A Casa Adormecida escrita por SoraSeishin


Capítulo 3
Capítulo 2 - Rose




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Capítulo 2 - Rose


Há apenas alguns metros da lanchonete Mike’s Diner, encontrava-se a Biblioteca Municipal de Springville, fundada em 1859 – ou assim dizia a placa situada acima da entrada principal. A biblioteca era grande, talvez um dos maiores edifícios da cidade, com dezenas e dezenas de estantes cheias de livros dos mais variados assuntos, de enciclopédias a histórias em quadrinhos. Porém, havia um problema comum à maioria das cidades pequenas: a falta de um sistema informatizado de busca, o que levava à única fonte de informação do local. Isto é, a bibliotecária.

Assim que entraram na biblioteca, os irmãos Winchester foram atendidos por uma senhora de cabelos grisalhos, presos no topo da cabeça por um coque. Óculos de aro de tartaruga se equilibravam na ponta de seu nariz empinado.

“Com licença, senhora”, começou Sam. “Estamos procurando por qualquer informação sobre a mansão Rose Garden.”

A mulher empertigou-se na cadeira, empurrando seus óculos para cima do rosto.

“E os senhores seriam...?”

“Comitê de Engenharia do Estado, senhora”, disse Dean, mostrando, mais uma vez, as credenciais, existentes graças às maravilhas da impressão colorida.

“Hum”, gemeu, desconfiada. “Devo ter alguns arquivos por aqui.”

Sam e Dean seguiram-na enquanto a mulher os guiava por estantes e mais estantes. O cheiro de mofo parecia aumentar a cada passo.

“Aqui”, apontou uma prateleira, “temos alguns recortes de jornais sobre Rose Garden. Sintam-se livres para olhar à vontade, desde que recoloquem tudo em seu lugar. Mas sejam rápidos, fecharemos em uma hora.”

Sam agradeceu-a e, quando a mulher virou-se para voltar a seus afazeres, puxou um livro de capa azul, grande e pesado. Dentro dele, havia diversos recortes de jornais, como ela havia dito. Alguns estavam tão amarelados e cobertos por buracos de traças que mal se podia ler o que havia escrito. Sam correu os olhos por diversas notícias e artigos do jornal local (The Springville News, o único na cidade até hoje), que datavam do início do século passado, até encontrar o que estavam procurando.

“Aqui diz que Rose Garden foi construída em 1927 por um casal, Daniel e Catherine Townsend, na época com apenas vinte anos. Eles se casaram um ano antes, por intermédio de suas famílias, que eram muito próximas. Nessa ocasião, a casa ainda não tinha um nome.”

“E como foi que o lar do casal Townsend se transformou em Rose Garden?”, perguntou Dean, colocando os pés sobre a mesa, enquanto folheava outro livro de recortes.

“Aos vinte e um anos, Catherine Townsend ficou grávida. Ela sentia que seria uma menina e logo a batizou de Rose. Porém, nove meses depois, quando a menina veio ao mundo, ela viveu por apenas algumas horas. Quando Rose morreu, Daniel enterrou-a no jardim da casa. Diz aqui que, no dia seguinte, uma roseira nasceu no lugar de seu túmulo.”

“Impressionante”, disse Dean. “Mas veja isso: após a morte da menina, a construção da casa nem havia terminado ainda. E segundo esses jornais, ela nunca terminou. Catherine viveu em intensa depressão e, se não fosse pelo marido, suas constantes tentativas de suicídio teriam dado certo. Para afastar os maus pensamentos, os dois continuaram construindo a casa. Por sessenta anos.”

“Até o dia de suas mortes”, completou Sam. “Só não consigo entender uma coisa. Por que dizer que a casa é mal-assombrada? Aqui não há qualquer registro de histórias de fantasmas, ou algo assim.”

“Sim, mas depois que os Townsend morreram, há vinte anos, ninguém mais entrou em Rose Garden. Isso segundo aquele caminhoneiro com cheiro de cerveja que tivemos o prazer de conhecer na lanchonete.”

Sam apoiou os cotovelos na mesa, pensativo, enquanto folheava outro livro de recortes. Algumas traças e marcas de bolor depois – o que lhe provocou um forte acesso de tosse -, encontrou, enfim, a notícia que informava o falecimento do casal Townsend.

“Dean”, disse ele, “esse jornal diz que os dois morreram juntos dentro da casa, sem noticiar a causa. Porém, diz que Catherine deixou uma irmã, dez anos mais nova. Se tivermos sorte...”

“Talvez ela ainda esteja viva.”

Batidas na estante de madeira ao lado. Era a bibliotecária, avisando que iam fechar em cinco minutos. Dean e Sam fecharam os livros que estavam na mesa, recolocando-os de volta à estante.

“Com licença, senhora”, indagou Dean à bibliotecária, ao sair. “Por acaso a senhora saberia do paradeiro da irmã de Catherine Townsend, fundadora de...?”

“Oh sim, a fundadora de Rose Garden, quem não a conhece?! A pobre Esther ficou sem ninguém no mundo após a morte da irmã e do cunhado. Ela não possui mais uma mente clara, que Deus a tenha, mas ainda vive, sim, senhor. Vocês podem encontrá-la em Springville Sunlight Home. É o único asilo da cidade, vocês sabem.”

Sam e Dean Winchester agradeceram à cooperação da senhora bibliotecária e saíram. Já começava a escurecer na pequena cidade de Springville. Pegaram o velho Chevy e dirigiram-se ao motel mais próximo, para passar a noite. No dia seguinte, fariam uma visita à velha Esther.


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