Eu entro novamente do quarto, as palavras de Percy ainda me incomodando; Ele mandou ninguém o perturbar. O carro deles sumiu Annabeth. Até agora eu Piper e Percy estávamos convictos que ele só tinha saído para uma caminhada, mas essas mesmas não são feitas de carro.

Piper rapidamente leva seu dedo indicador à boca sinalizando que Thalia estava dormindo. Eu levanto uma mão e a chamo pra fora do quarto. Ao passar pela cama de Thalia ela para e conserta uns fios que estão tocando o rosto dorminhoco da minha amiga e depois me segue para o corredor.

– O Nico levou o carro. – eu falo deixando as palavras flutuarem.

Piper olha para o chão e levanta as mãos para o seu rosto. Depois de alguns segundos em silêncio, eu de braços cruzados olhando para a parede meio verde do hospital e Piper com os olhos protegidos por suas mãos meio curvada, ela se movimenta e senta no banquinho que eu e Nico passamos uma parte da noite em silêncio.

–O Percy foi tentar acha-lo contra a sua vontade. Ele falou com o Percy antes de sumir do mapa e deixou claro que não queria que ninguém o procurasse. – eu quebro o silêncio.

Piper balança a cabeça de um lado pro outro.

– Se ele não voltar aqui eu vou achar ele nem que tenha ido pro quinto dos infernos. – ela fala com uma voz tensa, e então, sei que ela está com muita raiva.

– Vamos contar alguma coisa para Thalia? – pergunto

– Acho melhor ela viver a vida sozinha cuidando daquela criança sem saber do que o marido idiota dela teve coragem de fazer do que viver se lamentando por saber.

Eu concordo mexendo a cabeça e o corredor volta ao silêncio.

–x-

Depois de ligar para meu chefe e avisar que eu tenho um imprevisto familiar, eu dirijo até a casa de Hazel pensando em me oferecer para buscar Emily e Jared na escola junto com ela.

Quando eu chego no prédio e interfono para o apartamento dela ninguém atende. Quando eu checo o horário percebo que ela estaria seriamente atrasada se não tivesse saído. Dou meia volta e caminho até meu carro.

Antes de bater a porta eu ouço alguém me chamando. Coloco a cabeça pra fora do carro e procuro de onde veio a voz até que me deparo com Frank. Saio totalmente do carro e o tranco.

–Annabeth! – ele fala e me dá um abraço – A Hazel está buscando os meninos.

–Eu percebi – aponto para a portaria – Toquei lá até ter a brilhante ideia de olhar o relógio.

– Quer entrar e esperar ela lá em cima? Posso te fazer um chá ou alguma coisa. – ele oferece

– Claro.

–x-

Eu sento na mesa da cozinha com uma caneca com água quente nas mãos. Frank fala algo sobre um chá especial da sua família e desaparece na dispensa.

Enquanto estou sozinha aproveito para me acalmar e pensar na conversa com Percy mais cedo.

Eu não acredito Annabeth. E-eu quero dizer... você tem certeza? Eu rio lembrando da incerteza dele. Ele sorriu muito até receber notícias Nico. Depois de perguntas várias coisas sobre Jared, mesmo já sabendo a metade das respostas, ele me abraçou mais uma vez por muitos minutos. Como vamos contar para ele? Como damos qualquer notícia que deve ser trágica mas não é. Como fazemos isso?

Respiro fundo ao ouvir os passos de Frank voltando para a cozinha.

–Esse chá é um chá esquisito mas eu juro que é bom. – ele fala sentando em uma cadeira do lado da minha e jogando umas pedrinhas dentro da caneca. – Como foi lá no hospital? Piper me mandou uma mensagem mais cedo falando que tinha rolado confusão e eu dei um jeito de sair do trabalho o mais rápido possível.

– O Nico reagiu mal a notícia do bebê e sumiu. De carro.

Frank olha para a própria caneca com um liquido escuro. Ele levanta da cadeira e pega um copo e um coador.

Enquanto ele coa as pedrinhas do meu chá e do dele ele fala:

– Ele um dia estava conversando comigo e me perguntou da Emily. Eu falei maravilhas dela, sabe? De como era bom ter um pequeno ser andando de um lado para o outro na sua vida. Fiz questão de mencionar todas as boas partes se ser pai.

– E você achou que ele tinha começado a pensar diferente?

–Sim.

Ninguém fala por alguns minutos até que ouvimos o barulho de chaves na porta e duas crianças entram no apartamento gritando

–x-

P.O.V. Piper

Depois de parar em dois bares, eu entro no segundo um pouco irritada. A raiva que me subia era impossível de segurar.

–Nico! – eu grito alto o bastante para fazer com que todo mundo no bar esqueça o que está fazendo e me olhe.

Um par de olhos familiares me encara. Eu me aproximo dele só para entender o quanto tinha bebido. O seu hálito está horrível e há alguns copos de doses, cervejas e drinks na sua frente.

Depois de controlar a onda de nojo que me sobe eu coloco os braços pelos dele e o levo arrastado para fora do bar, mas não sem antes jogar uma nota de cinquenta no balcão esperando que aquilo cobrisse o que ele não tinha pago.

–O que você tem na cabeça!? – eu grito

Ele caminha com a cabeça baixa até a porta do carona do meu carro e espera o barulho avisando que eu destravei a porta. Antes de fazer qualquer coisa eu me aproximo dele e falo no ouvido dele.

– Você vai ficar sóbrio, vai tomar um banho e se arrumar para voltar para o hospital e se desculpar com sua mulher grávida do seu filho.

Eu me afasto e abro o carro.

–x-

Decido dar algumas voltas pela cidade na esperança que Nico fale algo.

Depois da primeira hora fazendo nada ele abre a boca como se fosse falar alguma coisa, mas fecha de novo e então começa a chorar.

– Eu sei que vocês todos pensam de mim como a quietinha que está sempre lá para ajudar os outros com um buquê de flores na mão e um sorriso, mas eu também sei ficar irritada e proteger meus amigos de uma forma menos passiva do que simplesmente ficar do lado deles falando que tudo vai ficar bem.

Ele vira um pouco a cabeça e me olha de relance.

– Você não tem ideia do que eu estou pensando, Piper.

–Eu tenho sim! Ou você acha que eu nunca passei pelo processo de achar que eu estava grávida uma vez na vida? – me seguro para não falar muito alto, apesar de estar completamente irritada com Nico eu sei que gritos para um bêbado são iguais a porradas de dedos dos seres humanos em um aquário cheio de peixes.

Ele se cala mais uma vez e eu decido parar o carro no estacionamento de um mercado qualquer.

– Eu quis vim pessoalmente aqui por que eu sei exatamente pelo que você está passando. Eu estou com o Jason tem anos e nós não temos nenhuma espécie de anexo na nossa família. Sabe o motivo? Eu tenho medo. Medo da mudança, de perder meu trabalho, meus amigos sei lá do que mais. Felizmente meu marido é uma pessoa paciente e está gastando horas do seu dia tentando me convencer de que nem tudo vai por água abaixo por conta de um filho.

Ele continua quieto.

–Você ainda tem meses antes que algo mude para valer na sua vida. Vocês não são duas pessoas que precisam urgentemente de dinheiro. Isso vai dar certo, Nico. Se eu engravidasse não ia jogar toda a minha vida para cima e tentar um aborto ou algo do tipo.

– Você está certa, Piper – ele finalmente se manifesta - Eu tenho medo da mudança, que ela perca o interesse em mim, que não teremos dinheiro, que vamos brigar cem vezes mais! Eu não quero um filho!

– Se você não quer que sua vida mude violentamente eu acho que você devia aprender em como aceitar um filho. Se você não fizer isso vai perder todos os seus amigos por que eu sei que todo mundo tem certeza que você é um idiota incorrigível e não vão hesitar em parar de falar com você.

–Pare Piper.

–O pior de tudo é que você vai perder sua mulher.

Ele explode e soca o banco.