Bella

Quando nos aproximamos os gêmeos nos abraçaram e começaram a tagarelar sobre o desfile. Eles estavam bastante felizes, mas sinceramente não estava muito concentrada no que falavam. De repente eles voltaram a sua atenção para uma garota que se aproximava. Ela tinha longos cabelos escuros presos em um rabo de cavalo e tinha um rosto muito delicado por trás de óculos de grau. Ela vacilou quando os dois pularam em cima dela, mas ainda assim os recebeu sorridente em seus braços. Depois cada um apossou-se de uma mão da garota e a arrastaram para perto da gente.

- Olá para todos.

- Olá. - Todos nós respondemos.

- Essa é Bella. - Fabrício falou para ela.

- Ela é a amiguinha do tio Ed. - Felipe completou.

- Bella, essa é Ângela Weber, a professora dos meninos. - Rosie a apresentou.

- Olá, Ângela. - Cumprimentei-a.

- Olá, Bella. Os meninos falaram muito sobre você. Na verdade o tempo todo.

- Ora, eles são uns amores.

- Ângela traga os meninos! - Alguém que passava gritou para ela.

- Bom, temos que ir. Vocês são os astros da peça hoje. Então, vamos?

- Sim! - Os meninos responderam alegres.

- Boa sorte para vocês. - Rosie beijou novamente os garotos e eles se foram com Ângela.

- Vamos também. - Edward falou e nos encaminhamos para frente do palco assim como todos.

Ele não tinha falado mais nada sobre o ocorrido, na verdade parecia muito calado para o meu gosto o que definitivamente não me ajudava em nada. Estava cada vez mais pensativa e desanimada, as suas palavras martelavam em minha cabeça. Seria tão ruim estar apaixonada? Eu não tinha certeza. Droga! Eu não tinha certeza de nada como sempre.

Edward

Estava claro que Bella tinha sentido ciúmes quando Tânia falava comigo. Por que era tão difícil para ela admitir assim como eu admitia os meus sentimentos? Quando Jéssica falou que a Tânia estava na cidade, tinha certeza de que alguma coisa iria acontecer, algum inconveniente. Mas sabe de uma coisa? Não era um molenga qualquer, não deixaria que nada atrapalhasse o meu progresso com Bella.

O que eu tinha tido com Tânia era apenas sexo. Nunca tinha prometido nada a ela. Quando ela vinha à cidade algumas vezes dormíamos juntos e isso era só. As minhas promessas e o meu futuro estavam bem guardados para Bella e mais ninguém. Faria com que ela acreditasse nisso a qualquer custo.

Meus amigos médicos da cidade, minha irmã, Bella e eu ficamos todos bem juntos de baixo da sombra de uma árvore. Encostei-me ao tronco da árvore e trouxe Bella para a minha frente como antes. Os meninos começaram a peça que contava a história da fundação da cidade. Era sempre a mesma coisa com algumas variáveis.

Os gêmeos entraram em cena e assim como todas as outras crianças esqueciam o que tinham que falar, atravessavam os outros davam tchau para a Rosie no meio da cena o que me fez rir. Senti que o corpo de Bella estremecia, ela também estava rindo. Aquele atrito do seu corpo em meu corpo não estava me ajudando a manter pensamentos castos. Eu a segurei pela cintura e cheirei seu cabelo. Era o melhor cheiro de todos. Apertei seu corpo mais contra o meu, Bella virou o rosto para me olhar se aconchegando mais em meu peito. Minhas mãos passaram da cintura para sua barriga e eu senti algo em seu umbigo.

- O que é isso?- Perguntei curioso em seu ouvido. Seu rosto ficou vermelho e eu entendi o porquê quando continuei tocando objeto pequeno como um brinco. Era um piercing. Você quer mesmo me matar, não? Só a idéia de ver o piercing em seu umbigo me deixou extremamente excitado. Estava meio caminho para beijá-la quando a Rosie decidiu nos interromper mais uma vez.

- Edward.

- Ah droga, Rosie! - Ralhei com ela. Bella tentou se afastar de mim, mas eu a prendi em meus braços.

- Poupe-me de seu péssimo humor.

- Apenas diga o que quer. - Falei irritado.

- Só me dei conta de que não procuramos a vovó. - Ah merda! Tinha esquecido completamente de Elizabeth.

- Não se preocupe, ela está acompanhada, não fará nenhuma bobagem. - Tentei convencê-la e a mim mesmo.
Não tinha certeza de como ela estava. A minha atenção nesse últimos dias estava voltada completamente para Bella e deixei a questão da cleptomania da minha avó em suspenso. Trataria de levá-la ao hospital logo que pudesse para fazer uma avaliação.

- Espero que não. - Eu também.
Elizabeth estava muito animada hoje e todo esse clima de comemoração só fará aumentar o seu nível de euforia. Eu não podia me enganar, a qualquer momento ela fará algo, se já não fez. Quando os garotos terminaram a apresentação vieram correndo para onde estávamos e como corujas que somos todos elogiamos o seu desempenho no palco.

- A minha parte favorita foi quando vocês esqueceram tudo. - Falei rindo.

- Edward! - Rosie me repreendeu.

- O quê?

- Vocês foram perfeitos! - Alice pulava e batia palmas ao lado do marido. Não saberia dizer quem eram as crianças, os gêmeos ou ela.

No pequeno palco improvisado alguns adolescentes caracterizados como os fundadores recitaram poemas e discurso, logo depois o prefeito da cidade deu algumas palavrinhas para a população e convidou todos para o almoço.

- Bom, acho que essa vai ser a melhor parte, não? Não paro de pensar em sua torta Edward. - Bella parecia muito ansiosa para experimentar a torta que eu fiz, seus olhos estavam até brilhando. Todos riram do comentário dela.

- Fico feliz de estar pensando em algo sobre mim, mesmo que seja apenas na minha torta. - Brinquei e ela corou.

- Eu já tive oportunidade de experimentar essa delícia de
torta até sonhei depois. - Alice elogiou.

- Não é aquela que Alice ficou comentando por dias, não é? - Jasper perguntou.

- Sim, é a torta de maça. - Respondi.

- Droga, Edward! Eu te pedi para não fazer mais essas coisas. Alice fica me cobrando fazer guloseimas para ela. Eu não tenho dotes culinários e ela precisa entender isso. - Jasper parecia um bebê chorão.

- Mas você nem tenta, amor. - Alice choramingou.

- Pronto, já começou. - Meu amigo falou exasperado.

- Mamãe, eu também quero comer a torta. - Fabrício falou.

- Eu também. - Felipe seguiu o irmão.

- Antes terão que almoçar direitinho.

- Ahhhhh. - Os dois choramingaram.

Bella

Procuramos por uma mesa em que todos pudessem ficar juntos e como sempre Edward me ajudava a caminhar. Estava ficando completamente zonza com todas as carícias feitas por ele. Quando senti que me tocava na barriga fiquei em chamas para logo depois sentir meu rosto corar ao ver sua reação descobrindo sobre o piercing em meu umbigo, fiquei envergonhada. Quando tomei banho pela primeira vez em sua casa percebi que usava piercing tentei me lembrar desde quando eu o tinha, mas foi em vão. Não sabia o que ele poderia achar de uma garota que usava piercing no umbigo, mas ele pareceu gostar.

Estávamos sentados em uma mesa enorme. Edward tinha ido procurar Elizabeth e a metade das pessoas tinham se reduzido a quase a metade. Pensei que todos ficariam, mas alguns só assistiram à parada e voltaram para suas casas. Minutos depois Edward voltava com a sua avó sorridente, mas ele mesmo estava com uma cara desconfiada.

- Algum problema? - Perguntei quando ele sentou ao meu lado e Elizabeth ao lado dele.

- Até agora não. Analisei seu rosto preocupado. - Elizabeth está muito feliz. Da mesma forma que estava quando pegou a sua carteira. - Opa! Teríamos problemas então.

- Talvez ela esteja apenas feliz.

- Bella, este ambiente cheio de euforia, só pode dar no óbvio: Elizabeth pegando algo emprestado de alguém sem pedir.

- Perguntou a ela o que andou fazendo?

- Sim, mas ela só diz que se divertiu.

- Deixe isso para depois, xerife. Não sofra antecipadamente.

- Acho que tem razão. - Então ele fez de novo. Deu o seu sorriso torto magnífico e eu derreti.
De onde estava dava para ver o Mike em uma mesa próxima, uma das pessoas que estavam ao seu lado era a peçonhenta Jéssica. Ele acenou para mim e retribui o que fez com que Jéssica fizesse uma careta para mim e Edward ao meu lado bufar.

Sorri com a reação de Edward e voltei a comer. Experimentei a salada feita por Rosie que estava uma delícia. Alice pediu que eu experimentasse uma comida com um nome esquisito, ela disse que era mexicana. Eu não gostei muito, era muito picante, não sei se era para ser assim, mas Edward também fez uma careta quando deu a primeira garfada.

Em um momento levantei os olhos e vi a mesa abarrotada de gente, lá no fundo eu sabia que era quase impossível um dia eu me ver assim, sentada em uma mesa rodeada de pessoas amigas. Era como ter uma grande família.
Família... Será que eu tinha uma família? Alguém para passar compartilhar momentos como esses? Como eu poderia descobrir? A dor de cabeça me atingiu no lado direito. Não deveria pensar nisso, não agora quando tudo está tão bem. Deveria continuar assim, não quero pensar, não pensarei. Não quero falar de minha família, nem do tal Emmet Gilbert. Nada do meu passado, pelo menos por hora.

- Então, está preparada para saborear a torta? - Edward perguntou depois que terminei de comer.

- Acredito que todos nós estamos. - Todos concordaram comigo.

- Vamos lá pegar a torta então. - Ele disse.
Levantamos e nos dirigimos para a mesa de sobremesa. Edward percorreu o olhar sobre a mesa procurando a sua torta e logo franziu o cenho, era como se não estivesse entendendo algo.

- A torta, não está aqui. - Ele falou.

- Como?! Alice, Rosie e eu falamos ao mesmo tempo para logo em seguida começamos a procurar a torta entre os outros pratos, mas não achamos.

- Verei se acho a torta em outra mesa. - Jasper se ofereceu e saiu em seguida.

- Será que já comeram tudo?

- Não é possível que fizeram isso tão rápido. - Edward falou.

- Oh meu Deus! Eu queria tanto comer a torta. - Não pude evitar. Eu tinha posto tanta expectativa sobre a sobremesa de Edward que eu senti vontade de chorar.

- Calma querida, vamos achar a torta. - Edward acariciou os meus braços tentando me confortar.

- Eu também queria comer a torta. - Felipe falou com um biquinho.

- E eu. - Fabrício continuou com o mesmo semblante do irmão. Quando olhei para Alice, ela também estava com um biquinho e olhos marejados. Rosie parecia mais forte, mas eu tinha certeza que era por causa dos meninos, para reconfortá-los.

Nada. Simplesmente sumiu. - Jasper falou quando voltou.

- Uma coisa não some simplesmente. - Edward falou.

- Mas parece que a sua torta sim.

- Esperem um pouco, vou falar com a Sue. Entreguei a torta para ela, talvez ela saiba o que aconteceu.

Edward se foi à procura da senhora e nós ficamos lá tristonhos esperando notícias da nossa torta desaparecida.
- Ai meu Deus! Se tiverem mesmo comido a torta e não deixaram nem um pedacinho para a gente? - Alice ficou histérica.

- Calma, meu amor. Alguém deve pegado, mas não deu tempo de comer tudo. - Jasper a abraçou.

- Como não? Tem muitas pessoas aqui, Jazz. Eu só queria um pedacinho. - Alice aumentou seu bico.

- Eu também. - Falei. Meus olhos estavam queimando com as lágrimas que eu tentava impedir de descer. Vi quando Edward voltava para perto de nós.

- E então? - Rosie perguntou aflita.

- Ela disse que colocou aqui e que também procurou, mas não encontrou.

- Eu quero comer a torta do tio Ed. - Os gêmeos começaram a choramingar e se não fosse tão patético eu também me juntaria a eles.

- Calma meus filhinhos, a gente pode comer outra coisa. - Rosie falou.

- Eu não quero comer outra coisa. - Felipe falou.

- Nem eu. - Alice bateu pé.

- O que Elizabeth está fazendo na igreja? - Edward perguntou olhando para a porta da igreja, mas Elizabeth já não estava lá.

Edward

Quando a Sue me falou que não tinha encontrado a torta quando a procurou, lembrei-me do ar astuto de Elizabeth. Perguntei a ela se em algum momento tinha visto a minha avó sozinha e depois de pensar um pouco ela confirmou. Era óbvio que Elizabeth tinha aprontado, agora só precisava descobrir se ela tinha alguma coisa a ver com o sumiço da torta.

Voltei para onde estavam os outros e dei a informação a eles, mas ao olhar para frente da igreja, percebi que Elizabeth tinha acabado de entrar. A igreja estava vazia, o que ela estaria fazendo lá? Eu iria descobrir agora.
Comecei a caminhar até lá e todos me seguiram. Abri a porta lentamente dei sinal para os outros fazerem silêncio e entrei com todos em meu encalço. Vi a minha avó sentada no primeiro banco da igreja e comecei a caminhar até lá.

- Elizabeth! - Falei quando fiquei em sua frente e vi o que ela tinha aprontado.

- Vovó! - Foi a vez de Rosie a repreender. Elizabeth estava com os olhos esbulhados e com um enorme pedaço de torta na boca. Passei as mãos pelo rosto e pelos cabelos.

- Explique-se, mocinha! - Exigi. - Ela terminou de morder o pedaço da torta e engoliu rapidamente.

- Ah, meu neto querido! Você sabe que eu iria devolver a torta. - Elizabeth estava com grandes olhos brilhantes.

- Já conversamos sobre isso.

- Bis, a senhora ia comer a torta e não ia deixar nenhum pedaço para gente? - Fabrício perguntou choroso.

- Não, só queria comer o primeiro pedaço e iria devolver logo.

- Jasper, é assim que diz que a minha avó estava bem? -
Perguntei ao meu suposto amigo.

- Ela estava bem, mas você tem que entender que esse tipo de problema pode ser como uma montanha russa.

- Seus termos técnicos estão mesmo melhorando, não?

- Ora essa Edward, não comece! - Ele esbravejou.

- Se você não fosse o meu amigo eu... - Comecei a ameaçá-lo.

- Chega Edward! - Bella pediu. - Vamos parar de discutir. Temos coisa melhor para fazer.

- Bella tem razão. - Alice concordou.

- Vamos comer a torta! - As três falaram juntas. Já dava para ver que seriam grandes amigas.

Pegamos a espátula das mãos de Elizabeth e nos servimos comendo a torta nas mãos mesmo. Bella se lambuzou toda e eu ri dela enquanto tentava mantê-la limpa com as minhas mãos.

- Estava muito gostosa. - Ela falou e tinha um sorriso infantil nos lábios.

- Obrigado.

Depois disso saímos levando o resto da torta para que as outras pessoas comessem. Continuamos conversando embaixo de uma árvore. Jasper e Alice abraçados, Rosie brincava com os gêmeos e Bella estava sentada ao meu lado, seu corpo estava parcialmente sobre o meu peito e vez ou outra cheirava seus cabelos.

Muitas pessoas já tinham ido embora, principalmente os mais velhos. Elizabeth foi passar o resto da tarde com a Sue. O pessoal da banda que iria tocar no final da tarde começou a chegar. Todos eles eram conhecidos da cidade. Jasper e eu fomos ajudá-los a carregar os instrumentos enquanto conversávamos. Quando olhei em direção a onde Bella estava fiquei irritado com o que vi. Será que eu não teria paz?