— Até que não foi difícil – afirmou Alvo.

Ele e Rose estavam saindo da sala de Transfiguração. Eles haviam acabado de fazer o último exame. Era Sexta Feira. Fazia um tremendo sol. O vento balançava as árvores e refrescava á todos, enquanto Rose ainda tinha o pensamento no exame. Ela não pôde deixar de reparar que, ao transformar seu fósforo em agulha, ele ainda tinha uns pontinhos marrons e vermelhos. Ela torcia para que a Profª Minerva não enxergasse bem.

Por fim, ela se despediu de Alvo e foi para a Sala Comunal arrumar suas coisas, já que todos os alunos entrariam de férias no dia seguinte. Foi quando Rose viu Scorpius, sentado em uma poltrona conversando com Brian, que o pensamento dela vagou imediatamente á Segunda Feira da semana passada, no dia do enterro de Canino.

Rose se lembrou vagamente da inesperada aparição de Draco, do tempo em que ele e Scorpius ficaram no jardim conversando, e da flor que Scorpius mandou mais tarde á Rose. Era uma Rosa, perfumada e sem espinhos. Ela não pôde deixar de sorrir, ao receber o pequeno embrulhinho da coruja de Scorpius, com um bilhete dizendo.

Desculpe ser tão tolo e idiota, espero que ainda possamos nos reconciliar algum dia.

"Doninha Albina" pensou Rose, sorrindo radiante, enquanto cheirava a Rosa.

A rosa ainda estava em seu quarto. Rose conjurou um pequeno vasinho de porcelana azul e o encheu de água. A flor, porém, parecia encantada, pois mesmo depois de tanto tempo, ela não murchou.

Scorpius levantou os olhos e viu Rose. Ela sorriu para ele, que retribuiu o sorriso, enquanto levava soquinhos de Brian no braço. Esse ano, devido aos acontecimentos recentes - a briga de Rose e Scorpius - a Profª Minerva decidiu que as meninas do primeiro ano da Grifinória fariam o exame de Transfiguração juntamente com os meninos do primeiro ano da Corvinal, e os meninos do primeiro ano da Grifinória fariam com as meninas do primeiro ano da Corvinal. Rose teve sorte, pois fez o exame junto de seu primo Alvo, o pequeno gênio da família. Porém, não precisou colar de seu primo, pois herdou a inteligência de sua mãe e estudou muito para os exames, além de ser impossível colar em Hogwarts.

Já era Sábado. O sol começou a brilhar lá no alto. Não tão forte quanto o dia anterior, mas suficiente para deixar o interior do castelo quentinho. Rose conferiu sua mala para ver se não esquecia nada e depois desceu as escadas de seu dormitório, carregando seu malão. Ela encontrou Alvo na escadaria principal e juntos os dois desceram para pegar o Expresso de Hogwarts na pequena plataforma de Hogsmeade. Rose se sentiu como no primeiro dia de aula. Só ela e Alvo, conversando e rindo, na cabine. Diferente do primeiro dia, Scorpius não apareceu na cabine dos dois.

A viagem foi rápida. Mais rápida do que Rose queria. Quando desembarcaram na plataforma nove e meia avistaram os Weasley's e os Potter's, esperando a chegada de seus filhos. Rose estava deixando sua mãe a par de todas as questões e respostas de seu teste, quando seu tio Harry teve uma ideia.

— Ei, porque vocês não jantam lá em casa?

Rony e Hermione trocaram um olhar de concordância e aceitaram o convite. Teddy apareceu, arrastando seu malão. Ele também iria jantar na casa dos Potter. Depois disso, todos foram para seus carros e seguiram para o apartamento magicamente ampliado de Harry e Gina. Rony ficou de boca aberta quando entraram.

— Uau, até um tempo atrás o apartamento não estava assim.

Parecia uma casa de uma atriz famosa trouxa. A sala magicamente ampliada assim como toda a casa, tinha dois sofás brancos e algumas poltronas. No lugar onde devia ter uma parede, havia uma janela enorme, que ocupava a parede toda e permitia a quem fosse observa-lá, enxergar a pequena rua trouxa onde Harry e Gina moravam. Pendurada na parede de frente á janela gigante, estava uma televisão de tela plana enorme. No fundo da sala, uma escada de metal polido e brilhante levava á parte de cima da casa, onde ficavam os quartos. Embaixo dessa escada, tinha um pequeno armário, onde Rose não entendia o porque, havia uma cama. A cozinha tinha um grande balcão de mármore no centro, onde havia várias panelas e uma fruteira com frutas de bruxos e frutas trouxas. As pias e os armários também eram de mármore.

Rony lançou um olhar pidão a Hermione, que se limitou a girar os olhos e responder com severidade.

— Não, Rony. Não ampliaremos nossa casa.

Rony choramingou baixinho.

— Ele está tentando me convencer a ampliar a casa á uns dois anos, está ficando irritante - murmurou Hermione para Gina, que riu conhecendo muito bem o irmão.

Alvo e Tiago colocaram seus malões em seu quartos, enquanto Teddy, seguido por Lilian, colocava o seu no quarto de hóspedes. Quando todos estavam na mesa, já jantando - Gina usou uns truques de sua mãe para arrumar comida magicamente - a campainha toca. Harry olhou para Gina, como se perguntasse "Você pediu Pizza?" o que era muito provável, porque depois que Harry a levou á uma pizzaria trouxa da esquina, ela ficou fascinada e com uma louca vontade de comer Pizza quase todos os dias.

Gina respondeu "não" se levantou e foi atender a porta. Ela gritou, fazendo Harry, Rony e Hermione darem um pulo de seus lugares, sacarem a varinha e correrem para a porta.

Rose, Hugo e seus primos os seguiram e ela deixou seu copo de suco cair no chão e se estilhaçar. Parados, juntos á porta, estavam Draco, Scorpius e Astoria. Ela levou à mão a boca.

— O-o que vocês...? - a voz de Harry sumiu ao tentar fazer a pergunta.

— Bem usei um aparelho dos trouxas para seguir e localizar vocês. - Draco olhou para sua esposa. - Qual era mesmo o nome daquele troço? G.T.S?

— GPS - corrigiu Astoria.

— Ah, sim, GPS. Bem, quero que vocês saibam que fiz isso porque, quero ver meu filho feliz, e sei que ele estará muito feliz, ao lado de sua filha, Rony.

Rony fez uma careta, como se estivesse chupando limão.

— O que você quer, Malfoy? - rosnou ele

— Não sou eu, é meu filho. Ele quer se reconciliar com Rose.

O coração da garota deu uma pequena cambalhota.

— Eu sei que não é isso, diga logo, o que você está tramando?

Scorpius franziu a testa.

— Porque eles não acreditam em você, Pai?

Draco suspirou.

— Ninguém que tenha estudado comigo filho, acreditaria se eu chegasse à porta de sua casa dizendo que mudei. Fiz muito mal á eles durante meu tempo de escola. - ele se voltou para Rony, Hermione, Harry e Gina. - Depois da batalha em Hogwarts, vocês receberam meu bilhete com a palavra "Desculpe-me?"

Hermione quase deixou a varinha cair.

— Aquele bilhete era seu? - perguntou ela, perplexa.

— Sim. Acredite em mim, eu mudei. Uma prova disso é que eu consegui retirar a Marca Negra de meu braço.

Draco arregaçou a manga do casaco e mostrou seu braço. Havia uma mancha negra nele, quase sumindo. Isso bastou para tirar Rose de seu transe. Ela estava colada á parede, com as mãos na boca. Scorpius se virou e caminhou em direção á ela, tranquilamente, como se estivesse dando um passeio em um bosque. Ele parou diante dela e segurou sua mão. Ela estava quente e macia, como sempre. Isso encheu Rose com uma energia magnífica.

— Rose, sei que fui um tolo, idiota, imbecil, descarado, babaca e todos os xingamentos possíveis nesses últimos meses. Mas quero lhe dizer que você é a garota mais linda, simpática e doce que conheci. Durante os quatro meses em que namoramos, nada, nem nenhum acontecimento futuro tenho certeza, me deixará mais feliz do que estive quando estava com você. Você é doce e meiga, e em certas horas, bruta e feroz. - ele apontou para o próprio nariz, onde ela acertou o soco. - E isso, é tudo, tudo que eu quero e que valorizo em alguém. Você é inteligente, você é linda, Rose. Venho aqui, nesta noite fria de verão, pedir seu perdão, e até mesmo oferecer meu rosto para saco de pancadas, caso você esteja furiosa comigo. Rose, eu te amo.

Scorpius beijou a mão de Rose, e isso foi à última coisa que ela viu.