Angel Wit A Shotgun (The Cab)
"Sometimes to win, you've got to sin,
Don't mean I'm not a believer.
... and major tom, will sing along.
Yeah, they still say I'm a dreamer.
They say before you start a war,
You better know what you're fighting for.
Well baby, you are all that I adore,
If love is what you need, a soldier I will be.
I'm an angel with a shotgun,
Fighting til' the wars won,
I don't care if heaven won't take me back.
I'll throw away my faith, babe, just to keep you safe
Don't You know you're everything I have?"
Anjo Com Uma Espingarda (The Cab)
Às vezes, para ganhar, você tem que pecar,
Não quer dizer que não acredito.
...e Major Tom, vai cantar junto.
Sim, ainda dizem que sou um sonhador.
Dizem que antes de começar uma guerra
É melhor saber pelo que está lutando.
Bem, amor, você é tudo que adoro,
Se amor é o que precisa, um soldado eu serei.
Sou um anjo com uma espingarda,
Lutando até vencer a guerra,
Não me importo se o céu não me aceitar de volta.
Jogarei fora minha fé, amor, apenas para mantê-la a salvo.
Você não sabe que é tudo que tenho?

Gabe Point Of View

...Flashback On...

A granada estava pesada em minha mão. Era agora ou nunca. Eu passara meses me preparando para aquilo e não desistiria agora.

–Vento falando. Estou em posição, equipe Falcão. Aguardo ordens - falei pelo rádio.

–Entendido, Vento. Ajuste o timer para 60 segundos e entregue o pacote no soar do sinal - falou algum cara do comando que eu não conhecia.

–Entendido - sussurrei me abaixando na gramínea enquanto pegava o timer no bolso.

Girei o aro superficial para a marca de sessenta e enquanto ele batia e tremia contra minha mão eu observava a foto de Hannah presa na tampa do mesmo por um durex antigo. Na foto ela sorria em sua cadeira de rodas nova em folha.

50 segundos restantes

Quando chegamos à fronteira com o Alabama já estávamos sem comer há dois dias bebendo apenas a agua que achávamos em vasos sanitários ou, em raros casos, guardadas em geladeiras abandonadas. Hannah estava muito mal, todos achamos que quando acordássemos pela manhã ela já estaria morta, mas eles nos acharam naquela noite.

A resistência do estado do Alabama estava em um shopping local tentando reconstruir a sociedade e para isso dotavam de uma grande quantidade de suprimentos, medicamentos, armas e agua potável. Nos acolheram para que fossemos úteis na reconstrução dos Estados Unidos, em troca cuidariam de nós. A única regra era ser útil.

Estávamos, no momento, invadindo agindo em um bombardeio cronometrado com objetivo de assassinato em massa em uma base alien. Estavámos retaliando, fazendo com eles o mesmo que tinham feito conosco. Era um tanto hipócrita para os que faziam parte da sociedade religiosa de Isaac, porém todos tinham aderido com orgulho à campanha militar do Alabama.

22 segundos. Eu torcia para a granada ainda funcionar depois de quase dois anos de apocalipse. Por um segundo me permiti me sentir um garoto de 16 anos novamente (se é que eu tinha 16... Seriam 15, 16 ou 17?) e me fiz uma pergunta estúpida. Será que granadas tinham data de validade? Deveriam ter, mas será que já estava vencida? Provavelmente não

10 segundos

9...

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4...

3...

2...

1...

O alarme soou como um sino em minha mão. Tirei o pino de segurança e a atirei no portão de metal que ficava a 100 metros abaixo numa colina. Eles utilizavam todas as crianças com espinhos para fazer esses trabalhos kamikazes por que não eram bem kamikazes para nós, éramos difíceis de matar e eu sabia que se isso não fosse uma vantagem tática eles se incomodariam muito com a minha longa 'durabilidade' ou 'data de validade'...

A explosão foi grande. Eu não sei o que eu esperava de uma explosão, porém o tamanho, intensidade e cores me surpreenderam muito. Posso dizer que fiquei em choque por um momento ou dois. O que me fez perceber que precisava ir foi ver Isaac correndo na direção das labaredas que ainda estavam um pouco altas.

Depois de ver aquilo eu simplesmente pulei a pedra que eu estava usando para me esconder e corri na direção da instalação alien em chamas. O objetivo era destruir e matar tudo que fosse de outro planeta. Eu não sabia que arma era a que eu segurava, mas ela era pesada, carregada por cartuchos e era automática de acordo com o cara das munições.

Atirei em alguns aracnos enquanto corria, eu nem sempre acertava, mas de uma em cada três o tiro acertava letalmente. Eu pulei as labaredas e entrei na estação. Don e os outros que eram ex-militares atacavam os Machs enquanto os que não eram treinados ficavam como soldados descartáveis no campo.

Aquela era a minha terceira missão em campo, e eu sempre entrava em desespero quando as crianças de arreio invadiam. Odiava ainda mais quando algum era pego por uma bala. Afinal, eu já fora um deles.

–Guarde a porta enquanto plantamos as bombas! - gritou um tenente para mim

Ele provavelmente estava me confundindo com alguém treinado, mas eu fui mesmo assim. Ele e sua equipe entraram enquanto eu ficava atirando em tudo que tentava entrar para proteger a base.

Vi uma cabeleira loira atravessar o campo com um rifle de assalto na mão. Não pude evitar o pensamento de que talvez aquela fosse Heather, mas toda vez que eu via cabelos loiros eu achava que era ela.

–Não é ela - repeti comigo mesmo enquanto atirava na perna de um garoto que corria na minha direção.

Meu coração ficava apertado enquanto eu via a garota correr entre os tiros com o rifle de assalto na mão. E se fosse Heather e eu não soubesse? Mas eu já tinha me enganado tantas vezes, não podia arriscar novamente.

Um Mach acertou um míssel numa concentração de humanos ao lado de um jipe velho no centro do campo alien. Distraí-me por um segundo da garota e olhei me desesperando com as peças do jipe voando pelos cantos.

Voltei minha atenção para um grupo de aracnos vindo na minha direção. Os tiros no peito fizeram sangue escuro jorrar, mas eu não me preocupei com aquilo por que precisava achar a garota.

Ela não estava lá, tinha sumido. Minha parte racional dizia para permanecer ali, eu era um soldado e aquela não era Heather, mas a minha parte emotiva me dizia que eu não podia arriscar perdê-la novamente. Os questionamentos cessaram quando eu a vi caída ao lado de uma caixa com um pneu encima de seu tronco. Devia ser o pneu do Jipe, e se fosse mesmo, aquilo queria dizer que tinha a acertado com muita força e que ela podia estar ferida mortalmente.

Pulei o bloco de cimento à minha frente e corri para ela rezando para que estivesse bem. Rezando ao mesmo tempo para que fosse e que não fosse Heather, implorando para não prejudicar a missão. Por um segundo amaldiçoei minha cabeça por ter criado toda uma situação para me convencer a salvá-la. Uma parte de mim sabia que aquela era Heather.

–Gabriel! - gritou Isaac me dando cobertura.

Pulei por cima de outro bloco de concreto e deslizei por debaixo de um Mach sem me preocupar com as consequências. Eu precisava alcançá-la. Me abaixei a alguns metros dela. Seu corpo estava de lado com o cabelo cobrindo o rosto. Eu tanto estava como não estava ansioso para ver sua face. Se fosse Heather, ela estava ferida, e se não fosse eu tinha desertado por uma estranha.

–Gabriel, o que está fazendo? - perguntou Isaac pulando para perto de mim - temos que lutar!

Ele seguiu meu olhar e viu a garota com o mesmo cabelo e pele de sua filha, só restava saber se o rosto era igual... Isaac se adiantou e tirou os cabelos do rosto dela com rapidez e nenhuma delicadeza.

Naquele momento foi como se o mundo tivesse parado de girar. Por debaixo dos fios loiros estava Heather, a única garota que eu já amei. Apesar de toda a sujeira e sangue, sua face ainda era angelical. A alegria passou quando me lembrei que ela poderia estar machucada.

Segurei o pneu e, com a força dos espinhos, joguei-o para longe, em seguida coloquei a mão em seu pescoço procurando pelo pulso. Isaac ainda estava em choque agachado ao lado da filha. Senti levemente o esforço de seu coração para mantê-la viva pela ponta dos dedos apenas algumas camadas de pele acima de sua carótida.

–Ela está viva - anunciei para o homem à minha frente que permanecia estático.

Ele olhou para mim e depois voltou o olhar para Heather mantendo sua posição. Pela visão periférica vi um Mach se aproximando do local onde estávamos.

–Tire-a daqui - ele falou pegando a arma - eu te dou cobertura

Peguei Heather no colo com menos delicadeza que eu gostaria, eu precisava dela, eu a amava e não a deixaria morrer daquela maneira. Corri na direção oposta aos tiros querendo levá-la para o mais longe possível daquele inferno. Eu só pensava em como Hannah ficaria feliz quando eu levasse sua irmã a salvo para ela. Acho que esse foi o problema, eu estava distraído, por isso eu não percebi a granada que tinha acabado de ser lançada a apenas alguns metros de mim.

A última coisa da qual me lembro foi do calor das chamas me envolvendo

...Flashback Off...

P.S.: leiam as notas finais