Shade and Love escrita por Thality


Capítulo 16
Capítulo 15 - Um dia da caça, outro do caçador


Notas iniciais do capítulo

Olá a todxs ♥
Antes de tudo, gostaria mais uma vez de agradecer pelos comentários. Cada vez que recebo um novo, fico ainda com mais alegria em escrever. Obrigada gente ♥♥
Está aí mais um capítulo para vocês. Espero que gostem e, continuem comentando, isso é muito importante para mim.
Boa leitura.



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Damon Salvatore acordou em um sobressalto. Sentado na cama, olhou ao redor, fazendo um rápido reconhecimento do local. O quarto onde estava pertencia a uma velha pousada em Fall’s Church, no leste da Virgínia. Ele havia chegado àquela cidade há pelo menos quatro dias e não havia dormido desde então, estava ocupado, hipnotizando moradores, lendo jornais antigos, procurando pistas. Nada parecia aproximá-lo de Lucien Castle.

“Preciso voltar para Mystic Falls”. Ele pensou. Juntando rapidamente as coisas que havia abandonado ali na noite anterior. A camiseta que estava jogada em uma penteadeira, o celular, a chave do carro e uma garrafa de Bourbon, seu uísque favorito. Bebeu com pesar os últimos goles do conteúdo da garrafa. Fechou os olhos, e como um lembrete de que precisava voltar para casa, os olhos de Mia surgiram em sua mente.

Olhos de um azul tão escuro e intenso quanto o mar após uma tempestade. Eram quase sombrios, se não fosse por aquela luz que a garota levava consigo. O brilho no olhar que levava tranquilidade e esperança por onde ela fosse. “A esperança após a tempestade”. Pensou, enquanto levava a garrafa de Bourbon à boca e percebia que não havia mais nada. Já fazia algumas semanas que se lembrara daquela frase. Ela ecoava em sua mente a cada vez que pensava em Mia, como parte da letra de uma canção que ficava ecoando em sua cabeça sem que ele soubesse a origem, ou a continuação da letra.

—Garota... O que você está fazendo com a minha cabeça? –Ele perguntou, quase em um sussurro, para o quarto vazio.

Vestiu a camiseta, era o fim do verão e o clima estava agradável. Foi até o banheiro para lavar o rosto enquanto tentava ligar para o irmão. Stefan não o atendeu e aquilo o deixou alarmado. Desistindo, selecionou o número de Mia, mas aquilo parecia demais. Ligar para ela, parecia uma atitude adolescente e desesperada.

Ele se recusava a assumir para si mesmo, mas uma parte dele estava ansiosa para ouvir a voz de Mia novamente, saber se ela estava bem. Mas o que ela pensaria? Certamente não tinha Damon em grande estima agora, após três semanas. Ela era apenas uma garota humana, com certeza já teria se distraído com alguma outra coisa, outra pessoa. Já o teria esquecido. Já ele, em sua condição de vampiro, sentia o tempo passar de uma forma diferente, três semanas não havia sido tempo suficiente para que ele se esquecesse dos olhos dela. Do cheiro suave de sua pele, de como seus cabelos eram macios. E como seu corpo pareceu frágil, quando ele a abraçou e a acalentou após ter certeza de que ela morreria. Damon sentiu aumentar a necessidade de voltar para casa. Precisava vê-la.

Havia uma urgência que nem mesmo ele conseguia compreender, mas precisava seguir seus instintos. Ele calçou os sapatos e correu até a porta, estava prestes a dar o segundo passo em direção ao hall, quando alguém o segurou.

—Ora, ora, ora. Damon Salvatore. –Disse um homem, enquanto empurrava o peito de Damon com uma das mãos. –Eu realmente não esperava encontrá-lo aqui.

Damon arqueou uma das sobrancelhas, olhou com surpresa para o homem que o segurava. Klaus Mikaelson, o vampiro mais poderoso, mais antigo e mais cruel. Ele não teve tempo de falar, antes que pudesse fazer qualquer coisa, ouviu a voz do vampiro:

—Porque você não volta para os aposentos? –Damon recuou até estar novamente no quarto. Cada célula de seu corpo estava submissa à hipnose de Klaus, ele poderia pedir o que quisesse, nenhum vampiro, nenhum humano, nenhuma criatura, conseguiria resistir à influência sobrenatural de Klaus, o primeiro dos vampiros. –Não quero que saia daí até eu mandar, entendeu?

Damon balançou a cabeça, sem opção. Sentia-se como uma de suas vítimas e aquela era, sem dúvida, a coisa que mais odiava em todo o mundo.

**

—Damon...? –Mia sussurrou, ao abrir os olhos parcialmente e encontrar uma figura alta vestindo um casaco de couro preto a sua frente.

—Não... Sou só eu... –Disse uma voz conhecida, quase como um pedido de desculpas.

Mia se esforçou para abrir um pouco mais os olhos, apesar de doerem com a luz branca do cômodo. Reconheceu que a figura a sua frente era Alaric Saltzman, seu professor de história. Ela não conseguia reconhecer o local onde estava, nem relacioná-lo com a presença do professor ali.

—Você está no hospital de Mystic Falls. –Disse Alaric, respondendo à pergunta não formulada da garota. –Eu te trouxe para cá, junto com Elena e Stefan.

Mia gostaria de agradecer, tentou apoiar o braço na cama para se sentar, mas percebeu que não conseguia movê-lo, não podia nem mesmo senti-lo. Uma onda de desespero lhe tomou. Ela olhou assustada para o braço envolto em uma faixa, com uma tala recém colocada.

—Você levou uma queda e tanto. –O professor continuou com a voz calma e um olhar solidário. –Teve sorte de só torcer um braço. Achei que pudesse ter caído de cabeça, teria sido muito pior.

—Sorte? –Mia questionou, finalmente conseguindo se sentar. Ouviu quanto Alaric soltou uma risada pela pergunta honesta. E então sentiu a cabeça girar e o corpo todo entorpecer. Percebeu que estava com uma faixa na testa, o que a fez se sentir uma boneca quebrada. Torceu para não estar parecendo ridícula na frente de seu professor.

—Você não me parece muito otimista agora, ein. –O professor sorriu. E Mia se surpreendeu, ela não sabia que Alaric já havia notado seu otimismo, ou qualquer coisa sobre ela antes. Mas sua cabeça doeu com a tentativa de fazer um raciocínio lógico. –Eu acho que você deveria...

—Cadê ela?! Onde ela está?! –Jeremy interrompeu o que Alaric pretendia dizer. Entrou no pequeno reservado, abrindo com força as cortinas azuis, seus gritos fizeram a cabeça de Mia doer ainda mais. O professor o olhou de uma forma reprovadora.

—Mia precisa descansar agora, Jeremy. Ela está um pouco dopada por causa dos remédios para dor que lhe deram. –Disse ele.

—Eu quero ficar com ela! Me deixe ficar com ela! –Ele pediu, em um estranho estado de histeria. Sentou-se ao seu lado na cama e segurou com força a mão que não estava imobilizada.

—Certo... –Alaric expirou e saiu do reservado, sabendo que não iria convencer Jeremy a ir com ele. Fazia pouco tempo que era professor daquela turma, mas já conhecia muito bem alguns de seus alunos. Conhecia Jeremy pelo péssimo desempenho, pela teimosia e falta de interesse nos estudos. E Mia pela genialidade e, principalmente, por se parecer muito com Isobel, sua falecida esposa. As duas tinham a mesma perspicácia, a mesma fala argumentativa convincente e, às vezes, Alaric jurava ver os mesmo olhos, apesar de os olhos de Isobel serem castanhos e não azuis. Havia algo de muito semelhante entre aquela garota e sua amada esposa.  

—Estou bem, Jer... –Dizia, Mia. Tentando fazer com que o amigo parasse com a histeria.

—Foi tudo minha culpa. –Ele disse, em tom quase choroso. –Eu não devia ter provocado Vicky. Ela empurrou você.

—Ela não me empurrou. –Disse Mia, com a voz baixa e as palavras enroladas por causa dos anestésicos. –A torre humana tremeu. Poderia ter acontecido com qualquer um. –Pelo menos, era isso que ela queria acreditar. Que tudo não passara de um acidente.

—Vou ter uma conversa muito séria com ela. –Disse o garoto, sem considerar nada do que Mia dissera. A garota então voltou a se deitar, o cansaço novamente tomando conta de seu corpo.

—Shh... –Ela conseguiu dizer, e Jeremy se calou enquanto aos olhos de Mia, todas as luzes voltaram a se apagar.

...

—Mia!! Mia me desculpe! –Mia ouvia ao longe, uma voz aguda e familiar. Não precisou de muito esforço para reconhecer Vicky, andando de um lado para o outro ao pé de sua cama. A garota suspirou. Não sabia quanto tempo havia passado desde que Jeremy saíra de seu quarto, mas ela se sentia mais cansada do que nunca. –Eu tentei evitar! Juro que tentei. –Vicky continuava, claramente perturbada por algo. –Mas havia uma voz, uma voz na minha cabeça dizendo que eu precisava fazer... –Ela apontava para a própria cabeça de uma maneira insana, os olhos lacrimejando de pavor. Mia se alarmou.

—O que, Vicky? –Mia perguntou, com a voz mais calma que pôde. –O que você precisava fazer?...

Quando Vicky a olhou novamente, o desespero em seus olhos havia se tornado maior. Ela chacoalhava a cabeça, como se tentasse tirar algo de “dentro” do seu cérebro. Mia percebeu quando a garota começou a caminhar ainda mais rápido de um lado para o outro, como se tivesse tentando fugir de algo, sem conseguir sair do lugar. Mia sentiu algo crescer dentro dela, um pavor iminente, vindo de seus ossos, mais forte que uma intuição. E quando Vicky a olhou novamente, ela sabia perfeitamente o quê a garota estava prestes a fazer.

—Eu precisava ter matado você.

Mia gritou o mais forte que pôde, e então Vicky agarrou seu pescoço com as duas mãos. Forçando-o contra a cama com todo o peso de seu corpo. Seus olhos estavam frios, como se algo a estivesse controlando, ela estava inerte, com os olhos insanos de uma assassina a sangue frio. Mia tentava afastar as mãos firmes da garota, tentava pedir que ela parasse, mas apenas ruídos incompreensíveis saíram de seus lábios. “Damon!”. Mia pensou. Sabendo que não fazia sentido, mas se havia alguém que poderia salvá-la, esse alguém era Damon. “Eu preciso de você agora...”. Ela já começava a sentir a consciência se esvair novamente. “Preciso muito de você, Damon.”.

Os pulmões de Mia ardiam pela falta de ar, e ela estava quase desistindo de lutar quando alguém arrancou Vicky de cima dela com uma rapidez e força sobre humana.

—Tire Mia daqui. Rápido!

Não era Damon. Era Stefan. Mia sentiu uma dor ainda mais forte invadir seus pulmões, estava com dificuldade para respirar. E então sentiu os braços de Elena, levantando-a desajeitadamente, tentando fazer com que a garota se firmasse sobre o chão, que Mia sentia estar mais mole, muito mais mole do que deveria.

—O que está acontecendo, Stefan? –Elena perguntou, a preocupação evidente em sua voz.

—Alguém hipnotizou Vicky. –Disse ele, e Mia viu enquanto ele tentava segurar alguém que um dia fora Vicky, mas que agora agia de maneira feroz, como um animal que precisava desesperadamente terminar algo que havia começado. –Vou dar um jeito nisso. Mas por favor, Lena. Leve Mia para casa. Peça para Jeremy ficar com ela até que eu consiga resolver isso.

Elena não esperou uma segunda ordem. Correu com Mia semi consciente ao seu lado, conseguiu colocá-la no carro com a ajuda de Jeremy, e os três seguiram para a casa da garota. Não havia lugar seguro, Elena pensava, mas ao menos havia poucas pessoas que sabiam onde Mia morava.

**

“Damon!”

O vampiro estava amarrado a uma cadeira no centro do quarto na pousada em Fall’s Church. As cordas tinham cheiro de verbena. Estava pensando sobre a incoerência que havia ali. Porque Klaus precisava amarra-lo se, nitidamente, ele não conseguiria sair do quarto mesmo se quisesse?

Quando seus pensamentos foram interrompidos por algo forte, um sentimento parecido com o que tivera naquela manhã, mas ainda mais intenso. Ele quase podia ouvir a voz de Mia lhe chamando, agora.

—Preciso ir para casa, Niklaus. –Pediu, Damon. Sentindo a pele dos punhos arderem.

—Niklaus é o nome que meu pai me deu. Por favor, me chame de Klaus. –O Vampiro disse entretido, enquanto olhava para uma adaga talhada em madeira polida, e se Damon o conhecesse um pouco melhor, perceberia a amargura no tom de sua voz.  

“Eu preciso de você agora...”. Damon ouviu novamente a voz de Mia no fundo de sua consciência, e gostaria de saber que tipo de magia era aquela. Mas não tinha tempo para pensar naquilo. “Preciso muito de você, Damon.”. E ele sabia que precisava correr até ela. Precisava.

—Que seja, Klaus. –Disse ele, com desgosto. –Preciso voltar para Mystic Falls. Agora!

Klaus sorriu. Um riso frio. De quem nunca iria considerar as necessidades de outras pessoas. Ele estava indo em direção a Damon, com a adaga na mão. Quando ouviu o celular do rapaz vibrar no chão, próximo à cadeira. Pegou o aparelho e alargou ainda mais o sorriso.

—Parece que você sente quando algo de ruim acontece à sua pequena bruxa, não é? –Klaus ergueu o celular na altura dos olhos do Damon, e ele pôde ler uma mensagem de seu irmão.

MIA ESTÁ EM PERIGO. Stefan.

Damon sentiu uma onde de choque. A necessidade de sair dali aumentou ainda mais. A agonia por estar preso, enquanto sabia que Mia precisava dele. De repente, algo se acendeu dentro dele.

—Pequena bruxa? –Ele perguntou. No tom de sua voz, não era perceptível nenhum tipo de preocupação, ele conseguia esconder muito bem suas emoções após tantos anos de prática.

—Ah, sim... Não achou que ela era humana, achou? –Disse Klaus. Desamarrando as cordas de Damon, um gesto que mais uma vez, não fazia sentido. –Mia faz parte de uma das mais antigas linhagens de bruxas. Claro, eu não sabia que ela se chamava Mia, até agora.

—É por isso que Lucien Castle está trás dela? –Damon percebeu quando as sobrancelhas de Klaus se ergueram de espanto.

—Lucien Castle é meu mais antigo inimigo. Se ele está trás de sua bruxinha, deve haver um motivo, um motivo que não me agradaria, com certeza. –Klaus terminou de soltar as cordas de Damon e o levantou. –Tem algo sobre Mia, algo que todos os vampiros antigos, realmente antigos, sabem sobre ela. –Damon compreendeu que quando Klaus dizia “antigos” ele queria “mais velhos que você e seu irmão”. –Ela tem poderes. Poderes que nenhuma outra bruxa tem sobre os vampiros. Isso porque ela é uma descendente direta de minha mãe, Esther Mikaelson. A única viva. Entende a importância dela, Damon Salvatore?

—Ela tem sangue Mikaelson. –Damon constatou, sem conseguir fazer uma conexão entre o nome que trazia dor e destruição à garota que trazia luz e esperança.

—Não seja ridículo. Esther viveu há mil anos. Depois de tanto tempo, não podemos mais considerar que exista uma única gota de sangue Mikaelson em Mia. Ela jamais será uma de nós. –Klaus sorria, um sorriso frio, a voz controlada.

Damon suspirou, aliviado. Não queria ter que contar a Mia que seus únicos parentes vivos eram pessoas tão detestáveis e cruéis.

—Mas, de fato, existe magia Mikaelson nela. –Klaus continuou, o tom de voz frio de um assassino. –E esse tipo de magia, meu amigo, pode trazer muitos inconvenientes para ela e para minha família. Vou ter que pesquisar sobre quais feitiços poderiam ser feitos, se ela poderia causar problemas para minha família, e o motivo de Lucien estar atrás dela. Torça para que eu não precise interferir.

—Porque você veio atrás de mim? –Damon perguntou, planejando uma rota de fuga até a porta, mas em seguida lembrando-se da hipnose.

—Não é que lhe diga respeito. Mas... Você não deveria sair por aí hipnotizando tantas pessoas tão perto da minha cidade, sem achar que eu suspeitaria.

A cidade de Klaus Mikaelson, Damon se lembrou, era Nova Orleans, havia algum tempo que estava sob o controle da família Mikaelson, ficava há poucos quilômetros dali. Ele deveria ter se lembrado daquilo, todos os vampiros sabiam que não deveriam se aproximar de lá sem serem devidamente apresentados.

Damon ignorou aquela constatação tardia e tentou voltar o foco da conversa para algo que realmente o intrigava.

—Porque eu consigo ouvi-la? –Perguntou, ignorando o tom de ameaça de Klaus. –Porque consigo pressentir coisas sobre ela?

Klaus sorriu.

—É algo que você vai descobrir. Eventualmente. –Disse ele, ainda com um sorriso entrecortado nos lábios. –Por hora, você está livre. Volte para sua pequena bruxa. 

E então Damon sentiu que estava livre da hipnose, e sem pensar duas vezes, correu o mais rápido que sua velocidade sobrenatural permitia. Por hora, sabia que não iria descobrir mais nada relevante sobra Mia. Entrou no carro e seguiu para Mystic Falls, ignorando todas as informações obtidas e todas as perguntas sem respostas. Pensava apenas em sua garota, em como precisava encontrá-la e certificar-se de que ela estava bem.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?

Enfim Damon está voltando para sua garota ♥

O próximo capítulo já está quase pronto, estou roendo as unhas para postar.
Comentem, gente >< Estou ansiosa para ler os comentários de vocês.
(E também ansiosa para que a fanfic tenha sua primeira recomendação, isso me deixaria tããão feliz rsrs)
Até logo, beijinhos ♥



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