O Mistério de Winter escrita por Marykelly


Capítulo 4
Malditos Trovões


Notas iniciais do capítulo

Chegueeei... fiz de tudo pra postar antes, mas não deu mesmo. Bom, mas domingo conta como essa semana, não conta? Enfim... Eu gostei demais de escrever esse capitulo. :) Espero que gostem.

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/393359/chapter/4

− Não adianta, isso está quebrado. Não funciona. Um segundo atrás o norte era para a direta, agora está bem na minha frente.

− Sam, é só parar de se mexer. − Instruiu pela décima vez. Ela ficava inquieta, mudando o peso do corpo de um pé para o outro. Se virando sem se dar conta. É claro que a seta ia mudar de lugar! − Não esta quebrado.

− Se não acredita em mim, veja você mesmo. − Ela disse, irritada, jogando o objeto para ele que em respostas se manteve sem movimento algum, mostrando como ela deveria ter feito.

Ele voltou sua atenção para a seta. Ela não fez movimento algum, assegurando que a direção continuava a mesma.

Um movimento fora do normal o fez franzir o cenho. Não era para se mover assim. A seta parecia estar sendo levada pelo vento. Arrastada do ponto inicial, às dez horas, para um outro ponto totalmente diferente, às três horas.

− Bom. Isso é novidade para mim. Não deveria acontecer. − Ele murmurou. Sam estava com o queixo erguido, orgulhosa de si por ter mostrado que estava certa.

A sua diversão momentânea foi apagada quando ela se deu conta de que estava, novamente, com o mesmo problema.

− Então, não existe outra forma de não se perder?

− Nesse momento? Não. − Ele se recostou na cadeira. − Mas não precisa se desesperar. Eu tenho uma ótima localização espacial.

− Talvez. Considerando que você conseguiu chegar até aqui. Já é alguma coisa. Eu não conseguiria voltar para a minha casa. Estou perdida.

Descobriu, depois de certo tempo, que estava na casa de Tate. Ele certamente notara a curiosidade dela. Já que estava entrando em todos os cômodos e dando uma boa olhada. Ela pediu desculpas depois que soube onde estava. Não fazia ideia que ele a levaria para sua casa.

Ainda tinha dúvidas se era realmente verdade, mas não iria questiona-lo. Pensou que soaria arrogante mesmo depois de explicar. Ela achou estranho que o lugar estivesse com uma aparência de abandonado, sem nenhum objeto pessoal em parte alguma. Não parecia um lar.

Eles estavam na sala, a poucos metros da porta. Ao lado, a cozinha se resumia em um espaço minúsculo e escuro separada por uma divisória. Do outro lado estava a escada estreita que os levava para o andar de cima. Onde só havia o quarto onde ela dormira e um banheiro igualmente minúsculo. Ele devia morar sozinho.

− Eu sei o que está pensando. − Ele a despertou dos seus devaneios. Não se dera conta de que estava entortando o pescoço para analisar cada canto da casa. − Sei que não é o melhor lugar para ficar. Também é desagradável para mim, estar aqui. Só o escolhi porque estávamos por perto. Mas, veja, não é de todo mal. Eu sei onde encontrar qualquer coisa, por exemplo.

Ela buscou na memória algo que tenha dito que tivesse dado a entender aquilo.

− Você entendeu errado. Eu estou bem. Não há nada de desagradável. − Ela hesitou, buscando as palavras certas para explicar. − Sei que vou parecer paranoica agora, mas... bem. Você disse que essa era sua casa, mas tudo aqui parece não receber pessoas há anos.

Ele a fitava intensamente, a fazendo se questionar havia ido longe demais.

− Essa foi a minha casa. Eu morei aqui há bastante tempo. − Disse, esfregando o antebraço e desviando o olhar. Parecia estar evitando que lembranças ruins chegassem.

.

− Onde está a sua família? − Perguntou, cautelosa.

− Eu só tinha o meu pai. E ele está morto. − Respondeu, sem esboçar qualquer expressão.

− Ah, me desculpa. − Sussurrou. Ela espalmava as mãos na mesa áspera, tentando mostrar interesse naquilo e deixa-lo com um pouco mais de privacidade. − Eu sinto muito.

− Tudo bem. Isso já faz muito tempo.

Tinha certeza que era inadequado pensar dessa forma, mas talvez a sua experiência em coisas ruins o tivesse influenciado a fazer coisas erradas.

Deve ter deixado seus pensamentos evidentes. Ele limpou a garganta e tirou seu braço do campo de visão. Supondo e agindo para evitar que a próxima pergunta fosse relacionado ao seu "carimbo".

Sua tática foi se esforçar para mudar de assunto rapidamente.

Ela não quis dificultar as coisas.

.

***

.

Depois de algumas tentativas falhas de continuar a conversa, o silêncio constrangedor levou a melhor.

Tate estava se esforçando para destruir a barreira de estranheza que havia entre eles. O desconforto inicial quando você acaba de ser apresentado a alguém e depois e deixado a sós com ela. Tentava distrai-la dos pensamentos ruins e, uma vez ou outra, falava sobre si. Sempre hesitando. Já estava virando um hábito.

Já perdera a conta de quanto tempo estava sentada depois que Tate pediu que ela aguardasse enquanto ele sairia. Sua impaciência ignorou o "volto logo".

Estava demorando demais.

Ela estava abrindo a pesada porta de madeira quando se assustou com um ronco alto que viera da rua, junto com um grito de entusiasmo.

.

− Ah, minha nossa. – disse, embasbacada, quando ele parou há alguns metros. Estava numa caminhonete jurássica caindo aos pedaços. − Mas o que você está fazendo? Não me diga que está pensando em... Não.

De jeito nenhum iria subir naquilo. − Não. não. não.

− O que houve? − Ele estranhou. A cada passo que dava para frente ela recuava outro.

− Se andarmos nisso... vamos morrer.

− Só se você não souber dirigir. − Sua voz saiu suave. − Ei, Eu o fiz funcionar. Não pediria para você entrar nele se não tivesse certeza de que é seguro. − Ele ofereceu a mão para ajudá-la a subir. − Vamos, assim vai ser muito mais fácil andar por ai.

Não vá com ele. Não vá com ele. Não vá com ele.

− Você vai economizar uns bons dias de viagem.

Droga. Não podia bater contra esse argumento. Ela precisava ganhar tempo.

Tentou de outra forma:

− Tate... Não sei o que você espera, mas eu não tenho como te pagar por isso. Então...

Fechou a cara quando viu que ele estava se divertindo.

− Tente arrumar outra desculpa. Essa não serve mais. – Passou o braço por cima do seu ombro e espalmou a mão na janela do carro.

Ela recuou até que esbarrasse contra a lataria.

− Por que você está vermelha?

− Eu não... não estou vermelha. – Resmunou enquanto empurrava seu braço para abrir novamente a porta. – Será que podemos ir logo?

− Preciso pegar algumas coisas, não demoro.

.

− Que fique bem claro, se eu morrer... A culpa é sua. − Resmungou quando já estavam dentro do carro.

O sorriso debochado que recebeu a fez ter certeza que iria se arrepender de ter aceitado a oferta.

.

***

.

− Espera, você não sabe para onde está indo? – Ele alternava a atenção entre a direção e ela.

− É claro que eu sei.

− Então diga.

− Bem... eu... – Ela não sabia bem o que falar. Tate estava com uma cara de quem diz “Isso é sério?” – Vi no noticiário uma vez. Houve um acidente envolvendo gás tóxico e eles evacuaram todos da cidade, por precaução. Depois acabaram descobrindo que só foi um alarme falso e o gás não havia vazado. Mas a questão é que levaram todos para os abrigos provisórios .

− Então acha que estarão nesses abrigos? – Ele perguntou, seu tom de voz pareceu cético. Não gostou nem um pouco.

− Se não estiverem lá... não sei mais onde poderiam estar. – Ela encolheu os ombros e limpou as mãos suadas na calça, do lado de fora estava frio e nublado, mas parecia um forno ali dentro. Ela não queria dizer para ele que não sabia como abrir a janela.

− Pode pegar o mapa? Veja as ruas que já passamos.

O pegou de suas mãos e tomou cuidado em desdobra-lo. Foi mais rápida em achar uma localização aproximada, estava aprendendo.

− Estávamos na 97. Depois fizemos uma curva pra direita e entramos na Oceânica, E depois... – Ela fixou no ponto para ler as letrinhas miúdas. – Eu... não lembro. Não lembro em que rua dobramos. Nos perdemos. − Ela já estava a ponto de derreter de frustração.

− Não é hora de se preocupar com isso. – Ele puxou a alavanca ao seu lado e acelerou ainda mais.

Ela cravou as unhas no assento estofado. Seu coração disparava sempre a velocidade aumentava. Era ignorada sempre sempre que pedia para que não fosse depressa.

O carro rangia. Parecia que ia se desmontar a qualquer momento. Os nós dos seus dedos já estavam brancos pela pressão que fazia.

Olhar a paisagem repleta de edifícios passou a ser uma boa forma de se distrair.

− Têm certeza que esses abrigos ficam para o oeste? – Ele a chamou.

− Bem – Não vinha resposta alguma em sua mente, nada que pudesse explicar. – Eu não sei. Quando eu penso nisso... é só nessa direção que eu quero ir. É uma sensação.

− Então estamos procurando um local hipotético? − Ele fez uma carranca.

− Não é hipotético. Ele existe. Só não tenho certeza se estou no caminho certo.

Tate não parecia bravo e nem a olhava como se ela estivesse enlouquecido. Estava inquieto.

.

Três coisas aconteceram ao mesmo tempo.

Um objeto não identificado e muito barulhento caiu em cima do carro, Sam gritou alto para que ele parasse e Tate pisou no freio tão bruscamente que eles voariam se não estivessem de cinto.

Verificar se continuava viva e inteira foi a primeira coisa a se fazer. Esticou o pescoço para saber o que os tinha atingido. − Mas o que...

− Uma cadeira. – Uma cadeira de metal havia sido jogada do alto, atingindo a lataria em cima do motor.

− Alguém jogou? – Disse, olhando para cima através do vidro. Tate puxou a faca do seu tornozelo e saiu do carro. Contornando e indo em direção à Biblioteca pública.

− Fique dentro do carro. – Escutou o barulho das travas sendo acionadas, a trancando lá dentro. Tate estava totalmente na defensiva, com o corpo rijo e o aperto forte na faca, sua voz saiu tão grossa e autoritária que chegou a assusta-la.

Depois que ele desapareceu, ela abriu a porta – fazendo o mesmo que observara − e desceu.

Podia ver a janela quebrada por onde a cadeira voou, veio do terceiro andar.

Já na entrada, contemplou o ambiente familiar. Pilares de mármore branco no interior complementavam a vista do enorme salão ornamentado com estátuas e castiçais por toda parte. Portas e tetos abobadados sempre reuniram uma atmosfera que a deixava de queixo caído.

Sua mãe a levava quase sempre na biblioteca, a deixava na ala infantil e permitia que ficassem lá por horas, às vezes a tarde inteira.

Gostaria de ter voltado mais vezes, mas não recordava por que não o fez.

.

.

O terceiro andar estava em reforma. Plásticos pendiam do teto como cortinas. Estava silencioso e o mínimo barulho parecia um trator.

Já estava bem próxima da luz que vinha da janela quebrada quando ouviu um estrondo de algo se chocando contra a parede e um grasnado agonizante que fez seu coração disparar.

Não se deu ao menos algum tempo de pensar em algo e correu na direção dos ruídos. Abriu caminho mesmo sem enxergar quase nada através das cortinas.

.

– Tate, pare com isso. Pare! – Quando ela puxou a última cortina achou que seus olhos a tivessem enganando. Ele estava com as mãos em torno do pescoço de um garoto, o esganando contra parede, enquanto ele se debatia tentando se soltar, seu rosto estava vermelho e era dele que vinham os grasnados. Estava sufocando. Ela não esperou para saber o que acontecia e correu para o meio dos dois, tentando salva-lo. – O que está fazendo? Solte ele! – os olhos de Tate, estavam cobertos por um névoa de ódio que o deixava diabolicamente assustador.

– TATE! – Deus... o que está acontecendo com ele?

– Sam? – ele a olhava agora, mas ainda o esganava.

– Solte-o. – Sam pegou seus braços para ajuda-lo, ele resistiu mas acabou cedendo. O garoto desabou no chão, com a cara rocha e respirando ruidosamente.

– N-n-oa... – Ele tentava falar enquanto se arrastava para longe dos dois.

Teve medo de Tate tentar ataca-lo novamente, mas ele parecia focado em se controlar. Sam o deixou e se ajoelhou no chão.

Levantou a cabeça dele para que conseguisse respirar melhor. Ele era baixinho e seus cabelos negros estavam colados na testa. Não devia ser muito mais velho que ela.

– Consegue dizer algo? – O instigou a falar. – Você está bem?

Sua respiração voltou ao normal e ele engoliu em seco quando ela entrou em seu campo de visão.

Falou com a voz roca: – Oi.

– Oi. – Ela sorriu.

.

***

.

– Você se sente melhor? – perguntou. Ela o ajudou a andar até alguma sala do segundo andar.

– Você já perguntou isso. Mas... Sim, obrigado. – Disse, olhando para a porta e esperando que Tate voltasse. Eles ficavam se encarando o tempo todo. Eram como bombas prestes a explodir.

Sam não queria ficar no meio disso. Pediu para que Tate saísse e fosse fazer alguma coisa.

– Ele não fará nada com você.

– Não quis te machucar. Eu... eu só quis pedir ajuda, dizer que eu estava aqui. Sabia que não daria tempo descer.

– Tudo bem, eu entendo. – Sussurrou. – Como você se chama?

– Cormyn.

Agora que podia vê-lo melhor, ele parecia ser mais novo. Tinha as bochechas roliças, e olhos azuis bem pequenos. Podiam se confundir facilmente com traços infantis caso ele fosse um pouco mais baixo e tivesse os ombros estreitos.

– Ele é seu namorado? – Ee fizera a pergunta de uma forma tão inocente que a fez rir.

– Não. – Balançou a cabeça ao mesmo tempo em que Tate entrou pela porta e Cormyn imediatamente se inquietou.

– Tudo bem? – O perguntou enquanto ele se encostava num canto da sala. Devia estar bravo por ela tê-lo mandado dar uma volta.

Mas o que mais poderia ter feito?

Deixou claro que não queria conversa, apenas assentindo e desviando o olhar.

.

– Você está aqui há muito tempo? – Estava tentando mudar sua atenção para qualquer outra coisa.

– Não muito. – Cormyn respondeu.

Iria dar continuidade a conversar se Tate não tivesse a interrompido. Murmurando do fundo da sala: – Sam, vamos embora.

.

– Para onde estão indo?

– Não. – Tate os cortou imediatamente. Estava passando dos limites.

– Ele poderia vir com a gente. – Ela franziu o cenho. Estava surpresa e decepcionada com a forma que ele estava agindo.

– O que?... não...

– Tate. Você mesmo disse que...

Sim, ele disse. Falou como se fosse sua missão. Sair por aí e "salvar" as pessoas. Estava revoltado com algo que ele próprio propôs.

– Não. Ele não. – ndava de um lado pra outro da pequena sala. –

– Como assim... ele não? – agora ela também estava irritada. – Se está explosivo, não saia descontando em qualquer um que estiver na sua frente.

– Eu salvei a sua vida! E mesmo assim você parece que vai sair correndo na primeira oportunidade. – Dissera isso com sarcasmo, obviamente. Já que foi exatamente isso que ela fez.

– Dá um tempo, está bem? Isso não é sobre mim ou sobre você. Consegue entender? – Ele parara imediatamente e a encarava, angustiado. Depois de alguns segundos ele saiu a passos largos, furioso.

– Qual o problema dele?

– Eu posso tentar resolver isso. Ele está assim por minha causa. – seus olhos transpareciam medo, mas mesmo assim ele se ofereceu pra enfrenta-lo.

– Não... Não pediria que fizesse isso. – Ela deu a ele um sorriso amigável e caminhou para fora. – Eu irei atrás dele. Antes que faça alguma outra besteira.

.

***

.

Ela o procurou em todos os lugares. Foi até o térreo, mas não o achou. Talvez ele estivesse evitando ser encontrado.

Desistiu de procura-lo. Ele deveria querer um tempo sozinho.

.

Antes de voltar, se lembrou de passar no café que havia ali. Não era um lugar muito receptivo já que ninguém gostava que comessem na biblioteca. Era um cubículo com algumas vitrines de lanche.

Espalmou as mãos no vidro. Não tinha como tirar.

Não tinha muitas coisas ali que pudesse ser usado para quebrar o vidro. Pegou uma cadeira e a pesou nos brabos, vendo se conseguiria dar impulso. Daria para fazer.

A lançou com toda força contra o vidro. Esperava que ele se estilhaçasse, mas não aconteceu nada além de um barulho infernal.

Ia tentar de novo quando o barulho se repetiu. Sessa vez não foi provocado por ela e sim por algo do lado de fora, em proporções muito maiores.

Ela largou a cadeira e sentiu imediatamente seu estômago revirar.

Por favor... tudo menos isso. Tudo menos isso.

Quando se aproximou da janela, ela viu uma terrível tempestade chegando. O céu escurecera e a ventania arrastava tudo pelas ruas.

O carro não estava mais lá.

Ele foi embora e nos deixou para trás.

Ótimo.

.

Quem sabe poderiam acender a lareira... ficariam aquecidos.

Ela se apegava a qualquer tipo de pensamento para não entrar em pânico. Apertava a base da janela com toda força, respirando com dificuldade.

Quando uma série de trovões reverberaram, ela recuou até o canto mais escuro da sala e se encolheu lá. Sentia raiva de si mesmo por ter tanto medo, e ao mesmo tempo implorava para que isso parasse.

Outro trovão veio e ela grunhiu, reprimindo um grito e tapou os ouvidos. Prendendo a cabeça entre os joelhos.

Respire. Respire.

Pensou que estava melhorando quando não sentia mais dor em seu estomago. Estava a ponto de levanta levantar, mas sentiu uma terrível tontura quando o estrondo fez as janelas estremecerem. Grunhiu novamente. A tempestade que se jogava na janela, não ajudava em nada.

– Sam? – alguém a chamou.

Claro. Ela o procurou por toda parte e ele ficou invisível. Agora que queria a maior distancia possível... lá estava Tate.

– Vá embora. – Sussurrou, com a voz forçada.

Ele se agachou e ela sentiu mãos ásperas passando pelos seus braços e se encolheu ainda mais. – Você está tremendo.

– Já disse para ir embora. – Ele a puxou para perto mesmo contra a sua vontade. – Não. Não...

Tate apertou os braços ao seu redor. Ela o empurrava para que a soltasse mesmo sabendo que também forçava a aproximação.

Ela estremecia a cada trovoada, mas ele não falava nada. Apenas a abraçava.

– Ah, meu Deus. – Ele deixou de observa-la e apoiou o queixo no alto de sua cabeça. Ela tinha esticado toda a frente da camisa dele. – Me desculpa.

– Não se desculpe por isso. – ela estava no chão entre as pernas dele e apoiava a cabeça em seu peito, seu coração batia quase tão rápido quanto o dela.

Seu corpo relaxou da tensão ao pensar que a tempestade estava parando, mas a chuva retornara tão forte quanto antes. Ela pressionou os olhos e cravou as unhas na palma da mão.

– Sabe... Quando eu era novo. Bem mais novo. – Deu ênfase. Ela levantou a cabeça para escuta-lo. – eu quebrava tudo que conseguisse na escola e irritava os professores até que me suspendessem. Meu plano era continuar até ser expulso.

– Se eu disser que não estou surpresa. Você vai ficar chateado? – Se obrigou a se concentrar na conversa. Sentiu seu peito vibrar enquanto ele ria. – Nenhuma criança gosta da escola. Nem por isso planejam a própria expulsão.

– É diferente. Eu tinha duas opções: Ou saía da escola ou iria acabar matando um dos alunos que não paravam de me encher.

Ela suspirou, sentindo afrouxar o aperto em seu coração

– Você devia tentar... controlar a sua raiva. Talvez não tivesse se metido em tantas coisas desastrosas. – Ela segurou seu pulso e trouxe para perto. Agira mais rápido dessa vez, antes que ele pudesse afastar o braço para longe.

Ele suspirou, tentando achar alguma forma de pular aquele assunto. Mas havia coisas que não poderia evitar para sempre.

– Isso não está relacionado. Se é o que quer saber. – Ele levantou o pulso para mostrar a marca. – Foi por uma causa muito mais forte.

Ela o olhou de esguelha. – Não está arrependido?

– Nem um pouco.

O fitou por longos segundos. Não era assim que as coisas deveriam ser. Mas também as pessoas não deveriam ser carimbadas daquela forma.

– O que aconteceu com você?

– Eu consegui ser expulso da escola. E de casa. Tive que aprender a me virar. – Murmurou, fazendo uma careta. – Não é uma história muito bonita. Não essa parte.

– Bom... espero que as coisas melhorem. – As coisas realmente precisavam melhorar para os dois. Para que ela encontrasse logo sua família.

– A tempestade já está passando. – Disse, enquanto olhava para a janela. Se concentra tanto em sua história que acabara esquecendo de notar que os trovões já haviam cessado. Ela ficou se lembrando de perguntar, quando terminasse, o motivo dele estar lhe contando aquilo. Mas agora parecia óbvio. Estava tentando distraí-la. – Você quer voltar?

– Sim. – Ele a ajudou a se levantar. – Eu me esqueci completamente do Cormyn.

– Acho que seria pedir demais que ele tenha evaporado. – Resmungou, de volta ao seu mau-humor.

– Por que tanta implicância? – O recriminou. Outra coisa que ela teria que descobrir. Por que ele o odiava tanto.

– Não é nada.

Não esperava que ele fosse contar.

.

***

.

– Pensei que tivesse ido embora. – Eles já estavam no 2º andar quando ela falou. – Não vi o carro.

– Só o coloquei para dentro quando vi a tempestade chegando. – A chuva voltara, mas os trovões pararam e Sam agradeceu mentalmente.

Cormyn no canto da sala, curvado e com o rosto quase encostado no vidro da janela.

– Cormyn?

– Vem cá, vocês têm que ver isso.

O dois se aproximaram e Cormyn se afastou para que eles pudessem ver.

– É ou não é o maior inseto que vocês já viram?

Ele estava pousado do lado de fora, não parecia com nada que ela já tivesse visto, tinha seis patas e enormes asas marrons.

Mas o que mais a apavorou foi o tamanho.

– O-o que... – Ela se interrompeu quando outro inseto igualmente grande pousou ao lado do outro.

– Olha lá...

Em poucos minutos as outras janelas foram ganhando seus próprio insetos. De diferentes formas e tons. O tamanho deles não parava de ficar cada vez maior.

Sam gritou quando viu, através de uma faixa de vidro, um inseto enorme voando. Tinha o mesmo comprimento que seu braço.

– Caramba! – Cormyn murmurou.

Tate a afastou para longe da janela.

Não. Essas coisas sem explicação não podiam estar acontecendo novamente. O quão insano poderia estar esse lugar?

Aquilo não. era. real.

Cormryn sacudia a cabeça, sem conseguir acreditar. – Ainda bem que estamos aqui dentro.

Uma feixe de lucidez atravessou a suas mentes e eles se entreolharam. Não foi preciso que dissessem nada um ao outro, pois sabiam que tinham pensado o mesmo. – a janela do terceiro andar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quem gostou levanta a mão! o/
Comentem o que acharam, hein?

Imagens extras:
http://24.media.tumblr.com/2261294806abd69697a47865422d24b5/tumblr_mtuvcbnXwp1r0mbfdo1_500.jpg

http://31.media.tumblr.com/47ef0e91ccd3fb05176ea82a2c326e7d/tumblr_mtuvcbnXwp1r0mbfdo2_500.jpg

Bjs e até o próximo.


—_____________________________
**REVISADO**