falar, sem se tocar...

Um se perguntava o que estava se passando na mente do outro, a curiosidade era um dos sintomas daquele momento. Maya queria correr até ele e abraçá-lo, apertá-lo e nunca mais soltá-lo, sentia seu corpo todo pedir por isso, seu coração batia descompassado e suas mãos suavam, balançando inquietas junto com seus pés. E, em um segundo de descuido de sua sanidade mental, Maya foi tomada por um impulso que a colocou de pé imediatamente, com a intenção de correr até Itachi, mas antes que a garota pudesse chegar ao centro da sala, o Uchiha já estava em sua frente a envolvendo em seus braços, enterrando o rosto em seus cabelos loiros.

– Muita. – Ele repetiu, a apertando um pouco mais.

– Itachi... Eu... – Maya tentou dizer alguma coisa, mas sua mente não processava mais nada. Como era bom tê-lo daquela maneira novamente.

O moreno a soltou, mas continuou em sua frente, olhando cada detalhe daquele rosto tão delicado, como se contasse cada sardinha que ali existia, para saber se todas ainda estavam em seus devidos lugares.

– Itachi... – A loira chamou sua atenção – Nós precisamos conversar, muita coisa mudou desde que... – Não conseguiu terminar a frase. Ela não gostava de se lembrar daquela época.

– Eu sei – Ele confessou, voltando para o lugar onde estava sentado.

Observou que Maya continuou em pé onde estava.

A sala criou um clima tenso.

– Eu preciso te dizer que... – Ela fez uma pausa e respirou fundo. – Estou com alguém.

– Eu entendo. – Itachi respondeu de imediato, por mais que lhe doesse ouvir aquilo, seu orgulho e sua razão falavam mais alto. Sabia que isso aconteceria.

É o que? Eu ouvi direito?, Maya se perguntava mentalmente. Ela estava prepara para debater com ele, tinha preparado uma lista de argumentos e um discurso inteiro, mas ele simplesmente disse que entendia? É, muitas coisas mudaram durante esses anos, entretanto o bom senso do Uchiha parecia estar intacto.

– Então, porque voltou? – A garota perguntou, tentando esconder o quanto estava nervosa na presença dele, porem podia-se notar em sua voz um pouco de decepção.

– Orochimaru está com meu irmão e eu preciso encontrá-lo.

– Entendi – Maya disse, deixando escapar duas lágrimas de seus orbes castanhos.

Itachi a olhou sem entender.

– Fui uma idiota ao pensar, por um momento, que você havia voltado por mim – Ela se explicou, secando o rosto com os dedos.

– Maya, você não entendeu...

– Claro que eu entendi, Uchiha! – A loira exclamou se afastando quando ele caminhou até ela. – Você veio até aqui porque precisa de algum favor meu e não de mim!

A dor era visível até mesmo nos gestos dos dois. Itachi tentava se aproximar enquanto ela se afastava como se ele fosse machucá-la fisicamente. Aquilo doía mais nele do que qualquer surra que pudesse tomar na vida. Era exatamente por isso que a deixou, que a pediu para esquecê-lo de um jeito tão rude. Queria estar com ela, era o que mais queria, mas achou que depois do que aconteceu era melhor deixá-la. Ficar ao lado dele não a fazia bem, como estava acontecendo naquele exato momento.

Flashback – on

Sete anos atrás.

Chovia muito naquela noite. Itachi, caminhava pensativo pela calçada até que alguém interrompeu seu caminho, parando de frente para ele.

Era Maya. Ela tinha os cabelos encharcados, assim como as roupas, por conta da chuva. Seu rosto estava vermelho, os olhos inchados e Itachi sabia bem que era culpado por aquilo. Há minutos atrás tinha dito a ela que tudo estava acabado entre eles e que estava voltando para o Japão. Uma das decisões mais dolorosas que já tomou na vida, mas era para o bem dela.

– Você não pode ir – Ela suplicava em uma voz quase inaudível. Seu olhar clamava para que tudo aquilo não passasse de um sonho ruim. – Itachi... Você é tudo o que eu tenho agora, será que não entende? Não percebe o quanto eu preciso de você? Eu te amo!

Aquelas palavras fizeram um enorme corte no peito do Uchiha, deixando ali uma grande cicatriz permanente. Deixá-la era a última coisa que queria fazer, mas era preciso ser frio e rude com ela, só assim Orochimaru a deixaria em paz.

– Não faz mais sentido ficar ao seu lado. – Itachi proferiu em tom cortante. – Agora saía da minha frente.

– Quem é você afinal? – Perguntou, incrédula – O que você fez com o meu Itachi? Eu não significo nada pra você?

Sim, pensou.

– Não. – Respondeu, indiferente e voltou a andar.

Passou por Maya e ela segurou seu braço para tentar impedi-lo, em defesa o moreno se virou e prendeu o pescoço da loira com a mão, sem apertá-lo.

– Fique longe de mim, sua estranha. Entendeu?

Itachi a chamava de “estranha” do mesmo modo como Sasuke chamava Sakura de “irritante”. Então, entenda como quiser, mas naquele momento o Uchiha mais velho quis que aquela palavra soasse como a pior das ofensas, e conseguiu.

Depois de surpreendida pelo ato, a loira se soltou bruscamente e se afastou, fitando o garoto a sua frente, apavorada. O Uchiha a encarou por alguns segundos e respirou fundo, não gostava de vê-la com medo dele, como se ela enxergasse nele o monstro que tanto lutava para não ser. Um relâmpago cruzou o céu, clareando a rua momentaneamente e trazendo Itachi de volta a realidade. Fechou os olhos, colocou as mãos no bolsos e simplesmente deu as costas para Maya, saindo em direção ao aeroporto.

E aquela foi a última vez que se viram.

Flashback – off

– Já chega de me usar, Uchiha. Já chega – Ela dizia balançando a cabeça de um lado para o outro, decepcionada.

– Maya, por favor, me escute! – Itachi pedia, mas ela não lhe dava ouvidos.

– Vá embora! Vá embora agora! – Maya gritou, com sua mania de repetir o começo da frase quando estava nervosa.

A loira abriu a porta e o Uchiha passou por ela, cabisbaixo, ouvindo a mesma sendo fechada com força atrás de si.

Sem saber muito bem o que poderia fazer, o moreno pegou um pedaço de papel no bolso e escreveu um bilhete que dizia:

“Se ainda quiser me vez, vou estar naquele mesmo café de sempre, amanhã ao meio dia. Me desculpe. - Itachi”

Dobrou o pedaço de papel e o passou por debaixo da porta, indo embora logo em seguida. Seria difícil reconquistá-la, porem ele estava disposto a conseguir.


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Notas finais do capítulo

REPITO: Não matem a autora!Sobre a Sakura-chan, bom... Não vou dizer nada. Beijos! KKKEspero que tenham gostado, ou pelo menos não achado tãaao ruim. Tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo na fic e fica difícil priorizar, sabe?É isso, até o próximo! xx



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