Meu Doce (In)Desejado escrita por Buzaid


Capítulo 26
Capítulo 25




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Aquela era, "graças à Deus", a última noite daquela torturante viagem. Como não conseguiram entrar em um comum acordo sobre onde jantar, Carolina e Henry, mais uma vez, acabaram decidindo isso de uma forma muito madura:

–Par ! - A princesa escolheu ao levantar o pulso fechado.

–Impar ! - Ele rebateu.

Henry venceu a melhor de três. Por isso foram jantar no Benihana. Carolina, contrariada, apenas reclamou de como sairia cheirando a peixe frito. Nem sequer conseguiu aproveitar a saborosa lagosta que pediu. "Isso aqui poderia ser muito bem um belo de um à carbonara!" afirmou por entre garfadas. Henry, por outro lado, não deixou barato e toda vez que a princesa abria a boca para queixar-se de algo ele logo já ia dizendo "ocupe sua boca com a comida, não com reclamações…"

Ao final da noite ambos sentiam-se exaustos por tanto terem brigado durante o jantar, mas mesmo assim prolongaram a discussão, sem fundamento, para a suite do Four Seasons.

–Caramba, Carolina! - Henry exclamou ao bater a porta da suite com todas as suas forças. - Nunca pensei que uma mulher pudesse reclamar tanto até te conhecer.

–Porque está falando isso, Henry? Você também reclama o tempo todo… - A jovem princesa rebateu ao se livrar dos saltos Jimmy Choo que enfeitavam seus delicados pés tamanho 37.

–Não como você! Nenhum ser humano reclama como você, Carolina! - Henry estava concentrado em soltar-se de sua gravata lilás.

–Nenhum exceto você! - Rebateu. - Sabe o que me deixa mais irritada?

–O que?

–Que você me faz virar uma criança, Henry! - Carolina tirou o cardigan azul marinho que trajava e jogou-o sobre o sofá. - Quando estou com você eu fico completamente infantil e imatura… Olhe para nós agora e veja como estamos sendo ridículos. - Afirmou como se estivesse tendo um súbito de consciência. Henry gargalhou de forma sarcástica e então respondeu-a:

–Não coloque a culpa de sua infantilidade em mim. Você age assim porque quer. - Argumentou enquanto caminhava para mais perto da jovem. Era estranho, mas ao mesmo tempo que sentia raiva dela ele também estava excitado com aquela briga. - Essa viagem apenas nos fez ficar com uma constante dor de cabeça.

–Isso eu tenho que concordar. - Carolina afirmou. - Mas, não percebe que você tornou a viagem impossível, Henry?

–Eu tornei a viagem impossível? - Riu zombeteiro. - E você tornou ela o quê?

–Se você está me acusando de ter tornado a viagem impossível é porque eu apenas dancei conforme a música, meu caro.

–Carolina, não seja hipócrita, pelo amor de Deus.

–Não seja hipócrita, você! - Ela bradou ao dar dois passos à diante. Pela primeira vez Carolina sentia algo estranho por estar tão perto do príncipe. - Henry, você tem 25 anos e vive a vida como se tivesse 18. Se você fosse um homem mais responsável e maduro, talvez, não estivéssemos tendo tantos problemas de convivência… Nós seriamos um verdadeiro casal arranjado e não essa coisa fajuta que somos... - O príncipe girou os olhos enquanto tirava o paletó em um movimento que, Carolina, julgou ser sensual demais para aquela situação.

–O problema é você, que tenta viver à frente de sua idade, Carolzinha. - Ele logo afirmou. - Você tenta ser uma mulher cheia de responsabilidades, que finge sonhar em salvar a pobre nação Llyonense. Mas a verdade é que você não passa de uma mera adolescente de 19 anos! Seu relacionamento com aquele cara da barraca é a prova viva disso. Aliás, ex-relacionamento, porque nem isso você foi capaz de manter, não é mesmo Srta. Por favor volte para mim!? - Carolina sentiu seus olhos emergirem em lágrimas.

–Não fale o que não sabe !

–Eu acho que sei exatamente do que estou falando, Carolina! - Aos poucos o rapaz desabotoava a camisa, revelando seu peitoral trincado e definido. Carolina o espiou discretamente, mas, agora, estava magoada demais para se importar.

–Ao menos eu sou capaz de me apaixonar. - A jovem tentou reverter o jogo. - Não fico por ai caçando mulheres e levando-as para quarto de hotéis e os destruindo com drogas, bebidas e sexo selvagem… Eu tenho um coração, Henry. Já você tem apenas uma pedra de gelo do lado esquerdo do peito. - Na medida em que falava ela ia se aproximando do príncipe na tentativa de parecer ameaçadora.

–Carolina, por favor, eu sei como me divertir. Aposto que você nunca se divertiu dessa maneira… Você tem medo! - Henry encarou-a bem dentro dos olhos. Ela sentiu seu rosto pegar fogo.

–E você não tem noção, meu caro! Você apenas faz as coisas sem pensar nas consequências… por isso sempre foi alvo dessas revistinhas de fofoca, Henry! Seu segundo nome é polêmica.

–E o seu, é virgindade! - Henry acusou-a ao tirar a camisa branca que trajava. Carolina havia se esquecido de como Henry tinha um corpo perfeito. Àquela altura a distância entre os dois se tornava mínima e perigosa.

–Virgindade? Foi isso mesmo que eu ouvi? - Carolina parecia mais incrédula do que ofendida.

–Foi exatamente isso que ouviu, Carolina. - Henry afirmou. - Você exala virgindade. Deve estar se guardando para o casamento!

–Não posso estar ouvindo isso, Senhor! - Carolina fuzilou Henry com o olhar e então se aproximou ainda mais dele, tornando a distancia entre eles quase inexistente. Ambos sentiam que aquela briga não era feita de provocações e sim de insinuações que, embora ofensivas, eram excitantes. - Henry, escute bem, pois eu nunca mais em toda minha vida serei tão franca com você como agora! Primeiramente, não estou me guardado para o casamento pois você é o noivo e eu jamais irei para a cama com você! Segundo, minha vida sexual diz direito apenas à mim e à mais ninguém, se você pensa que sou virgem, pois continue pensando. Só não se esqueça que as aparências enganam… - Por um breve segundo Henry ficou sem palavras. Carolina realmente o havia derrotado naquela conversa. Mas ele não estava disposto à perder.

–Será mesmo, Carolzinha? Será que enganam mesmo? - A pesada respiração de Carolina batia contra o peitoral nu de Henry. Por algum motivo ela o excitava quando falava daquela forma tão decidida e defensiva.

–Isso é algo que você jamais... - Tentou falar de forma misteriosa. Henry tão perto e vestindo tão pouco começou à intimida-la ao ponto de deixa-la sem palavras. O que estaria acontecendo? Ambos se perguntavam no mesmo instante. - Jamais saberá! - Ela completou após se recompor.

–Será mesmo? - A conversa começou à tomar um outro rumo, tão rápido e inesperado.

–Pode ter certeza, Henry Caldwell. - Carolina tentava manter o contato olho-no-olho. Mas tudo o que conseguia era um contato olho-no-peitoral-sarado.

–Carolina Lamont… - Ele exclamou com uma voz mais aveludada. -… eu não teria tanta certeza. Sou capaz de descobrir tudo à seu respeito. - Carolina semi-fechou os olhos de maneira à fuzila-lo. - Você diz coisas quando está calada, sabia? - Isso a fez torcer as sobrancelhas e os lábios de forma desentendida.

–O que quis dizer com isso? - Carolina sentia suas mãos suarem e as pernas tremerem.

–Suas expressões te delatam, Carolina… - Na mesma hora a jovem fez uma careta. - Viu? Só de te olhar sei que não está de acordo comigo. - Henry gostava do controle que tinha assumido ali. Aquilo o excitava ainda mais.

–Será que são só as minhas, Henry? - Carolina indagou com a mesma voz aveludada que o príncipe usava. Ele a fuzilou espantado. - Viu só? Sem você dizer nada sei que não era o que estava esperando em ouvir de mim! - Declarou em tom de vitória.

Henry riu sentindo-se derrotado. Carolina riu sentindo-se superior. Um encarava o outro profundamente e isso fez com que ambos os risos se transformassem em sorrisos intensos. Sorrisos encobertos por uma atração repentina e forte. Algo que nenhum dos dois jamais saberia explicar, mesmo porque nenhum dos dois conseguia entender… Como se naquele instante nenhuma das ofensas trocadas fizessem sentido e o turbilhão de faíscas que ainda os mantinha com os corpos tão perto era a única coisa que valia à pena.

Com os olhos mergulhados no olhar de Carolina, Henry por impulso pegou uma de suas mãos. Ela, explodindo de desejo, não pensou duas vezes e pousou a outra mão livre no peitoral quente que ele exibia. Não havia mais como voltar atrás. Os olhares ficavam cada vez mais intensos até que um beijo ardente e repleto de volúpia os uniu de uma forma completamente avassaladora... Carolina continuou com a mão no peito de Henry e aos poucos começou à subi-la até encontrar os cabelos já desalinhados dele. O braço forte do rapaz a traziam para mais perto, ao puxa-la pela cintura. Aquilo era estranhamente bom.

Desde a primeira vez em que Carolina beijou Henry ela sentiu uma estranha sensação na boca de seu estômago. Algo que, na época julgou ser apenas enjôo por estar beijando aquele maldito príncipe, mas que agora ela percebia ser algo a mais… Era um desejo intenso e carnal de não querer que aquele beijo acabasse. Era algo completamente prazeroso que a guiava nos seus instintos mais primitivos… Mas porquê Henry Caldwell a fazia sentir daquela forma? O que era aquilo? Nem sequer Edward a fez sentir o que estava sentindo naquele momento… Nem sequer Edward… Carolina abriu os olhos quando tal nome ecoou em seus pensamentos. "O que eu estou fazendo?" pensou assustada em um golpe de lucidez.

–Henry! - Ela exclamou ao afastar seu rosto do rapaz. - Não podemos! - Afirmou. Seus lábios estavam avermelhados por causa da intensidade do beijo. Henry, contrariado, distanciou-se ainda mais de Carolina.

–Carolin… - Tentou argumentar, mas não saberia o que falar. Por sorte ela o interrompeu:

–Não diga nada! - Pediu.

Um silêncio aos poucos surgia enquanto ambos continuavam se entreolhando de um forma igualmente intensa e cheia de desejos. Mas Carolina estava confusa. Até que ponto aquilo valeria à pena? Ela se perguntava. Henry, por outro lado, não se importava com as consequências. Ele estava disposto à viver aquela noite sem pensar no amanhã, como ele sempre fazia…

–Acho melhor irmos dormir. - A princesa declarou, sentindo que não teria mais forças para resistir se continuasse parada ali encarando-o com aquele peitoral nu. Henry assentiu com a cabeça mas manteve-se calado.

Carolina tentou lançar um sorriso simpático, mas acabou sendo apenas de um de lamentação. Ela queria continuar ali nos braços envolventes e quentes de Henry, mas, afinal, a quem ela estava enganando? Ela odiava aquele homem… E era confuso demais sentir algo diferente por ele além da constante raiva e irritação. Ela voltou para o quarto que, após muito insistir, havia ficado só para ela…

Antes que a porta se fechasse, Carolina, pela fresta, ainda podia ver o semblante confuso de Henry a encarando.

–Meu Deus! O que acabou de acontecer? - Ela exclamou ao se livrar do vestido delicadamente rendado que trajava. Em seguida, ainda sentindo-se desnorteada, ela jogou seu corpo quase nu sobre a enorme cama de casal.

Por incrível que fosse, a única coisa na qual Carolina estava realmente preocupada era com o que Henry deveria estar pensando dela naquele momento… A pontada de dúvida a afligia de uma forma estranhamente agonizante. Mas não devia ser muito difícil de adivinhar, Henry era um cafajeste que não conseguia resistir à nenhuma tentação. Agora, provavelmente, deveria estar se lamentando por não te-la levado para cama…

–Só isso… - Murmurou.

Antes que mais pensamentos a confundissem duas batidas na porta do quarto a fizeram levantar de forma apreensiva. Era Henry, ela sabia… Também sabia o que ele estava fazendo lá e aquilo levemente a incitou. Carolina encarou a porta de forma indecisa, mas antes que ela pudesse tomar alguma decisão Henry e a abriu vagarosamente, revelando aos poucos seu corpo, agora, apenas coberto uma cueca boxer preta.

Os dois se olharam da maneira mais profunda e marcante possível, fazendo com que aquele quarto ficasse pequeno para tanta atração. Quando não conseguiam mais resistir àquele jogo de sedução um caminhou na direção do outro decididamente. Seus corpos se colidiram em um beijo ainda mais acalentado e avassalador. Henry puxou os cabelos arruivados de Carolina trazendo-a para mais perto. Ela cravou as unhas nas costas dele o fazendo sentir arrepios em deleite. Sem se desgrudar eles foram caminhando até a cama… Henry deitou sobre o corpo de Carolina e traçou em sua barriga uma arrepiante linha de beijos, enquanto ela, com as pernas entrelaçadas no tronco dele, mordiscava sua orelha e brincava com seu cabelo macio e desalinhado…

Aquela noite, certamente, representava aos dois uma significativa mudança no cenário de seu relacionamento. Ou, pelo menos, era assim que as coisas deveriam ser…


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