When You Call To Me escrita por Carrie Lerman


Capítulo 10
No Bosque De Lirium


Notas iniciais do capítulo

Gente eu achei esse capítulo particularmente lindo! Quase chorei escrevendo sobre Aslam! Espero que gostem!



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O passeio dos reis se prolongou rumo ao bosque de Lirium, um lindo lugar coberto por árvores de troncos finos com galhos longos e folhas em verde vivo que pareciam conduzir o brilho do sol através delas. As raras pontas amarelas das folhagens tinham o mesmo tom de dourado que a coloração de ouro derretido e os musgos grudados nos muros antigos davam um destaque ao lugar paradisíaco. Ao se aproximarem do rio coberto de folhas secas que caiam do alto das árvores Lucia sugeriu que descessem de seus cavalos e fizessem uma caminhada, próximo a ao cercado de madeira que rodeava o mesmo. Caspian foi o primeiro a saltar de sobre o Trovão, e então se aproximou da égua Aurora e ajudou a rainha a descer. Lucia colocou suas mãos sobre os ombros do rei enquanto este voltava a colocar suas mãos ao redor da cintura da rainha colocando-a no chão coberto de folhas.

– Este é o bosque de Lirium! –disse ela se afastando de Caspian quebrando a proximidade entre eles. – Havia um lindo palácio neste lugar há muitos séculos. Vê os muros cobertos com as raízes das árvores? –disse ela apontando para os mesmos.

– É perfeito. –ele olhou ao redor. – Não tem problema em deixar os cavalos soltos? –ele apontou para os mesmos enquanto seguia Lucia que caminhava em passos lentos se aproximando do cercado.

– Eles são bem alimentados, não têm razão para fugirem! –ela sorriu olhando sobre o ombro direito.

Talvez fosse o belo cenário ao redor deles, mas Caspian ficou ainda mais encantado com o brilho nos olhos e no sorriso de Lucia enquanto ela voltava a face em sua direção e sorria sobre o ombro. Os cabelos castanhos dela presos com uma linda presilha de borboleta, caídos sobre as costas. Seu vestido longo que fazia um contorno perfeito ao redor de seu corpo magro e esbelto. O azul dos olhos dela se misturando ao verde que os cercavam. Tudo aquilo parecia um lindo quadro pintado por um artista extremamente cuidadoso em traços impecáveis. Sem manifestar sequer um único sinal sobre seus pensamentos íntimos, Caspian esboçou um sorriso singelo e continuou a andar até alcançar a rainha.

– Adoro este lugar! –disse ela com voz suave enquanto tocava o cercado com as mãos. – O canto dos pássaros, a singela melodia das águas, os animais! –ela sorriu ao ver não muito longe no outro lado da margem uma linda pata com três filhotes. – Nunca me canso de vir aqui.

– Eu não me cansaria também se vivesse em um lugar como este! –respondeu prostrando-se ao lado de Lucia.

– Como é o seu mundo Caspian? –ela o encarou com um sorriso curioso.

– Meu mundo? –ele uniu as sobrancelhas com um ar divertido. – Bom, ele tem muitas coisas bonitas também, mas às vezes nem prestamos atenção. Sempre muito envolvidos com nossos trabalhos, nossas frustrações, nossos problemas e deveres. Raramente paramos pra desfrutar de momentos como este. –ele pareceu melancólico ao dizer tais coisas.

– Um lugar tão bonito jamais deveria ser ignorado! –ela continuou. – É uma dádiva! Aslam nos ensina a admirar a beleza das coisas mais simples. Pois elas são as mais valiosas! –ela dizia mantendo aquele brilho encantador nos olhos.

– Gostaria de conhecê-lo, ele parece ser... Um grande sábio!

– Ele é... Não há nada que ele não conheça, não há nada que ele não entenda. Suas palavras sempre acalentam os corações mais aflitos. Aslam é generoso e um ótimo conselheiro.

– Você o conhece?

– Não. Nunca o vi pessoalmente pra dizer a verdade. –ela disse baixando o rosto. – Apenas alguns reis tiveram o prazer de desfrutar de sua companhia. Você foi um deles... –ela o encarou. – Aslam acompanhou o seu reinado lado a lado. Desde que era um pequeno príncipe. –ela voltou a sorrir.

– Eu? –mais uma vez Caspian pareceu surpreso.

– Sim! Ele o escolheu pessoalmente para governar Nárnia quando ainda era um menino. Segundo a sua história Aslam reconheceu toda sua honra e generosidade assim que você nasceu. Ele sabia que seu destino seria glorioso, e que seria o um dos maiores reis que Nárnia teria.

– Você sabe mais sobre mim do que eu! –ele manteve um sorriso nos lábios, mas seus olhos castanhos escuros estavam sérios e encontraram novamente com os olhos azuis de Lucia.

Podia parecer loucura, mas toda vez que ouvia as palavras de Lucia sendo dirigidas a ele e falando sobre ele com tanta paixão e devoção, Caspian sentia-se novo, sentia-se vivo como nunca se sentiu antes. Era como se a mulher a sua frente o conhecesse como ninguém, e visse mais coisas através de seus olhos do que ele mesmo era capaz de enxergar. O moreno não conseguia sentir nada menos do que um calor lhe aquecendo o peito e o preenchendo por dentro. Como uma pessoa que ele acabara de conhecer podia parecer tão próxima a ele, e saber tanto?

– Você nunca teve alguém que considerasse seu herói pessoal? –ela questionou.

– Bom, eu costumo me inspirar no meu pai! Ele sempre foi um grande cara! –ele sorriu.

– Bem, o meu herói desde que eu era uma garotinha sempre fora Caspian X! –ela disse mantendo um sorriso singelo sem mostrar os dentes.

– Não consigo me imaginar sendo esse rei que você tanto admira. Não se parece nada comigo. Ele parece forte, corajoso, e digno.

– Tenho certeza que no mundo onde vive você também possui tais qualidades. –ela lhe tocou o cotovelo.

– Não acho que eu seja tão forte. –ele olhou para a cena.

– A força está no caráter Caspian. –ela afirmou. – Tenho certeza que é um bom homem.

O silencio mais uma vez se fez presente entre eles, sendo quebrado apenas pelo canto dos pássaros que vinha do topo das árvores. Lucia manteve seu sorriso delicado na face depois voltou a olhar o rio a sua frente, deixando Caspian com os olhos fixos no rosto dela sem que ela notasse. Caspian não conseguia conciliar aquela mulher a sua frente com algo real, assim como todo aquele lugar ao redor dele, ela também parecia ser mais uma fantasia encantadora, um tipo de sonho maravilhoso no qual ele se encontrava. No seu intimo ele apenas desejava jamais ser acordado daquele sonho, ou devaneio. Por um momento ele pensou ainda estar adormecido no banco daquele vagão do metrô apenas delirando com aquelas imagens que só existiam em sua mente. Caspian fechou sutilmente seus olhos apenas para ouvir atentamente os singelos sons naturais a sua volta, algo que ele raramente ouvia na tumultuada cidade de onde vinha.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!