Pov Hazel

Subimos os andares em um elevador que tocava uma música irritante. O consultório era no décimo nono andar, e depois de alguns minutos, chegamos em um corredor com diversas portas de maçanetas douradas, dispostas uma perfeitamente de frente para a outra. Ao todo seis portas, com um quadro na parede de fundo, retratando um homem arrancando a pele de um leão.

Lugar agradável esse que mamãe arranjou para uma consulta.

Procuramos a porta certa, que trazia uma inscrição dizendo "Doutor Jonh Sanders, psicólogo". Entramos e nós deparamos com uma sala com apenas outras duas pessoas, uma garota um pouco mais nova que eu e seu provável namorado ou noivo, sei lá. Eles estavam de mãos dadas, e aquilo me trouxe lembranças que eu preferi ignorar naquele momento.

Fomos atendidas por uma senhora de aproximadamente 60 anos extremamente simpática, que disse que minha consulta seria dali a dez minutos. Sentamos e aguardamos.

–Toma. - minha mãe tirou da bolsa meu exemplar surrado de "Uma aflição imperial". - Eu disse que ia te devolver se você viesse.- ela sorriu e eu correspondi.

Após diversos minutos que eu não vi passar pois estava entretida demais relendo pela milésima vez meu livro predileto e perfeito, ouvi meu nome ser anunciado pelo vazio consultório por uma voz grave e sensual, porém jovem. Ao levantar os olhos, desejei mesmo não ter feito aquilo.

Augustus Waters estava na minha frente.

Se ele tivesse vivido alguns anos a mais, aquele seria ele. O Doutor John/Gus estava usando um jaleco branco com seu nome bordado do lado esquerdo do peitoral definido. Os braços fortes se sobressaiam no jaleco, e a calça social preta o deixava, por mais contraditório que parece, mais jovem. Minha mãe me olhou preocupada, pois eu fazia cara de quem acabara de ver um fantasma.

E tecnicamente, ela estava certa.

– Senhorita Grace? - ele repetiu. - Vamos começar a consulta?

Levantei tremula e entrei no consultório.