Draco estava revisando o capítulo que havia acabado de escrever e quando terminou, sorriu satisfeito. Ele era um escritor bastante conhecido, seu livro de estréia havia ficado entre os cinco mais vendidos em toda a Inglaterra por três meses consecutivos. Agora estava trabalhando em seu sétimo livro e planejava fazer dele um sucesso tão grande – ou ainda maior – que sua primeira obra publicada.

Abandonou um pouco o computador e se espreguiçou na cadeira, levantou-se e bagunçou os próprios cabelos enquanto seguia em direção à cozinha, mas antes que chegasse lá, ouviu a campainha e foi atender. Ficou realmente surpreso ao ver quem era.

- Sim?

- Érr... Como vai, Malfoy?

- Bem. E você, Weasley?

- Hm... No momento, preciso de um grande favor seu!

- E por que não pede pra um de seus amigos? Pelo que eu me lembre, não sou um deles! – cruzou os braços e encostou-se na lateral da porta.

- Sei disso! Mas no momento, você é minha única opção!

- O que quer? – perguntou. Mais por curiosidade do que por qualquer interesse em ajudar.

- Eu já estou meio atrasado pra ir pro hospital e a babá da Isa sofreu um acidente...

- Sem chance!

- Acredite, Malfoy, eu não te pediria isso se tivesse outra opção! – a expressão de desgosto no rosto de Ron deixava isso bastante evidente.

- Leva ela com você!

- Hospital não é lugar pra crianças!

- Então pede pra algum vizinho cuidar dela!

- É exatamente o que eu estou fazendo!

- E por que eu te ajudaria? Como eu disse, nós não somos amigos!

- Verdade. Mas você sempre foi amigo da Pansy!

- De fato. – estreitou os olhos.

- Olha Malfoy, eu realmente não te pediria isso se eu te tivesse outra opção!

- Eu já entendi isso, Weasley! – revirou os olhos.

- Então... ?

- Não sou um desocupado, Weasley! Não tenho tempo pra ficar bancando a babá e nem levo jeito pra isso!

- Ela não é um bebê que precisa de supervisão o tempo todo! Você só vai precisar alimentá-la e dar uma olhada nela às vezes! – fez uma pausa – Pensa assim: algum dia você pode precisar urgentemente de um médico, e adivinha? Eu sou médico! Vou estar te devendo, então, serei obrigado a salvar sua vida!

- Achei os médicos tivessem o dever de salvar a vida de qualquer pessoa, não importando quem quer que seja! – disse em tom sarcástico.

- Você sabe que isso não se aplica à nós dois!

- Verdade. Continue!

- Você pode me ajudar e passar o resto da vida jogando isso na minha cara! Que tal?

- Gostei dessa última parte. – disse pensativo.

- Então? Vai me ajudar?

- Alguém já disse o quanto você é chato?

- Devo encarar isso como um sim?

Draco suspirou pesadamente e deu de ombros.

- Mas que fique bem claro que só vou fazer isso por que a menina é filha da Pansy!

Ron sorriu aliviado e foi buscar  a filha no apartamento, um andar abaixo, voltou dez minutos depois com a menina, que trazia consigo uma pequena mochila.

- Valeu mesmo, Malfoy! Fico te devendo essa!

- Dá o fora daqui antes que eu mude de idéia.

- Ok. – abaixou-se para ficar da altura da filha, ou quase – Se comporta, viu mocinha! – beijou a testa da menina.

- Mas eu sempre me comporto! – disse Isa, com as mãozinhas na cintura e sorrindo de forma sapeca.

- Sei... – deu mais um beijo na filha e saiu pro trabalho.

Draco deu uma olhada na menininha à sua frente, era uma miniatura de sua amiga Pansy! Do pai, só havia herdado a cor dos cabelos e algumas sardas salpicadas no nariz.

- Seu nome é Isabelle, não é?

- É! Mas todo mundo me chama de Isa! – disse sorrindo. Um sorriso com covinhas.

- Tá... Ali fica a cozinha – apontou para o cômodo à esquerda – Tem suco e biscoitos encima da mesa, caso sinta fome. O banheiro fica no segundo andar. Sabe usar o banheiro sozinha, não sabe?

- Claro! Eu não sou um bebê! – disse indignada.

- Certo, senhorita “eu-não-sou-um-bebê!”, você pode fazer o que quiser, desde que não quebre nada. Vou estar no meu escritório. – apontou para o cômodo à direita – Só me incomode se o apartamento estiver pegando fogo, entendeu?

- Entendi.

- Ótimo! – disse e em seguida se trancou no escritório.

Isa abriu sua mochila, tirou uma boneca de lá e começou a brincar.