Shade and Love escrita por Thality


Capítulo 7
Capítulo 6 - Ele não é tão mal


Notas iniciais do capítulo

Oii gente!! Queria dizer um muito, muito obrigada a todos que comentaram. Isso é realmente importante para mim. Fico muito feliz pelos novos leitores também.
Espero que gostem do capítulo!
Boa leitura.



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Damon ficou paralisado enquanto Mia se afastava de pressa. Mal percebeu quando Caroline se aproximou.

—Quem é aquela garota? –O vampiro perguntou, mais para si mesmo, ainda fitando a porta por onde ela havia saído. Queria compreender porque ela o afetava tanto.

—Ela é nova na cidade. Parece que a mãe dela foi morta por um animal e... –A loira pensou por um instante, percebendo a conexão em seguida. –Ah meu deus!! Foi você Damon!

Ele colocou um dedo nos lábios fazendo som para que Caroline se calasse, queria ouvir o que Mia estava falando no celular. Ouviu quando ela disse que queria ficar na cidade e pensou que aquilo seria um problema. Talvez não fosse se ele decidisse ignorá-la, ainda mais agora que ela já havia sido “adotada” por todas aquelas pessoas.

Decidiu que faria isso. Ignoraria aquela garota, por mais que ela despertasse sua curiosidade e seu interesse, ele assumiu para si mesmo que Mia Summer era uma garota muito bonita, mas era apenas uma garotinha, então ele se manteria longe.

—Vamos embora Caroline. –Disse ele, quando Mia entrou novamente na casa.

—Mas eu não quero ir.

—Temos que ir para a casa do prefeito Lockwood. –Ele olhou nos olhos dela para fazê-la obedecer. –Nós temos que ir.

Caroline sorriu e foi despedir-se das amigas. Damon acenou com a cabeça para Elena e saiu, não foi se despedir de Mia, pois não queria nenhum contato com ela. Em seguida, ele e Caroline foram para a mansão do prefeito.

A casa estava cheia, o que não era novidade. Por vários dias, a primeira dama Carol Lockwood dava festas e grandes reuniões ali. Ela era muito orgulhosa de sua casa e do seu dinheiro, chegava a ser um pouco mesquinha, principalmente com as namoradas do seu único filho Tyler Lockwood.

Naquela noite, era ela quem recepcionava os convidados.

—Boa noite senhora Lockwood. –Caroline disse com um sorriso simpático. –Esse é meu amigo Damon Salvatore, ele chegou à cidade há pouco tempo e gostaria de conhecê-la.

—Como vai Sr. Salvatore? Entre. –A primeira dama disse formalmente. Ela não sabia a importância daquele convite para um vampiro.

—Por favor, me chame de Damon. –E beijou a mão dela, fazendo-a oscilar. O vampiro sabia do efeito que tinha sobre as mulheres, mas a reação de Carol foi uma surpresa bem vinda, pois agora ele sabia que aquela mulher faria tudo o que ele quisesse em um piscar de olhos.

Sem perda de tempo, o rapaz foi até a biblioteca da mansão. Conhecia muito bem aquele lugar, não havia mudado nada desde 1864. Ele tirou alguns livros de uma prateleira e encontrou a caixa antiga que estava procurando. Abriu, retirou um fundo falso e encontrou o colar com um cristal amarelado.

—Você não pode roubar isso! –Disse Caroline, quando viu o que Damon planejava.

—Não estou roubando. Fui eu que coloquei aqui. –Ele guardou o colar no bolso do casaco.

Aquele objeto era a chave para abrir a tumba onde Katherine estava presa. Era um pingente mágico que havia pertencido à bruxa que fez o feitiço que a trancou. Damon segurou a mão de Caroline e seguiu para fora da mansão.

—Vou te levar para casa. –Ele disse. E enquanto dirigia sentia uma imensa paz. Estava quase feliz. Pois estava a um passo de cumprir a promessa que havia feito e libertar sua amada Katherine.

*

—O que você é? –Bonnie perguntou para Mia, enquanto segurava uma de suas mãos sobre a mesa. Eles haviam acabado de jantar.

Mia não entendeu a pergunta e sorriu com gentileza enquanto esperava Bonnie ler a palma de sua mão. Foi ideia da Elena, ela insistia que sua melhor amiga era uma vidente e que poderia saber o futuro de Mia. Naquele momento, a garota de olhos azuis estava fazendo um esforço para não pensar que todos naquela casa estavam ficando loucos.

—Você está vendo alguma coisa Bonnie? –Elena perguntou e Stefan sorriu. O vampiro sabia exatamente o que Bonnie era. Sabia que ela pertencia a uma linhagem antiga de bruxas muito poderosas, mas que ela mesma não acreditava naquilo. Stefan também sabia que mesmo com todo aquele poder, ver o futuro não era uma habilidade que as bruxas tinham. Então toda aquela situação estava sendo no mínimo divertida para ele.

—Não... –Bonnie disse com os olhos fechados. –Mas tem alguma coisa em você, Mia. Eu consigo sentir. Stefan, me dê a sua mão.

O vampiro hesitou, sabia que algumas bruxas podiam sentir a natureza dos seres sobrenaturais. Era como se pudessem sentir a áurea deles. E a natureza de um vampiro era assassina, sua áurea era carregada da própria morte. Mesmo a de Stefan, que há muito tempo havia deixado de se alimentar de sangue humano. Ele segurou na mão de Bonnie e sentiu quando ela estremeceu com a sensação gélida do mau agouro que a espécie dele trazia.

A garota continuou de olhos fechados, e mesmo com aquela sensação ruim, continuou segurando a mão do rapaz, enquanto a outra segurava a de Mia. Ela se concentrou nas sensações e quase pôde ver a áurea dos dois. De um lado havia uma paz imensa, uma onda de felicidade, tranquilidade, confiança e vitalidade. Do outro lado havia um sentimento pesado, dor, solidão, desespero... morte.

—Nossa... –Bonnie sussurrou. –Vocês são o oposto um do outro...

—Como? –Stefan perguntou.

—Mia é como eu imagino que um anjo seja e você... –Bonnie se sentiu mal por estar pensando aquilo de Stefan, ele era um garoto muito gentil e amável. –Já chega disso. Eu não acredito nessas coisas. Desculpe.

—Obrigada por hoje. –Disse Mia, com um sorriso que fez o clima pesado anterior desaparecer. –Vocês são incríveis. Todos vocês. Mas agora eu preciso ir embora, ainda tem muita coisa pra arrumar na minha nova casa.

Bonnie ofereceu uma carona, mas a garota negou, então, Elena chamou um moto-táxi. Não havia muitas opções de transporte em Mystic Falls, e Mia fez uma nota mental de que deveria treinar dirigir o carro que antes era de sua mãe.

Quando estava na metade do caminho, viu Damon e Caroline entrando em uma casa. Aparentemente não havia ninguém, pois todas as luzes estavam apagadas. Mia pediu para o motoqueiro parar, desceu da moto e o mandou embora. Ela correu até a casa. Sabia que Damon era um vampiro assassino e estava com medo do que ele pudesse fazer com Caroline, estando sozinho em uma casa com ela. Ela não sabia qual a relação entre os dois, mas não se perdoaria se no dia seguindo encontrassem Caroline morta, ou nunca mais a encontrassem como havia acontecido com sua mãe.

A garota pensou em bater na porta, mas sabia que não poderia fazer nada se o vampiro a visse. Provavelmente ela também acabaria morta. Então decidiu subir em uma árvore para olhar por uma das janelas. Se houvesse algo errado, ela ligaria para Elena e Stefan.

Mia subiu na árvore com muito esforço, não era algo que ela estava acostumada a fazer. Do galho onde estava conseguia ver o que aparentemente era o quarto de Caroline. Damon estava deitado na cama, segurando um estranho colar de pingente amarelo acima de seu rosto, observando como se houvesse um grande dilema ali.

—Que tanto você olha para essa pedra velha? –Caroline perguntou, estava irritada por Damon não estar olhando para ela, que havia acabado de colocar uma camisola transparente e provocante.

—Não é só uma pedra... –Damon disse. Mia já estava descendo da árvore, mas percebeu o pesar na voz do rapaz, então continuou ali para ouvir o que mais ele diria.

Mia sabia que o mais natural sentimento que deveria ter por aquele vampiro era ódio. Mas não era assim que se sentia. Ela não o odiava. Sabia que ele carregava uma grande dor consigo, apesar de as outras pessoas não notarem. Ela se perguntava como podiam não notar. O olhar daquele rapaz era tão carregado de solidão e desafeto, que ela sentia vontade de ir até lá e abraçá-lo, para ele sentir ao menos um pouco de carinho. Quem sabe assim ele mesmo poderia descobrir o quanto era bom. Porque Mia sabia que no fundo ele não era tão mal.

—Há muito tempo... –Damon começou a contar, sua voz rouca e baixa pela emoção da lembrança. –Quando eu ainda era humano conheci uma garota quando voltei da Guerra de Secessão. Ela era tão linda. –Ele sorriu com a lembrança. –O nome dela era Katherine. Eu me apaixonei por ela na mesma hora que a vi. Mas ela era uma vampira, e naquele tempo, as pessoas sabiam da existência dos vampiros. Bom, só as pessoas daqui de Mystic Falls, e preferiram não fazer registros históricos. Todo mundo tinha medo de passar por louco... Eles começaram uma verdadeira caça aos vampiros. Demoraram muito tempo para descobrir que Katherine era um deles. E só descobriram porque ela também contou para o Stefan.

Então Stefan também era um vampiro, Mia pensou. Ela havia estudado sobre a Guerra de Secessão. Havia ocorrido no sul entre 1861 e 1864 por questões escravocratas. Então Damon e Stefan eram muito mais velhos do que ela havia imaginado.

—Eu nunca entendi porque Katherine não ficou feliz tendo somente a mim. –Damon falou, com a voz pesada. Mia percebeu que era muito sensível aos sentimentos do rapaz. Ela quase podia ver a dor dele preenchendo todo aquele quarto. E era tanta dor, que não sabia como o coração dele poderia estar aguentando. –Ela também ficou com meu irmão.

—Stefan e Damon... –Disse Caroline. –Digamos que não é uma escolha muito fácil de fazer.

—Mas ela o dominava. –Damon explicou. –Ela precisava usar hipnose com ele porque ele tinha medo dela. Eu nunca tive medo. Pelo contrário. Eu queria ser como ela. Queria andar por aí com ela, para sempre.

—Me deixa adivinha... Ela transformou vocês dois. –Caroline comentou.

—Sim. Ela nos deu seu sangue no mesmo dia em que foi descoberta e presa. Eles trancaram todos os vampiros em uma igreja e colocaram fogo.

Mia não pôde conter as lágrimas. Ela podia sentir toda dor que Damon estava sentindo. Parecia que seu peito ia ser esmagado, mas ele continuava firme, contando a história, apenas com o maxilar travado. Era um homem muito forte.

—Alguns vampiros não conseguem se controlar. Principalmente quando estamos com raiva. Fazemos coisas e nos arrependemos depois. –Ele não compreendeu porque, mas naquele momento pensou em Mia e em sua mãe. Foi a única vez em que se arrependeu de ter matado alguém. –Stefan matou nosso pai quando se transformou. Ele não teve culpa, estava faminto. Mas precisa conviver com isso desde então, ele se odeia por isso, odeia sua própria natureza. E Stefan ainda era o filho favorito. –Damon sorriu com a ironia.

Mia não podia acreditar no que ouvia. Stefan era um cara muito bom, e bastou uma tarde com ele para perceber aquilo. Então os vampiros realmente não tinham culpa por seus crimes. Era sua natureza.

—Mas nem todos os vampiros são ruins. –Damon contou. –Alguns deles conseguem se controlar, alguns deles são realmente bons. Mas eles não se importaram. Havia até mesmo crianças vampiras naquela época, adolescentes... E foram todos trancados na igreja para serem mortos. Mas uma bruxa, amiga de Katherine, soube que havia uma tumba embaixo da igreja. Ela selou o lugar com um feitiço de proteção. E quando trancaram a igreja, os vampiros foram para lá. Eles continuaram vivos. E estão lá até hoje, inclusive a Katherine. Ela deve estar queimando de sede, assim como os outros.

Mia estremeceu com a ideia de aquela cidade ter um lugar cheio de vampiros famintos. Mas uma parte dela sentiu pena deles. Ao que ela sabia, vampiros eram seres imortais. Mas de que adianta ser imortal se estavam queimando de sede embaixo da terra. Naquele momento mesmo, deveriam estar implorando para que a morte os levasse.

—Eu prometi a mim mesmo que tiraria Katherine de lá. –Ele levantou o colar mais uma vez. –Esse cristal foi usado para selar a tumba, é como uma chave. A tumba só pode ser aberta com ele. Mas ela foi selada com a energia de um cometa que passou pela cidade em 1864. Agora terei que esperar até ele passar de novo... É assim que os feitiços funcionam... Coisas de bruxas.

—E quando esse cometa vai voltar?

—Em alguns dias. Você pode cuidar desse colar para mim até lá? Não quero que Stefan o encontre. –Ele pendurou o colar em um cabide para casacos, depois foi até Caroline e plantou um beijo em sua testa.

—Você é bem gentil, quando você quer... –Ela falou. Damon olhou fundo em seus olhos, percebeu que havia contado coisas de mais para ela. E não gostava que ninguém soubesse de suas fraquezas.

—Caroline. Você vai esquecer tudo o que eu te contei nessa noite. –Ela balançou a cabeça confirmando, sob o efeito da hipnose.

Mia desceu rapidamente da árvore, quase caindo, e correu para sua casa que não estava mais tão distante. Era bom correr para colocar as ideias em ordem. Ela correu cada vez mais rápido, mesmo com a visão embaçada pelas lágrimas e com a chuva começando a cair.

Naquela noite havia descoberto que a morte da mãe foi apenas um acaso. Um terrível acaso. Não havia nenhuma conspiração, nenhuma ordem de terceiros, nenhuma vontade superior. Elas simplesmente estavam no lugar errado, na hora errada. Assim com em qualquer outra morte comum.

Não havia mais mistério para descobrir, nunca houve. Ela havia passado o dia todo se enganando, achando que havia uma causa maior para a morte da mãe, mas tudo aconteceu porque vampiros existiam, e eles não sabiam se controlar quando estavam com fome e com raiva.

Mia chegou em casa completamente molhada e se largou no sofá que ainda estava coberto por um plástico. Ela deveria odiar os vampiros por existirem. Mas não foi escolha deles estarem ali. Alguns odiavam a si mesmos por terem aquela natureza, era assim o caso de Stefan. E talvez de muitos outros.

Talvez pelo menos Damon Salvatore ela devesse odiar. Mas também não foi escolha dele atacar Jessie naquela noite. Como ele mesmo havia dito; os vampiros às vezes se arrependiam do que faziam. Talvez fosse esse o caso, talvez ele estivesse arrependido. Por isso ele havia tentado hipnotizá-la na noite em que tudo aconteceu. Por isso ele havia olhado tão profundamente em seus olhos na casa de Elena, quando ela disse que sentia muito pela Katherine. E agora ela realmente sentia.

Katherine deveria estar vivendo um inferno desde 1864. E Damon a amava de uma maneira que Mia nunca achou que fosse possível. Ele a amava há 145 anos. E estava na cidade para salvá-la. Uma pessoa que amava tanto assim outra não poderia ser ruim.

A garota respirou fundo e fitou o teto, pautando tudo o que sabia.

Primeiro: Vampiros existiam e ela conhecia dois deles. Segundo: Havia uma tumba embaixo da terra em algum lugar da cidade que tinha muitos outros e eles estavam famintos.

Terceiro: Eles conseguiam controlar a mente das pessoas. Quarto: Vampiros não eram as únicas coisas sobrenaturais que existiam, bruxas também existiam. Ela mesma deveria ser alguma coisa sobrenatural, segundo Bonnie.

Quinto: A morte de sua mãe foi por acaso. Sexto: Vampiros tinham sentimentos humanos, que duravam muito mais tempo. Sétimo: Damon Salvatore não era tão mal.

Oitavo: Isso tudo era verdade ou todo mundo estava ficando louco.

Diante de tudo aquilo, ela focou no sétimo conhecimento. Damon Salvatore estava lutando por uma boa causa a final. Ele só queria Katherine de volta. Aquilo libertaria outros vampiros, certo. Mas o mundo deveria estar cheio deles, alguns a mais não faria tanta diferença assim. Mia preferia correr o risco de soltar alguns vampiros do que saber que eles estavam lá presos morrendo mil mortes e que em vez de fazer algo por eles, ela estava dormindo em cima deles.

Nenhuma criatura deveria sofrer tanto. Então ela decidiu que buscaria uma forma de ajudar Damon. Assim ele poderia ver que nem todos o odiavam. Ela, que era quem mais deveria odiar, não sentia isso. Talvez então Damon decidisse mostrar para todos que tinha um lado bom. Um lado que amava a mesma garota por mais de cem anos. Stefan já tinha encontrado outro amor. Então Damon merecia reencontrar aquela tal de Katherine.

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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Como vocês podem imaginar, é claro que o nosso "big bad vampire" favorito não vai querer a ajuda a linda da Mia, mas nossa garotinha é bem insistente. Vocês vão gostar de como tudo isso vai se desenrolar.
Queria saber a opinião de vocês sobre como a fic está até aqui. Preciso melhorar em alguma coisa?
Comentem bastante.
E me avisem se encontrarem algum erro.
Beijos ♥



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