O Mistério de Winter escrita por Marykelly


Capítulo 6
Savoy City Center Hotel - Part 1


Notas iniciais do capítulo

Eu sei! Eu mereço coisa pior que a morte, eu sei bem como é esperar por uma história e ela demorar anos para continuar. Estava na época de vestibulares, um fim de semana após o outro. Uma maratona terrível, provas, a finalização do meu curso de cinema. Fazer o curta-metragem. Foi impossível fazer o capitulo. Eu sinto muito! Espero que não tenham me abandonado. Felizmente essa época ja possou. Eu estou de férias!



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Ela corria pelos degraus da escada, forçando suas pernas pequenas a trabalharem a todo vapor e chegar ao quarto de deles o quanto antes. Ouvira seu pai pela casa. Ele tinha finalmente voltado. Sentiu tanto a sua falta. Queria abraça-lo e dizer que nunca mais desobedeceria qualquer ordem. Se isso o fizesse ficar.

Sua visão embaçou com as lágrimas de expectativa. Quando voou pelo corredor e se aproximou da porta, ouviu a sua voz grave. Pularia para dentro do quarto se aquilo não tivesse soado como uma bronca. Seus pais não podiam estar brigando. Ele tinha acabado de voltar!

Andou na pontinha dos pés e espreitou pela fresta da porta.

− Lucas! – Sua mãe estava além do que ela podia ver, mas seu pai estava bem na sua frente. Ele estava nervoso. Andando para lá e para cá. Ele puxou as malas de baixo da cama e começou a tirar as roupas que estavam no armário. – Aconteceu, não é? Eles estão fazendo.

Seu pai balançou a cabeça para confirmar o que ela dizia. – Começaram com os experimentos hoje. Eu tentei impedir, Hanna. Fiz de tudo para atrasa-los ao máximo. Eles estão cegos.

− Eles não podem. Isso... – Ouviu a voz chorosa de sua mãe. Seu pai saiu de onde podia vê-lo.

− Vai ficar tudo bem. Nós... temos que ir. Ir pro mais longe que der.

− E quanto às pessoas? Elas precisam saber.

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− Papai? – Ela entrou no quarto, assustada.

Ele está com medo. Pensara enquanto o via andar até ela.

− Oi, querida. − Seu pai se agachou e ela correu para os seus braços. – Nós vamos fazer uma viagem.

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Estou morta.

Foi a primeira coisa que pensou quando abriu os olhos e uma luz forte e direta a atingiu, incomodando e a deixando desnorteada.

Morri sem rever a minha família. Não terei nem a chance de saber se estão bem.

Ela sentiu um formigamento pela perna e então apagou novamente.

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– Ela ainda não confia em mim o suficiente para contar o que acontece a ela. Se não estivéssemos... Ela poderia ter morrido. Tudo estaria acabado.

– Eu odeio isso. Ficar aqui brincando de faz de conta enquanto lá fora está acontecendo uma guerra! Você já conseguiu uma vez, Tate. Pode fazer de novo.

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Ela nem ao menos conseguia abrir os olhos, ou dizer que calassem as bocas.

Estava com tanto sono.

– Não temos muito mais tempo. – uma das vozes disse.

Sua mente escureceu.

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Ela sentiu algo macio embaixo dela, afundando com o seu peso. Poderia dizer que seriam nuvens de tão aconchegantes.

– Sam?

Depois que seus olhos se acostumaram com a luz que vinha de uma grande janela lateral ela viu o rosto de Cormyn próximo do seu.

– O que está fazendo? – sua voz saiu tão baixa que ela teve duvidas se ele havia escutado.

–Vendo se você não está tão mal quanto estava antes.

Ela se sentou, olhando ao redor. Estava em um quarto enorme, e luxuoso.

– O-oque aconteceu?

– Do que se lembra?

– Me lembro de estar andando e depois... – ela balançou a cabeça, demonstrando que não se lembrava de mais nada.

− Tate e eu estávamos discutindo, não vimos para onde você estava indo. Quando percebi... já era tarde demais. Você bateu a cabeça quando caiu. E, bem... foi uma queda e tanto. Não me surpreendi quando você ficou inconsciente por tanto tempo. – Enquanto ele contava, Sam percebeu algumas expressões e olhares desconfortáveis dele. Tinha alguma coisa a mais que ele ainda não a havia contado.

− O que? – Milhões de pensamentos passaram por sua cabeça. Coisas que poderiam ter acontecido com ela. Começou a testar cada parte do corpo, temendo que sentisse falta de algo. Quando viu que conseguia movimentar os membros, sua mente relaxou, mas logo deu pela falta de Tate, e voltou a se desesperar. – Aconteceu alguma coisa? Cadê Tate?

– Calma, ele está bem. – Ele a tranquilizou. – Na verdade ele está muito melhor agora do que estava antes. – Ela franziu o cenho e ele começou a lhe explicar. – Quando a gente te retirou de lá. Você estava muito machucada, muito ferida, tinha cortes e sangue espalhados por todo o corpo. Quando Tate viu como você estava... – Ele fez uma careta. – Ele mudou completamente... Tentei faze-lo entender que você ficaria bem e que tínhamos que te levar para algum lugar em que pudesse ser tratada o quanto antes. Mas ele.. ele ficou...

– O que? – Aquele suspense a estava matando.

– Ele ficou fora de si. Caramba... eu nunca o tinha visto daquele jeito. E não entendi. Você ficaria boa. Mas ele perdeu a cabeça. Ficou desesperado. Não deixava eu me aproximar de você. Não te largou um minuto. Ele ficava conversando com você.... o que eu achei bem estranho. Pensei que ele tivesse enlouquecido. Depois que te trouxemos para cá e ele viu os ferimentos menos recentes... como o da sua perna. Ele ficou puto. Quase quebrava a porta de tanto esmurra-la. E só começou a se acalmar quando viu que você estava reagindo e que estava melhorando.

Ela engoliu em seco, sentia um nó em sua garganta. Não queria ver Tate daquele jeito. Principalmente por causa dela.

– Você disse que eu estava muito machucada... – Ele assentiu. – Então como fiquei completamente curada... – Ela olhou para seus braços... não havia nada, nem um arranhão.

– Ah, eu tenho umas cartas na manga. – Ele abriu um sorriso zombeteiro. – Vantagens de trabalhar em certas coisas. Você aprende uns truques.

Ela o analisou minuciosamente. Havia se esquecido de onde, possivelmente, Corm vinha. Já desconfiava de onde seriam esses seus “truques”. Mas preferiu deixar aquela conversa para outra hora.

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–Onde estamos exatamente?

– Ah, você vai adorar essa parte.

Ela começou a se levantar, pedindo para que ele saísse de onde estava sentado ao lado pela para que ela pudesse sair.

Ela se preparou para sentir o familiar incomodo na sua perna direta quando levantou. Agora não sentia nada.

– Incrível, não é? Você está novinha em folha.

– É, muito incrível. – Sua voz saiu mais ríspida do que ela pretendia e se reprovou quando o viu arregalar os olhos, claramente surpreso com sua repentina aspereza.

– Me desculpe... Eu não quis...

– Não, tudo bem. Eu entendo perfeitamente. Fui um idiota com você. – Ele se remexeu, inquieto. – Preciso me desculpar pelo que disse antes. Sobre os seus pais.

– Corm...

– Não. Eu realmente sinto muito, Sam. Você me ajudou desde o começo, ficou do meu lado e eu fui grosso com você. Desculpe-me.

– Tudo bem, está todo mundo assustado e nervoso. – Ela não ficaria remoendo aquilo eternamente. Ele assentiu, ainda demonstrando culpa. – Onde está Tate?

– Acho que no outro quarto. Eu... preciso resolver algumas coisas. – Ele se desculpou mais uma vez e saiu, dando a Sam uma breve visão da sala grandiosa daquele lugar.

Caminhou até um espelho de parede. Ela podia não estar mais ferida, mas estava destruída. Sua aparência estava horrível. Manchas escuras embaixo dos olhos, os cabelos desgrenhados. Parecia que não dormia há dias.

Prendeu o cabelo em um rabo de cavalo e saiu do quarto. Seu queixo caiu com a vista completa da sala. Era provavelmente maior que sua casa.

Não.

Com. Certeza. Era.

Havia sofás que a faziam se sentir relaxada só de olha-los. Um bar com todos os tipos de bebidas. E uma decoração impecável que a fez pensar se não estariam numa casa de alguma celebridade.

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Ela procurou Tate em dois outros quartos até acha-lo.

Estava encurvado sobre algo na mesa, tão concentrado que não notará ela entrar. Ela pigarreou para chamar a sua atenção e ele se sobressaltou. Tentando esconder o que estava olhando.

– Ei, você está bem? – Perguntou, cauteloso. Ele estava tão exausto quanto ela.

– É... eu diria que perfeitamente bem. – Ela foi se aproximando lentamente. – O Corm fez mágica.

– Esse é um dos motivos por que eu ainda não o matei – Ela se sentou com ele na mesa.

– Ele me pediu desculpas, pelo que disse.

– Isso não muda nada. – Ela fez uma carranca, mas ele ainda continuou. – Ele não é confiável. E não ficaria com a gente se eu pudesse escolher.

– O que ele te fez de tão ruim... Pra você odiá-lo...

– Eu não odeio. Só não o quero por perto. Aquilo que ele fez no carro... – Parou por um estante, respirando pesadamente. – Ele te intimidou, Sam. É isso que ele faz. Ele usa sua fraqueza contra você. Por pura diversão. Ele é um sádico filho da puta.

Fixou uma nota mental de não se esquecer de descobrir o que causou o início da inimizade entre Tate e Corm.

Ela tentou tirar mais informações dele, tentou faze-lo falar sobre o que havia acontecido a ele enquanto ela estava inconsciente, mas ele sempre mudava de assunto. Tentando mudar o foco e a repreendendo por ela não o ter avisado antes que sua perna ainda estava machucada, dizendo que aquilo poderia tê-la matado. Ela revirou os olhos. Era, obviamente, um exagero. Não havia sentido 1/3 da dor que ele ela dizia que ela ficou sentindo sem lhe avisar.

– Você tem que me contar se ainda tiver sentindo alguma coisa. Ou se acontecer algo... não esconda. Por favor. Não quero ver você naquele estado de novo nem em sonho. – Ela desviou o olhar, incomodada com o jeito que ele a encarava.

Ele puxou sua cadeira para perto até que sua coxa roçasse na dela. Sentiu sua perna estremecer com aquele contato.

– Me fale o que está pensando.

– Não é nada. – Ela disse. Sua voz saiu forçada, tentando esquecer o quanto ele estava perto. Seus olhos a fuzilavam, dizendo tudo que ele não conseguia e não podia falar. Se ele não podia, queria que ao menos ela falasse. – Eu estou bem. De verdade.

Sabia que ela não se abriria, não enquanto ele não fizesse o mesmo. Mas ainda sim sentiu uma pontinha de decepção. Como poderia se abrir e expor o que sentia sem aterroriza-la ainda mais? Queria protege-la. Sabia que haveria certas coisas pelas quais ela teria que passar. E ele faria de tudo para minimizar os efeitos.

Ele levantou seu queixo lentamente, ela evitava olha-lo. Não fazia ideia do motivo. Percorreu seu lábio inferior com o polegar. Ele sorriu internamente quando sentiu o pequeno corpo dela estremecer com aquele toque. Ela podia se segurar e em outras vezes fugir, mas não era indiferente a ele. E isso o confortava. Quando ela finalmente o olhou, enquanto ele passava as costas da mão em sua bochecha avermelhada, sentiu-se hipnotizado. Mergulhou naquele mar turbulento. Sua guerra interna o afligia. Queria que ela se permitisse partilhar seus pensamentos com mais alguém. De preferencia com ele.

Ela não estava recuando, ou com medo. Mas também não retribuía. Ele se aproximou e continuou a trilha invisível com o nariz, inspirando seu cheiro. Queria conforta-la, dizer que ele estava ali. Transmitir tudo que sentia em forma de carinho. Seu corpo se animou quando sentiu as mãos dela passando timidamente ao redor do seu pescoço. Seus dedos se embrenhando nos cabelos dele. Ela estava finalmente dando a resposta que ele precisava. Tinha os braços em sua cintura. A aprisionando junto a ele. Sua respiração saia entrecortada. Ele era cauteloso, a última coisa que queria era assusta-la. Seguiu até seu pescoço. Depositando seus primeiros beijos naquela região. Ela fechou a mão que estava envolta em seus cabelos, os puxando.

– T-Tate...

– Shhh... vai ficar tudo bem. Eu prometo.

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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Eu escrevi com muita pressa então me desculpem os erros. Até o próximo. Bjs