Dias Imprevisíveis escrita por Gil Haruno


Capítulo 3
Capítulo 3 -Consequências


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!Beijos!



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Depois de uma, duas ou incontáveis decepções, tomei a decisão de que eu não mais deixaria que minha vida fosse movimentada pelos acasos do tempo. Mas, eu tinha em mente que, eu era pequena demais para atravessar certas barreiras, embora isso não fosse me destruir por completo, apenas me daria coragem para driblar os próximos obstáculos.

Não me lembrava da última vez que estive em New York. Mas, me recordava dos momentos aborrecedores que eu atormentava meus pais, pedindo-lhes para que nossa próxima viagem fosse à cidade Nova-Iorquina. E, depois de ouvir vários não, eu jurava que meus motivos estavam ligados à família Collins; que foram nossos vizinhos durante muito tempo, mas se mudaram para New York depois que o filho mais velho se casou.

Entretida com a vista noturna e suas cores vivas sendo exibidas por todo o lugar, encostei o rosto no vidro da janela, como uma criança que viaja pela primeira vez, e por algum tempo esqueci de que eu estava dentro de um carro meio desconhecido.
Não era ruim está ali, apenas diferente de tudo o que provei da vida. Aquela experiência tinha sabor de liberdade, com um leve toque de adrenalina ou, quem sabe até, um toque excêntrico de aventura. Eu preferi pensar nas duas coisas, afinal eu precisava me senti assim, uma desafiante inexperiente; prematuramente decidida a seguir um caminho qualquer ou aquele mais visível.

–Gostaram de Houston?

Ouvi a pergunta de Jason como se ela fosse um zumbido na minha cabeça.

–É legal, mas não tem o ritmo dinâmico de New York, e você sabe que eu sou uma garota bem agitada para ficar plantada em um lugar.

Olhei para frente, especificamente para o banco de passageiro ao lado de Jason, que dirigia, e só pude enxergar o lado do rosto de Megan.

–Eu confio mais em você do que na sua irmã, Ethan. Então me diz se ela se comportou.

Megan sorriu ao ouvir o comentário do namorado.

–Eu gosto de você Jason, por isso não vou dizer coisas que possam te magoar profundamente.

Ethan e Jason sorriram ao mesmo tempo, como se eles sempre se comportassem assim.

–Nicholas, eu tenho certeza de que você é um homem confiável.

–Sem dúvidas, mas não quero mentir só para te agradar. – todos eles riram e sem nada entender, fiquei observando-os. –Mas não se preocupe. Megan ainda é uma garota de confiança.

–Eu vou confiar em você.

Jason encerrou o diálogo trocando a faixa da música e aumentou o som um pouco mais. Estava claro de que ele gostava muito de músicas dançantes, mas não se importou em mudar o ritmo acelerado para algo calmo e melódico. Ele até arriscou a cantar o refrão da música, sem tirar os olhos de Megan, que sorria provocativa.
Distraidamente virei à cabeça para o lado direito, deparando-me com Nicholas a meu lado, fuçando as mensagens de seu celular. Sem muito perceber, acabei olhando fixamente Ethan, que estava com a cabeça no vidro da janela, sempre sério, observando a movimentação do outro lado.
Eu não sabia, ao certo, quantos minutos tinham passado desde o momento que vi seu rosto, mas eu sabia que ele não era o típico garoto que eu sempre imaginei encontrar casualmente. Cabelo negro meio rebelde e olhos esverdeados. Um rosto bonito para alguém que não gostava de aparecer ou, provavelmente, ele não tinha motivos especiais para fazer isso. Na verdade, Ethan não era nada parecido com os garotos imaginários que fantasiei ao longo dos anos. Ele era a outra versão de um príncipe encantado, só que realista.

–Você foi ao hospital? Tem falado com minha mãe por telefone?

Megan despertou a curiosidade de Ethan ao fazer a pergunta a Jason. Como eu o olhava, quase sem nenhuma sutilidade, tratei de virar o rosto para frente imediatamente.

–Eu não vou voltar naquele hospital, Megan! – a mudança de humor dele deixou-me um pouco sobressaltada. –Eu não quero dá de cara com seu padrasto preconceituoso e ir preso por ter quebrado o narizinho branco dele.

Megan respirou fundo, prendendo uma mexa do cabelo atrás da orelha.

–Ele continua te tratando mal?

A pergunta de Ethan arrancou um sorriso irônico dos lábios de Jason.

–Aquele filho da mãe desligou o telefone na minha cara outro dia. Eu só queria saber como a senhora Scott estava de saúde.

Houve um silêncio perturbador dentro do carro, o que nos deixou um tanto tenso. Eu nada sabia sobre o que eles falavam, mas já tinha noção de que meu novo endereço era cenário de confusões.

–O David está sempre arrumando problemas com todo mundo. – Ethan quebrou o silêncio. –Aquele desgraçado inútil! – olhei-o de esguelha, a tempo de vê seus punhos se apertarem. –Não sei como minha mãe ainda o suporta. É vergonhoso.

–Ela o ama. O que podemos fazer contra isso? – indagou Megan.

–Pelo amor de Deus, Megan! Nossa mãe vive dopada e acha que David é a única pessoa na face da terra que pode compreendê-la! – Ethan suspirou, passando as mãos pelo cabelo desgrenhado. –Ele sabe que, enquanto puder controlá-la, não podemos fazer nada para tirá-lo de lá. – o tom de sua voz aumentava a cada palavra. –Mas qualquer dia desse eu perco o resto da sanidade e o tiro de lá à força.

Ele estava muito irritado e não fazia esforço de esconder isso.

–Vamos tirá-lo da nossa casa Ethan, mas sem que nossa mãe seja prejudicada.

–Ok. Continue tentando resolver os problemas com um sorriso largo no rosto e palavras doces.

Megan, ao ouvi-lo, se virou para trás, de forma que sua visão fosse ampla para os acentos de trás.

–O que você está tentando dizer? Que por acaso eu vivo em um mundo encantado? – indagou, irritada.

–Pense como quiser.

Ethan a ignorou, deixando Megan mais estressada.

–E daí se meu sorriso te incomoda? – Ethan se concentrou na movimentação da rua. –Sabe que eu me sinto presa naquele maldito lugar? Sim por que você não se importa com ninguém e pouco me dá atenção, mesmo eu dizendo que quero ser ouvida! – ela gritou já histérica e Jason foi obrigado a parar o carro. –Tudo bem, eu não vou perder meu tempo com a família Scott. Eu vou ser feliz na companhia de Jason, Claire e Nicholas!

–Fantástico. – Ethan a aplaudiu. –Você acha que, aumentando o número de pessoas naquela casa, vai melhorar sua vida nela? – ele riu ironicamente. –Espera para vê se essa garota vai suportar nosso estilo de vida!

Eu não podia mais ouvir aquela discussão, muito menos entender o que havia com eles para estarem tão descontrolados. Eu só queria respirar longe daquele carro, longe deles e, quem sabe até, longe daquela cidade.
Determinada abri a porta do carro e atravessei a rua correndo, obrigando os carros a pararem bruscamente para não me atropelar. Ouvi a voz de Megan gritando meu nome e vozes desconhecidas chamando-me de louca ou perguntando se eu queria me matar. Nada daquilo me importava no momento, eu só queria está em um lugar que fosse seguro para mim e que não me perturbasse.

–Onde você pensa que vai?

Meu braço foi segurado com força, para que eu não fugisse.

–Me deixe em paz!

Tentei me soltar da mão de Ethan, mas ele não estava disposto a me soltar.

–Você vai voltar para aquele carro agora, nem que eu tenha que arrastá-la até lá!

E ele cumpriu a promessa.

–Me solta!

Ele ignorou minha ordem e arrastou-me correndo para dentro do carro.

–Vamos embora, Jason. – gritou ele batendo a porta do carro com força.

–Claire? – Megan acariciou meu cabelo. –O que deu em você? – nem mesmo a olhei. –Você poderia ter sido atropelada. – a olhei, um pouco trêmula. -É melhor leva-la a um hospital. Ela não está bem.


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