POV Elena

– Você tá brincando que você e o Senhor Engomadinho se pegaram de novo, né? - perguntei não acreditando quando ela me contou. Katherine que estava dirigindo, soltou um riso agudo. - Katherine, o que essa risadinha significa? - olhei pra ela incrédula. Eu não podia acreditar, minha irmã estava mesmo pegando um cara pela segunda vez?

– Ei, Lena. A culpa não é minha! Sabe, veio a vontade e eu não pude fazer nada. - se desculpou dando de ombros. Isso estava estranho...

– Eu já sei o que é!

– Hã? - Kath me olhou com uma expressão de desentendimento. - Sabe o que? - perguntou alternando o olhar da estrada para mim. Ri com sua cara confusa.

– Você está... - comecei a rir mais ainda. Ok, eu não estava acreditando. - Apaixonada por esse garoto! - falei a olhando e contendo o riso que queria escapar de meus lábios.

Ela freou o carro e bati com tudo no teto. Coloquei a mão sobre a testa, onde provavelmente nasceria um galo e em seguida, encarei minha irmã.

– VOCÊ TÁ LOUCA?????? - ela estava gritando, tapei os ouvidos. - EU SOU KATHERINE, SOU UMA DEUSA, SOU COMO AQUELAS DEUSAS! EU SOU UMA MUSA! - ela gritava pra todos ouvirem. Alguns carros que passavam ao lado do nosso olhavam pra ela rindo, mas ela nem se importava. - SOU LINDA! MARAVILHOSA! EU SOU STEFANNY! - cutuquei ela de vagar, mostrando que ela já poderia parar de dar escandalos no meio da rua.

– Kath... chega.

– Cala a boca em! Na sua lição de como ser uma pessoa melhor vou colocar um lembrete: Elena deverá parar de ser sem nexo e falar coisas malucas.

– A verdade minha irmã, é que você pode mentir pra quem quiser, mas não pra mim. E não pra você mesma. - coloquei os fones porque já sabia que ela gritaria muito comigo daqui até em casa. Assim que chegamos, desci correndo, e abri a porta de casa. Vai que ela tinha uma arma dentro da calcinha, e eu não queria correr o risco.

No decorrer da tarde li "A Culpa é Das Estrelas". Chorei muito. Chorei tanto que dava pra criar um golfinho dentro do quarto em meio as lágrimas que eu havia derramado. Depois chamei Katherine (Que por acaso estava roncando na sala) pra assistir Invocação Do Mal comigo. Ok, eu tinha medo dessas coisas.

– Acho bom esse filme dar medo. - disse ela assim que entrou no nosso quarto. Por incrível que parecesse, ela estava de regata, shorts curto (Oh, novidade) e pantufas. Estava sem maquiagem e com um coque no cabelo, e mesmo assim, aposto que deixaria qualquer homem panaca aos seus pés. - Sério, Lena. Todos os filmes de terror que você escolhe são uma droga. Não dão medo nenhum em mim.

– Fala senhorita durona. Até parece que não teve pesadelos depois que assistiu MAMA comigo naquele dia.

– Ei, aquele filme me deu medo! - ela pegou a pipoca e colocou um punhado na boca. - Depois podemos assistir Caso 39, e eu faço meu brigadeiro.

– Era isso que eu estava esperando você dizer. - sorri. O brigadeiro de Katherine era de outro mundo. Eu o adorava, e ela adorava o meu beijinho.

– Você faz beijinho? - ela fez um bico. Até parecia ser fofa. Revirei os olhos.

– Eu posso te dar beijinhos... - peguei seu rosto entre as mãos e beijei sua testa, bochecha e nariz enquanto ela ria. - Ou... Eu posso chamar o Damon pra fazer isso. - sorri quando vi que sua cara estava fechada. Ela tacou uma almofada pesada e dura em mim. - Vamos assistir logo isso!

Coloquei o DVD player pra rodar e o filme mal tinha começado, eu já estava coberta até a cabeça. Lógico que Katherine soltava seus gritos histéricos. Principalmente no final.

– Ainda bem que a gente dorme junto. - ela me olhou séria e logo depois sorriu, me fazendo fazer o mesmo. - Sabe, Lena acho que deveriamos começar isso de "A antiga Elena de volta" logo. Quero aprontar uma nesse colégio novo.

– Nahã! - fiz que não com a cabeça. - Nada de botar fogo aqui, ou nossa mesada será cortada. É isso que quer?

– Claro que não, né! - ela pegou o outro filme e colocou no DVD. Depois eu e ela descemos e fizemos os doces. Ok, no começo de "Caso 39" achei que era mais um daqueles terror que não davam quase medo, mas, o final, eu quase literalmente me caguei. Katherine começava a rir enquanto eu tremia embaixo da coberta, mas depois me abraçou. Eu gostava tanto da ligação que tinhamos, era uma coisa inquebrável.

Ela desceu e disse que ia um pouco no parque. Preferi ficar em casa dormindo um pouco. Eu confesso, tentei dormir, mas alguns barulhos na janela me fizeram despertar. Assim que levantei da cama e andei com cuidado até a janela (Claro, até porque nunca se sabe quando tem um espírito maligno do lado de fora querendo entrar) e levei o maior susto da minha vida segundos depois.

A janela se abriu sozinha e eu cai sentada, cobrindo o rosto. Senti mãos me envolverem e o vento soprava querendo entrar no quarto.

– SAI DEMÔNIO! SAI, SAI QUE SOU DE DEUS! - ainda de olhos fechados comecei a rezar. Meu Deus, eu era uma medrosa. E então, escuto uma risada rouca. O espírito tava rindo da minha cara.

Senti uma mão encostar na minha e delicadamente tira-la de meus olhos.

Aquilo tava mais pra anjo do que pra demônio ou qualquer outra coisa do tipo.

– Isso é engraçado. - Stefan continuava rindo descontroladamente. O empurrei e agora ele estava sentado, ainda rindo.

– Não tem graça! - gritei com ele e me encolhi.

– Ah tem sim. - ele chegou perto de mim e me abraçou. - Você fica tão bonitinha com medo. - resmunguei baixo. Ok, já tinhamos uma história pra contar para nossos filhos.

Trilha Sonora Stelena

– Você é um idiota! Porque me deu esse susto? - perguntei o encarando de cara fechada.

– Bom, era pra ser como naqueles filmes românticos, sabe? - assenti com a cabeça, mas ainda estava brava. - A garota tá dormindo, e então o príncipe (eu) entra pela janela e dá um beijo nela. Mas você estragou tudo. - ri. Stefan era um retardado.

– Eu tinha acabado de assistir dois filmes de terror e está escuro. O que você queria? Que eu dissesse: "Oh, espírito belo e louro, me beije e me ame"? Não, né.

– Não precisa pedir pra isso, Elena. O espírito belo e louro já te ama, e quanto ao beijo, primeiramente você tem que tirar essa cara de cu dai. - sorri. - Ótimo. - depois disso ele me beijou com fervor, fazendo todo os pelos do meu corpo se eriçarem. Suas mãos passeavam por dentro da minha blusa e ele me pegou no colo, fazendo minhas pernas abraçarem sua cintura. Me jogou na cama com cuidado e deitou por cima. As coisas foram ficando... Quentes. Stefan beijava meu colo e colocava a mão por cima de meu sutiã fazendo eu gemer com suas massagens.

– Não.. - falei o afastando. - Stefan, não. - ele não parava. E então me lembrei de John e toda aquela coisa, todo aquele sofrimento. - Stefan, para! - tentei empurra-lo, mas ele era mais forte e continuava com as carícias. PARA PORRA! SAI DAQUI! - não adiantava. - Me solta, agora! - gritei em vão. Nada acontecia. - Não, de novo não, por favor! - quando abri os olhos ele estava do outro lado da cama, me olhando sem entender nada.

– Eu... fiz algo errado? - perguntou ele me olhando com olhos piedosos. - Você não gosta quando te beijo?

– Não... Claro que gosto! - aquilo tudo tinha sido só minha mente me trapaceando? Isso é sério? - Me desculpe. - sussurrei olhando pro chão.

– Eu vou embora. - se aproximou de mim e me deu um beijo na testa. - É melhor.

– Não, por favor! - o abracei e comecei a chorar. Eu não conseguia esquecer aquilo, mas porque? Eu tinha tudo que queria. Eu tinha uma peguete perfeito, uma irmã maluca que me fazia rir e me amava, eu tinha meus pais que me davam tudo, e tinha meus tios que me acolhiam sempre que preciso. Então porque essa merda de história não era esquecida da minha cabeça? - Qual é o meu problema, Stefan?

– Isso me deixa frustrado. Você não consegue sequer estar comigo sem pensar no seu passado. - Stefan soltou um suspiro. - Eu estou apaixonado por você, Elena. Eu só queria me sentir amado também.

Eu comecei a chorar, soluçar baixinho. Isso era uma maldição!

– Mas eu sou apaixonada por você também, eu não consigo entender porque... - minha voz parou.

– Até amanhã, Elena. - ele fez um carinho em meus cabelos, e depois se levantou e saiu por onde entrou. Corri até a janela e o vi descendo um galho grande e grosso com habilidade, andando até seu carro e depois, partindo pra longe. Pra longe de mim.

Porque eu sempre tinha que estragar tudo?

Porque meu passado não me deixa viver?

Seco as lágrimas e desço, encontro minha irmã rindo com minha tia e meu tio. Provavelmente ela já deveria ter chegado do parque.

– Katherine? - a chamo e ela me olha ainda rindo.

– Sim minha belíssima cópia, o que foi? - pergunta vindo em minha direção.

– Vem. - a puxo pela mão escada acima e fecho a porta do quarto assim que chegamos lá. Ela me olha sem entender nada.

– O que foi, Lena? - com ar de preocupação ela chega perto de mim e me abraça, e me deixo novamente ser consumida pela dor.

– Eu só queria que tudo fosse mais fácil! - soluço. - Eu que mando na minha vida, não esse passado infeliz! - digo ainda chorando e sinto minha irmã me abraçar mais forte. - Eu só queria ser eu mesma, antes disso tudo! - Katherine não me larga, e a abraço forte também. - Pode me ajudar? - perguntou me desgrudando dela e olhando em seus olhos amendoados.

– Claro. - ela sorri. - É o que eu mais quero. Quero te ver feliz.

– Eu estraguei tudo com o Stefan agora pouco, Kath. Tudo foi pro espaço! - sequei as lágrimas com as costas das mãos. - Eu imaginei ele tentando você sabe o que, mas na verdade, ele tava parado me olhando dar a louca com uma alucinação da minha cabeça doentia! - peguei um travesseiro e soquei no meu rosto, chorando ainda mais, babando, morrendo, tendo heart attack e etc. - Será que querer ser feliz é pedir de mais? - a olhei e ela tinha uma expressão de entendimento. Me abraçou de novo e depois abriu uma gaveta tirando de lá um diário.

– Quero que escreva tudo o que sente, e depois me mostre. Eu vou te ajudar, maninha. Tudo vai se resolver. Prometo. - beijou minha testa e se sentou na poltrona do outro lado do quarto. - Pode começar a escrever agora mesmo.

Andei até a escrivaninha e peguei um lápis, logo depois me sentando na cadeira vermelha de veludo. Eu estava escrevendo tudo o que sentia ali, sem deixar nada pra trás, e já estava me sentindo mais leve. Katherine mexia no celular, e depois de um tempo, quando fui entregar-lhe o caderninho ela levantou os olhos do aparelho e me olhou, logo depois soltando um sorriso.

– Sabe o que seria bom pra gente? - perguntou me examinando com os olhos.

– O que? - perguntei.

– Uma festa! - ela levantou e pegou minha mão, me rodopiando.

– Acho melhor não, Katherine.

– Por favor, Lena! Já confirmei nossa presença com Damon. É uma festa de última hora, vai acontecer as duas da manhã. Ainda são oito da noite, da muito tempo. - revirei os olhos. - Qual é, Lena! Cadê a velha Elena que está enterrada ai e que adorava festas?
– sorri. É seria bom uma festa pra me distrair.

– Tá bom! Mas nada de se embebedar. - o sorriso de Katherine se fechou. - Brincadeira! Dessa vez nós vamos beber até cair!

Katherine riu igual uma louca. Eu já estava me sentindo mais leve, e uma festa realmente me faria bem!

Peguei o celular e avisei á Bonnie e Caroline sobre a festa, elas viriam até aqui para se arrumar e chegariam em menos de uma hora.

Corri até o guardaroupas e joguei vários vestidos na cama enquanto minha irmã fazia o mesmo. Nós iramos arrasar nessa bagaça.